Almachio Diniz

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Almachio Diniz

Almachio Diniz Gonçalves (Salvador, 7 de maio de 1880 - Rio de Janeiro, 2 de maio de 1937), foi um advogado, jurista, professor, escritor e poeta brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho do farmacêutico e naturalista Adolfo Diniz Gonçalves e de Maria Rosa Guimarães Diniz Gonçalves. [1]

Formado em Direito, três anos depois, mediante concurso torna-se lente da Faculdade Livre de Direito da Bahia, especializando-se no campo da filosofia jurídica, onde sucedeu o professor Leovigildo Filgueiras.

Em 1915, ele decide se transferir para o Rio de Janeiro. Também ali faz-se catedrático da Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, lecionando Direito Civil. Foi um dos fundadores da Faculdade Teixeira de Freitas, em Niterói.[1]

Em 1935, Almachio Diniz foi advogado da Aliança Nacional Libertadora (ANL) de Luís Carlos Prestes, tendo impetrado um mandado de segurança buscando reverter a decisão do governo de Getúlio Vargas que havia fechado as sedes da ANL, mas que foi negado pelo Supremo Tribunal Federal.[2]

Disputas na Academia[editar | editar código-fonte]

Registra Alberto Venâncio Filho que, quando candidatara-se à vaga na Academia Brasileira de Letras deixada pela morte de Euclides da Cunha, Almachio encontrou por oponente outro autor baiano, Afrânio Peixoto, então jovem médico e que, tendo escrito crítica favorável a Mário de Alencar, foi lançado por este candidato mesmo sem o seu conhecimento e estando em viagem à Europa. Num gesto em que procurava abortar o opositor, Almachio apresentou à direção da Casa um pedido de impugnação, onde argumentava que a candidatura do rival havia sido apresentada extemporaneamente. A impugnação foi rejeitada, e Peixoto, eleito.[3]

Em seus argumentos, Almachio ataca a candidatura de Afrânio Peixoto: “Quero a sua valiosíssima atenção de caráter pujante e inquebrantável, diante de todas as heroicidades – não é lisonja porque não a sei tecer – para o escândalo que cometeria a Academia se sufragasse em maio próximo um nome que não foi candidato dentro dos termos do Regimento da Academia. A sua intervenção livrará a belíssima Instituição de uma derrocada moral lastimável. Creio na sua ação em benefício do renome da Academia.[3] Outras três vezes procurou o ingresso na instituição maior das letras brasileiras, em todas elas fracassando no intento.[1]

Suas candidaturas renderam um livro, publicado em 1999, por Renato Berbert de Castro.[4]

Academia Baiana e outras instituições[editar | editar código-fonte]

Foi Almachio Diniz o Presidente de Honra da Academia Baiana de Letras, entidade formada em 1911, proferindo o seu discurso de instalação, ali ocupando como membro-fundador a Cadeira de número 11.[1] A instituição, contudo, não prosperou, desaparecendo.

Finalmente, em 1917, sob auspícios do então governador Antônio Moniz, com a fundação da Academia de Letras da Bahia, é seu membro-fundador, ocupando a Cadeira 37.[1]

Em 1934 faz-se membro-fundador da Academia Carioca de Letras, onde ocupa a Cadeira 3 (onde foi sucedido por Evaristo de Moraes); foi também correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, do Instituto dos Advogados Brasileiros.[1]

Obras[editar | editar código-fonte]

Legou Almachio Diniz mais de cem obras publicadas. Versando sobre literatura, direito, história e outros temas, no dizer de Antonio Loureiro de Souza tinha "...uma formação enciclopedista rara entre seus contemporâneos. Nos diversos ramos da cultura humanística foi brilhante e profundo (...)"[1] Dentre suas obras, destacam-se:

  • Ensaios Filosóficos Sobre o Mecanismo do Direito. Salvador, 1906. 212 p.
  • Pavões. (romance) Salvador, 1908. 350 p.
  • Zoilos e Estetas. (crítica literária). Porto, 1908. 190 p.
  • Questões Atuais de Filosofia e Direito. Rio de Janeiro, 1909. 224 p.
  • O Diamante Verde. (romance) Lisboa, 1910. 164 p.
  • A Carne de Jesus. (estudo filosófico). Salvador : Livraria Gomes Carvalho, 1910 169 p.
  • Sociologia e Critica; estudos, escriptos e polemicas. Porto : Magalhães & Moniz, 1910. 414 p.
  • Um Artista da Moda. Lisboa, 1910. 194p.
  • Serpente. Salvador, 1911. 170 p
  • Mundanismo. Coimbra, 1911. 76 p.
  • Troféus em cinzas. (peça teatral). Salvador, 1911.
  • Curso de Enciclopédia Jurídica. Salvador, 1913. 514 p.
  • Bodas Negras. (romance). Rio de Janeiro, 1913. 248 p.
  • Direito da Família. (Manuais Alves). Rio de Janeiro, 1916. 286 p.
  • Direito das Coisas. (Manuais Alves). Rio de Janeiro, 1916.
  • Direito das Sucessões. (Manuais Alves). Rio de Janeiro, 1916.
  • Direito das Obrigações. (Manuais Alves). Rio de Janeiro, 1916. 332 p.
  • Direito Público Constitucional. Rio de Janeiro, 1917. 346 p.
  • Teoria Geral do Processo ou Teoria das Ações. Salvador, 1917. 292 p.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ALVES, Marieta. Intelectuais e escritores baianos. Salvador: Museu da Cidade, 1977.
  • SOUZA, Antônio Loureiro de. Baianos ilustres. 3ª ed. - São Paulo: IBRASA; Brasília: INL, 1979.
  • SOUZA, Marcus Seixas. Almachio Diniz Gonçalves. In: Didier Junior, Fredie. Os nomes das salas: Homenagem aos 125 anos da Faculdade Livre de Direito da Bahia. - Salvador: JusPodium, 2016.
  • COSTA, Afonso. Almachio Diniz no seu decennio literario. Porto: Typographia Commercial, 1913.

Referências

  1. a b c d e f g Silvio Batalha et allii (1990). Cartilha Histórica da Bahia 5ª ed. Salvador: s/ed. pp. 200–202. CDD 981.4 
  2. Marcus Seixas Souza et allii (2016). Os nomes das salas. Salvador: JusPodivm. pp. 29–38 
  3. a b Venâncio Filho, Alberto. Fundação Joaquim Nabuco, ed. Culto da Imortalidade: Afrânio Peixoto (palestra) (PDF). 27/3/2007. Rio de Janeiro: [s.n.] Consultado em 23 de abril de 2010. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016 
  4. Castro, Renato Berbert de. Grupo Editorial, ed. As candidaturas de Almachio Diniz e Wanderley Pinho à Academia Brasileira de Letras. 1999 1ª ed. Salvador: [s.n.] 184 páginas. ISBN 85-7196-913-5 Verifique |isbn= (ajuda) 
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