Abuso sexual entre menores

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Não confundir com abuso sexual infantil, nem com abuso sexual de menor.

O abuso sexual entre menores é uma forma de abuso sexual infantil em que uma criança pré-adolescente é abusada sexualmente por uma ou mais crianças ou adolescentes, e na qual nenhum adulto está diretamente envolvido. Embora isso aconteça quando uma das crianças usa força física, ameaças, truques ou manipulação emocional para provocar cooperação, ela também pode incluir situações não coercivas em que o iniciador propõe ou inicia um ato sexual que a vítima não entende a natureza e simplesmente vai junto com, não compreendendo suas implicações ou quais poderiam ser as suas consequências.[1] O abuso sexual infantil é diferenciado do jogo sexual normativo ou da curiosidade e exploração anatómica (por exemplo, "brincar de médico") porque o abuso sexual infantil é uma ação aberta e deliberada direcionada à estimulação sexual, incluindo o orgasmo .[2] Quando o abuso sexual é proporcionado por um irmão contra outro, é chamado de "abuso sexual entre irmãos".[3] Quando as vítimas crescem, muitas vezes elas têm uma lembrança distorcida do ato, como pensar que foi consensual ou que elas foram as iniciadoras do ato.[4]

Causas[editar | editar código-fonte]

No caso de abuso sexual infantil, as crianças pequenas que não amadureceram sexualmente são incapazes de saber sobre certos atos sexuais específicos sem uma fonte externa.[5][6][7] Consequentemente, as crianças que iniciam ou solicitam atos abertamente sexuais com outras crianças, na maioria das vezes, já foram sexualmente abusadas por um adulto,[5][6][8] ou por outra criança que por sua vez foi abusada por um adulto.[9][10] Mais da metade foram vitimados por dois ou mais abusadores.[7] Em alguns casos, a criança abusada foi exposta a pornografia ou presenciou, repetidamente, atos sexuais entre adultos, e isso também pode ser considerado uma forma de abuso sexual infantil .[8]

Em muitos casos, uma criança ou um adolescente podem não ter a intenção de causar qualquer dano à outra criança e agem apenas por um impulso passageiro. No entanto, este ato pode ainda resultar em danos para a outra criança, por isso é uma forma de abuso sexual.[11]

Prevalência[editar | editar código-fonte]

A incidência de abuso sexual entre menores não é conhecida com muita certeza, semelhante ao abuso por parte de adultos. Frequentemente não é relatada porque não é amplamente conhecida pelo público,[2] e frequentemente ocorre fora da supervisão direta dos adultos. Mesmo que seja conhecido pelos adultos, às vezes é considerado inofensivo por aqueles que não entendem as implicações.[2] Particularmente, o abuso sexual entre irmãos, que é raramente relatado em relação às taxas de notificação de abuso sexual entre pais e filhos,[3] e a divulgação do incesto pela vítima durante a infância é rara.[4]

Efeitos[editar | editar código-fonte]

As crianças que foram sexualmente vitimadas por outros menores, incluindo abuso entre irmãos, apresentam basicamente os mesmos problemas que as crianças vitimadas por adultos, incluindo transtornos de ansiedade, depressão, abuso de substâncias, suicídio, transtornos alimentares, transtorno de stress pós-traumático, distúrbios do sono e dificuldade em confiar nos outros.[1][12] A vítima frequentemente pensam que o ato foi normal, que o iniciaram ou até mesmo que participaram nele voluntariamente.[4]

Os principais fatores que afetam a gravidade dos sintomas incluem o uso de força ou coerção, a frequência do abuso e a invasividade do ato.[13] Um aumento do risco de vitimização mais tarde na vida também tem sido relatado.[14]

O termo infratores sexuais menores pode ser usado para menores de 18 anos que iniciaram qualquer atividade sexual não consensual com outra pessoa. Essa população pode ser vista como uma versão mais jovem de perpetradores sexuais e pode ser avaliada como parte de um mesmo grupo, quando representam um grupo heterogéneo significativo. Por exemplo, essas crianças tendem a apresentar motivações diferentes para as suas ações do que os agressores sexuais adultos e tendem a responder mais favoravelmente ao tratamento.[12]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Child on child sexual abuse: Psychological perspectives». Child Abuse & Neglect. 24. PMID 11197037. doi:10.1016/S0145-2134(00)00212-X 
  2. a b c Loseke, Donileen R.; Gelles, Richard J.; Cavanaugh, Mary M. Current Controversies on Family Violence. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-7619-2106-6 
  3. a b «Treating sibling abuse families». Aggression and Violent Behavior. 10. doi:10.1016/j.avb.2004.12.001 
  4. a b c «Sibling Incest: Reports from Forty-One Survivors». Journal of Child Sexual Abuse. 15. PMID 17200052. doi:10.1300/J070v15n04_02 
  5. a b Drew Pinsky, MD and Ted Stryker (November 5, 2007) "Loveline" Arquivado em 2011-07-14 no Wayback Machine (audio interview, 0:38:45-0:40:31). lovelineshow.com. Retrieved November 15, 2007.
  6. a b «Sexual interest in children, child sexual abuse, and psychological sequelae for children». Psychology in the Schools. 38. doi:10.1002/pits.1023 
  7. a b «Developmental and etiological characteristics of children with sexual behavior problems: Treatment implications». Child Abuse & Neglect. 23. PMID 10391518. doi:10.1016/S0145-2134(99)00027-7 
  8. a b «Children with sexual behavior problems and their caregivers: Demographics, functioning, and clinical patterns». Sexual Abuse: A Journal of Research and Treatment. 9. doi:10.1007/BF02674853 
  9. Marshall, W.L. (1997). Pedophilia: Psychopathology and theory. In D. R. Laws &W. O’Donohue (Eds.), Sexual deviance: Theory, assessment, and treatment (pp. 152–174). New York: Guilford.
  10. «Deviant Sexual Behavior in Children and Young Adolescents: Frequency and Patterns». Sexual Abuse: A Journal of Research and Treatment. 10. doi:10.1023/A:1022194021593 
  11. "Do Children Sexually Abuse Other Children? Preventing Sexual Abuse Among Children and Youth" Arquivado em 2 de setembro de 2017, no Wayback Machine., "Stop It Now!", 2007
  12. a b «Brother-sister incest—father-daughter incest: a comparison of characteristics and consequences». Child Abuse & Neglect. 23. doi:10.1016/S0145-2134(99)00058-7 
  13. Brown, Janelle C., Ph.D. (September, 2004). "Child-on-child sexual abuse: An investigation of behavioral and emotional sequelae," University of Pennsylvania, p. 1539.
  14. «Child Sexual Abuse and Sexual Re-victimization». Clinical Psychology: Science and Practice. 9. doi:10.1093/clipsy.9.2.135