Antão José Maria de Almada

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 Nota: Para outros significados de Antão de Almada, veja Antão de Almada (desambiguação).
Antão José Maria de Almada
Nascimento 22 de novembro de 1801
Angra do Heroísmo
Morte 5 de abril de 1834
Santarém
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação aristocrata, político
Prêmios
  • Comendador da Ordem de Cristo

Antão José Maria de Almada (Angra, 22 de novembro de 1801Santarém, 5 de abril de 1834), foi o 2.º conde de Almada, miguelista, mestre-sala da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, e militar da Marinha (1820~1823[1]) e da Cavalaria portuguesa, alcaide-mor e senhor do Reino de Portugal.

Recebeu oficialmente o título de conde, com apenas 4 anos de idade incompletos, mesmo antes da morte de seu pai, por Decreto de 15[2] ou de 20 de Agosto de 1805.[3][4]

Sendo um tradicionalista convicto, na sua época, D. Antão foi sempre visto como o 14.º representante de conde de Avranches em França (Abranches em Portugal).

"Acompanhou de perto o senhor D. Miguel, sendo sempre o primeiro a aparecer em sua defesa, tomando parte muito activa na guerra que se desencadeou[5]".

Biografia[editar | editar código-fonte]

Teve como seu educador o desembargador de Lisboa, Joaquim António de Araújo.[6] E por seu pai ter ficado psiquicamente doente no final da vida dele e depois ter morrido cedo, teve como tutor o Visconde de Asseca, o seu parente próximo.[3]

Foi dos primeiros alunos do Real Colégio Militar, com o n.º 94, admitido em 1815 até 1817.[7] Mais tarde, em 2 de Outubro de 1824, obteve o curso de bacharelato em Matemática da Academia Real da Marinha[8] e tendo ascendido ao posto de capitão de cavalaria.[2] Há informação que tinha sido segundo tenente na Brigada Real da Marinha do rei D. Miguel I, além de seu ajudante de ordens (ajudante-de-campo).[9][10][11] Recebendo dele a "medalha de ouro" a 27 de Maio de 1823.[12]

Em 16 de Junho de 1820 passa a ser cavaleiro da Ordem de Cristo, onde lhe são cedidas as comendas dos seus antecessores,[13] e, em 30 de Abril de 1826, Par do Reino,[14] de que prestou juramento e tomou posse na respectiva câmara a 23 de Novembro do mesmo ano.[2]

Nesse a 7 de Dezembro do mesmo ano de 1820, da corte no Rio de Janeiro, D. João IV de Portugal promove-o a Segundo Tenente do Destacamento da Brigada Real da Marinha onde estava servindo como Praça de Soldado Nobre desde o ano anterior. O mesmo rei, a 2 de Maio de 1823, nomeia-o membro do seu Conselho. Meses mais tarde, a 31 de Julho, por decreto real passou a exercer o posto de Alferes do Regimento de Cavalaria n.º 4, o que particularmente havia solicitado ao príncipe Infante D. Miguel na altura do movimento de Vilafrancada em que tomou parte. Tendo recebido a condecoração da Medalha de Fidelidade ao Rei e à Pátria.[15]

Exerceu o cargo de mestre-sala da Casa Real, com carta de ofício passado em 29 de Dezembro de 1818.[16] Constando esse direito definido pelo "Congresso", com a presença do rei, em 1 de Outubro de 1822, para ser editado em portaria no dia seguinte como consta.[17] Mais tarde foi assegurado pelo próprio juramento da Carta Constitucional, no artigo 5.º, datado de 26 de Julho de 1826, durante o governo de Maria II de Portugal.[18] Já no período que decorre o dia 1 de Novembro de 1832 até 1 de Junho de 1833, desloca-se para o Minho, do seu Palácio do Rossio em Lisboa para Lanheses onde tinha casa, para melhor exercer essa sua função da corte na Casa Real que D. Miguel tinha instalado nessa altura em Braga.[19] Na verdade, em 9 de Setembro de 1833, aparece aos olhos da governação liberal como "rebelde".[20]

Foi provedor da Real Irmandade da Santa Cruz e Passos da Graça (ano 1823-1824)[21] e alcaide-mor ou comendador de Proença-a-Velha.[22]

Teve igualmente o senhorio dos Lagares d´El-Rei e de Pombalinho. Assim como, através dos bens da família de sua mulher, o morgadio do "Paço Velho em Guimarães" e as comendas de S. Pedro de Fins de Ferreira (Paços de Ferreira),[23] de S. Miguel de Vila Franca,[24] de Santa Maria de Airães,[25] de São Vicente de Vimioso[26][27] e de Vila de Ferreira (Zêzere) com sua alcaidaria[28][29][30] como de sua alcaidaria em 29 de Janeiro de 1822.[31]

Faleceu em Santarém, a 5 de Abril de 1834, com cólera no decurso das guerras liberais. No dia seguinte foi sepultado no cruzeiro da Igreja de Santo Estêvão do Milagre, por ordem expressa de D. Miguel.[8]

Dados genealógicos[editar | editar código-fonte]

Antão José Maria de Almada, 2.º conde de Almada nasceu na noite de 22 de Novembro de 1801, nos Açores quando seu pai superintendia essa Capitania.[32] Ao serviço "Real[5]" morreu em 5 de Abril de 1834, de tifo, em Santarém.[33]

Filho de: Lourenço José Boaventura de Almada, 1.º Conde de Almada, 12º conde de Abranches, senhor dos Lagares d´El-Rei, 11º senhor de Pombalinho e de Maria Bárbara Lobo da Silveira Quaresma, filha de Fernando José Lobo da Silveira Quaresma, 2º marquês de Alvito.

Casou, em 30 Março de 1818, no oratório da casa de sua sogra, na freguesia de Santa Isabel, em Lisboa, com: Maria Francisca de Abreu Pereira Cirne Peixoto,[34] senhora da então Vila Nova de Lanheses com sede na sua quinta Paço de Lanheses, nascida a 10 de Outubro de 1802.

Sendo esta filha única e herdeira de:

Tiveram os seguintes filhos
  • D. Lourenço José Maria de Almada Cirne Peixoto, 3º conde de Almada casado com D. Maria Rita Machado de Castelo-Branco Mendonça e Vasconcelos.
  • D. Maria José de Almada, nasc. 30 de Setembro de 1819 e m. a 8 de Março de 1835.[2]
  • D. Maria Carlota de Almada, nasc. a 17 de Abril de 1821[2] e m. com 5 anos de idade.[38]
  • D. Maria Bárbara Xavier de Almada, nasc. a 14 de Dezembro de 1822 e m. a 13 de Março de 1852,[2] solteira, na freguesia de Santa Maria Maior. em Viana do Castelo, moradora na R. da Bandeira com a mãe. Foi enterrada no dia seguinte na Igreja dos Terceiros, da mesma cidade, segundo a sua certidão de óbito.
  • D. Maria da Conceição, nasc. 22 de Dezembro de 1823.[39]
  • D. Sebastião de Almada, m. m.
  • D. Maria Violante de Almada, nasc. a 22 de Dezembro de 1823.[2]
  • D. Maria Vitória de Almada, nasc. a 27 de Junho[2] ou a 27 de Julho de 1830[22] e m. em 20 de Agosto de 1918, moça do Coro do Real Mosteiro da Encarnação de Lisboa,[39] admitida em 28 de Março de 1855.[40]
  • D. Antão José de Almada, nasc. a 9 de Novembro[41] de 1831,[42] baptizado a 11 do mesmo mês no oratório de Palácio do Rossio[43] e faleceu em 6 de Fevereiro de 1914, em Viana do Castelo, tendo sido enterrado no Convento de São Francisco da mesma cidade,[42] e casado com Júlia Angelina de Melo Teixeira, a 1 de Maio de 1858,[2] que nasc. a 10 de Novembro de 1838 e m. em 1907, filha de João Lopes Teixeira de Melo, capitão de Caçadores do exército realista, e de sua mulher D. Joaquina de Souza.[39] Tiveram as filhas:
    • D. Maria Francisca, nasc. a 30 de Março de 1859,[2] sem geração.
    • D. Maria Joaquina, nasc. 25 de Setembro de 1860.[39]
    • D. Maria Barbara, nasc. a 15 de Março de 1866[2] e m. 23 de Junho de 1883,[39] em Viana do Castelo, sem geração.[38]
    • D. Maria José,[39] nasceu a 5 de Agosto de 1875 e faleceu em 10 de Maio de 1876.[38]
  • Ana

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. ÍNDICE 40 e 40 A - (Oficiais da Armada - Classe Marinha).pdf
  2. a b c d e f g h i j k l Albano da Silveira Pinto, Resenha das famílias titulares Grandes de Portugal, Empreza Editora de Francisco Arthur da Silva, Lisboa, 1883., pág. 36.
  3. a b O 2.º conde de Almada, Os nossos Arquivos, Revista da Associação dos Antigos alunos do Colégio Militar, p. 27
  4. O seu pai, apesar de vigoroso, com a morte prematura da sua mulher e mãe desta criança, associando-se a isso uma política governativa que tinha levado à transferência da corte portuguesa para o Brasil e em que a restante que ficou no Reino se ter assumido "pró francesa", com a qual lealmente discordava abertamente e que inclusive lhe chegou a mover alguma momentânea perseguição por isso, foi o bastante para que se refugiasse numa depressão e numa angústia demente profunda, que o fez abster-se de tudo, tomando o rei a seu cargo à distancia.
  5. a b Affonso de Ornellas, «Os Almadas na História de Portugal», Lisboa, 1942, p. 27
  6. Joaquim António de Araújo, remetendo uma certidão contra D. José Inácio de Freitas e D. Tomás de Nápoles condenados por falsificarem vales, Arquivo Histórico Militar, em 1817, Código de referência: PT/AHM/DIV/1/16/054/23
  7. «Meninos da Luz - Quem é Quem II», Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, Lisboa, 2008, pág. 448.
  8. a b O 2.º conde de Almada, Os nossos Arquivos, Revista da Associação dos Antigos alunos do Colégio Militar, p. 26, 27 e 34
  9. Miguel Vaz de Almada, Album Legitimista, n.º 27, 3.º Anno, Lisboa, 1888.
  10. Marquês de Ávila e Bolama, "Nova Carta Chorografica de Portugal", composto e impresso na Imprensa Lucas, Lisboa, 1914, pág. 438
  11. Foi nomeado ajudante-de-campo por despacho, em 27 de maio de 1828, pela secretaria d´Estado dos Negócios da Guerra, despachado pelo Conde do Rio Pardo - Chronica da Rainha a Senhora Dona Maria Segunda: comprehendendo os documentos do seu reinado de direito e de facto desde 2 de Maio de 1826 até 15 de Novembro de 1853, Volume 2, por Francesco Duarte de Almeida Lopes, 1861, pág. 41
  12. Gazeta de Lisboa, Edições 132-309, pág. 1191
  13. Diligência de habilitação para a Ordem de Cristo de Conde de Almada, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Código de ref: PT/TT/MCO/A-C/002-003/0010/00055
  14. Gazeta de Lisboa, Edições 152-307, pág. 650
  15. O 2.º conde de Almada, Os nossos Arquivos, Revista da Associação dos Antigos alunos do Colégio Militar, p. 30
  16. (D.) Antão José de Almada, Registo Geral de Mercês, D.João VI, liv.21, fl.204v, ANTT
  17. Diário do governo, Edições 1-76, pág. 1752
  18. Gazeta de Lisboa, Edições 152-307, num. 171, pág. 685
  19. Miguelismo em Braga - Factos e ideias para o Estudo da Contra-Revolução, por Armando B. Malheiro da Silva, Bracara Augusta - Revista da Câmara Municipal de Braga, Vol. XL N." 89/90 (102/103) Anos de 1986187, pág, 392
  20. Gazeta de Lisboa, Parte 2, Edições 1-135, pág.s 213 e 582
  21. Senhor dos Passos da Graça, Lista de Provedores
  22. a b Resenha das familias titulares do Reino de Portugal acompanhada das noticias ..., João Carlos Feo Cardozo de Castello Branco e Torres e Manuel de Castro Pereira de Mesquita, Imprensa nacional, 1838, pág. 9
  23. Alvará. Comenda de S. Pedro Fins de Ferreira da Ordem de Cristo, ANTT
  24. Alvará. Administração, por um ano, da Comenda de S. Miguel de Vila Franca da Ordem de Cristo, 5 de Novembro de 1821, ANTT
  25. Gazeta de Lisboa, Edições 1-152, pág. 194
  26. (D.) Antão José de Almada, Registo Geral de Mercês, D.João VI, liv.14, fl.110v, ANTT
  27. (D.) Antão José de Almada, Registo Geral de Mercês, D.João VI, liv.14, fl.111, ANTT
  28. Registo Geral de Mercês de D. José I, liv. 7, f. 395, ANTT
  29. A Vila e Concelho de Ferreira do Zêzere, O Arqueólogo Português, vol: XX, nº 217, pág. 30, nota: Provedoria de Tomar
  30. Freguesia de Ferreira do Zêzere, História
  31. Diario das Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação Portugueza, Portugal Cortes Geraes e Extraordinarias, Volume 6, 1822, pág. 184.
  32. Francisco Ferreira Drummond, Anais da Ilha Terceira, Tomo III, Capítulo V
  33. D. Miguel Vaz de Almada, Album Legitimista, n.º 27, 3.º Anno, Lisboa, 1888.
  34. registo paroquial, na Torre do Tombo, livro 11-C folha 171 v, AATT
  35. Ordenanças de Lanheses
  36. Soveral, Manuel abranches de, «Sangue Real», 1998, e seu verbete «Maria José de Lencastre César de Menezes» na roglo, visitado em 14/12/2012
  37. Filha única e herdeira de Sebastião Correia de Sá, moço fidalgo com exercício na Casa Real; Tenente General do Exército; Governador das armas do Partido do Porto, e de sua mulher Clara Joana de Amorim Pereira de Brito, senhora dos Morgados de Fontão, Agrédo, e Rua Escura (Porto), como herdeira de Lourenço Manoel de Amorim Pereira, senhor dos ditos morgados; alcaide-mór de Monção; comendador de Airães na Ordem de Cristo; sargento-mór de Campanha; Fidalgo da Casa Real, casado com Luiza Josefa d'Abreu Pereira, senhora do Morgado da Rua Escura, no Porto - Albano da Silveira Pinto, Resenha das famílias titulares Grandes de Portugal, Empreza Editora de Francisco Arthur da Silva, Lisboa, 1883., pág. 36.
  38. a b c Nobiliário no Arquivo Almada
  39. a b c d e f Últimas Gerações Entre-Douro e Minho, por José de Sousa Machado, Tipografia de «Paz», Braga, 1931, tomo I, pág. 15
  40. Arquivo da Casa Almada
  41. Resenha das familias titulares do Reino de Portugal acompanhada das noticias ..., João Carlos Feo Cardozo de Castello Branco e Torres e Manuel de Castro Pereira de Mesquita, Imprensa nacional, 1838, pág. 140
  42. a b Viana do Castelo: D. Antão Vaz de Almada Faleceu em 1914, por Carlos Gomes, Blogue do Minho, 25.11.20, fonte: Illustração Catholica, nº 33, Braga, 14 de Fevereiro de 1914
  43. Anais - Academia Portuguesa da História, Volume 8, Academia Portuguesa da História, 1944, página 152

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Outras fontes genealógicas[editar | editar código-fonte]

  • verbete «D. Antão José Maria de Almada» na roglo, visitado em 14 de dezembro de 2012.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Lourenço José Boaventura de Almada
Brasão d´armas de conde de Almada e Abranches
Conde de Almada

1805 - 1834
Sucedido por
Lourenço José Maria de Almada Cirne Peixoto