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Henrique Belford Correia da Silva

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(Redirecionado de Anrique Paço d'Arcos)
Henrique Belford Correia da Silva
Nascimento2 de setembro de 1906
Lisboa
Morte13 de maio de 1993 (86–87 anos)
Lisboa
CidadaniaPortugal
Ocupaçãoescritor

Henrique Belford Correia da Silva (Lisboa, 2 de setembro de 1906Lisboa, 13 de maio de 1993), 2.º conde de Paço de Arcos, foi um poeta português que assinou a sua obra literária sob o pseudónimo de Anrique Paço d’Arcos.

Biografia

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Publicou o seu primeiro livro, Versos sem Nome, em 1923, antes de perfazer dezassete anos. É também nesse ano que estabelece uma relação epistolar com Teixeira de Pascoaes que, apesar da diferença de idades, redundará numa profunda afeição mútua. A obra Uma Amizade – Cartas de Pascoaes a Anrique Paço d’Arcos (seleção e prefácio de Maria do Carmo Paço d’Arcos, ilustrações de John O’Connor, Vega, Lisboa, 1993) é reveladora das estreitas afinidades que ligaram os dois poetas.

No texto autobiográfico que publicou no seu último livro Voz Nua e Descoberta, em 1981, sob o título Era Uma Vez um Poeta, Anrique Paço d’Arcos revela a génese da sua poesia: «Desde menino que, como toda a gente, fazia versos festejando os anos familiares, mas foi com a estada em Macau, para onde, aos doze anos, fui com três irmãos acompanhando os pais, que em mim terá despertado a chamada ‘veia’ poética.» Naquela cidade do Oriente, leu Clepsidra e conheceu intimamente o autor, Camilo Pessanha, que foi seu professor no liceu macaense.

Por ocasião do centenário do seu nascimento, a Imprensa Nacional-Casa da Moeda reeditou as suas Poesias Completas (INCM - Biblioteca de Autores Portugueses, Lisboa, 2006) com capa e nove ilustrações originais da pintora Graça Morais.

Enquanto intérprete da obra do poeta, no prefácio de Poesias Completas António Cândido Franco refere:

«Neste sentido, que é o da direção de um lirismo que cada vez mais sente a urgência da experiência dramática, um dos poemas mais significativos do livro […] é, na certeza do seu alto carácter, aquela ‘Elegia da Dor’ em que o poeta, para lá do significado elegíaco, próprio de toda a mais autêntica poesia portuguesa, seja a de Camões, a de Antero ou a de Pascoaes, desvela um poder antitético que depois se transforma superiormente na mais ousada e transfiguradora afirmação, a ponto de nos podermos intimamente interrogar se todo o sentimento elegíaco português, velado por uma deusa noturna, não tem em si um lado apolíneo, quase dionisíaco, que encontra o seu remate no hino e até no louvor de delírio e exaltação.

Sofrer… mas toda a vida é sofrimento,

Pois é dor afinal toda a alegria…

Da calma do ar se eleva a voz do vento,

Da própria noite nasce a branca luz do dia.

[…]»

Em 2015 procedeu-se à doação da biblioteca do autor à Câmara Municipal de Cascais – Fundação D. Luís I, após o que foi criado o Auditório-Biblioteca Anrique Paço d’Arcos na Quinta de Santa Clara, Cascais.

Auditório-Biblioteca Anrique Paço d'Arcos

O poeta foi irmão do romancista e dramaturgo Joaquim Paço d'Arcos (1908-1979).

Obras publicadas

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Entre outras é autor das seguintes obras:

  • Versos Sem Nome (1923)
  • Divina Tristeza (1925)
  • Mors-Amor (1928)
  • Peregrino da Noite (1931)
  • Cidade Morta (1939)
  • Estrada Sem Fim (1947)     
  • História de Jesus (1962)
  • Círculos Concêntricos (1965)
  • Voz Nua e Descoberta (1981)