A Mulher de Trinta Anos

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La Femme de trente ans
A mulher de trinta anos (BR)

Ilustração de Adrien Moreau
Autor(es) Honoré de Balzac
País França
Série Scènes de la vie privée
Editora Furne
Lançamento 1842
Edição portuguesa
Tradução Jorge Reis
Editora Guimarães Editores
Lançamento 1960
Edição brasileira
Tradução Rachel de Queiroz
Editora J. Olympio
Lançamento 1948
Cronologia
Gobseck
Le Père Goriot

La Femme de trente ans é um romance do autor francês Honoré de Balzac em seis partes, escrito entre 1829 e 1842. O livro é classificado nas Cenas da vida privada em La comédie humaine ("A comédia humana"). A história de sua publicação é difícil de reconstituir, uma vez que Balzac não parou de retocar o texto, dividindo-o em fragmentos publicados de forma dispersa, acrescentando-lhes capítulos, antes de reunir o conjunto sob o seu título definitivo em 1842, para a edição Furne. Segundo Paulo Rónai, "esse conjunto de seis episódios disparatados, mal reunidos entre si e rematados por uma conclusão melodramática, é mais apropriado a enfastiar o leitor do que a fazê-lo procurar outras obras do romancista."[1]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

O romance é constituído por seis partes:

  1. Primeiros erros: o fracasso do casamento entre os primos Julie (Júlia na edição brasileira organizada por Paulo Rónai) e Victor d'Aiglemont (Vítor) e o romance entre Júlia e Lorde Arthur (Artur) Grenville;
  2. Sofrimentos desconhecidos: o luto de Júlia por causa da morte de Artur;
  3. Aos trinta anos: encontro entre Júlia e Charles (Carlos) de Vandenesse;
  4. O dedo de Deus: a morte do pequeno Charles (Carlos) d'Aiglemont empurrado por sua irmã Helena;
  5. Os dois encontros: a fuga de Helena com um aventureiro;
  6. A velhice de uma mãe culpada: a morte de Júlia.

Enredo[editar | editar código-fonte]

  1. Primeiros erros: Contra os conselhos do pai, Júlia se deslumbra pelo primo, coronel do exército de Napoleão, Vítor d'Aiglemont e o desposa, mas logo se desilude e apaixona-se pelo jovem nobre inglês Lorde Artur Grenville. Nasce Helena, filha de Júlia e Vítor. Artur convence Vítor de que conseguirá curar Júlia de sua melancolia, mas esta, temendo assumir sua paixão pelo inglês, combina de se afastarem, e ele promete voltar à Inglaterra. Tempos depois, Júlia fica sabendo que Artur permanecera em Paris, está à beira da morte e quer se despedir de seu verdadeiro amor. Artur a visita, mas nesse meio-tempo Vítor retorna de uma viagem cancelada, o inglês se esconde no peitoril da janela e morre de frio.
  2. Sofrimentos desconhecidos: Deprimida, Júlia retira-se para um castelo no interior da França, com a filha Helena, mas sem o marido. O cura da aldeia tenta animá-la, com sucesso limitado.
  3. Aos trinta anos: Júlia, agora na "bela idade de trinta anos, ápice poético da vida das mulheres",[2] conhece Carlos de Vandenesse, que se apaixona por ela e, por isso, cancela uma viagem programada. "Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis para um rapaz; e nada mais natural, mais fortemente urdido e mais bem preestabelecido que os laços profundos, de que a sociedade nos oferece tantos exemplos, entre uma mulher como a marquesa e um rapaz como Vandenesse."[3] Numa tarde em que contemplavam o pôr-do-sol, Carlos dá um "casto e modesto beijo" na face de Júlia.
  4. O dedo de Deus: Aqui Balzac introduz um narrador em primeira pessoa que testemunha um passeio de Carlos de Vandenesse e Júlia com sua filha Helena e seu filho (legítimo ou ilegítimo, eis a questão?) Carlos. Depois que o amante se despede, num momento de desatenção da mãe, Helena empurra o pequeno Carlos para dentro de um rio, onde este morre afogado.
  5. Os dois encontros: Júlia e Vítor, agora mais velhos, estão na casa de campo em Versalhes com os filhos (Helena e dois novos irmãos, Abel e Moína). Os criados se ausentaram para as núpcias de um deles. Alguém bate à porta, o marquês vai ver quem é e depara com um fugitivo da justiça, a quem dá abrigo, e com quem Helena, num lance folhetinesco, acaba partindo, abandonando a família. Vítor perde a fortuna, parte em viagem para recuperá-la e seis anos depois retorna, rico, num brigue espanhol. São abordados por piratas, que roubam tudo, e põem a pique o brigue. Acontece que a mulher do pirata é nada menos que... Helena! Graças a esse acaso a fortuna e vida de Vítor são poupadas, mas ele morre esgotado de fadiga depois. Numa viagem aos Pirenéus Júlia depara-se com Helena, que escapara de um naufrágio, agonizante.
  6. A velhice de uma mãe culpada: Júlia, agora com cerca de cinquenta anos, sofre com a indiferença da filha Moína (agora casada e condessa), e acaba morrendo.

Mulher balzaquiana[editar | editar código-fonte]

Balzaquiano entrou para o português não só como "algo relativo à obra de Balzac", mas também como um adjetivo para qualificar pessoas com mais de trinta anos, especialmente na forma feminina uma balzaquiana[4]. Isso se deve justamente a esse romance, um dos mais populares do autor.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Paul Rónai, Prefácio a A Mulher de Trinta Anos.
  2. Honoré de Balzac, A Comédia Humana, terceira edição da tradução organizada por Paulo Rónai, volume 3, p. 813.
  3. Honoré de Balzac, op. cit., p. 805.
  4. Ver a definição de balzaquiano no dicionário Priberam da Língua portuguesa.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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