Serra del Perdón

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Serra del Perdón
Serra del Perdón
O Alto del Perdón, o ponto mais alto do Caminho de Santiago na Serra del Perdón
Serra del Perdón está localizado em: Espanha
Serra del Perdón
Localização da Serra del Perdón em Espanha
Coordenadas 42° 44' 6" N 1° 42' 2" O
Altitude 1 020 m
Localização Espanha, Navarra
Vista da Serra del Perdón com o Caminho de Santiago em primeiro plano

A Serra del Perdón (Serra do Perdão), também conhecida simplesmente como El Perdón e pelo nome basco Erreniega, é um monte com 1020 m de altitude situado nos arredores de Pamplona, a capital da comunidade foral de Navarra, no norte de Espanha.[1]

O Perdón situa-se 10 km a sul de Pamplona, entre o rio Arga e os seus afluentes Robo e Elorz. Ocupa parte dos municípios de Legarda, Belascoáin, Echarri, Cizur e Galar.[1]

Geografia[editar | editar código-fonte]

A serra é a fronteira geológica setentrional da depressão do Ebro,[carece de fontes?] embora por vezes seja referida como pertencendo às serras exteriores pré-pirenaicas.[1] É constituída por sedimentos marinhos do Cretáceo Superior ou do Eoceno e apresenta conglomerados.[carece de fontes?]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Ao que parece, o topónimo antigo da Serra era Reniega[1], Errenega, Erreniega, cujo significado é obscuro.[2] Como se encontra no Caminho de Santiago, ali existiu uma ermida[1] e um hospital (hospedaria) de peregrinos que durante os século XV e XVI se chamava Santa María de Erreniega e era dedicada a Nossa Senhora do Perdão. A ermida, construída no século XIII, era de grande importância para os peregrinos, pois considerava-se que as graças recebidas por alcançá-la eram as mesmas que as obtidas por finalizar a peregrinação em Santiago de Compostela, isto é, era concedido o perdão dos pecados e garantida a saúde espiritual no caso de morte durante o trajeto restante.

A ermida foi mantida desde a Idade Média por uma confraria, a Cofradía del Santo Hospital y Basílica del Nuestra Señora del Perdón, reina soberana de los cielos. Ligada a esta confraria, existia uma associação, chamada República del Copurú, que integrava várias localidades da encosta norte da serra, nomeadamente Astráin, Undiano, Larraya, Muru-Astráin, Paternain e Zariquiegui. Além de manter a ermida e o hospital, a confraria emprestava dinheiro e pagava os enterros dos seus associados e ajudava os peregrinos e viajantes que passavam pelo porto do Perdón.[2]

A ermida foi saqueada pelos franceses durante a Guerra da Independência Espanhola e desapareceu completamente em meados do século XIX. A imagem da Virgem da ermida foi então transladada para a igreja de Astráin, onde ainda hoje se encontra.[2]

A fama da ermida levou a que o lugar onde se encontrava passasse a chamar-se Perdonabizkar ("colina do perdão" em basco).[2] O caminho que subia desde Astráin era chamado Perdonanza bidea ("caminho até ao perdão" em basco) no século XVI e, posteriormente, Perdona bidea. Quando a ermida e o hospital desapareceram, no século XIX, o nome de Perdón já era aplicado a uma parte da serra.[carece de fontes?] Como outros topónimos de Navarra, o hierónimo substituiu o nome tradicional a partir do século XIX.[3]

Caminho de Santiago[editar | editar código-fonte]

O Perdón é um local célebres do Caminho de Santiago. O peregrinos vindos de Zizur passam por Zariquiegui e atravessam a serra em direção a Puente la Reina. O ponto mais alto do percurso, chamado Alto del Perdón ou Porto de Erreniega, encontra-se a 970 metros de altitude. O nome Porto de Erreniega também se aplica ao ponto mais alto da estrada nacional Pamplona-Logroño, situado a 679 metros de altitude.[2]

A empresa que construiu o parque eólico existente na serra, a EHN, e a associação de amigos do Caminho de Santiago promoveram a construção de um monumento ao peregrino em 1996. O monumento é um conjunto escultórico de Vicente Galbete constituído por 14 silhuetas em tamanho natural, feitas em chapa de ferro, representando uma comitiva de peregrinos de diferentes épocas, a pé, a cavalo e de burro, de cujas lanças nascem raios de luz e estrelas[4] e se combinam visualmente com os geradores eólicos. No texto que acompanha a obra pode ler-se: «onde se cruza o caminho do vento com o das estrelas.». É frequente ver fotografias da serra e da escultura usadas para representar o Caminho de Santiago e para promover turisticamente Navarra.[2]

Na mesma altura em que se erigiu a escultura, foi construído um altar em honra da Virgem del Perdón com os restos da antiga ermida, o que levou a que várias localidades vizinhas passassem a realizar uma romaria ao local no dia 30 de agosto.[2]

Fonte da Reniega e lendas locais[editar | editar código-fonte]

À semelhança de muitos outros lugares ligados ao Caminho de Santiago, o porto do Perdón é considerado mágico. Ao percorrer o caminho vindos de Pamplona por Cizur Menor, Guendulain e Zariquiegui, os caminhantes passam por uma pia de água cristalina situada na encosta, antigamente conhecida como fonte da Reniega, que atualmente se chama oficialmente de Gambellacos, o nome da área do concelho de Astráin em que se situa.[2]

Conta uma lenda que ali apareceu o diabo em forma de jovem de boa apresentação a um peregrino sedento que subia ao porto em pleno verão. O diabo ofereceu ao caminhante a possibilidade de se refrescar e beber se renegasse Deus, mas o peregrino recusou a oferta. O demónio insistiu, sugerindo que bastaria que renegasse a Virgem Maria para que pudesse ter acesso ao precioso líquido, mas o peregrino voltou a recusar. Por fim, o diabo disse que bastaria renegar o apóstolo Santiago para conseguir beber, mas mais uma vez o peregrino recusou a tentação e pôs-se a rezar pedindo ajuda aos céus. Então, o jovem diabólico desapareceu numa nuvem de enxofre e no seu lugar apareceu uma fonte cristalina onde o peregrino saciou a sua sede.[2]

Além desta lenda, há registo de vários acontecimentos milagrosos em Astráin atribuídos à Virgem do Perdão. Alguns deles estão relacionados com a cura de peregrinos com doenças incuráveis e outros com ajudas concedidas a camponeses da região. Um dos mais conhecidos é a de um agricultor de Adiós que estava a trabalhar nas vizinhanças da serra. As cavalgaduras espantaram-se e arrastaram o homem, que ficou preso por um pé no bridão. Vendo-se em perigo, o lavrador encomendou-se à à Virgem do Perdão e esta salvou-o de uma morte certa.[2]

Parque eólico[editar | editar código-fonte]

Atualmente a paisagem do monte é dominada pelas dezenas de aerogeradores que têm vindo a ser construídos desde 1994. Esses aerogeradores formam o mais antigo parque eólico de Navarra. Em 2008 existiam cerca de 40 geradores eólicos na serra, cada um com 40 metros de altura, 50 toneladas e rotores com 20 metros. Cada gerador tem uma potência de 500 kw.[4]

O parque do Perdón marcou o início do aproveitamento energético eólico em Navarra que desde o início da década de 2000 é uma das regiões da Europa onde essa forma de energia tem maior importância relativa. As perspetivas mais otimistas apontava-se para que em 2010 100% da energia consumida em Navarra fosse de origem eólica.[4]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e Estornés Lasa, Bernardo. «Perdon». Enciclopedia Auñamendi (em espanhol). Eusko Ikaskuntzaren Euskomedia Fundazioa. Consultado em 19 de fevereiro de 2012. Cópia arquivada em 27 de março de 2008 
  2. a b c d e f g h i j Perales, José A (18 de fevereiro de 2007). «El puerto del Perdón». www.diariodenavarra.es (em espanhol). Diario de Navarra. Consultado em 19 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 14 de setembro de 2011 
  3. Jimeno Jurío, José María. «Navarra - Nafarroa (lengua) - La crisis actual». Enciclopedia Auñamendi. Eusko Ikaskuntzaren Euskomedia Fundazioa. Consultado em 19 de fevereiro de 2012 
  4. a b c «Parque Eólico de la sierra de El Perdón». www.turismo.navarra.es (em espanhol). Governo de Navarra. Consultado em 19 de fevereiro de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Serra del Perdón
  • Muñoyerro, Iñigo (11 de maio de 2007). «Los montes de El Perdón». www.elcorreo.com (em espanhol). El Correo Digital. Consultado em 19 de fevereiro de 2012