Amílcar Martins
Amílcar Martins | |
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Nascimento | 9 de agosto de 1907 Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil |
Morte | 13 de abril de 1990 (82 anos) Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil |
Residência | Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge | Beatriz Borges Martins |
Alma mater | |
Prêmios | Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco |
Instituições | |
Campo(s) | Medicina e parasitologia |
Amílcar Vianna Martins (Belo Horizonte, 9 de setembro de 1907 — 13 de abril de 1990) foi um médico, pesquisador e professor universitário brasileiro.
Considerado um dos maiores parasitologistas da sua geração, Amílcar foi pesquisador do Instituto Ezequiel Dias, além de professor livre-docente da cadeira de parasitologia e professor catedrático de zoologia e parasitologia da Faculdade Farmácia e Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Amílcar nasceu na capital mineira, em 1907. Era o caçula de dez filhos. Seu pai era funcionário público do estado. Era sobrinho-bisneto do Marquês de Sapucaí, que foi primeiro-ministro imperial. Desde pequeno, demonstrava interesse pelas ciências naturais, tendo passado a infância colecionando insetos. O interesse precoce pelas ciências naturais determinou seu curso universitário. Em 1924, ele ingressou no curso de medicina da Faculdade de Medicina de Minas Gerais (hoje integrante da UFMG).[2][3]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Formado em 1929, ingressou no Instituto Ezequiel Dias, atuando nas áreas de microbiologia, zoologia e parasitologia, tendo trabalhado pouco tempo com atendimento clínico. Em 1930 começou a trabalhar como professor de Fisiologia na Faculdade de Medicina, ingressando de modo definitivo na instituição por meio de concurso, em 1939, na cadeira de parasitologia.[2]
Em 1943 alistou-se voluntariamente na Força Expedicionária Brasileira (FEB) para combater o nazifacismo. Como capitão-médico do Exército Brasileiro, seguiu na FEB à Itália em 1944, atuando como chefe da Seção Brasileira de Hospitalização, em Pisa e em Livorno. Condecorado ao final da guerra com a Cruz de Guerra e a Cruz de Campanha da FEB, Amílcar retornou ao estado civil.[4]
Catedrático fundador da cadeira de zoologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFMG, em 1946, participou ativamente da fundação do Instituto de Ciências Biológicas na mesma Universidade.[2]
Foi chefe do Serviço de Endemias Rurais do Estado de Minas Gerais, de 1947 a 1949. Catedrático de Parasitologia na Faculdade de Medicina da UFMG, em 1949, com média final 10,00. Sucessivamente, foi diretor do Instituto Nacional de Endemias Rurais, do Instituto Oswaldo Cruz e do Departamento Nacional de Endemias Rurais. Aposentado compulsoriamente pelo AI-5 em 1969.
Perseguição
[editar | editar código-fonte]Em 1960, Amílcar foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Endemias Rurais, do Instituto Oswaldo Cruz, permanecendo poucos meses no cargo, até 1961, quando retornou à vida universitária. Na UFMG foi um dos principais responsáveis pela criação do Instituto de Ciências Biológicas, em 1968, sendo o seu primeiro diretor, além de chefe do Departamento de Parasitologia. O cientista, cujas opiniões políticas eram ligadas à esquerda, enfrentou perseguição da ditadura militar e foi aposentado compulsoriamente pelo AI-5 em 1969. Partindo para o exterior, passou uma temporada na Europa e na América Latina, trabalhando a convite da Organização Mundial da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde.[2]
De volta ao Brasil nos anos 1970, Amílcar passou a atuar informalmente no Centro de Pesquisas René Rachou, incorporado naquela época à Fiocruz. Junto de Alda Lima Falcão, estudou os flebotomíneos, dando origem à atual Coleção de Flebotomíneos (COLFLEB) da Fiocruz Minas, uma das mais relevantes do mundo. Pesquisou a esquistossomose e na área da doença de Chagas, pesquisou vetores e fases clínicas. Sobre a leishmaniose, estudou sua distribuição geográfica em Minas Gerais.[5][2]
Morte
[editar | editar código-fonte]Amílcar morreu em 13 de abril de 1990, em Belo Horizonte, aos 82 anos.[5][6]
Legado e homenagens
[editar | editar código-fonte]Foi reconhecido como o maior colecionador de flebótomos do continente americano[7]. Uma de suas outras contribuições para o estudo da zoologia brasileira foi a identificação da presença de medusas de água doce no Brasil. Deixou publicados 104 trabalhos científicos. Em sua homenagem, o edifício que abriga o Instituto de Ciências Biológicas da UFMG leva seu nome, bem como uma das ruas do campus da Pampulha. Há, desde 2000, no bairro Cruzeiro, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o Parque Professor Amílcar Vianna Martins.[4] Professor Emérito da UFMG em 1979, recebeu em 1987 a condecoração de Grande Oficial da Ordem de Rio Branco.[2]
Foi casado com Beatriz Borges Martins. E é pai do político e historiador Amílcar Martins Filho e Roberto Borges Martins, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).[8]
Referências
- ↑ «O patrono, Amilcar Vianna Martins». Instituto Cultural Amilcar Martins. Consultado em 9 de dezembro de 2022
- ↑ a b c d e f «Amilcar Vianna Martins». Fiocruz. Consultado em 9 de dezembro de 2022
- ↑ Simon Schwartzman (ed.). «Entrevista de Amílcar Vianna Martins» (PDF). Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 9 de dezembro de 2022
- ↑ a b «Parque Municipal Professor Amílcar Vianna Martins». Prefeitura de Belo Horizonte. Consultado em 30 de agosto de 2019
- ↑ a b Zigman Brener (ed.). «Amílcar Vianna Martins». Academia Mineira de Medicina. Consultado em 9 de dezembro de 2014
- ↑ Prata, Aluízio (1991). «Necrológio». Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 24 (3): 191-195. Consultado em 9 de dezembro de 2022
- ↑ «Amílcar Vianna Martins Canal Ciência - Ibict». www.canalciencia.ibict.br. Consultado em 30 de agosto de 2019
- ↑ «Amilcar Vianna Martins Filho». Academia Mineira de Letras. Consultado em 30 de agosto de 2019