Amydetes vivianii

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Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Coleoptera
Subordem: Polyphaga
Família: Lampyridae
Subfamília: Amydetinae
Tribo: Amydetini
Género: Amydetes
Espécie: A. vivianii
Nome binomial
Amydetes vivianii
(Silveira & Mermudes, 2014)[1]
Sinónimos
Amydetes fanestratus (Viviani et al., 2011)

Amydetes vivianii é um vagalume da família Lampyridae. É notável pelo seu brilho bioluminescente mais intenso e mais próximo do azul do que de outros vagalumes.[2] Essa característica levou a uso de seu DNA em biotecnologia para detecção de anticorpos contra covid-19.[3]

Nomenclatura[editar | editar código-fonte]

Inicialmente chamado de A. fanestratus,[4] esse nome foi considerado um nomen nudum, e portanto inválido. A espécie foi então descrita como Amydetes vivianii em 2014 por pesquisadores da UFRJ, junto com uma revisão completa do gênero, realizada com apoio da FAPERJ, Capes e CNPq.[1]

Um dos artigos que utilizou o nome A. fanestratus em 2011 foi corrigido em 2015, substituindo o nome incorreto "fanestratus" pelo correto "vivianii".[5]

A etimologia do seu nome "vivianii" é em homenagem ao pesquisador brasileiro Vadim Viviani, que estudou a espécie e sua bioquímica.[1]

Biologia[editar | editar código-fonte]

Indivíduos dessa espécie são encontrados no campus da Ufscar em Sorocaba desde 2006, e encontrados também na cidade vizinha de Votorantim.[6] Na descrição da espécie, o holótipo foi coletado em Pirassununga, e os parátipos em Itu, São Carlos e Nova Europa, todos no estado de São Paulo, Brasil.[1]

Os adultos têm o corpo marrom, cabeça amarelada e grandes antenas, e são ativos entre os meses de setembro a dezembro.[4][1]

Bioluminescência[editar | editar código-fonte]

Vagalumes possuem as proteínas luciferina e luciferase que, quando combinadas com oxigênio e ATP, produzem luz.[6]

Essa espécie chama a atenção por produzir luz com pico na frequência 534 a 538 nm, mais próxima do azul do que de outros vagalumes. A cor azul é geralmente percebida entre 450 e 490 nm, e outros vagalumes coletados nos mesmos locais tiveram brilho variando entre 542 até 584 nm. Portanto, entre os vagalumes, A. vivianii é uma das espécies com luz mais azulada conhecida.[2][4][7]

O brilhos dos animais vivos é contínuo. Outros vagalumes têm brilho contínuo, em pulsos ou flashes.[4]

Em análises bioquímicas, a luciferase da A. vivianii demonstrou ter alta afinidade por ATP e por luciferina, além de ser estável mesmo se exposta ao calor, tornando-a promissora para análises bioquímicas. Seu pico de emissão de luz varia com o pH, emitindo luz a 538 nm em pH 8 e variando pra 554-594 nm em pH 6, mas varia menos do que de outros vagalumes.[2]

Biotecnologia e detecção de Covid-19[editar | editar código-fonte]

As proteínas luciferina e luciferase já são comumente utilizadas em biotecnologia, servindo para indicar presença de ATP ou expressão gênica.[2]

Durante a pandemia de Covid-19, uma das demandas da sociedade é por métodos de detectar se uma pessoa está infectada pelo vírus SARS-CoV-2 ou não. Diversos métodos de detecção surgiram, alguns deles detectando diretamente proteínas do vírus, e outras detectando os anticorpos gerados pelo corpo em reação à presença do vírus. Surgiu, então, uma nova possibilidade de uso das proteínas dos vagalumes.

Em 2021, uma pesquisa apoiada pela FAPESP anunciou que uma proteína retirada do vagalume Amydetes vivianii poderia ser utilizada como teste de detecção de anticorpos para a Covid-19. Essa espécie foi escolhida por gerar um dos brilhos bioluminescentes mais fortes e estáveis entre os vagalumes. Felizmente, não é necessário caçar nem criar o vagalume para obter a proteína: seu DNA foi clonado, ou seja, retirado e implantado em bactérias E. coli, que são fáceis de seres cultivadas e produzem grandes quantidades da proteína luciferase. A patente desta invenção foi solicitada.[3]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e DA SILVEIRA, LUIZ FELIPE LIMA; MERMUDES, JOSÉ RICARDO M. (18 de fevereiro de 2014). «Systematic review of the firefly genus Amydetes Illiger, 1807 (Coleoptera: Lampyridae), with description of 13 new species». Zootaxa (3). 201 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.3765.3.1. Consultado em 16 de julho de 2021. [sci-hub.se/10.11646/zootaxa.3765.3.1 Cópia arquivada em 2014] Verifique valor |arquivourl= (ajuda). (pede subscrição (ajuda)) 
  2. a b c d Viviani, Vadim R.; Amaral, Danilo; Prado, Rogilene; Arnoldi, Frederico G. C. (22 de novembro de 2011). «A new blue-shifted luciferase from the Brazilian Amydetes fanestratus (Coleoptera: Lampyridae) firefly: molecular evolution and structural/functional properties». Photochemical & Photobiological Sciences (em inglês) (12): 1879–1886. ISSN 1474-9092. doi:10.1039/C1PP05210A. Consultado em 16 de julho de 2021. [sci-hub.se/10.1039/c1pp05210a Cópia arquivada em 2013] Verifique valor |arquivourl= (ajuda). (pede subscrição (ajuda)) 
  3. a b Arantes, José Tadeu (14 de julho de 2021). «Enzima bioluminescente produzida por vagalume poderá ser usada para detectar o novo coronavírus». AGÊNCIA FAPESP. Consultado em 16 de julho de 2021 
  4. a b c d Viviani, Vadim Ravara; Rocha, Mayra Yamazaki; Hagen, Oskar (junho de 2010). «Fauna de besouros bioluminescentes (Coleoptera: Elateroidea: Lampyridae; Phengodidae, Elateridae) nos municípios de Campinas, Sorocaba-Votorantim e Rio Claro-Limeira (SP, Brasil): biodiversidade e influência da urbanização». Biota Neotropica: 103–116. ISSN 1676-0603. doi:10.1590/S1676-06032010000200013. Consultado em 16 de julho de 2021 
  5. Viviani, Vadim R.; Amaral, Danilo; Prado, Rogilene; Arnoldi, Frederico G. C. (28 de outubro de 2015). «Correction: A new blue-shifted luciferase from the Brazilian Amydetes fanestratus (Coleoptera: Lampyridae) firefly: molecular evolution and structural/functional properties». Photochemical & Photobiological Sciences (em inglês) (11): 2128–2128. ISSN 1474-9092. doi:10.1039/C5PP90033F. Consultado em 16 de julho de 2021 
  6. a b Lopes, Noêmia (21 de janeiro de 2015). «Enzima de vagalume pode ser usada como indicador de pH intracelular». AGÊNCIA FAPESP. Consultado em 17 de julho de 2021 
  7. Umbers, Kate D. L. (2013). «On the perception, production and function of blue colouration in animals». Journal of Zoology (em inglês) (4): 229–242. ISSN 1469-7998. doi:10.1111/jzo.12001. Consultado em 16 de julho de 2021