Amajur, o Turco

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Amajur, o Turco
Morte 878
Síria, Damasco (?)
Nacionalidade
Califado Abássida
Etnia Turca
Filho(a)(s) Ali
Ocupação General e governador
Religião Islamismo

Amajur, o Turco (em árabe: أماجور التركي; romaniz.:Amajur al-Turki), também conhecido como Majur, Anajur e Majura,[1][2][3][4] foi um oficial militar turco do Califado Abássida, ativo durante o século IX. Serviu como governador de Damasco durante o reinado de Almutâmide (r. 870–892), de 870 até sua morte em ca. 878.

Vida[editar | editar código-fonte]

Síria abássida (Bilade Xame) no século IX

Pouco se sabe da vida de Amajur além de seu governo de Damasco;[5] é possível que estivesse relacionado com a posterior família Banu Amajur de astrônomos, mas isso não é conhecido com certeza.[6] Ele recebeu sua nomeação em torno do tempo da ascensão de Almutâmide e foi enviado para a Síria com um contingente de várias centenas de soldados turcos. Ele inicialmente teve dificuldades em estabelecer sua autoridade dentro da província, devido a presença do rival Issa ibne Axeique Axaibani, e foi forçado a lutar com o último nas imediações de Damasco. Apesar de ter uma força muito menor, Amajur venceu o combate, destroçando o exército de Issa e matando seu filho Mansur. Logo depois, Issa abandonou a Síria para a Armênia, assim garantindo a posição de Amajur como governador.[1][3][7][8][9][10]

No curso dos vários anos seguintes, Amajur administrou a província com mão firme. Manteve um estado de ordem, fazendo as estradas seguras e reprimindo os bandidos, e também envolveu-se na construção de obras públicas.[11][12] Ao mesmo tempo, contudo, um opressivo regime de imposto foi instituído durante seu governo, e um período de maior inflação resultou no aumento generalizado da pobreza.[13][14][a] Em ca. 876, presenteou uma mesquita de Tiro com uma cópia do Alcorão, garantindo-o como um waqf; vários fólios deste livro ainda existem.[15][16]

Em ca. 877, o regente abássida Almuafaque (r. 870–891) decide nomear Amajur sobre o Egito, uma vez que o governador Amade ibne Tulune estava demonstrando sinais de independência. Embora Amajur estava de alguma forma relutante quanto ao plano, o general Muça foi enviado para executar a decisão e instalá-lo na província. A expedição, contudo, estagnou em Raca e terminou quando as tropas de Muça revoltaram-se contra ele, forçando-o a retornar ao Iraque; como resultado, Amade permaneceu no controle do Egito.[17][18]

Amajur morreu em ca. 878, sendo brevemente sucedido como governador por seu filho menor Ali; no mesmo ano, contudo, Amade decidiu tomar vantagem de sua morte e marchou à Síria, adicionando-a para seus domínios.[17][19][20][21][22][b]

Notas[editar | editar código-fonte]


[a] ^ De 872 até 878, Amade ibne Almudabir esteve encarregado dos assuntos financeiros de Damasco, Jordânia e Palestina.[13]


[b] ^ Segundo Almaçudi, Amade já havia marchado em direção a Síria quando Amajur morreu.

Referências

  1. a b Gil 1992, p. 300.
  2. Abu Alfate 2002, p. 36.
  3. a b Alquindi 1912, p. 215.
  4. Almaçudi 1861–1917, p. 67.
  5. Cobb 2001, p. 40.
  6. Pingree 1988, p. 715-716.
  7. Cobb 2001, p. 39.
  8. Iacubi 1883, p. 618, 620, 621.
  9. Atabari 1992, p. 116-17.
  10. Ibne Alatir 1987, p. 226.
  11. Cobb 2001, p. 15, 41.
  12. ibne Açaquir 1995, p. 218-20.
  13. a b Abu Alfate 2002, p. 98.
  14. Gottschalk 1971, p. 880.
  15. «Islamic Manuscripts: al-Qur'an». University of Cambridge Digital Library. Consultado em 19 de novembro de 2015 
  16. Ettinghausen 2001, p. 74.
  17. a b Lewis 1970, p. 179.
  18. Alquindi 1912, p. 217-18.
  19. Cobb 2001, p. 41.
  20. Ibne Alatir 1987, p. 277.
  21. Alquindi 1912, p. 219-20.
  22. ibne 'Asakir 1995, p. 220.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Abu Alfate, ibne Abil Haçane Alçamiri Aldanafi (2002). Levy-Rubin, Milka (trad.), ed. Continuation of the Samaritan chronicle of Abu L-Fath Al-Samiri Al-Danafi. Princeton, NJ: Darwin Press. ISBN 0-87850-136-3 
  • Cobb, Paul M. (2001). White Banners: Contention in 'Abbasid Syria, 750-880. Albany, NI: State University of New York Press. ISBN 0-7914-4879-7 
  • Ettinghausen, Richard; Grabar, Oleg; Jenkins-Madina, Marilyn (2001). Islamic Art and Architecture 650-1250. New Haven: Yale University Press. ISBN 0-300-08869-8 
  • Gil, Moshe (1992). A History of Palestine, 634-1099. Cambridge, RU: Cambridge University Press. ISBN 0-521-40437-1 
  • Gottschalk, H.L. (1971). «Ibn al-Mudabbir». The Encyclopedia of Islam, Volume III. Leida: E. J. Brill. ISBN 90-04-08118-6 
  • ibne Açaquir, Abu Alcacim Ali ibne Haçane ibne Hibatalá (1995). 'Umar ibn Gharama al-'Amrawi, ed. Tarikh Madinat Dimashq, Vol 9. Beirute: Dar al-Fikr 
  • Ibne Alatir, Izaldim (1987). Al-Kamil fi al-Tarikh, Vol. 6. Beirute: Dar al-‘Ilmiyyah 
  • Alquindi, Maomé ibne Iúçufe (1912). Guest, Rhuvon, ed. The Governors and Judges of Egypt. Leydon e London: E. J. Brill 
  • Lewis, Bernard (1970). «Egypt and Syria». In: Holt, P.M.; Lambtor, Ann K.S.; Lewis, Bernard. The Cambridge History of Islam, Volume 1A. Cambridge, RU: Cambridge University Press. ISBN 0-521-21946-9 
  • Almaçudi, Ali ibne Huceine (1861–1917). Meynard, Charles Barbier de; Courteille, Abel Pavet de, ed. Les Prairies D'Or. 9. Paris: Imprimerie Nationale 
  • Pingree, D. (1988). «Banu Amajur». Encyclopaedia Iranica. III. [S.l.: s.n.] 
  • Atabari, Abu Jafar Maomé ibne Jarir (1992). Waines, David (trad.); Yar-Shater, Ehsan (ed.), ed. The History of Atabari, Volume XXXVI: The Revolt of the Zanj. Albany, NI: State University of New York Press. ISBN 0-7914-0763-2 
  • Iacubi, Amade ibne Abu Iacube (1883). Houtsma, M. Th., ed. Historiae, Vol. 2. Leida: E. J. Brill