Arlete Hilu

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Arlete Hilu
Nome Arlete Honorina Vitor Hilu
Data de nascimento 04 de junho de 1945 (78 anos)
Local de nascimento Itajubá, Minas Gerais
 Minas Gerais
Nacionalidade(s) Brasileira
Ocupação Desconhecida
Crime(s) Tráfico de crianças
Falsidade ideológica
Formação de quadrilha
Retirada ilegal de crianças do país
Pena 2 condenações de cerca de 2 anos cada (1988, 1992)
Situação Em liberdade, sem condenações pendentes, atualmente inimputável em função da idade
Progenitores Mãe: Edith Luiza Heidrich Vitor
Pai: Desconhecido
Motivo(s) Suspeita-se que até 12 mil crianças tenham sido traficadas no esquema de Arlete Hilu; apenas em Israel, cerca de 3 mil crianças brasileiras teriam sido adotadas por meio do esquema

Arlete Honorina Vitor Hilu, amplamente conhecida como Arlete Hilu, é uma ex-traficante de bebês confessa, atuante especialmente nos anos 1980 e já condenada e presa, natural de Itajubá (MG)[1], e que viveu no Paraná, no Rio de Janeiro[2] e em Santa Catarina.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Arlete Hilu nasceu na cidade de Itajubá, Minas Gerais, em 4 de junho de 1945. O local preciso de nascimento é tema de disputa, com algumas fontes indicando que ela teria nascido, na realidade, em Curitiba (PR). Os dois endereços publicamente conhecidos de Arlete Hilu são localizados no bairro Cabral, na capital paranaense, e no centro da cidade de Balneário Piçarras (SC).

Começou sua carreira como "advogada", embora não fosse diplomada em Direito, na Penitenciária Estadual do Paraná, de onde foi demitida em 1981[3]. A partir de 1983, passou a trabalhar como curadora especial de menores[3] e começou a envolver-se no tráfico de crianças. Uma reportagem de 1986[3] do jornal O Estado de S. Paulo afirma que a demissão "acabou favorecendo-a ainda mais (...), e daí foi um passo para iniciar a lucrativa atividade de vender bebês brasileiros a casais de vários países".

Em 1986, a imprensa dava conta de que Arlete Hilu era viúva e tinha um filho, então com 19 anos[3]. O jornal O Estado de S. Paulo afirmou, naquele ano, que "Arlete parece ter hoje uma invejável situação financeira, sempre apresentada como uma bem-sucedida advogada"[3].

Hilu apresentava-se ora como advogada[3][4][5], ora como contabilista[6][3], por vezes como assistente social ou "curadora especial de menores"[7], às vezes como enfermeira[8], mas não há informações precisas sobre sua real profissão.

Paradeiro[editar | editar código-fonte]

Seu paradeiro é desconhecido ao menos desde 2016, quando tinha 72 anos e vivia em uma cidade não informada do litoral de Santa Catarina. Na ocasião, concedeu entrevista exclusiva[9] ao programa Repórter Record Investigação, da Record TV. A informação sobre a idade e o local em que ela foi localizada consta da reportagem.

Esquema de tráfico de crianças[editar | editar código-fonte]

Na década de 1980, um esquema assumidamente[9] liderado por Arlete Hilu tirava ilegalmente bebês do Brasil e os levava de forma clandestina para adoção por famílias estrangeiras, em vários países. Pelos crimes de tráfico de crianças, falsidade ideológica, formação de quadrilha e pela retirada ilegal de crianças do país, Arlete foi condenada duas vezes, entre o fim da década de 1980 e o início dos anos 1990. Há informações divergentes sobre uma eventual terceira prisão, na mesma época.

Segundo a imprensa brasileira da época, Arlete começou a traficar bebês em 1983, mediando a adoção de crianças estrangeiras[3]. Segundo a criminosa, ela o fazia "apenas por assistencialismo", mas cada bebê era vendido por 8 mil a 10 mil dólares (dado de 1986).

Contexto[editar | editar código-fonte]

O esquema liderado por Arlete Hilu ocorreu em um período em que houve uma sequência de casos de desaparecimento de crianças no sul do Brasil, especialmente no Paraná. Em meio a essas ocorrências, dois casos ganharam especial destaque na época: o caso Evandro, com o desaparecimento, posterior entendimento de sequestro e morte do garoto Evandro Ramos Caetano, de apenas 6 anos de idade; e o também desaparecimento de Leandro Bossi, ocorrido dois meses antes do sequestro de Evandro. Os dois casos ocorreram na cidade de Guaratuba, no Paraná. Ambos foram esmiuçados pelo jornalista Ivan Mizanzuk no podcast Projeto Humanos. A temporada a respeito do caso Evandro virou série na Globoplay e livro de autoria de Mizanzuk[10].

Alcance[editar | editar código-fonte]

Arlete Hilu agia principalmente na região Sul do Brasil, para conseguir crianças com traços europeus, o que ela atribuía à "demanda" dos casais estrangeiros[9]. Ela agia inicialmente no Paraná, principalmente em Curitiba, mas depois de ser presa por falsidade ideológica e contrabando, em 1984, começou a operar em cidades vizinhas à capital, usando cartórios menores para obter registros falsos de adoção[3]. A partir daí, a quadrilha passou a agir também em vários outros estados, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.[3] Três comparsas passaram a cuidar das operações em Curitiba quando ela se transferiu para o Rio de Janeiro. Com o cerco policial aumentando, ela abriu uma sede em Dourados, em Mato Grosso do Sul.[3]

Primeiro caso[editar | editar código-fonte]

Embora o nome de Arlete Hilu apareça vinculado a milhares (a estimativa é de até 12 mil[11]) de casos em que crianças foram retiradas ilegalmente do Brasil e adotadas por casais estrangeiros, com destaque para famílias em Israel e na Europa, o primeiro caso de que se tem notícia foi registrado em Curitiba (PR)[12] em 1983 e ficou conhecido como "caso Fabinho", com o sequestro de um bebê recém-nascido de dentro de uma maternidade na capital paranaense.[12] À época, o Paraná vivia uma onda de desaparecimento de crianças, muitos deles nunca solucionados ou com crianças encontradas mortas, mas a relação desses casos com Arlete Hilu não é comprovada.

O caso Fabinho atraiu a atenção da imprensa e mobilizou a sociedade, sendo solucionado em poucas semanas.[12] A partir da resolução do caso, surge uma denúncia de venda de crianças para "exportação (...) para Israel",[12] todos com a intermediação de Arlete Hilu, que cobrava altos honorários em dólares, com a suposta cumplicidade ou ao menos conivência de membros do Juizado de Menores e até de agentes da Polícia Federal.[12]

Apesar de o "caso Fabinho" ser o primeiro amplamente conhecido, existe a suspeita de que a quadrilha de Arlete tenha começado a agir em 1968,[13] quando ela tinha apenas 27 anos.

Adoções em Israel[editar | editar código-fonte]

O esquema de Arlete Hilu era particularmente atuante em Israel, onde estima-se que cerca de 3 mil crianças[14] teriam sido adotadas com sua intermediação. O número é tão alto que existe hoje no país do Oriente Médio um movimento organizado por jovens que foram adotados ainda bebês ou crianças de forma ilegal e que hoje desejam conhecer a família biológica.[14] Esse grupo é liderado pelo jovem Lior Vilk, um dos adotados, que encontrou parte da família paterna no Brasil e costuma vir ao país ao menos duas vezes por ano[15].

Chen Levy, uma das "crianças"[16] que foram adotadas nos anos 1980 por pais israelenses, chegou a aprender português e passar uma temporada no Brasil atrás de pistas que pudessem levá-la à mãe biológica, embora não tenha conseguido obter respostas. Ela chegou a dar um depoimento[17] para a novela Salve Jorge, que abordou o assunto.

Em uma entrevista[18] de 2008, a jornalista e documentarista Nili Tal explicou que em Israel "não temos crianças (disponíveis) para adoção. Por isso, famílias israelenses que queriam filhos viajavam para países do 3º mundo antes que Madonna e Angelina (Jolie) o fizessem. Nos anos 1980, elas descobriram a oportunidade de adotar no Brasil. Era longe e caro, mas toparam".

Apesar dos crimes, parte da sociedade israelense se comoveu e a apoiou quando ela foi presa no país, em abril de 1986. O jornalista Moisés Rabinovici, correspondente do Estadão em Israel à época, cobriu o caso e escreveu no jornal brasileiro uma matéria em que contava que "Muitos israelenses estão dispostos a se atirar sobre a pista do aeroporto de Tel-Aviv para impedir que algum avião decole levanto a mineira Arlete Hilu de volta para o Brasil, onde ela está com prisão preventiva decretada"[1]. Na mesma reportagem, Rabinovici conta que "pais de crianças adotadas superlotaram (...) o tribunal, cantando e segurando rosas para proteger Arlete até mesmo dos repórteres".

Outra reportagem da época, publicada na imprensa israelense, assim descreveu a acolhida: "Hilu fugiu para Israel e foi devotamente amparada por famílias adotivas que se beneficiaram de seus 'serviços', pessoas que a consideram uma heroína por tê-las ajudado em um momento estressante"[19]. O jornal fazia referência à luta das famílias locais para adotar um bebê.

Caso Bruna[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Caso Bruna Vasconcelos

O filme de 2007 foi um desdobramento de um outro caso, de 1986, em que Arlete Hilu também esteve envolvida. O episódio gerou muita comoção à época e foi muito comentado em Israel depois que a Suprema Corte do país ordenou o retorno à família biológica[20], no Paraná, de uma criança de nome de nascença Bruna,[21] adotada por uma família israelense por meio do esquema ilegal.

O retorno foi uma conquista da mãe de Bruna, Rosilda, que recorreu a todos os meios que tinha à disposição para recuperar a filha. A história é narrada pela jornalista brasileira Elza Oliveira (uma das primeiras a revelar o caso), no podcast Rádio Novelo Apresenta[15], de 2023: "ela ficava atrás de todo mundo, ia na polícia o tempo inteiro. Ela nunca desistiu, bateu na porta da polícia, dos deputados, foi pra Brasília, foi no Itamaraty, ela realmente foi uma mulher muito guerreira".

Bruna havia sido sequestrada quando tinha apenas 4 meses de idade, por uma falsa babá. "A 'babá', que tinha sido contratada, chegou na casa e deu um dinheiro pra esse menino [irmão de Bruna, então com 12 anos] e falou assim: 'Ó, fiquei devendo um dinheiro pra sua mãe, porque ela me emprestou, e vim aqui pagar, queria que você fosse ali no botequinho da esquina trocar o dinheiro'. O menino saiu pra ir no boteco da esquina e quando voltou, a moça tinha ido embora com a Bruna", contou a jornalista Elza Oliveira ao podcast Rádio Novelo Apresenta, em 2023. Bruna voltou ao Brasil em 1988, com quase 3 anos.

Em Israel, o caso gerou imensa repercussão, com a foto da menina estampando páginas de jornais e o público dividido sobre o retorno dela para o Brasil após ter sido adotada por um casal local[20]. Em 2006, vinte anos depois do caso, a jornalista e documentarista israelense Nili Tal voltou ao país com quatro jovens israelenses que haviam passado pela mesma situação. A visita foi retratada no filme "The Girls from Brasil"[22] (2007).

Casos em outros países[editar | editar código-fonte]

Havia ainda interceptadores na Europa, no Canadá e nos Estados Unidos. As crianças da região Sul, mais precisamente do Paraná, Vale do Itajaí (SC) e Camboriú (SC), eram as mais procuradas por serem brancas, com traços europeus. Como nos estados do Sul houve grande colonização de países europeus, tais traços foram mantidos ao longo de gerações entre grande parte da população local. "As que tinham olhos claros valiam mais no 'mercado'".[14]

De acordo com dados de João Santos Filho, que em 1985 era presidente da extinta Comissão Nacional do Menor (embrião do atual Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda[23], criado a partir de previsão no artigo 88 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a quadrilha de Arlete Hilu comercializava "cerca de 2 mil bebês por mês".[24] O ex-presidente do órgão disse à imprensa, em 1986, que o grupo agia "em todo o Brasil".

Prisões e condenações[editar | editar código-fonte]

Suspeita da PF e crime não tipificado[editar | editar código-fonte]

Em 1983, a Polícia Federal já suspeitava do envolvimento de Arlete Hilu no tráfico de bebês[3] - e chegou inclusive a considerar que ela também poderia estar envolvida no tráfico de drogas, o que nunca seria provado. Mesmo com a suspeita da PF, que grampeou o telefone da traficante, ela ficou impune porque naquele ano o Código Penal ainda não tipificava o crime de tráfico de pessoas. Em 1984, o CP passou a criminalizar em seu artigo 245[25], parágrafos 1º e 2º, o envio de menor de idade ao exterior, nestes termos:

Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo: (Redação dada pela Lei nº 7.251, de 1984)

Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.251, de 1984)

§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior. (Incluído pela Lei nº 7.251, de 1984)

§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro. (Incluído pela Lei nº 7.251, de 1984)

O crime de tráfico de crianças só seria definitivamente tipificado no CP em 2016, a partir da lei 13.344/16[26], que inseriu o artigo 149-A[27] e revogou expressamente os artigos 231 e 231-A[28]. O artigo 149-A menciona a adoção ilegal em seu item IV e assim versa, com a previsão de pena de 4 a 8 anos de prisão e multa:

Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

Prisão no Rio Grande do Sul[editar | editar código-fonte]

Apesar de escapar das denúncias de tráfico em função de não haver tipificação do crime àquela altura, Arlete Hilu foi presa no Rio Grande do Sul em 1984 por contrabando e falsidade ideológica[3], mas pagou fiança e voltou a atuar na mesma atividade, vendendo bebês para o exterior. Para driblar a polícia, ela passou a atuar em cidades no entorno de Curitiba, de menor porte, usando cartórios para obter registros falsos de adoção[3].

Prisão em Israel[editar | editar código-fonte]

Em meados de 1985, Arlete Hilu teve a primeira prisão decretada no Brasil, mas ela tinha saído do país 15 dias antes da decretação, usando um avião fretado que teria saído do Mato Grosso[15][29]. Ela ficaria por um período em Israel e seria presa em Tel Aviv[30] cerca de um ano depois, em 16 de abril de 1986. Ela era acusada de entrar em Israel ilegalmente, com uso de passaporte falso, em nome de Vilma Pereira de Oliveira[29], de ter outros passaportes em seu poder.

Outra das acusações era diretamente relacionada ao tráfico de crianças: ela teria recebido 20 mil dólares por um bebê brasileiro[3]. Naquela ocasião, a imprensa israelense dizia que mais de mil casais locais criavam bebês nascidos no Brasil[31]. O advogado de Arlete em Israel à época de sua prisão no país, Shmuel Peer, disse na ocasião que a hipótese de que algumas das crianças levadas a Israel teriam sido sequestradas no Brasil se justificava porque se tratavam "de favelados, sem nenhuma perspectiva de vida e que corriam risco de morrerem [sic] de fome"[29].

O uso do documento falso lhe renderia mais tarde a acusação, no Brasil, de falsidade ideológica. Arlete alegou ser advogada para tentar se livrar da prisão[30] em Israel. Na sequência da prisão, ficou detida por 14 dias no país por determinação do Tribunal de Justiça local. Na ocasião, conforme reportado pela imprensa à época,[30] a polícia israelense suspeitava de que ela fosse "a líder de um 'negócio' de transferência ilícita para Israel de bebês brasileiros para serem adotados por casais daquele país, que os adquiriram pagando vultosas quantias em dólares".[30]

Prisão na fronteira Brasil-Paraguai[editar | editar código-fonte]

Diante da repercussão do caso, Arlete mudou o esquema e passou a viajar levando mulheres brasileiras grávidas, já no fim da gestação, para o Paraguai, onde os filhos delas então nasceriam. Em uma dessas viagens, Arlete foi presa na Tríplice Fronteira[19] em 3 de dezembro de 1986, ao atravessar a Ponte da Amizade com passaportes, certidões de nascimento, documentos de identidade e algumas autorizações de adoção, todos falsos[15]. Também teriam sido encontrados com ela fraldas e roupas infantis[19]. O jornal Hadashot, de Israel, comentou, em nota sobre a prisão da traficante, que ela era "suspeita de ter entregado mais de 1.000 bebês a casais estrangeiros"[19].

Ela ficou presa em Foz do Iguaçu por um período e, em março de 1987, foi transferida para Curitiba[15]. A primeira condenação ocorreria meses depois, em 18 de agosto de 1987, por uso de documento falso, falsidade ideológica e formação de quadrilha. À época, o crime de tráfico de menores ainda não era tipificado.

Condenações[editar | editar código-fonte]

Em 1988, Arlete Hilu foi condenada a uma pena de 2 anos de prisão pela Justiça brasileira pelos crimes de tráfico de crianças, falsidade ideológica e formação de quadrilha, e também por ter retirado clandestinamente crianças do país. Ela ficou presa ao longo de dois anos na Penitenciária Estadual do Paraná. Em 1992, foi presa novamente por continuar comandando o esquema de venda de crianças.

Anos antes, em 1982, Arlete teve prisão preventiva decretada no Paraná, mas conseguiu escapar, aparentemente para o Rio de Janeiro (RJ), levando à revogação da ordem de prisão.[13] Dois anos depois, em 1984, quando outros casos foram denunciados, ela conseguiu fugir novamente, apesar de a casa em que estava ter sido cercada pela polícia.[13]

Os processos envolvendo Arlete e as adoções ilegais correm em segredo de justiça há mais de 20 anos.[32][9]

Envolvidos[editar | editar código-fonte]

Suposto envolvimento de autoridades[editar | editar código-fonte]

O esquema supostamente envolvia propinas a Juizados de Menores, cartórios, policiais federais, juízes, além do envolvimento direto de advogados, profissionais de saúde (como médicos[13] e enfermeiros) em maternidades. A quadrilha cobrava até 25 mil dólares de casais e de famílias estrangeiros pela intermediação. Em entrevista concedida em 2016, Arlete Hilu afirmou que as crianças eram vendidas aos pais adotivos por "1,2 mil, 1,3 mil dólares",[9] mas há controvérsias sobre os reais valores, inclusive com famílias adotivas confirmando terem pago valores muito superiores.

Em entrevista concedida à Record TV em 2016, Arlete Hilu chama o esquema de "máfia" e diz que havia "gente dentro da Polícia Federal que vendia os passaportes em branco"[9]. Os documentos eram necessários para retirar as crianças do país.

Segundo relato[24] de 1986 na imprensa, "organizações internacionais, empenhadas nas campanhas de controle de natalidade, (...) estão envolvidas diretamente com o tráfico de crianças". A reportagem ainda informa que existiam à época, em São Paulo (SP), "agências montadas com a finalidade de encaminhar para o exterior bebês brasileiros".

Outros envolvidos[editar | editar código-fonte]

Carlos Cesário Pereira[editar | editar código-fonte]

A quadrilha de Arlete Hilu envolvia a atuação de outras pessoas, com diferentes papéis dentro do esquema. Carlos Cesário Pereira, conhecido como "Anjo", foi apontado pela Polícia Federal em 1987 como integrante do grupo responsável pelo tráfico de crianças. Em 2012, ele disse[33] "manter uma relação de amizade com muitos deles [das crianças adotadas] que hoje vivem no exterior".

Valdemar Reinert[editar | editar código-fonte]

O esquema exigia a emissão de passaportes para que os bebês e crianças pudessem ser levados para fora do país. Segundo Arlete, o responsável por conseguir os passaportes junto à Polícia Federal era Valdemar Reinert. "Dentro da Polícia [Federal] existem umas caixas cheias de passaportes que eram para terem sido queimados e não foram", ela diz durante entrevista[9]. Ela afirma não saber se quem pegava de lá os passaportes era Reinert, mas que ele tinha "conhecimento" de quem o fazia. Os documentos usados pela quadrilha eram obtidos, segundo o relato da mulher, em branco, sem uso. Reinert e Arlete foram presos juntos pelo Artigo 242[34] do Código Penal, que prevê pena de 2 a 6 anos de prisão por "(...) registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil".

Alceu Martins Ricci e José Miguel Calabresi[editar | editar código-fonte]

Em reportagem da Record TV[9] de 2016, os nomes do juiz Alceu Martins Ricci e do escrivão José Miguel Calabresi, ambos já falecidos, aparecem como envolvidos, indicados pela própria Arlete Hilu em depoimento anterior à Justiça. Ambos, segundo o depoimento, fariam parte do esquema. "O juiz sabia [do esquema], é claro que sabia", diz Arlete na entrevista à Record TV. Ela também sugere que o magistrado conhecia o esquema em detalhes. Segundo ela, o juiz também recebia uma parte do dinheiro. "Uma pequena parte, mas recebia", diz. Mesmo indicados no depoimento, Ricci e Calabresi não foram condenados à época.

Zacarias de Morais Victor Filho[editar | editar código-fonte]

Irmão de Arlete Hilu, o nome de Zacarias aparece em reportagem de 1986 como parte da quadrilha, responsável, ao lado de Valdemar Reinert e Jurandir Giorno, de levar até Arlete as crianças, de carro.[3]

Magda Reinert e Rosi Reinert Paiva[editar | editar código-fonte]

As duas mulheres, sobre quem não há muitas informações disponíveis além do fato de que são irmãas, também integravam a quadrilha. Elas foram presas juntas em outubro de 1986.[3]

Terezinha Cardoso dos Santos Cavaleski[editar | editar código-fonte]

Era na casa de Terezinha, em Curitiba, que os bebês sequestrados ou "prontos" para serem levados ao exterior eram mantidos antes de serem vendidos[35]. Em outubro de 1985, a polícia resgatou três bebês, com cerca de 15 dias de vida, na casa de Terezinha[35]. Eles seriam levados para o Rio de Janeiro, de onde partiriam para o exterior. Terezinha era acusada de envolvimento na morte de uma criança, depois de comparecer ao IML da cidade com uma criança no colo morta[35].

Marisa Vieira e Rodolfo Garcia[editar | editar código-fonte]

O casal Marisa Vieira e Rodolfo Garcia[36] foi responsável pelo sequestro da menina Bruna Vasconcelos, então com apenas 4 meses de vida, de sua casa em Curitiba, em outubro de 1986. Contratada pela mãe da menina como babá[37], Marisa na realidade integrava a quadrilha de Arlete Hilu e levou o bebê até ela para que fosse posteriormente adotada pela família Turgeman, de Israel. Rodolfo foi o responsável por entregar a bebê à quadrilha. Dois dias depois do sequestro, a falsa babá foi presa e condenada a 2 anos e 11 meses de prisão[36], mas àquela altura a bebê já havia sido levada para Israel.

Na imprensa[editar | editar código-fonte]

Cobertura[editar | editar código-fonte]

O esquema de Arlete Hilu foi acompanhado extensivamente pela imprensa brasileira, com destaque para o jornal paranaense Correio de Notícias, já descontinuado. Entre o fim da década de 1980 e o início da década seguinte, houve também destaque dos casos na imprensa internacional[38][39][40].

Alguns casos pontuais têm sido cobertos de forma esporádica mais recentemente por veículos como Jornal Hoje[41], g1[42][43], UOL Notícias[44], Metrópoles[45], BBC News Brasil[46], Record TV[47], Estadão[16], Diário Catarinense[48], O Município Blumenau[49], Folha de Londrina[50], Oeste em Foco[51], Jornal Opção[52], OCP News[53], RJ4 News[54], entre outros. Embora a maioria citada seja sobre casos diretamente relacionados a Arlete Hilu, alguns tratam de temas relacionados, como a venda de crianças. Em 2023, o episódio 22 do podcast Rádio Novelo Apresenta abordou o tema[15][55].

O tema também tem sido abordado em sites de órgãos como o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)[56][57] e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC)[58] e é tópico de textos opinativos como este[59], do portal Jusbrasil.

Investigação jornalística[editar | editar código-fonte]

Casos envolvendo Arlete Hilu e de outras histórias de adoção ilegal de crianças brasileiras por famílias estrangeiras têm sido pesquisados pelo jornalista investigativo brasileiro Gabriel Toueg ao menos desde 2012. O jornalista já publicou histórias[16] na imprensa a respeito do tema e prepara um livro[60] sobre o assunto.

O esquema de Arlete Hilu veio inicialmente à tona após reportagens assinadas a partir de 1983 pela jornalista curitibana Elza Oliveira, que escrevia na década de 1980 para o jornal O Globo. Ela conseguiu dar repercussão local ao caso ao enviar, para o jornal Estado do Paraná, veículo da imprensa curitibana, um texto já publicado no jornal carioca, assinando como Elza Aparecida. "Eu entreguei o meu texto (...) e o jornal Estado do Paraná publicou. No Globo eu assinava Elza Oliveira, no Estado do Paraná eu assinei Elza Aparecida - do ponto de vista ético talvez não tenha sido uma coisa absolutamente correta", contou. "Pelo menos eu consegui garantir uma repercussão maior aqui, local".

A partir da publicação na imprensa local, a história começou a ganhar contornos locais e teve repercussão mais ampla, inclusive internacional. A jornalista narrou a história para o podcast Rádio Novelo Apresenta, episódio 20, "Importação e exportação"[15].

Assim como ela, o jornalista Rogério Galindo, do Jornal Plural, também de Curitiba, tem se debruçado na pesquisa sobre Arlete Hilu nos últimos anos. Galindo foi aluno de Elza Oliveira e a entrevistou para o podcast Rádio Novelo Apresenta[15], em que a profissional contou como se envolveu na cobertura do assunto. Outros jornalistas também se dedicaram ao longo do tempo a investigar o assunto, como a brasileira Mônica Foltran, que fez uma série de reportagens especiais para o jornal Diário Catarinense, e a israelense Nili Tal, autora de documentários sobre o assunto.

Cultura popular[editar | editar código-fonte]

Novela[editar | editar código-fonte]

O drama das crianças ficou amplamente conhecido no Brasil durante a exibição da novela Salve Jorge, da TV Globo, de autoria de Gloria Perez. O folhetim, que esteve no ar em horário nobre entre 2012 e 2013, não apenas abordou o assunto como o fez mesclando a história fictícia da personagem Aisha (interpretada pela atriz Dani Moreno) com depoimentos reais de crianças que hoje vivem em outros países e seguem buscando suas famílias biológicas. Na novela, Aisha[61] é nascida no Brasil e filha adotiva do casal turco Berna (Zezé Polessa) e Mustafa (Antonio Calloni). Ela faz faculdade, tem uma boa relação com os pais adotivos, mas - assim como nos casos reais, está obcecada pela ideia de conhecer suas origens brasileiras.

Entre os casos reais que a novela levou ao conhecimento do público estão as histórias de Ron Yehezkel, nascido em Pelotas (RS) em 1986, que diz, em seu depoimento veiculado no folhetim, sentir-se um pouco brasileiro; ou a de uma garota que mora em Israel mas foi entregue aos pais adotivos por intermediários na Alemanha; ou de Inbal Adiv Gabriel, que nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 1986 e "quer entender a razão de ter sido entregue pela mãe biológica"; ou a de Fabiana Soares, nascida em Fortaleza (CE) em 1985 e levada para Israel com apenas 15 dias de vida. ou a de Lior Vilk, traficado em 1985, que procura a família biológica há anos e conta que seus documentos foram todos falsificados. Outra israelense, Chen Levy[17], também deu depoimento à novela. Os depoimentos foram veiculados durante o desenrolar da trama e não estão mais disponíveis online.

Ao longo da exibição do folhetim, a TV Globo chegou a criar um canal telefônico e um site na internet para dar orientações e ajudar a esclarecer dúvidas sobre tráfico e exploração de pessoas, exploração sexual, exploração de crianças e adolescentes e trabalho escravo, além de orientar sobre onde buscar ajuda no Brasil e no exterior[62].

Série 'Adotados'[editar | editar código-fonte]

As adoções ilegais de crianças e bebês por meio do esquema de Arlete Hilu foram retratadas na série documental brasileira "Adotados"[11], que revela alguns casos de busca dos jovens por famílias biológicas e das mães biológicas por filhos desaparecidos, algumas inclusive com desfecho esperado por ambos os lados. A série acompanha a saga de alguns dos milhares de casos em que o esquema estaria envolvido. Originalmente distribuída pelo canal a cabo Discovery Channel, no programa Investigação Discovery, o documentário em 7 episódios pode ser também assistido mediante assinatura no serviço on demand Amazon Prime Video.

Série 'Avudim'[editar | editar código-fonte]

Em março de 2017, uma ampla investigação sobre Arlete Hilu e sobre os adotados em Israel foi tema de um programa da série israelense Avudim ("perdidos", em tradução do hebraico). Jovens que foram adotados na primeira infância e levados para Israel são entrevistados no programa - e apenas um deles consegue, graças à atração, localizar a família biológica. Todos os outros ficaram sem informações. As histórias foram contadas nos episódios 1 (exibido em 15 de março de 2017)[63] e 2 (em 22 de março de 2017)[64] da 9ª temporada. O programa, apresentado pela repórter investigativa Tsufit Grant, se dedica a ajudar pessoas sem condições financeiras na busca por parentes perdidos[65].

Filme de 1984[editar | editar código-fonte]

A comédia dramática A Filha dos Trapalhões, de 1984, toca no assunto do tráfico de crianças, que estava em voga à época dos casos envolvendo Arlete Hilu. O enredo gira em torno de Júlia, uma trapezista que, sem conseguir emprego, se vê obrigada a vender a filha para uma quadrilha que comercializa crianças fora do Brasil. O roteiro é baseado no filme O Garoto, de Charlie Chaplin.

Referências

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