10199 Cáriclo
Cáriclo | |
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Concepção artística de Cáriclo e seus anéis. | |
Número | 10199 |
Data da descoberta | 15 de fevereiro de 1997 |
Descoberto por | Spacewatch |
Categoria | Centauro Objeto distante |
Homenagem a | Chariclo |
Precedido por | 10198 Pinelli |
Sucedido por | 10200 Quadri |
Elementos orbitais | |
Semieixo maior | 15,79 UA |
Periélio | 13,08 UA |
Afélio | 18,66 UA |
Orbita | Sol |
Excentricidade | 0,17534 |
Período orbital | 23,087 d (63,17 a) |
Anomalia média | 113,7 ° |
Inclinação | 23,375° |
Longitude do nó ascendente | 300,4 ° |
Argumento do periastro | 242 ° |
Satélites | 2 anéis |
Características físicas | |
Dimensões | 248 ± 18 km |
Período de rotação | 7,004 h |
Classe espectral | B−V=0.84; V−R=0.50 |
Magnitude aparente | 18,3 |
Magnitude absoluta | 6,06 |
Albedo | 0,05 ± –0.06 |
ver |
10199 Cáriclo (designação provisória: 1997 CU26) é o maior centauro conhecido do Sistema Solar. Um corpo menor existente em órbita entre Saturno e Urano com cerca de 250 quilômetros de diâmetro, é o único centauro conhecido que contém um sistema de anéis a seu redor.[1][2][3]
História
[editar | editar código-fonte]Cáriclo foi descoberto em 15 de fevereiro de 1997 pelo astrônomo norte-americano James Scotti e batizado em homenagem à ninfa Cáriclo, esposa de Quíron e filha de Apolo, divindades da mitologia grega.
Em 2001, um estudo fotométrico do corpo celeste não foi capaz de definir seu período de rotação; observações através de infravermelho indicaram a presença de gelo no asteroide, o que, na verdade, pode ser proveniente de seus anéis. Cientistas renomados como o astrônomo Michael E. Brown – responsável pela reclassificação de Plutão de planeta para planeta-anão – [4] acreditam que Cáriclo pode ser classificado como um possível planeta-anão com um diâmetro de 232 km.[5] Outros centauros com diâmetros medidos listados como possíveis planetas anões incluem 65489 Ceto e 2060 Quíron.[5]
Dimensão
[editar | editar código-fonte]Quando se tem conhecimento da magnitude absoluta e do albedo de um corpo celeste, é possível se estimar seu tamanho; porém, como os centauros são objetos cobertos de gelo feito os cometas que realizam desgaseificação, é muito difícil estipular seus albedos. Acredita-se também que os albedos destes corpos podem variar com o tempo e níveis de atividade.
Com uma magnitude absoluta de 6,4[6] e um albedo de 0,06, Cáriclo é o maior destes objetos conhecidos, com um diâmetro estimado em 258 km. Outro asteroide, 2060 Quíron, vem em segundo ((230 km / H=6.5 / albedo=0.07) i). O asteroide perdido 1995 SN55, poderia ser o maior, com um diâmetro não confirmado de 300 km.
Órbita
[editar | editar código-fonte]Acredita-se que os asteroides se originaram no cinturão de Kuiper e se encontram numa órbita instável que eventualmente os expelirá para fora do Sistema Solar, os levará a um impacto com algum planeta ou com o Sol ou se transformarão em cometas de curto-período.[7]
A órbita de Cáriclo é mais estável do que a de outros objetos conhecidos como Nesso e Quíron. Ela se encontra a 0.09 AU de Urano com uma ressonância orbital de 4,3 deste planeta e se estima que tenha uma longa órbita de 10,3 milhões de anos em torno dele.[8] Em 2012, o asteroide encontrava-se a 14,1 AU do Sol.[9]
Anéis
[editar | editar código-fonte]Em 26 de março de 2014, foi anunciada a descoberta de anéis em torno de Cáriclo, a primeira destas descobertas em torno de asteroides. Num artigo na revista Nature,[3] a mais prestigiada da astronomia mundial, o principal pesquisador e coordenador do projeto, o astrônomo brasileiro Felipe Braga-Ribas, pós-doutorando do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, anunciou a descoberta de dois anéis, batizados provisoriamente como "Oiapoque" e "Chuí",[10] de sete e três quilômetros de largura, separados entre si por nove quilômetros, após estudos e observação contínua feita por astrônomos internacionais liderados pela equipe brasileira, desde telescópios localizados no Brasil, no Chile e na Dinamarca. Observações feitas quando este passava em frente à estrela UCAC4 248-108672, mostraram que a luz da estrela "piscava" quando o asteroide passava, mas também oscilava alguns segundos antes e depois disso.[1] Estes anéis provavelmente foram formados após alguma colisão. Os cientistas acreditam que Cáriclo também possua algum pequeno satélite ainda não descoberto.
A descoberta se deu na noite de 3 de junho de 2013, quando, sob a coordenação dos cientistas brasileiros, treze telescópios localizados em quatro países foram apontados para a estrela e identificaram um eclipse ou ocultação, ocultando sua luz por um breve momento do ponto de vista de um observador na Terra, além de duas rápidas ocultações de brilho acontecidas antes e depois da passagem dele, causada pelos anéis. As observações, realizadas de sete locais diferentes, permitiram calcular as dimensões destes anéis.[10]
10199 Cáriclo foi o primeiro "não-planeta" descoberto no Sistema Solar que possui um sistema de anéis, fenômeno anteriormente conhecido apenas nos quatro planetas gigantes, Saturno, Júpiter, Urano e Netuno.[1]
Referências
- ↑ a b c «Astrônomos brasileiros descobrem sistema de anéis em torno de asteroide». UOL Ciência. Consultado em 26 de março de 2014
- ↑ «Supercomputador recria sistema de anéis descoberto por brasileiros». noticiasaominuto.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2019
- ↑ a b Braga-Ribas, Felipe. «A ring system detected around the Centaur (10199) Chariklo». Nature. Consultado em 26 de março de 2014
- ↑ Brown, Mike (2010). How I Killed Pluto and Why It Had It Coming. [S.l.: s.n.] ISBN 0-385-53108-7
- ↑ a b «How many dwarf planets are there in the outer solar system?». Mike Brown - California Institute of Technology. Consultado em 26 de março de 2014
- ↑ «10199 Chariklo (1997 CU26)». JPL/NASA. Consultado em 26 de março de 2014
- ↑ Sheppard, Scott S.; Jewitt, David C.; Trujillo, Chadwick A. (2000). «A WIDE-FIELD CCD SURVEY FOR CENTAURS AND KUIPER BELT OBJECTS». The Astronomical Journal. 120 (5): 2687–2694. Bibcode:2000AJ....120.2687S. arXiv:astro-ph/0008445. doi:10.1086/316805. Consultado em 21 de fevereiro de 2008
- ↑ Horner, J.; Evans, N.W.; Bailey, M. E. (2004). «Simulations of the Population of Centaurs I: The Bulk Statistics». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 354 (3): 798–810. Bibcode:2004MNRAS.354..798H. arXiv:astro-ph/0407400. doi:10.1111/j.1365-2966.2004.08240.x
- ↑ «(10199) Chariklo». AstDys. Consultado em 26 de março de 2014
- ↑ a b Escobar, Herton. «Brasileiros descobrem asteroide com anéis». O Estado de S. Paulo. Consultado em 26 de março de 2014