Afoxé (ritmo)

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 Nota: Para outros significados, veja Afoxé.

Afoxé é o ritmo produzido pelo conjunto instrumental e vocal do mesmo nome quando desfila no Carnaval, pelas ruas de Pernambuco e da Bahia, em forma de rancho ou cordão.[1] Tanto o bloco como o ritmo estão intimamente ligados aos praticantes de candomblé, com raízes afro-brasileiras.[1]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

De origem iorubá, a palavra afoxé poderia ser traduzida como "o enunciado que faz acontecer". Há um consenso entre os pesquisadores de que o afoxé tem origem em Pernambuco.[2][3][4][5][6][7][8]

O termo afoxé, oriundo da África, denota a festa profano-religiosa efetuada pela nação no momento oportuno, a qual é manifestada através do ritmo ijexá.

Caracerísticas[editar | editar código-fonte]

Três instrumentos básicos fazem parte desta grande manifestação.[1] O afoxé (ou agbê), cabaça coberta por uma rede formada de sementes ou contas, é percutido agitando-se a rede, que fricciona no corpo da cabaça. Os atabaques, basicamente de três tipos, com três tamanhos diferentes que em conjunto traduzem o som do ijexá, tocado no afoxé atualmente. O agogô, formado por duas campânulas de metal, com sonoridades diferentes, é quem dita o ritmo aos demais instrumentos.

As melodias entoadas nos cortejos dos afoxés são praticamente as mesmas cantigas ou orôs entoados nos terreiros afro-brasileiros que seguem a linha Jexá. O afoxé, longe de ser, como muita gente imagina, apenas um bloco carnavalesco, tem profunda vinculação com as manifestações religiosas dos terreiros de candomblé.

Inclusive por homenagear um orixá, geralmente, da casa de candomblé a que pertence. Em Pernambuco, o afoxé se fortalece, ainda mais, com o Movimento Negro Unificado, no final da década de 70, como uma das formas de se fazer chegar, à maioria da população, o debate sobre Consciência Negra e liberdade, através da música.

Outra questão posta para a afirmação dos afoxés diz respeito à ideia de que estes constituem autêntica cultura negra, e como tal merecedora de todas as atenções possíveis por parte dos negros e negras, sejam eles e elas de onde forem. Os afoxés também são candomblés de rua, e continuam mantendo os vínculos com o sagrado em Pernambuco, diferentemente do que vem ocorrendo na Bahia. Este argumento é recorrente nas falas dos atuais dirigentes das entidades negras locais e dos afoxezeiros mais destacados, que continuam buscando a construção de dias melhores para os afoxés pernambucanos. Para estes, os grupos baianos, sobretudo o Filhos de Gandhy, não são mais dotados da íntima relação com os candomblés.[9]

Referências

  1. a b c Frungillo, Mário D. (2003). Dicionário de percussão. São Paulo: UNESP. ISBN 85-7139-448-2 
  2. LIMA, Ivaldo. Entre Pernambuco e a África. História dos maracatus-nação do Recife e a espetacularização da cultura popular (1960 - 2000). Universidade Federal Fluminense, 2010, p. 319
  3. "Conheça a história dos Afoxés em Pernambuco" https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2019/03/conheca-a-historia-dos-afoxes-em-pernambuco.html Acessado em 17 de abril de 2020
  4. ARAÚJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional. Danças, Recreação, Música. Vol. II. São Paulo: Melhoramentos, 1967, p. 304.
  5. CARNEIRO, Edison. Dinâmica do folclore, p. 47.
  6. CARNEIRO, Edison. Folguedos tradicionais. p. 122
  7. REAL, Katarina. O folclore no carnaval do Recife. Recife: Ed. Massangana, 1990, 2ª edição, p. 200 – 201.
  8. Lima, Ivaldo Marciano de França (23 de março de 2009). «Afoxés: Manifestação cultural baiana ou pernambucana? Narrativas para uma história social dos Afoxés». Esboços: histórias em contextos globais (21): 89–110. ISSN 2175-7976. doi:10.5007/2175-7976.2009v16n21p89. Consultado em 11 de abril de 2024 
  9. Lima, Ivaldo Marciano de França (23 de março de 2009). «Afoxés: Manifestação cultural baiana ou pernambucana? Narrativas para uma história social dos Afoxés». Esboços: histórias em contextos globais (21): 89–110. ISSN 2175-7976. doi:10.5007/2175-7976.2009v16n21p89. Consultado em 12 de abril de 2024 
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