Antoine Barnave
Antoine Barnave | |
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Nascimento | Antoine-Pierre-Joseph-Marie Barnave 22 de outubro de 1761 Grenoble |
Morte | 29 de novembro de 1793 (32 anos) Paris |
Cidadania | França |
Alma mater | |
Ocupação | político, advogado |
Causa da morte | decapitação |
Assinatura | |
Antoine-Pierre-Joseph-Marie Barnave, nascido em Grenoble no dia 22 de Outubro de 1761 e guilhotinado em Paris no dia 29 de Novembro de 1793, era um político francês.
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Oriundo de uma antiga família protestante da alta burguesia de Grenoble, filho de Jean-Pierre Barnave, advogado ligado ao Parlamento de Grenoble, e de Marie-Louise de Pré de Seigne de Presle, o jovem Antoine segue o curso de Direito em Grenoble, obtém o diploma de bacharel, e completa a licenciatura em Direito na Universidade de Orange (1780). Em 1783, é escolhido entre os demais jovens advogados para proferir o discurso de encerramento do Parlamento de Grenoble. Destaca-se por sua independência de espírito discorrendo sobre a divisão de poderes. Como a maior parte dos representantes da burguesia, deseja que "uma nova distribuição de riquezas leve a uma nova distribuição de poder". No mesmo ano, sofre a perda de seu irmão mais novo.
No dia seguinte à Jornada das Telhas ("Journée des Tuiles"), em 7 de Junho de 1788, Barnave redige o libelo "O Espírito dos Éditos", conclamando ao apoio ao Parlamento de Grenoble, suspenso pelo Poder Central, e aproxima-se de outro advogado, também predestinado a um belo futuro, Jean-Joseph Mounier. Barnave e Mounier vão conseguir reunir os deputados das três ordens do Delfinado no castelo de Vizille, em 21 de Julho. A resolução de Mounier, reclamando o restabelecimento dos parlamentos provinciais e a convocação dos Estados Gerais é adotada. Em 7 de Janeiro de 1789, Mounier e Barnave são eleitos representantes do Terceiro Estado.
A Assembléia Nacional
[editar | editar código-fonte]Barnave logo vai desempenhar um papel importante na Assembléia Nacional, primeiramente no seio da delegação do Delfinado, sustentando Mounier. Este último fica em desacordo com a radicalização dos acontecimentos que começam a tomar conta da Revolução Francesa e pende para um comprometimento monárquico. Barnave distancia-se então deste e vai constituir com Adrien Duport e os irmãos Charles e Alexandre de Lameth um grupo de ação política denominado o « Triunvirato », postando-se à extrema esquerda da Assembléia e servindo de ponta de lança da Revolução. Em 22 de Julho de 1789, no dia seguinte ao linchamento pela populaça do Intendente Geral Foullon e de seu genro Berthier de Sauvigny, sobe à tribuna e replica aos deputados acalorados por este fato : "Senhores, querem nos enternecer em favor do sangue derramado ontem em Paris. Este sangue era assim tão puro? ", frase terrível que passaria para a posteridade.
Barnave é um dos raros oradores a poder se rivalizar com Mirabeau. Ele adquire por sua eloquência um pouco fria e seu amor ardente pela liberdade uma alta influência e uma grande popularidade. Após a Jornada de 5 e 6 de Outubro de 1789, os monarquistas são confrontados e Barnave obtém ganho de causa contra seu antigo amigo Mounier conseguindo o suporte da Assembléia sobre o veto suspensivo do Rei (enquanto Mounier preconizava um veto absoluto). O triunvirato Duport, Barnave e Alexandre Lameth é classificado como "de esquerda" e participa da criação da Sociedade de Amigos da Constituição e da Liberdade, que se tornará o Clube dos Jacobinos. Eles criam intrigas para afastar conspiram para Mirabeau e La Fayette do poder, temendo que tanto um quanto o outro confisquem a Revolução para seu proveito.
Em Maio de 1790, um conflito pontual opõe a Espanha e a Inglaterra e destaca o problema do pacto de família franco-espanhol e assim os poderes do rei em matéria de declaração de guerra. Esta questão contrapõe fortemente Barnave e Mirabeau e a Assembléia vota finalmente uma moção de compromisso : "O direito de paz e guerra pertencem à Nação. A guerra não poderá ser decidida senão por um decreto do Corpo Legislativo a partir de uma proposta formal e necessária do rei e sancionada a seguir por Sua Majestade".
Em 1º de Agosto, Barnave é eleito prefeito de Grenoble. Esate aceita num primeiro momento mas declina do convite mais tarde, invocando as restrições de seu mandato. Ele aceita a presidência da Assembléia Constituinte (25 de Outubro de 1790) por uma duração de 15 dias. Sua popularidade atinge o apogeu.
No entanto, Barnave e seus amigos são partidários do sistema de recenseamento e defendem o direito de propriedade. Sentem-se ultrapassados por uma esquerda democrática e equalitária. Barnave é atacado por Brissot que o crítica em seu jornal "O Patriota Francês" pela sua posição sobre o status das "pessoas de cor" nas colônias francesas. Barnave mostra-se hostil a que lhes concedam o direito de cidadania.[1]
Em Dezembro de 1790, Barnave que se candidata à presidência da Assembléia é batido por um constitucional obscuro. O triunvirato, atacado pela direita por Mirabeau, é cada vez mais desconsiderado dentro do Clube dos Jacobinos, apesar de suas posições extremistas com relação à matéria do juramento à Constituição Civil do Clero[2] (Janeiro de 1791) ou a da emigração das tias do rei[3] (Fevereiro de 1791).
Após a morte de Mirabeau, a Corte procura novos aliados, notadamente próximos do triunvirato. Barnave e seus amigos fundam, em 27 de abril, um novo jornal, "Le Logographe", que exibe sua confiança em uma monarquia limitada. Barnave e Lameth são atacados por Robespierre e os anti-escravagistas sobre a questão dos direitos das pessoas de cor que volta à discussão. O triunvirato ainda controla, no Clube dos Jacobinos, o famoso Comitê das Correspondências, elo essencial com as sociedades provinciais afiliadas, mas a extrema-esquerda, bastante minoritária dentro da Assembléia, progride nos clubes (Jacobinos e Cordeliers).
Após sua tentativa de fuga (21 e 22 de Junho de 1791), o Rei Luís XVI é detido em Varennes. Barnave é enviado pela Assembleia, em companhia de Pétion e de Latour-Maubourg, para trazer a família real de volta a Paris. Os três deputados juntam-se à berlinda real no local chamado "Carvalho Fendido", na Comuna de Boursault.
Durante os três dias que dura a viagem de volta, Barnave fica tocado pelos infortúnios da Rainha Maria Antonieta. Ele inicia uma troca de correspondência secreta com ela (por intermédio do Cavaleiro de Jarjayes). Junta-se então aos monarquistas constitucionais do Clube dos Feuillants, o que lhe vale o ódio do povo parisiense e da Montanha, que denunciam "Barnave negro por trás e branco pela frente". Em 15 de Julho de 1791, pronuncia diante da Assembléia um discurso sobre "a inviolabilidade real, a separação dos poderes e o término da Revolução Francesa".[4] Ele aconselha o rei, através da correspondência mantida com Maria Antonieta, a se aliar sinceramente à Constituição, a condenar as atitudes dos emigrados e a obter de Leopoldo II, irmão da rainha, o reconhecimento do novo regime.
Do mês de Agosto até o dia 30 de Setembro, data do fechamento da Constituinte, Barnave e os moderados, apesar da oposição de Robespierre e da esquerda, conseguem salvar a monarquia. Quanto a Maria Antonieta, esta faz manifestamente jogo duplo.[5]
Barnave permanece em Paris até o dia 5 de janeiro de 1792. Ele continua a dar seus conselhos à Corte, através da correspondência e das entrevistas secretas que tem com Maria Antonieta. Aconselha o rei a usar seu direito de veto aos decretos sobre os emigrados e os padres refratários. Retira-se a seguir para Grenoble mas, na sequência à Jornada de 10 de Agosto de 1792, é descoberta uma correspondência bastante comprometedora sobre ele numa secretária do gabinete do rei, no Palácio das Tulherias.
O fim
[editar | editar código-fonte]Preso em 19 de Agosto em sua casa de Saint-Egrève, Barnave é encarcerado nas prisões da cidadela da Bastilha de Grenoble e depois no Convento de Sainte-Marie-d’en-Haut, transformado em prisão política. Em Junho de 1793, fica isolado no Forte Barraux. A aproximação das tropas sardas, próximas à fronteira, causam sua transferência para a prisão de Saint-Marcellin. Fica aí por pouco tempo ; a Convenção exige seu comparecimento frente ao Tribunal Revolucionário. Ele é encarcerado na Conciergerie no dia 18 de Novembro. Seu processo dura de 27 a 28 de Novembro. Apesar de uma defesa brilhante feita por ele mesmo, é condenado à morte e guilhotinado em 29 de Novembro de 1793, juntamente com o antigo Guarda dos Selos, Duport-Dutertre.
A obra
[editar | editar código-fonte]Na prisão, Barnave escreveu "Da Revolução e da Constituição", obra marcante de inteligência e visão, que só foi publicada em 1843, sob o título de "Introdução à Revolução Francesa". Seus manuscritos foram publicados por M. Bérenger, sob o título de "Obras de Barnave" e reeditadas diversas vezes após 1960.
A obra de Barnage mostra que a Revolução é a resultado uma longa evolução desde a Idade Média, que a propriedade agrária levou à formação de governos aristocráticos, depois que o desenvolvimento do comércio e da indústria que se seguiu ocasionou a transformação das sociedades agrárias tradicionais, o progresso da burguesia e seu desejo cada vez mais irresistível de participar do governo. O livro de Barnave influenciou Jean Jaurès e Albert Mathiez.
Referências e Comentários
[editar | editar código-fonte]- ↑ Certamente influenciado pela situação de Charles de Lameth, aliado aos plantadores de Santo Domingo após seu casamento com a filha de um destes, M. Picot.
- ↑ A moção Barnave afasta da Assembléia todos os eclesiásticos que se recusem a prestar juramento de manter a Constituição Civil.
- ↑ Quando da tentativa de fuga das Mmes Adélaïde e Victoire, tias do rei, Barnave propóe uma emenda para interditar a qualquer membro da família real de se distanciar de Paris.
- ↑ Em seu discurso, Barnave junta-se à defesa da propriedade privada : "Se a Revolução der mais um passo, ela não o dará sem perigo ; dentro da linha da liberdade, o primeiro ato que poderá seguir-se seria a aniquilação da realeza ; dentro da linha da igualdade, o primeiro ato que poderá seguir-se seria o atentado à propriedade".
- ↑ Maria Antonieta segue parcialmente os conselhos de Barnave, mas aposta no apodrecimento da situação incitando seu irmão, o Imperador, à declaração de guerra
Fonte
[editar | editar código-fonte]- Pierre d’Amarzit, Barnave, le conseiller secret de Marie-Antoinette, éd. Le Sémaphore, 302 p. ISBN 2-912283-21-3, 978-2912283214.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Ler no "site" da Assembléia Nacional francesa o discurso de Antoine Barnave sobre a inviolabilidade da realeza, a separação dos poderes e o término da Revolução Francesa, pronunciado em 15 de Julho de 1791 diante da Assembléia Constituinte (em francês)
- Cinco discursos de Antoine Barnave (em francês)