Achucha II

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Achucha II
Morte entre 457 e 470
Nacionalidade
Império Sassânida
Etnia Armênio
Progenitores Pai: Aspacures II
Cônjuge Anuxurã Arzerúnio
Filho(a)(s) Vazgeno
Gogique
Ocupação General
Título Vitaxa

Achucha II ou Archucha II (A(r)šuša) foi vitaxa (pitiaxš[1] ou bidhakhsh[2] = vice-rei) de Gogarena da família mirrânida. Teria morrido em 470 segundo Cyril Toumanoff,[3] em 467 segundo Gérard Dédéyan,[4] ou entre 457-470 segundo Christian Settipani.[1] Esteve entre os nobres levados à corte persa de Ctesifonte sob ordens do Isdigerdes II (r. 438–457) no tempo da imposição do zoroastrismo na Armênia (449). Também teve seu papel na libertação de seus sobrinhos, filhos de Maiactes Mamicônio, de seu cativeiro em Ctesifonte após a derrota da revolta armênia liderada por Vardanes II.

Origem familiar[editar | editar código-fonte]

Dracma de Isdigerdes II (r. 438–457)

As reivindicações de seu filho Vazgeno ao trono da Ibéria provavelmente indicam um parentesco com a família real ibera, mas seu relacionamento exato não está claro a partir dos documentos contemporâneos. Cyril Toumanoff, com base nos anais reais de Cártlia, atestados no século IX e datados do século VIII, menciona um Achucha II, filho de Bacúrio II, vitaxa que se casou em 449/455 com Chuaramze, filha do rei da Ibéria Mitrídates V.[5]

Bacúrio II era filho de Achucha I, príncipe da cidade de Tachir em 430. Essa tese, porém, coloca um problema cronológico porque Vazgeno, o filho de Achucha, era casado e pai de vários filhos em 475,[6] e não está claro como poderia ser neto de Bacúrio II, casado por 449, ou seja, 26 anos antes. Para Christian Settipani, Achucha seria o príncipe de Tachir de 430 e neto de Bosmário ou Burzemires II, vitaxa, e Osduxt, irmã de Farasmanes IV, rei da Ibéria de 383 a 408.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Iluminura da Batalha de Avarair

Desde sua chegada, o Isdigerdes II (r. 438–457) empenhou-se em converter a Armênia ao zoroastrismo. Cerca de 449, emitiu édito no qual obrigou os armênios a abjurar sua fé. Em contrapartida, a nobreza e clero enviaram manifesto no qual asseguravam obediência absoluta, mas se recusavam a qualquer ideia de apostasia e negavam ao xá o direito de intervir em assuntos religiosos. O xá convocou então os principais nacarares, que se reuniram na corte persa de Ctesifonte.[7]

Apesar dos protestos de boa fé e lealdade da nobreza armênia, Isdigerdes exigiu que seus vassalos armênios se prostrassem diante do sol, seguindo o rito mazdeísta. Um cortesão cristão aconselhou-os a usar um subterfúgio: dirigirem suas orações a Deus enquanto realizavam a prostração. Mas tal ação era repugnante para Vardanes II Mamicônio, o mais poderoso dos nacarares, e foi necessária toda a persuasão de Achucha para que Vardanes concordasse em realizar os rituais exigidos.[7]

Desconfiado, Isdigerdes decidiu manter reféns na corte Achucha, dois filhos do marzobã Bassaces I e alguns outros nobres. Os nacarares retornaram à Armênia, acompanhados por sacerdotes mazdeístas que realizam o fecho de igrejas e construção de templos. Muito rapidamente, liderado pelo clero cristão e, em seguida, pela nobreza, o povo armênio se ergueu em revolta. Vardanes II assumiu a liderança da revolta, que foi esmagada em 26 de maio de 451, na Batalha de Avarair. Seu irmão Maiactes foi morto pouco depois em Taique, por Bassaces I, que levou os 3 filhos dele (Baanes I, Bassaces e Artaxes) e enviou-os para Ctesifonte.[8][9] Tendo a paz e a submissão regressado à Armênia, Achucha conseguiu comprar sua liberdade e de seus sobrinhos, os filhos de Maiactes, em 455, e levou-os à Armênia para junto da mãe deles, entregando a sua guarda e educação a Lázaro de Parpi e a Susana, filha de Vardanes II, que mais tarde casou com seu filho Vazgeno.[4][10]

Casamento e filhos[editar | editar código-fonte]

Casou-se com Anuxurã Arzerúnio, a irmã de Alano Arzerúnio, um padre, e de Zuique Arzerúnio, casada com Maiactes Mamicônio. Com ela teve dois filhos:[3]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Settipani 2006, p. 439.
  2. Grousset 1947, p. 214.
  3. a b Toumanoff 1990, p. 385.
  4. a b Dédéyan 2007, p. 191.
  5. Toumanoff 1990, p. 384-385.
  6. Toumanoff 1990, p. 330-331.
  7. a b Grousset 1947, p. 189-193.
  8. Grousset 1947, p. 193-202.
  9. Dédéyan 2007, p. 189-190.
  10. Grousset 1947, p. 213.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Grousset, René (1947). História da Armênia das origens à 1071. Paris: Payot 
  • Settipani, Christian (2006). Continuidade das elites em Bizâncio durante a idade das trevas. Os príncipes caucasianos do império dos séculos VI ao IX. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila