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Ana Terra

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Ana Terra (desambiguação).
Ana Terra
Personagem de O Tempo e o Vento
Informações gerais
Criado por Érico Veríssimo
Interpretado por Geórgia Gomide, em O Tempo e o Vento (1967)
Rossana Ghessa, em Ana Terra (1972)
Glória Pires, em O Tempo e o Vento (1985)
Cleo e Suzana Pires, em O Tempo e o Vento (2013)
Informações pessoais
Origem Sorocaba
Características físicas
Sexo feminino

Ana Terra é uma personagem que integra o primeiro volume da trilogia O Tempo e o Vento, obra-prima do escritor brasileiro Érico Veríssimo, protagonista do primeiro drama por que passa a família de pioneiros gaúchos na saga histórica e regionalista que se desenvolve onde hoje é o território do Rio Grande do Sul.

A obra costuma ser dividida em sete volumes, dos quais o primeiro, integrante portanto de O Continente, é intitulada justamente de Ana Terra, à qual segue-se Um Certo Capitão Rodrigo – ambas com unidade temática que permitiu-lhes a publicação em volumes separados pela então ainda gaúcha Editora Globo, em 1971 e 1970, respectivamente.[1]

Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando.
— Ana Terra

Ana é filha de Henriqueta e Maneco Terra, pioneiro dono de uma estância no ermo dos pampas gaúchos. Eram moradores da cidade paulista de Sorocaba, que migraram para o Rio Grande - chamado de "Continente" - quando os estancieiros foram conquistando as terras aos índios e espanhois.[2]

A história de Ana começa quando ela já tem vinte e cinco anos e continuava solteira. Após uma passagem na estância do militar Major Rafael Pinto Bandeira, em 1777, a moça sonha com as palavras do herói gaúcho, que dissera que o país precisava de mulheres "bonitas e trabalhadoras", como ela.[2]

Ana Terra descobre, nas terras de seu pai, Maneco Terra, um índio ferido, de tez relativamente clara (Pedro Missioneiro). Olhado com desconfiança pelos Terra, o índio se recupera e acaba permanecendo na fazenda como uma espécie de agregado. Ana se apaixona por Pedro Missioneiro, quando a sua gravidez é descoberta, este é assassinado pelos irmãos da protagonista.

Ana tem um filho, que dá o nome do pai: Pedro Terra. Este é o gérmem da família que atravessará os séculos até as transformações vividas na metade do século XX, quando termina a obra.

A estância é atacada pelos castelhanos, na batalha todos os homens morrem e Ana é violentada pelos bandoleiros.

Ana Terra é paradigma dos fundadores da terra brasileira, no dizer de Ana Maria Machado. A autora realça a figura retratada da matriarca tecendo na roca, como aprendera com a mãe e veio a ensinar a neta Bibiana: o som da roca que assombraria as futuras gerações.[3]

Maria Aparecida Bergamaschi ressalta a percepção temporal da personagem, vivendo num "fim de mundo", onde os fatos da vida individual marcavam a passagem do tempo; em que mesmo os dias da semana eram fruto da memória das pessoas, e não do uso de relógios ou calendários: um tempo subjetivo que, mesmo tendo por base a natureza, não deixa de estar inserido num contexto coletivo e histórico.[4]

Os fatos históricos que marcaram a conquista do território riograndense por Portugal permeiam a saga familiar de Ana Terra, a começar pelo Tratado de Madri de 1750, que provocou a migração de paulistas. É assim que o personagem Pedro Missioneiro permite a menção às Missões e à Guerra Guaranítica, sendo ele próprio o exemplo da miscigenação que marcou a gênese do povo gaúcho, no gérmem gerado pelo ventre de Ana Terra.[5]

Ana Terra e Pedro Missioneiro, assim, são paradigmas das matrizes platinas e lusitanas do Rio Grande do Sul.[5]

Referências

  1. Tanara Mantovani Sfalcin (maio de 2002). «Entrelaçamento da História com a Literatura em Ana Terra de Érico Veríssimo» (PDF). Consultado em 25 de março de 2010 
  2. a b Veríssimo, Érico. Globo, ed. Ana Terra. 1999 50ª ed. São Paulo: [s.n.] 142 páginas. ISBN 85-250-0504-5 
  3. Ana Maria Machado. «O Tao da teia – sobre textos e têxteis». Scielo / Estudos avançados vol.17 no.49 São Paulo. Set./Dez. 2003. Consultado em 25 de março de 2010 
  4. Maria Aparecida Bergamaschi (outubro de 2000). «O tempo histórico no ensino fundamental» (PDF). Consultado em 25 de março de 2010. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016 
  5. a b Silva, Angelise Fagundes da (2008). «A Fonte: representação da história em O Continente» (PDF). Rio de Janeiro: UFF. Revista Querubim. Ano 4 Nº 07. ISSN 1809-3264. Consultado em 28 de março de 2010 [ligação inativa]
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