Algaci Tulio

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Algaci Tulio
Nascimento 8 de dezembro de 1940
Rio Branco do Sul
Morte 13 de janeiro de 2021
Curitiba
Cidadania Brasil
Ocupação político, comunicador

Algaci Ormário Tulio (Rio Branco do Sul, 8 de dezembro de 1940Curitiba, 13 de janeiro de 2021) foi um comunicador e político brasileiro.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Filho de Albina Zonatto e João Tulio, descendentes de italianos, nascidos no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, que emigraram para Rio Branco do Sul, onde constituíram uma família de onze filhos. Aos dez anos, os pais, Albina e João Tulio, se mudaram para a capital paranaense em busca de melhores condições de vida, passando a residir no bairro do Ahú. Aos quatorze anos, Algaci começou a trabalhar como atendente, em uma casa lotérica, enquanto estudava no Colégio Iguaçu. Em 1958, Algaci serviu no 20° Regimento de Infantaria, no bairro do Bacacheri e, logo depois, iniciou os estudos em ciências contábeis, pela Universidade Plácido e Silva.[1]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Algaci iniciou sua trajetória no rádio cedo, aos dezesseis anos de idade, atuando como colaborar na Rádio Marumby. Em 1965, Algaci se tornou repórter policial do programa “Revista Matinal”, ancorado por Arthur de Souza, na Rádio RB2.

Além dessas, Tulio passou pelas rádios Cultura, Universo e Independência, retornando anos depois à Rádio Clube Paranaense, onde foi vitimado por um infarto, sendo salvo por uma cirurgia de emergência.

Além do rádio, Tulio passou a atuar como repórter policial também na televisão, começando pelo Canal 12, em seguida indo para o Canal 06, da família Martinez, e logo depois sendo contrato pelo canal do ex-governador do Paraná, Paulo Pimentel.

Por muitos anos, Algaci realizou trabalhos em jornais impressos e revistas, como no O Estado do Paraná e no Diário do Paraná.

Em 1974, Algaci Tulio realizou a primeira transmissão ao vivo na história do Brasil, de um julgamento, ocorrido no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Anos depois, em 1979, cobriu o polêmico julgamento de Doca Street, em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, acusado de assassinar a socialite Ângela Diniz. Em suas coberturas marcantes, estão também o sepultamento, em Minas Gerais, do ex-presidente da República, Tancredo Neves, que adoeceu antes da posse, vindo a falecer em 21 de abril de 1985, em São Paulo.

Tal a popularidade nos meios de comunicação, levaram Algaci a ser convidado pelo ex-governador do Paraná Ney Braga e pelo então deputado, Erondy Silvério, a se candidatar, pelo PDS ao cargo de vereador de Curitiba. Algaci foi o vereador mais votado nas eleições de 1982, com cerca de 12 mil votos. Entre suas primeiras iniciativas no legislativo municipal, esteve a extinção da aposentadoria aos vereadores.

Em 1984, Algaci lançou, em parceria com a Isabel Mendes, o livro de contos Algaci Tulio - O Outro Lado.

Em 1986, Algaci deixou a Câmara Municipal de Curitiba para assumir o mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná, dessa vez, pelo PDT.

No ano de 1988, o quadro político de Curitiba estava polarizado e cheio de incertezas. No pleito municipal anterior, Jaime Lerner, então no PDT, perdera a eleição para Roberto Requião, do PMDB. Naquela época, os peemedebistas carregavam a esperança da redemocratização após o período da ditadura militar. Entretanto, o cenário mudou nas eleições de 1988, ante o Governo Sarney, com inflação galopante e a desconfiança dos trabalhadores em relação à nova Constituição Federal.

Os peemedebistas Alvaro Dias, então governador do Paraná, e Roberto Requião, na prefeitura de Curitiba, trabalhavam para eleger o então deputado constituinte e ex-prefeito da capital, Maurício Fruet. À época, Alvaro Dias lidava com o desgaste que uma ação policial, ordenada por ele, contra professores da rede pública do estado, deixou várias pessoas feridas no Centro Cívico. Requião, por sua vez, enfrentava na prefeitura a ameaça de greves de cobradores e motoristas de ônibus.

Com Maurício Fruet no páreo, Algaci Tulio se lançou candidato pelo PDT à prefeitura de Curitiba. Junto deles, vieram Enéas Farias (PTB), Aírton Cordeiro (PFL) e Claus Germer (PT).

O PDT, à época, queria lançar o ex-prefeito Jaime Lerner na disputa, entretanto, Lerner havia transferido o seu domicílio eleitoral para o Rio de Janeiro, e não conseguiu alterá-lo para a capital paranaense até o registro da candidatura. Leonel Brizola, líder do PDT, chegou a afirmar no lançamento da candidatura de Tulio que “já que não temos o melhor, que é o Jaime Lerner, vamos de Darci (sic) Tulio”.

Entretanto, um recurso apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi favorável à Lerner, assim, ele conseguiu realizar a transferência de domicílio para a capital paranaense. Algaci Tulio então, renunciou a candidatura à prefeito em 1 de novembro de 1988, para ser vice na chapa do, agora candidato à prefeito, Jaime Lerner. No dia 05, Aírton Cordeiro renunciou em apoio à nova chapa, e no dia 07 foi a vez de Enéas Faria.

Essa mudança a poucos dias da eleição, marcada para o dia 15 de novembro, acabou sendo vantajosa para Lerner e Tulio, que não tiveram tempo de serem desgastados pelo adversário, Maurício Fruet.

Jaime Lerner e Algaci Tulio conquistaram 57% dos votos, contra 34% de Maurício Fruet, consagrando-se eleitos em uma campanha que durou apenas doze dias.

Em 1990, Tulio foi eleito novamente para o legislativo estadual, pelo PDT, com cerca de 14 mil votos. Em 1994, Algaci foi reconduzido ao mandato, com a vitória na reeleição. Em 1996, Algaci estava almejando uma candidatura ao executivo municipal, entretanto, abriu mão após ser convidado para ser vice-prefeito na chapa encabeçada pelo engenheiro Cássio Taniguchi. Na eleição de 3 de outubro daquele ano, Cássio e Tulio derrotaram o candidato do PSDB, Carlos Simões, com 54,67% dos votos, ante 30,25% do adversário.

Dois anos após a assumir o mandato de vice-prefeito, Tulio renunciou ao cargo e optou por voltar ao legislativo estadual, sendo eleito para o seu quarto mandato de deputado estadual, em 1998. Levando em conta os dois mandatos como vice-prefeito, Algaci Tulio assumiu a prefeitura de Curitiba por vinte e nove vezes.

Como deputado estadual, Algaci teve a maioria de suas emendas aprovadas para a elaboração da nova Constituição do Paraná, em 1989. De 1994 a 1996 foi líder do governo na Assembleia Legislativa. Entre os projetos de sua autoria está o que criou, em 1996, o Conselho de Tecnologia do Paraná. É autor da lei que disciplina a doação de órgãos para transplante no estado e que criou a Central de Transplantes do Paraná. São de sua autoria algumas das mais polêmicas denúncias formuladas na Assembleia, a exemplo dos casos do Porto de Paranaguá, bingões e saúde. Foi presidente de duas comissões parlamentares de inquérito que apuraram desvios no Porto de Paranaguá e na Secretaria Estadual de Saúde.

Nos anos 90, Algaci encabeçou o movimento pela criação do município de Pontal do Paraná, desmembrando-o de Paranaguá. O município foi criado por força da Lei Estadual n° 11.252, de 20 de dezembro de 1995, tendo Algaci como autor do projeto. No ano de 2001, Algaci foi um dos parlamentares mais ativos na luta contra a venda da Companhia Paranaense de Energia, protagonizando diversas discussões, mobilizações e bate-bocas em plenário. Ao final, a privatização não se concretizou.

Ao renunciar à candidatura para a prefeitura de Curitiba em 1996, Tulio solicitou que as despesas que tivera com a sua estrutura eleitoral fosse ressarcida pelo grupo de Jaime Lerner, o que acabou não acontecendo. A dívida, junto ao Banestado, chegou ao patamar de cerca de dois milhões de reais, face a renovação dos empréstimos bancários realizados pelo grupo de Lerner em nome de Tulio. Após a abertura de um inquérito, Algaci acabou condenado à prisão, em regime aberto, por sete anos, juntamente com outras vinte e uma pessoas. Em segunda instância, Tulio acabou absolvido. Entretanto, a condenação se deu às vésperas das eleições, quando Tulio buscava seu quinto mandato como deputado estadual, fato este que não aconteceu. Tulio acabou perdendo nas urnas e sofrera um infarto quase fatal.

A eleição de 2002 deu a vitória à Roberto Requião como governador do Paraná. Tulio acabou sendo convidado pelo governador para assumir e recuperar o Procon do estado. À frente do Procon, Tulio fez amplas alterações, tais como a mudança do local do prédio, que até então era sediado em um local precário, e criou diversas ações de fiscalização e conscientização para os consumidores.

Nas eleições estaduais de 2006, Tulio tentou uma nova candidatura para deputado estadual, entretanto, sem sucesso. No segundo mandato de Roberto Requião à frente do executivo estadual, Algaci ganhou espaço na programação da Paraná Educativa, emissora do governo estadual. Após a renúncia de Requião para concorrer ao Senado Federal, pelas mãos do então governador Orlando Pessuti, Algaci foi convocado para assumir a Secretaria de Estado para Assuntos da Copa do Mundo, onde viabilizou a realização dos jogos na Arena da Baixada, em Curitiba.[2]

Nas eleições municipais de 2008, Algaci assumiu pela segunda vez um cargo no legislativo municipal. Em 2012, após trinta anos de vida pública, Tulio optou por se desligar da política, indo residir, com a esposa, em Guaratuba, no litoral paranaense. Logo após completar oitenta anos, Tulio foi infectado pela COVID-19, sendo internado no Hospital Vita Batel, em Curitiba, onde veio à falecer no dia 13 de janeiro de 2021.[3]

Algaci Tulio, ao longo da sua vida, foi um grande entusiasta das causas sociais, tendo sido voluntário do Pequeno Cotolengo até os seus últimos dias de vida.[4]

Referências

  1. Paraná, Jornal Bem. «Carreira começou no rádio - Bem Paraná». www.bemparana.com.br. Consultado em 14 de março de 2021 
  2. «Algaci Tulio (2011) Rádio - Areias (Rio Branco do Sul) - Paraná». Memórias Paraná. 25 de janeiro de 2016. Consultado em 14 de março de 2021 
  3. «Algaci Tulio, ex-vice-prefeito de Curitiba, morre vítima da Covid-19 aos 80 anos». G1. Consultado em 14 de março de 2021 
  4. www.curitiba.pr.leg.br https://www.curitiba.pr.leg.br/ex-vereador-algaci-tulio-recebe-homenagem-postuma-da-cmc. Consultado em 14 de março de 2021  Em falta ou vazio |título= (ajuda)