Abóbora
Abóbora ou jerimum, fruto da aboboreira, é uma designação popular atribuída a diversas espécies de plantas da família Cucurbitaceae (ordem Cucurbitales), nomeadamente às classificadas nos géneros:
- Abobra - uma única espécie, nativa da América do Sul
- Cucurbita - género que inclui os tipos de abóbora mais comuns e a abobrinha (courgette/zucchini).[1][2]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A etimologia de abóbora é incerta, podendo derivar do Latim *apopore[3], do Grego Antigo pepon (πέπων "melão grande") através do Latim, ou do Ibero-Romano *apopŏres.[4] Já a palavra jerimum tem origem no tupi antigo, língua em que a palavra aparece em várias grafias diferentes: îurumũ, îarumũ, îeremuîé, entre outros étimos que se encontram em nomes derivados (îeremũ-pakobá, jerimum pacova, îerumũeté, jerimum verdadeiro).[5]
Cultivo
[editar | editar código-fonte]As abóboras são cultivadas em todo o mundo por várias razões, desde propósitos agrícolas (como ração animal) até vendas comerciais e ornamentais. Dos sete continentes, apenas a Antártica é incapaz de produzir abóboras. A abóbora tradicional americana usada para o Halloween é a variedade do campo de Connecticut.
Sementes maturadas de abóbora. | Flores. A flor da abóbora é comestível.[6] |
Campo de cultivo de abóboras. | Vista interna de uma abóbora. |
Produção mundial
[editar | editar código-fonte]País | Produção em 2018 (toneladas anuais) |
---|---|
China | 8.133.734 |
Índia | 5.569.809 |
Ucrânia | 1.338.000 |
Rússia | 1.189.539 |
México | 776.073 |
Espanha | 717.645 |
Estados Unidos | 683.038 |
Turquia | 616.777 |
Itália | 596.397 |
Malawi | 480.233 |
Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura[7] |
Cultura
[editar | editar código-fonte]Halloween
[editar | editar código-fonte]As abóboras são popularmente esculpidas em lanternas decorativas chamadas jack-o'-lanterns durante a época de Halloween. Essa tradição se originou na Grã-Bretanha e a na Irlanda, onde eram usados nabos, beterrabas e rutabagas, conseguindo assim um rosto mais alongado semelhante ao de um humano, tanto em forma como em cor.[8][9]
A prática de esculpir abóboras no Halloween se originou a partir de um mito irlandês sobre um homem chamado "Stingy Jack". O nabo é tradicionalmente usado na Irlanda e na Escócia no Halloween, mas os imigrantes da América do Norte usavam a abóbora nativa, que eram muito, facilitando o tamanho das esculturas. Até 1837, o jack-o'-lantern aparece como um termo para uma lanterna de legumes esculpida, e a associação de lanterna de abóbora esculpida com o Halloween é registrada em 1866.
Nos Estados Unidos, a abóbora esculpida foi associada à época da colheita em geral, muito antes de se tornar um emblema do Halloween. Em 1900, um artigo sobre entretenimento do Dia de Ação de Graças recomendou um jack-o'-lantern aceso como parte das festividades que incentivam crianças e famílias a se unirem para fazer seus próprios jack-o'-lanterns.
A associação de abóboras durante a época de colheita e a torta de abóbora no Dia de Ação de Graças canadense e americano reforçam o papel icônico da abóbora. A Starbucks transformou essa associação em marketing com seu latte de especiarias para abóbora, introduzido em 2003. Isso levou a uma tendência notável em produtos alimentícios com sabor de abóbora e especiarias na América do Norte. Isso apesar do fato de os norte-americanos raramente comprarem abóboras inteiras para comer, exceto quando esculpem lanternas de jack-o '. A agricultora de Illinois Sarah Frey é chamada "a Rainha das Abóboras da América" e vende cerca de cinco milhões de abóboras por ano, predominantemente para uso como lanternas.[10]
Uma lanterna de nabo (rutabaga) irlandesa tradicional de Halloween em exibição no Museum of Country Life, Irlanda. |
Jack-o'-lantern's esculpidos...
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...em abóboras para o Halloween.
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Festivais e competições de abóbora
[editar | editar código-fonte]"Abóboras gigantes" são variantes alaranjadas da abóbora gigante, Cucurbita maxima. Os produtores dessas "abóboras" geralmente competem para ver quais são as mais maciças. Os festivais costumam ser dedicados à abóbora e a essas competições.
O recorde da abóbora mais pesada do mundo, 1.190,5 kg (2.624,6 lb), foi estabelecido na Bélgica em 2016.[11]
Nos Estados Unidos, a cidade de Half Moon Bay, na Califórnia, realiza um Festival anual de Arte e Abóbora, incluindo o Campeão Mundial de Pesagem de Abóbora.
Utilização
[editar | editar código-fonte]Sua semente é um vermífugo natural.[12] Na Europa Central, tipicamente, produz-se óleo de semente de abóbora usado em culinária,[13] cosmética e medicina fitoterápica.[14]
Nos Estados Unidos fabrica-se cerveja de abóbora.[15]
Em Portugal, a abóbora tem vindo a conquistar hábitos alimentares mais amplos, após a ideia antiga de se tratar de uma cultura secundária mais destinada à alimentação animal. É agora utilizada sobretudo na confecção de doces e de sopas.[16]
Suas flores, comestíveis, são comumente usadas na culinária da Itália sendo classificadas como PANC (planta alimentícia não convencional) no Brasil.[6] Suas sementes, folhas e brotos, igualmente comestíveis, geralmente não são empregadas na alimentação humana, sendo também categorizadas como PANC's.[17]
No Brasil é muito comum encontrar preparações com abóbora devido ao seu custo benefício. Algumas das principais preparações com abóbora são:
- Tortéi
- Doce de abóbora
- Nhoque de Abóbora
- Abóbora com Shitake
- Purê de Abóbora
- Abóbora Assada
- Sopa de Abóbora com Gorgonzola
- Risoto de Abóbora
- Moranga Caramelada
- Camarão na Moranga
Usos da abóbora: | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|
de abóbora. |
Produção em Portugal
[editar | editar código-fonte]74% da produção nacional de abóboras concentra-se na região Oeste. Cerca de 60% da produção nacional é exportada para Inglaterra, França e Alemanha.[16]
Abóbora crua | |
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Valor nutricional por 100 g (3,53 oz) | |
Energia | 109 kJ (30 kcal) |
Carboidratos | |
Carboidratos totais | 6.5 g |
• Açúcares | 2.76 g |
• Fibra dietética | 0.5 g |
Gorduras | |
Gorduras totais | 0.1 g |
Proteínas | |
Proteínas totais | 1 g |
Água | 91.6 g |
Vitaminas | |
Vitamina A equiv. | 426 µg (53%) |
- Betacaroteno | 3100 µg (29%) |
- Luteína e Zeaxantina | 1500 µg |
Tiamina (vit. B1) | 0.05 mg (4%) |
Riboflavina (vit. B2) | 0.11 mg (9%) |
Niacina (vit. B3) | 0.6 mg (4%) |
Ácido pantotênico (B5) | 0.298 mg (6%) |
Vitamina B6 | 0.061 mg (5%) |
Ácido fólico (vit. B9) | 16 µg (4%) |
Vitamina C | 9 mg (11%) |
Vitamina E | 0.44 mg (3%) |
Vitamina K | 1.1 µg (1%) |
Minerais | |
Cálcio | 21 mg (2%) |
Ferro | 0.8 mg (6%) |
Magnésio | 12 mg (3%) |
Manganês | 0.125 mg (6%) |
Fósforo | 44 mg (6%) |
Potássio | 340 mg (7%) |
Sódio | 1 mg (0%) |
Zinco | 0.32 mg (3%) |
Full Link to USDA Database entry Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária recomendada para adultos. |
Referências
- ↑ «Artigo: diversidade de abóboras no Brasil e sua relação histórica com a cultura»
- ↑ Após extinção de grandes mamíferos, índios domesticaram abóbora. Por Ricardo Bonalume Neto. Folha de S. Paulo, 5 de dezembro de 2015
- ↑ [1]
- ↑ [2]
- ↑ a b Legnaioli, Stella. «Flor de abóbora é comestível e faz bem para saúde». Ecycle.com.br. Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ fao.org (FAOSTAT). «Pumpkin production in 2018, Crops/World regions/Production quantity (from pick lists)». Consultado em 29 de agosto de 2020
- ↑ «Aboboras». Aboboras.com. Consultado em 1 de outubro de 2016
- ↑ Redação (19 de outubro de 2018). «Entenda porque a abóbora é o símbolo do Halloween». Guia da Semana. Consultado em 31 de outubro de 2019
- ↑ «Pumpkins: from decoration to delicacy». Produce Retailer. 25 de agosto de 2017. Consultado em 20 de março de 2018. Arquivado do original em 22 de março de 2018
- ↑ Barron, Christina (17 de outubro de 2016). «Belgian man's pumpkin sets world record at a whopping 2,624 pounds». The Washington Post. Consultado em 31 de outubro de 2016
- ↑ «Viva Maria: conheça os vermífugos naturais no combate às parasitoses». EBC. 20 de junho de 2022. Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ «WHY USE PUMPKIN SEED OIL!? LEARN EVERYTHING NOW!». Thechefscult.com (em inglês). 22 de janeiro de 2022. Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ Ahmed Shaban, Ravi P Sahu (25 de fevereiro de 2017). «Pumpkin Seed Oil: An Alternative Medicine». PubMed (em inglês). Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ Jackson, Josh (26 de setembro de 2013). «A Guide to the Best and Worst Pumpkin Beers». www.pastemagazine.com (via Web Archive) (em inglês). Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ a b Gazeta Rural n.º 232, 15 de setembro de 2014.
- ↑ Sabbadini, Jéssica (28 de maio de 2023). «Do quintal para a mesa: panc é opção saudável e barata». Folha de Londrina. Consultado em 25 de junho de 2023