Afonso Taveira

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Afonso Taveira
Afonso Taveira
Retrato fotográfico de Afonso Taveira (Centro Português de Fotografia, Aurélio Paz dos Reis, década de 1900)
Nascimento Afonso dos Reis Taveira
6 de janeiro de 1850
Fontes, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Portugal
Morte 8 de novembro de 1916 (66 anos)
Santo Ildefonso, Porto, Portugal
Sepultamento Cemitério do Prado do Repouso
Cidadania português
Cônjuge Teresa Aço
Ocupação Ator de teatro, encenador e empresário teatral

Afonso dos Reis Taveira (Fontes, 6 de janeiro de 1850Porto, 8 de novembro de 1916), foi um ator, encenador e empresário teatral português.[1][2][3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu a 6 de janeiro de 1850 no lugar de Cristelo, freguesia de Fontes, concelho de Santa Marta de Penaguião, distrito de Vila Real, na província de Trás-os-Montes, filho de João Teixeira de Sousa Lello e de sua mulher, Maria Isabel da Silva Pereira Taveira. Recebeu o apelido dos Reis em homenagem aos Reis Magos, por ter nascido no Dia de Reis.[1][2][3]

Dos 15 aos 20 anos foi telegrafista dos Caminhos-de-Ferro e, quando fez serviço na estação do Entroncamento, fundou com outros empregados uma sociedade dramática. Decidindo seguir a carreira de ator, estreia-se no Teatro Baquet do Porto, num pequeno papel do drama O Lago de Killarney. Fez depois parte de vária companhias teatrais que representaram no Porto e em Lisboa. Em 1879 foi pela primeira vez em digressão ao Brasil, representando com muito agrado em Pernambuco, Maranhão e Rio de Janeiro.[1][2][3]

Gravura de Afonso Taveira (O Grande Elias, 16 de junho de 1904).

De regressso a Portugal em 1882, foi escriturado para o Teatro Nacional D. Maria II de onde saiu no ano seguinte para o Porto, contratado para o Teatro Baquet. Conservou-se naquele teatro durante alguns anos, como ator e ensaiador da Empresa Alves Rente, onde prestou bons serviços, tendo dali saído para se associar a José Ricardo e Santinhos, explorando o Teatro D. Afonso e o Teatro Infante D. Augusto, tendo percorrido as Províncias e a Galiza. Com a morte de Alves Rente a empresa passou para o Teatro do Príncipe Real, tornando-se, após a saída dos outros integrantes, empresário único, tendo realizado épocas brilhantíssimas, com magníficas digressões a Lisboa, Ilhas e Brasil. Regressou ao Brasil inúmeras vezes e, mais tarde, foi empresário do Teatro da Trindade, em Lisboa, onde se conservou até à sua morte, com alguns intervalos de trabalho no Porto. Numa digressão ao Algarve, encontrou-se doente em Tavira, onde esteve aos cuidados da atriz Teresa Aço, com que se casou pouco tempo depois.[1][2][3][5] No fim da sua carreira já pouco representava, focando-se nos encargos de ensaiador e empresário. Em 1908 inaugurou no Trindade uma época lírica com uma companhia composta por cantores portugueses, que mereceu os maiores aplausos do público nas óperas Barbeiro de Sevilha, A Boémia, D. Pascoal, Carmen, Sonâmbula, A Serrana, etc. Distinguiu-se pessoalmente, em diferentes peças como Cabo Simão, Causa célebre, Pescador de baleias, Especuladores da honra, Um mártir da Vitória, Tangerinas mágicas, Arte Nova, O relógio mágico, Semana dos nove dias, Capital federal, Ramerrão, etc. Nunca educou artistas, mas tinha uma boa escola para coristas e comparsas.[1][2][3]

Funeral de Afonso Taveira (Illustração Portuguesa, 20 de novembro de 1916).

Foi casado primeiramente com a atriz Teresa Aço, de quem enviuvou em 1892, sem deixar descendência. Foi depois pai de Afonso, Américo e Guilherme, nascidos em 1894, 1896 e 1897, respetivamente, tendo os filhos sido registados como filhos de mãe incógnita. Casou-se depois com a mãe dos filhos, a atriz Teresa Rosa Nogueira de Matos, a 2 de agosto de 1906, na Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, em Lisboa, legitimando os filhos neste ato.[6]

Afonso Taveira faleceu subitamente vítima de uma apoplexia enquanto ensaiava a revista O dia de Juízo de Eduardo Schwalbach, em plena plateia do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, freguesia de Santo Ildefonso, a 8 de novembro de 1916, aos 66 anos de idade. Foi sepultado em jazigo no Cemitério do Prado do Repouso, na mesma cidade, tendo ao seu funeral concorrido centenas de pessoas.[7]

Referências

  1. a b c d e Bastos, António de Sousa (1908). Diccionario do theatro portuguez. Robarts - University of Toronto. Lisboa: Imprensa Libânio da Silva. p. 265 
  2. a b c d e Bastos, António de Sousa (1898). «Carteira do Artista: apontamentos para a historia do theatro portuguez e brazileiro» (PDF). Unesp - Universidade Estadual Paulista (Biblioteca Digital). pp. 22–23 
  3. a b c d e «Afonso Taveira, não faz parte da Toponímia, mas merecia fazer». Ruas com história. Wordpress. 18 de janeiro de 2018 
  4. Poitout, Manuela (6 de dezembro de 2020). «Uma hipótese com alguma probabilidade de ser verdadeira: o neurocientista António Rosa Damásio ter tido um avô chefe da estação do Entroncamento». EOL - Entroncamento Online 
  5. «Thereza Aço» (PDF). Hemeroteca Digital. O Occidente: revista illustrada de Portugal e do estrangeiro: 163-164. 21 de julho de 1892 
  6. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de Encarnação (1906)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. pp. 28–28 verso, assento 48 
  7. «Ator Afonso Taveira» (PDF). Hemeroteca Digital. Illustração Portuguesa: 408. 20 de novembro de 1916 
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