Apistobranchidae

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaApistobranchidae[1]
Apistobranchus tullbergi preservado em álcool 70% 1 (foto de Eric A. Lazo-Wasem).
Apistobranchus tullbergi preservado em álcool 70% 1 (foto de Eric A. Lazo-Wasem).
Apistobranchus tullbergi preservado em álcool 70% 2 (foto de Eric A. Lazo-Wasem).
Apistobranchus tullbergi preservado em álcool 70% 2 (foto de Eric A. Lazo-Wasem).
Classificação científica
Reino: Animalia[1]
Sub-reino: Bilateria[1]
Infrarreino: Protostomia[1]
Superfilo: Lophozoa[1]
Filo: Annelida[1]
Classe: Polychaeta[1]
Subclasse: Sedentaria[1]
Infraclasse: Canalipalpata[1]
Ordem: Spionida[1]
Subordem: Spioniformia[2]
Família: Apistobranchidae[1]
Resumo dos táxons reconhecidos
Gênero Apistobranchus Levinsen, 1883[3]
  • Apistobranchus fragmentata (Wesenberg-Lund, 1951)[3][4]
  • Apistobranchus glacierae Hartman, 1978[3][4]
  • Apistobranchus jasoni Neal & Paterson, 2020[3][4]
  • Apistobranchus ornatus Hartman, 1965[3][4]
  • Apistobranchus tenuis Orrhage, 1962[3][4]
  • Apistobranchus tullbergi (Théel, 1879)[3][4]
  • Apistobranchus typicus (Webster & Benedict, 1887)[3][4]

Apistobranchidae é uma família de animais anelídeos poliquetas marinhos, que habitam desde águas superficiais da plataforma continental até o talude com mais de 3000 m de profundidade.[3][1] Eles se distinguem dos demais grupos de Spionida devido à presença de acículas, que auxiliam no suporte interno dos parapódios destes animais.[5]

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Os apistobranquídeos são animais de cabeça inflada e restante do corpo cilíndrico[6]. São brancos ou amarelados quando vivos[7]. Possuem tamanho em torno de 12 mm de comprimento e 1 mm de largura, podendo ter até 90 segmentos.[7]

Sendo do grupo dos anelídeos poliquetas, seu corpo possui três regiões principais: a cabeça, o tronco e o pigídio.[7][8] A cabeça é formada por duas partes o prostômio, que é a mais anterior, e o peristômio, a mais posterior, onde fica a boca.[7][8] O tronco é formado por vários segmentos repetidos.[7][8] E o pigídio é a extremidade posterior, onde fica o ânus.[7][8]

A cabeça dos apistobranquídeos é formada pelo prostômio e peristômio[7] fundidos[3]. Toda a região cefálica é densamente ciliada, com os cílios estendendo-se pelo corpo, da boca até perto do pigídio, formando uma faixa ciliar ventral.[3] Os órgãos nucais[7] são ciliados e laterais[9]. Não há relato de olhos[7]. Um par[3] de palpos sulcados se localiza dorsalmente na cabeça e pode ser mais longo do que o corpo do animal[7]. A boca é ventral, com um lábio inferior estriado, do qual pode emergir uma pequena probóscide saculiforme.[9]

No tronco, todos os segmentos são relativamente uniformes, possuindo dimensões semelhantes.[7] Apresentam parapódios, em geral, birremes. Os notopódios são menores do que os neuropódios e apresentam cerdas lisas e alongadas, que podem estar desgastadas devido ao contato com o sedimento.[7] Todas as cerdas são simples, mas muitas vezes dão a impressão de serem compostas devido ao padrão de coloração e formato.[3] Os parapódios possuem acículas, que servem de suporte interno, o que é uma característica rara nos poliquetas sedentários.[3]

Sua parte posterior é frágil, sendo comum encontrar os animais fragmentados. Isso dificulta o estudo de sua morfologia e anatomia.[3] Além disso, seus palpos, normalmente, são perdidos devido à grande contração durante a fixação.[7]

Hábitos & Reprodução[editar | editar código-fonte]

A biologia dos apistobranquídeos é pouco conhecida. Acredita-se que os palpos sejam usados na alimentação,[3] a qual seria constituída de depósitos superficiais do sedimento.[10] Entretanto, isso ainda não foi demonstrado[3].

Sua biologia reprodutiva também é, em grande parte, desconhecida.[5] A morfologia dos ovos e espermatozoides sugerem fertilização externa e desenvolvimento planctônico, porém ainda não foram encontradas larvas desses animais.[5]

Diversidade[editar | editar código-fonte]

Há sete espécies descritas de apistobranquídeos mundialmente.[4]

Entretanto, esses organismos não são tão raros quanto o número de espécies parece indicar, sendo comumente encontrados em sedimentos lamacentos da plataforma e talude continentais.[6]

O grupo apresenta distribuição em diversas localidades, tais quais Europa, Estados Unidos, Japão, Oceano Pacífico e Ártico.[7]

Na Antártida, onde os poliquetas correspondem ao táxon dominante da macrofauna bentônica, os apistobranquídeos são um dos grupos mais abundantes.[11]

Até o momento, no Brasil há registro de apenas uma espécie, Apistobranchus typicus, no Rio de Janeiro.[12]

Não são conhecidos fósseis de apistobranquídeos.[7]

Taxonomia & Filogenia[editar | editar código-fonte]

Atualmente, a família Apistobranchidae possui um único gênero, Apistobranchus, o qual contém todas espécies descritas.[3] [5]

História taxonômica[editar | editar código-fonte]

Sua história taxonômica é confusa, havendo várias espécies com descrições muito sucintas[5] e divergências em sua classificação[3].

A primeira espécie descrita da família foi classificada como pertencente à família Orbiniidae, tendo as outras espécies do grupo sido alocadas em Chaetopteridae.[5] Posteriormente, o gênero Apistobranchus foi descrito, como Orbiniidae, e ganhou o status de família no final do século XIX.[5][13]

Filogenia[editar | editar código-fonte]

Uma característica que justifica a monofilia desse grupo é a presença de notopódios apoiados por uma acículas.[14] Com base nas semelhanças e na confirmação por meio de análise cladística, Apistrobranchidae é tido como grupo irmão de Spionidae e Trochochaetidae.[5]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i j k l «Apistobranchidae». ITIS Report. 2013. Consultado em 26 de junho de 2020 
  2. Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. «Spionida». World Register of Marine Species. Consultado em 26 de junho de 2020 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s Blake, A. James; Petti, Mônica A. V. (2014). «7.2.2. Apistobranchidae Mesnil & Caullery, 1898». In: Purschke, Günter; Westheide, Wilfried. Annelida: Polychaetes. Col: Handbook of Zoology Online. [S.l.]: De Gruyter 
  4. a b c d e f g h Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. «Apistobranchus Levinsen, 1883». World Register of Marine Species. Consultado em 22 de junho de 2020 
  5. a b c d e f g h Beesley, Pamela L.; Ross, Graham J. B.; Glasby, Christopher J. (2000). Polychaetes & Allies: The Southern Synthesis. Col: Fauna of Australia (em inglês). 4A. [S.l.]: Csiro Publishing. p. 257-258 
  6. a b Fauchald, Kristian (1977). The polychaete worms: definitions and keys to the orders, families and genera. [S.l.]: Natural History Museum of Los Angeles County. p. 22. OCLC 463129236 
  7. a b c d e f g h i j k l m n o Rouse, Greg W.; Pleijel Fredrik (2001). Polychaetes. [S.l.]: Oxford OUP. p. 18, 253-255. OCLC 838546601 
  8. a b c d Brusca, Richard C.; Brusca, Gary J. (2018). Invertebrados 3ª ed. [S.l.]: Guanabara Koogan 
  9. a b Blake, A. James; Petti, Mônica A. V. (2019). «5.1 Apistobranchidae Mesnil & Caullery, 1898». In: Böggemann, Markus; Purschke, Günter; Westheide, Wilfried. Annelida : Basal Groups and Pleistoannelida, Sedentaria I. Col: Handbook of Zoology. Berlin: [s.n.] OCLC 1091701848 
  10. Fauchald, Kristian; Jumars, Peter A. (1979). «The diet of worms: a study of polychaete feeding guilds» (PDF). Oceanography and marine Biology annual review: 262 
  11. Petti, Mônica A. Varella; Nonato, Edmundo F.; Bromberg, Sandra; Gheller, Paula F.; Paiva, Paulo Cesar; Corbisier, Thais N. (5 de abril de 2007). «On the taxonomy of Apistobranchus species (Polychaeta: Apistobranchidae) from the Antarctic». Zootaxa. 1440 (1). 51 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.1440.1.4 
  12. Amaral, A. C. Z.; Nallin, S. A. H.; Steiner, T. M.; Forroni, T. D. O.; Gomes-Filho, D. (2010). Catálogo das espécies de Annelida Polychaeta do Brasil (PDF). Campinas: Unicamp. p. 119 
  13. Mesnil, F., M. Caullery (1898). «Etudes de morphologie externe chez les Annélides. IV. La famille nouvelle des Levinséniens. Révision des Ariciens. Affinités des deux familles. Les Apistobranchiens.». Bulletin scientifique de la France et de la Belgique. 31: 126-151. Consultado em 11 de agosto de 2020 
  14. Fauchald, Kristian; Rouse, Greg (abril de 1997). «Polychaete systematics: Past and present». Zoologica Scripta (em inglês). 26 (2): 93. ISSN 0300-3256. doi:10.1111/j.1463-6409.1997.tb00411.x