Agelas sceptrum
Agelas sceptrum | |||||||||||||||||
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Indivíduo avistado em Bonaire
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Agelas sceptrum (Lamarck, 1815) | |||||||||||||||||
Sinónimos[1][2] | |||||||||||||||||
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Agelas sceptrum é uma espécie de demospôngia da família dos agelasídeos (Agelasidae). Vive em recifes tropicais do Caribe e do Atlântico Ocidental,[3] incluindo registros próximos à foz do Amazonas (Maranhão). Foi descrita por Jean-Baptiste de Lamarck em 1815.
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]Agelas sceptrum foi descrita por Jean-Baptiste de Lamarck em 1815, sob o nome de Alcyonium sceptrum. O holótipo está abrigado no Museu Nacional de História Natural (MNHN) de Paris, na coleção Lamarck, mas sem o devido registro à localidade-tipo.[4]
Descrição
[editar | editar código-fonte]A morfologia das esponjas do gênero Agelas é variável, podendo ser maciça, lobada, ramificada, em forma de leque ou tubular na extremidade. O esqueleto é fibroreticulado, composto por fibras de espongina sempre ornamentadas com feixes de acantóstilos espinhosos dispostos em verticilos. Esses espículas também podem formar o núcleo das fibras, em graus variados, e não há outros tipos de espículas.[5] Agelas sceptrum tem corpo firme, com ramificações rastejantes e eretas. Sua cor varia do canela-amarelada a laranja com manchas esbranquiçadas.[6]
Habitat e distribuição
[editar | editar código-fonte]Agelas sceptrum habita recifes de coral e substratos rochosos em águas claras e quentes, de 72 a 100 metros de profundidade.[2] Foi registrado no mar do Caribe próximo das ilhas da Jamaica, Baamas,[7] Barbados,[8] Bonaire e Cuba, e no litoral da América do Sul na Colômbia, Venezuela e Brasil, próximo da foz do rio Amazonas, no estado do Maranhão (municípios de Cururupu e Turiaçu).[4][9][2]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]Agelas sceptrum é um espécie aquática bentônica, séssil e filtradora, que se alimenta de pequenas partículas em suspensão e de matéria orgânica dissolvida na água. É predado por algumas espécies de peixes, tartarugas e invertebrados e vários animais o utilizam como abrigo, sobretudo invertebrados (camarões alfeídeos[6]).[2] Como outros membros da classe das demospôngias (Demospongiae), é hermafrodita. O zigoto se desenvolve em larva parenquimatosa (natação livre) antes de se fixar num substrato, onde se transforma numa esponja jovem.[6]
Conservação
[editar | editar código-fonte]Em 2018, Agelas sceptrum foi classificada como pouco preocupante no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[10][11] Espécies do gênero Agelas produzem esponjinas e metabólitos com potencial farmacêutico.[12] No Brasil, a região onde ocorre foi licitada para exploração de petróleo e gás, o que pode causar impactos à vida marinha local, inclusive para esta espécie, como: atrapalhar a fecundação, que geralmente ocorre na água; o desenvolvimento, sobretudo nos estágios iniciais; o metabolismo e fisiologia dos adultos, por alterações moleculares e morfológicas das células e tecidos; redução populacional; e mortandade em massa em qualquer fase do ciclo de vida.[2]
Os fatores de impacto das operações petrolíferas podem ser causados na fase de instalação (ancoragem, cabos de linhas de transmissão de energia, descarte de lamas e fluidos de perfuração contaminados, descarte de efluentes da produção) ou afetarem área fora dos locais de operações (derramamento acidental de óleo das plataformas, embarcações de apoio e transporte de produtos). Para os poríferos, em particular, a presença de fluidos de perfuração contendo bentonita e barita afetam a capacidade de bombeamento, alteram a respiração e alimentação e causam a instabilidade da membrana lisossômica.[2]
Referências
- ↑ de Voogd, N.J.; Alvarez, B.; Boury-Esnault, N.; Cárdenas, P.; Díaz, M.-C.; Dohrmann, M.; Downey, R.; Goodwin, C.; Hajdu, E.; Hooper, J. N. A.; Kelly, M.; Klautau, M.; Lim, S. C.; Manconi, R.; Morrow, C.; Pinheiro, U.; Pisera, A. B.; Ríos, P.; Rützler, K.; Schönberg, C.; Turner, T.; Vacelet, J.; van Soest, R. W. M.; Xavier, J. (2025). «Agelas sceptrum (Lamarck, 1815)». World Porifera Database. Consultado em 6 de maio de 2025. Cópia arquivada em 6 de abril de 2025
- ↑ a b c d e f Muricy, Guilherme Ramos da Silva; Rocha, Ana Carina Almeida da; Jesus, Anaíra Lage de Santa Luzia de; Silva, André Felipe Bispo da; Cavalcanti, Fernanda Fernandes; Moraes, Fernando Coreixas de; Lopes, Joana Carolina Freire Sandes; Moser, Julia Martins; Lopes, Matheus Vieira; Pinheiro, Ulisses dos Santos (2025). «Agelas sceptrum (Lamarck, 1815)». Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). doi:10.37002/salve.ficha.32883.2. Consultado em 19 de maio de 2025. Cópia arquivada em 29 de abril de 2025
- ↑ Parra-Velandia, Fernando J.; Zea, Sven; van Soest, Rob (2014). «Reef sponges of the genus Agelas (Porifera: Demospongiae) from the Greater Caribbean» (PDF). Zootaxa. 3794 (3): 301–344. doi:10.11646/zootaxa.3794.3.1. Consultado em 20 de maio de 2025
- ↑ a b Muricy, Guilherme; Hajdu, Eduardo; Lopes, Daniela A.; Carvalho, Mariana; Moraes, Fernando; Klautau, Michelle; Menegola, Carla; Pinheiro, Ulisses Santos (2011). Catalogue of Brazilian Porifera (PDF). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro. Consultado em 20 de maio de 2025
- ↑ Hooper, John N. A.; van Soest, Rob W. M. (2012). Systema Porifera: A Guide to the Classification of Sponges. Nova Iorque, Boston, Dordrecht, Londres e Moscou: Kluwer Academic, Plenum Publishers. pp. 820–822. ISBN 978-1-4615-0747-5. Consultado em 26 de maio de 2025
- ↑ a b c «Agelas sceptrum». SeaLifeBase. Consultado em 24 de abril de 2025. Cópia arquivada em 6 de maio de 2025
- ↑ Lehnert, H.; van Soest, Rob (1998). «Shallow water sponges of Jamaica» (PDF). Beaufortia. 48 (5): 71–103. Consultado em 20 de maio de 2025
- ↑ Van Soest, Rrob; Stentoft, N. (1988). «Barbados deep-water sponges». In: Hummelinck, P.W.; Van der Steen, L.J. Studies on the Fauna of Curaçao and other Caribbean Islands (PDF). 70. Utreque: Uitgaven van de Natuurwetenschappelijke Studiekring voor Suriname en de Nederlandse Antillen. pp. 1–175. Consultado em 20 de maio de 2025. Cópia arquivada (PDF) em 30 de abril de 2024
- ↑ Mothes, Beatriz; Campos, Maurício; Lerner, Cléa; Carraro, João Luís; Parra-Velandia, Fernando José (2007). «Novos registros do gênero Agelas Duchassaing & Michelotti, 1864 (Porifera, Agelasida) ao largo da desembocadura do Rio Amazonas, Brasil, Atlântico Sudoeste / New records of the genus Agelas Duchassaing & Michelotti, 1864 (Porifera: Agelasida) off the Amazon River mouth, Brazil, Southwestern Atlantic». Biota Neotropica. 7 (3): 84–90. doi:10.1590/S1676-06032007000300008. Consultado em 20 de maio de 2025. Cópia arquivada em 30 de junho de 2024
- ↑ «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018
- ↑ «Agelas sceptrum (Lamarck, 1815)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 6 de maio de 2025. Cópia arquivada em 6 de maio de 2025
- ↑ Alcolado, Pedro M. (1976). «Lista de nuevos registros de poríferos para Cuba» (PDF). Oceanologia. 36: 1–11. Consultado em 20 de maio de 2025