Andrew Huxley

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Andrew Huxley
Andrew Huxley no Trinity College em Cambridge (Julho de 2005)
Nascimento 22 de novembro de 1917
Londres, Inglaterra
Morte 30 de maio de 2012 (94 anos)
Grantchester, Inglaterra
Nacionalidade britânico
Prêmios Nobel prize medal.svg Nobel de Fisiologia ou Medicina (1963), Medalha Copley (1973)
Campo(s) fisiologia

Andrew Fielding Huxley, OM, FRS (Hampstead[1], Londres, 22 de novembro de 1917 — Grantchester, 30 de maio de 2012) foi um fisiologista e biólogo britânico que recebeu o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1963, por seus trabalhos com Alan Lloyd Hodgkin, cientista britânico e ex-professor, e John Eccles, biofísico australiano, sobre os potenciais de ação dos nervos, os impulsos elétricos que permitem que a atividade de um organismo seja regulada por um sistema nervoso central.

Hodgkin e Huxley dividiram o prêmio naquele ano com John Carew Eccles, que foi citado pela pesquisa com sinapses. As descobertas de Hodgkin e Huxley levaram a dupla a levantar a hipótese da existência de canais iônicos, que foram confirmados somente décadas mais tarde.

As medidas experimentais nas quais a dupla baseou sua teoria de potenciais de ação representam uma das mais antigas aplicações de uma técnica da eletrofisiologia conhecida como grampeamento de voltagem (voltage clamp). Outro elemento importante de seus estudos foi a utilização do chamado axônio gigante de lula-pálida ( Doryteuthis ( anteriormente Loligo ) pealeii )), o que permitiu a eles medir correntes iônicas que não teriam sido possíveis em outros tipos de neurônios, por serem muito pequenos para serem estudados com as técnicas da época. Os experimentos aconteceram na Universidade de Cambridge, iniciando na década de 1930 e continuando na década de 1940, depois de uma interrupção devido à Segunda Guerra Mundial.

De 1946 a 1951 Huxley trabalhou principalmente em colaboração com Hodgkin[2] na condução nervosa, mas também com R. Stämfli[3] em fibras nervosas mielinizadas; com o fim da guerra, ele foi capaz de retomar sua colaboração com Hodgkin na compreensão de como os nervos transmitem sinais. Continuando seu trabalho em Plymouth, eles conseguiram, em seis anos, resolver o problema usando equipamentos que eles próprios construíram. A solução era que os impulsos nervosos, ou potenciais de ação, não viajavam para baixo do núcleo da fibra, mas sim ao longo da membrana externa da fibra como ondas em cascata de íons de sódio se difundindo para dentro em um pulso crescente e íons de potássio se difundindo em uma queda borda de um pulso. Em 1952, eles publicaram sua teoria de como os potenciais de ação são transmitidos em um artigo conjunto, no qual também descrevem um dos primeiros modelos computacionais em bioquímica. Este modelo forma a base da maioria dos modelos usados ​​em neurobiologia durante as quatro décadas seguintes. O cientista mantinha a posição de associado no Trinity College, Cambridge, ensinando fisiologia, ciências naturais e medicina.

Em 1954, junto do fisiologista alemão Rolf Niedergerke, eles descobriram o mecanismo de contração muscular, que é a base da nossa compreensão moderna da mecânica muscular. Por volta dessa época, Hugh Huxley e Jean Hanson chegaram a uma observação semelhante. Escritos em pares, seus artigos foram publicados simultaneamente na edição de 22 de maio de 1954 da Nature. Assim, as quatro pessoas introduziram o que é chamado de teoria do filamento deslizante das contrações musculares, que é a base da nossa compreensão moderna da mecânica muscular. Huxley sintetizou suas descobertas, e o trabalho de colegas, em uma descrição detalhada da estrutura muscular e como a contração muscular ocorre e gera força que ele publicou em 1957. Em 1966, sua equipe forneceu a prova da teoria, e permaneceu a base da compreensão moderna da fisiologia muscular. Ele também desenvolveu um microscópio de interferência para estudar o padrão de estriação em fibras musculares isoladas. Esta continuou a ser sua principal linha de trabalho, embora ele tenha feito alguns cálculos adicionais sobre a geração do potencial de ação.

 Huxley também desenvolveu um micrótomo para seções de microscópio eletrônico e um micromanipulador. Em 1960 ele se tornou chefe do Departamento de Fisiologia da University College London. Ele foi eleito membro da Royal Society em 1955 e presidente em 1980. A Royal Society concedeu-lhe a Medalha Copley em 1973 por suas contribuições coletivas para a compreensão dos impulsos nervosos e da contração muscular. Ele foi agraciado com o título de Cavaleiro Bacharel pela Rainha Elizabeth II em 1974, e foi nomeado para a Ordem do Mérito em 1983.

Huxley era filho do escritor e editor Leonard Huxley com sua segunda esposa Rosalind Bruce, meio irmão do escritor Aldous Huxley e do biólogo Julian Huxley, além de neto do biólogo Thomas Henry Huxley. Em 1947 casou com Jocelyn Richenda Gammell Pease (1925-2003), filha do geneticista Michael Pease com Helen Bowen Wedgwood, filha de Josiah Wedgwood IV. Eles tiveram um filho e cinco filhas[4] - Janet Rachel Huxley (nascida em 20 de abril de 1948), Stewart Leonard Huxley (nascida em 19 de dezembro de 1949), Camilla Rosalind Huxley (nascida em 12 de março de 1952), Eleanor Bruce Huxley (nascida em 21 de fevereiro de 1959), Henrietta Catherine Huxley (nascida em 25 de dezembro de 1960) e Clare Marjory Pease Huxley (nascida em 4 de novembro de 1962).

Huxley foi eleito membro da Royal Society de Londres em 17 de março de 1955. Foi condecorado pela Rainha Isabel II como Cavaleiro da Coroa Britânica com o título de Sir Andrew Fielding Huxley em 12 de novembro de 1974. Sir Andrew foi então apontado para a Ordem de Mérito em 11 de novembro de 1983.

Morte[editar | editar código-fonte]

Andrew Huxley, morreu aos 94 anos, na vila Grantchester, Inglaterra.[5]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Huxley, A. F., 1980. Reflections on muscle. The Sherrington Lectures XIV. Liverpool.

Referências

  1. «Hampstead». Wikipédia, a enciclopédia livre. 11 de outubro de 2020. Consultado em 24 de agosto de 2022 
  2. «BIOGRAFIA DE ANDREW HUXLEY - INFâNCIA, CONQUISTAS DE VIDA E LINHA DO TEMPO - CIENTISTAS». pt.celeb-true.com. Consultado em 24 de agosto de 2022 
  3. «The Nobel Prize in Physiology or Medicine 1963». NobelPrize.org (em inglês). Consultado em 24 de agosto de 2022 
  4. «Andrew Huxley». stringfixer.com (em inglês). Consultado em 24 de agosto de 2022 
  5. Sir Andrew Huxley obituary (em inglês)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


Precedido por
Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins
Nobel de Fisiologia ou Medicina
1963
com John Eccles e Alan Hodgkin
Sucedido por
Konrad Bloch e Feodor Lynen
Precedido por
Nevill Francis Mott
Medalha Copley
1973
Sucedido por
William Vallance Douglas Hodge
Precedido por
Alexander Todd
Presidentes da Royal Society
1980 — 1985
Sucedido por
George Porter


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Contribuições para a física do corpo humano[editar | editar código-fonte]

As células nervosas transmitem informações umas para as outras através de impulsos elétricos chamados potenciais de ação, sendo assim, a comunicação dos neurônio similar a uma rede de circuitos eletrônicos.Os potencias de ação ocorrem o tempo todo no corpo humano em todos os estados comportamentais. Com o uso de eletrodos de Ag/AgCl aderidos a superfície da pele (ou microeletrodos conectados diretamente ao tecido nervoso) pode-se realizar vários testes de potenciais de ação através de várias técnicas de medição de sinal; os potenciais de ação gerados no interior do corpo produz um campo magnético perpendicular ao axônio,que pode ser registrado através de aparelhos.[1]


Andrew Fielding Huxley e Alan Lloyd Hodgkin desenvolveram na década de 1940, a técnica voltage clamp (utilizando pulsos de voltagem em vez de pulsos de correntes), que isola a membrana celular para mensurar o potencial de ação.

A lula possui um axônio gigante(uma das maiores células de animais conhecidas), por isso, Hodgkin e Huxley realizaram seus experimentos de grampeamento espacial onde dois eletrodos finos e longos são inseridos ao longo do axônio e conectados a instrumentos (gerador de corrente, controlador e registrador). A resistência dos eletrodos é tão baixa que pode-se considerar que todos os pontos ao longo do axônio têm o mesmo potencial elétrico em cada instante de tempo. Portanto, o potencial passa a depender apenas do tempo e não do espaço. [2]


Também foi realizado um experimento conhecido como grampeamento de voltagem na lula, onde um dos eletrodos está emparelhado com um eletrodo externo ao axônio, para medir a diferença de voltagem através da membrana e o outro eletrodo é usado para injetar ou retirar corrente da célula, na quantidade justa para manter a diferença de potencial através da membrana num valor constante qualquer. A medida dessa corrente permite o cálculo da condutância da membrana.

De tais experimentos realizados com Hodgkin, Huxley desenvolveu um conjunto de equações diferenciais que permitiram uma explicação matemática para os impulsos nervosos – o “potencial de ação”. Esse trabalho oportunizou a criação de todos trabalhos contemporâneos sobre os canais de membrana voltagem-sensíveis, que é responsável pelo funcionamento do sistema nervoso animal. Separadamente, ele desenvolveu as equações matemáticas para a operação do ciclo das pontes cruzadas, que geram as forças deslizantes entre filamentos de actina e miosina, causando contração muscular. Essas equações apresentaram um novo paradigma para o entendimento da contração muscular, pois tais equações foram estendidas para prover o entendimento de quase todos os movimentos produzidos por células acima do nível bacteriano. Juntamente com o fisiologista suíço Robert   Stämpfli, ele evidenciou a existência da condução saltatória em fibras nervosas mielinizadas.

Com esses experimentos conseguiram tirar várias conclusões que posteriormente, em 1963, foram laureados com o neurofisiologista Sir John Carew Eccles com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina.

  1. [1] (em inglês)
  2. [2] (em inglês)