Arqueologia comunitária

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Arqueólogos exploraram um extinto cemitério no terreno da Cúria Metropolitana. Porto Alegre, RS, em 2012.

A arqueologia comunitária é uma das vertentes da arqueologia que busca envolver comunidades nas pesquisas arqueológicas e nas iniciativas de representação de seu patrimônio cultural.[1] O campo possui muitas afinidades com a arqueologia pública. Há um debate sobre se os termos são intercambiáveis ou se a arqueologia comunitária não seria uma forma de arqueologia pública. Porém, também foi sugerido que a arqueologia pública se distancia da arqueologia comunitária ao focar na produção e no consumo de "mercadorias" arqueológicas.[2][3] O design, os objetivos, as comunidades envolvidas e os métodos em projetos de arqueologia comunitária possuem muita variação, mas há dois aspectos gerais presentes em todos os projetos de arqueologia comunitária. Em primeiro lugar, a arqueologia comunitária envolve as comunidades "no planejamento e na execução de projetos de pesquisa que lhe são de interesse direto".[4] Em segundo lugar, os arqueólogos comunitários geralmente acreditam que possuem uma visão altruísta sobre o outro dando voz às comunidades. Muitos estudiosos no assunto argumentaram que não existe um método pré-definido de colaboração da comunidade na investigação arqueológica.[5] Embora não seja encontrado em todos os projetos, há uma série de propósitos e objetivos recorrentes na arqueologia comunitária. Similaridades também são encontradas em diferentes países e regiões - devido a semelhanças em comunidades arqueológicas, leis, instituições e tipos de comunidades.[3]

Comunidades[editar | editar código-fonte]

Definições[editar | editar código-fonte]

Em um sentido estrito, comunidades são agregados de pessoas que raramente possuem a mesma cultura e nunca têm a mesma opinião.[6] Dentro da arqueologia comunitária é possível dividir as comunidades em três tipos diferentes, mas intercambiáveis: as comunidades locais, as comunidades de descendência local e as comunidades de descendência não local ou diaspórica.[7]

Comunidades locais e comunidades de descendência não local[editar | editar código-fonte]

Comunidades de descendência são aquelas que estão ancestralmente ligadas a um local. Comunidades de descendência local são aquelas em que os descendentes vivem nas proximidades de um mesmo local. As comunidades de descendência diaspórica “são grupos que estão ligados a um local, mas que vivem em outro local, potencialmente a centenas ou mesmo milhares de quilômetros de distância”.[8] Colaborações arqueológicas com comunidades de descendência local incluem aquelas realizadas em sítios proto-históricos e que colaboram com indígenas ancestralmente ligados a eles, assim como em escavações de plantations na qual colaboram descendentes locais de escravizados que trabalharam nela.[9]

Comunidades locais de não descendência[editar | editar código-fonte]

As comunidades locais são simplesmente comunidades que vivem "dentro ou perto de um local"[10] e as comunidades locais de não descendência são aquelas que não acreditam ter uma relação ancestral com o local. Esta categoria inclui proprietários de terras, voluntários, empresas e stakeholders locais. Alguns pesquisadores acreditam que muitas das principais questões da arqueologia comunitária são aplicáveis a comunidades locais de não descendência e que essas colaborações são cruciais para os arqueólogos que buscam compreender o contexto social local de seu trabalho.[11]

Questões fundamentais[editar | editar código-fonte]

Decolonização[editar | editar código-fonte]

A arqueologia é uma prática cuja história está enraizada no colonialismo. Muitos arqueólogos e comunidades afirmam, inclusive, que a arqueologia nunca escapou de seu passado colonial.[12] Um dos principais objetivos dos arqueólogos comunitários e dos projetos de arqueologia comunitária é decolonizar a arqueologia.[13] Ao decolonizar a arqueologia, os arqueólogos estão tentando dar às comunidades mais controle sobre cada estágio do processo arqueológico. Por exemplo, alguns programas começaram a reunir líderes indígenas globalmente para discutir métodos compartilhados de decolonização por meio da colaboração arqueológica.[14] A arqueologia comunitária, o compartilhamento de conhecimento arqueológico, dentre outros tópicos, foram vistos como partes cruciais da decolonização.[15] Publicar pesquisas arqueológicas em licenças de acesso aberto para facilitar o uso desse material é outro aspecto da decolonização.[16]

Autorreflexão[editar | editar código-fonte]

A arqueologia comunitária pode amenizar ou prevenir formas de violência contra comunidades causadas pelas práticas tradicionais da arqueologia. A autorreflexão é pensada como uma espécie de olhar para um espelho metafórico e inclui tentativas de tornar explicitamente visível a violência - como a colonização - da qual a arqueologia fez parte implicitamente.[17] Os arqueólogos podem lançar mão da autorreflexão nos primeiros contatos com as comunidades como forma de quebrar a dinâmica de poder desequilibrada entre comunidades não acadêmicas e arqueólogos.[18] A autorreflexão entre arqueólogos - como discussão com membros da comunidade, redação de diários de campo e trabalhos profissionais sobre autorreflexão - também pode ser um meio de identificar aspectos antiéticos e violentos de projetos arqueológicos.[19]

Contato com o público[editar | editar código-fonte]

O contato com o público, em arqueologia, é uma forma de apresentar descobertas arqueológicas a não arqueólogos e é geralmente um aspecto crucial da maioria dos projetos de arqueologia comunitária.[20] Esse contato pode assumir várias formas, desde uma única palestra para uma escola local até acordos de longo prazo com as comunidades para o desenvolvimento de programas de cooperação elaborados.[21][22] Muitos pesquisadores acham que a arqueologia e as descobertas arqueológicas são excessivamente distorcidas pela mídia e por associações ocidentais, e que o contato direto com o público é a melhor maneira de informar não arqueólogos sobre o que os arqueólogos realmente fazem e encontram em seu trabalho.[23] A participação do público pode também significar um envolvimento da comunidade local em todo o processo que envolve a pesquisa arqueológica. Isso permite que as comunidades sejam agentes ativos junto aos arqueólogos tanto nas prospecções dos sítios quanto nas escavações.[1]

Abordagens[editar | editar código-fonte]

Interpretação pela comunidade[editar | editar código-fonte]

A interpretação de descobertas arqueológicas pela comunidade é um aspecto quintessencial da arqueologia comunitária. De forma ampla, ela também é vista como um aspecto importante da "arqueologia decolonizadora", pois empodera os não arqueólogos para interpretar o passado.[24] Vários arqueólogos comunitários criaram projetos que dão à comunidade um papel importante na interpretação e disseminação de informações arqueológicas.[25] A participação da comunidade acontece na interpretação das descobertas, assim como em qualquer aspecto do projeto, como sua teoria[26] e seus objetivos.[27] O envolvimento da comunidade mina o controle exclusivo que os arqueólogos tiveram sobre o passado material e dá aos não arqueólogos a chance de interpretar o passado.[28] Muitos arqueólogos argumentam que a incorporação do conhecimento local é importante para a sobrevivência da arqueologia como disciplina acadêmica.[29] O grau de controle interpretativo que as comunidades têm em projetos arqueológicos varia desde o uso por arqueólogos de interpretações obtidas em entrevistas e consultas à comunidade[30] até publicações acadêmicas escritas por membros da comunidade baseadas em questões suscitadas por eles ao longo do projeto.[31]

Compromisso de longo prazo[editar | editar código-fonte]

Etnógrafos e especialistas em desenvolvimento socioeconômico mostraram[32] que uma relação de longo prazo é necessária para desenvolver entrosamento e respeito mútuo com a comunidade local. Eles também argumentam que, para a colaboração ser bem-sucedida, os arqueólogos devem assumir um compromisso de longo prazo com a comunidade[33] a fim de compreender a dinâmica do contexto social de suas pesquisas. Sem essa profundidade de conhecimento, os arqueólogos correm o risco de tomar decisões com consequências indesejadas.[34] Por exemplo, as colaborações e repatriações têm sido mais bem-sucedidas onde arqueólogos e povos originários se encontram regularmente e desenvolvem amizade e respeito mútuo.[35] Nina Versaggi apontou em suas pesquisas que "permitir que o processo demore é o que importa".[36] Levando esse dado em consideração, muitos arqueólogos comunitários buscam planejar conduzir colaborações duradouras desde o início do projeto.[37]

Etnografia e conhecimento da comunidade[editar | editar código-fonte]

Como método para conhecer a comunidade, os arqueólogos têm defendido o uso da etnografia em projetos de arqueologia comunitária.[38] Embora a maioria dos estudiosos ache que não é necessário que todos os arqueólogos se tornem etnógrafos de formação, é desejável um certo grau de conhecimento etnográfico antes de iniciar um projeto.[39] Alguns projetos de arqueologia comunitária contam com dados etnográficos coletados por membros da equipe de pesquisa.[40]

Museus e instituições[editar | editar código-fonte]

Membros da etnia Mashantucket Pequot no Mashantucket Pequot Museum and Research Center, 1997.

A construção de museus ou outras instituições que possam atuar como centros educacionais, repositórios de materiais arqueológicos e centros de colaboração científica e sociocultural com a comunidade em questão é um objetivo comum de longo prazo para muitos projetos de arqueologia comunitária. Esse objetivo vem sendo cada mais alcançado.[41] Os museus se tornaram centros de divulgação e colaboração tanto para as comunidades locais quanto para as comunidades não locais.[42] Um exemplo bem conhecido de um museu criado por uma colaboração entre ameríndios e arqueólogos é o Mashantucket Pequot Museum and Research Center, que é "o maior museu de propriedade de indígenas americanos nos Estados Unidos".[43] Ele tem vários laboratórios e coleções para fins de pesquisa científica e uma equipe que inclui cinco arqueólogos contratados no regime de tempo integral.[44]

Publicações voltadas para a comunidade[editar | editar código-fonte]

Outro método usado na arqueologia comunitária para o compartilhamento e a distribuição de conhecimento arqueológico é a publicação ou apresentação de materiais especificamente para a comunidade. Isso inclui livros, panfletos, histórias infantis,[45] livros de exercícios orientados para escolas,[46] histórias em quadrinhos,[47] sites,[48] palestras abertas, programas de rádio, de televisão e de notícias, encenações dramáticas, criações artísticas e literárias, publicações de acesso aberto[16] e demais formas.

Pesquisa participativa[editar | editar código-fonte]

A pesquisa participativa é outro método que os arqueólogos têm usado em projetos de arqueologia comunitária.[49]

Críticas[editar | editar código-fonte]

Quem fala pela comunidade?[editar | editar código-fonte]

Na arqueologia comunitária, por definição, as decisões não podem ser tomadas com base nas informações fornecidas por apenas um conjunto limitado de membros de uma determinada comunidade. Embora o número de consultores necessários varie, é raro que um pequeno subgrupo possa falar pela comunidade como um todo.[50] Às vezes, é mais claro quem deve ser contatado em uma comunidade, mas nem sempre é assim. Por exemplo, os arqueólogos nos Estados Unidos devem entrar em contato com o Tribal Historic Preservation Officer (THPO) antes de tentar estabelecer colaboração com etnias reconhecidas federalmente.[51][50]

Abordagem top-down[editar | editar código-fonte]

A abordagem top-down é aquela que os arqueólogos decidem quais serão os objetivos do projeto ou quais benefícios poderão trazer à comunidade antes de consultá-la. Esse método não é considerado apropriado para a arqueologia comunitária, pois a abordagem top-down cria uma troca unilateral de informações dos arqueólogos para a comunidade e impede a colaboração real. Cara Lee Blume argumentou que a "relação arqueólogo-informante [é] essencialmente exploradora e paternalista porque ocorre nos termos do arqueólogo - o informante deve abordar questões que os arqueólogos entendam - e exclui a participação de [membros da comunidade] que são incapazes ou não querem participar nesses termos".[52] Para ter sucesso na arqueologia comunitária, os arqueólogos começaram a empreender colaborações mais reflexivas com as comunidades indígenas.[53]

Cumprindo com compromissos de longo prazo[editar | editar código-fonte]

Alguns arqueólogos comunitários têm dificuldade em cumprir seus compromissos originais com a comunidade.[54]

Consulta e colaboração[editar | editar código-fonte]

Alguns estudiosos argumentam que a consulta feita pelos arqueólogos às comunidades não elimina o controle deles sobre o processo de interpretação e que essa consulta pode ser considerada uma abordagem top-down para a colaboração.[55] Além disso, alguns sentidos da palavra colaboração aludem a uma relação de oposição ou beligerante entre partes que cooperam entre si durante tempos de tensão ou de guerra. Nessa linha argumentativa, Robert L. Dean propôs que a palavra cooperação seja usada ao invés de colaboração.[56]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Ferreira 2008.
  2. Os termos aparecem como intercambiáveis em McDavid, 2002: 304 e Marshall, 2002: 214
  3. a b Moshenska (2009)
  4. Trigger (2007:260)
  5. Kerber (2006a)
  6. Marshall (2002:215)
  7. Marshall (2002:216); Singleton and Orser (2003:144)
  8. Singleton and Orser (2003:144)
  9. Hollowell (2006); Hollowell-Zimmer (2003); Singleton (2003); Shackel (2007); McDavid (2003); McDavid (2002)
  10. Marshall (2002:216)
  11. Atalay (2007)
  12. Ver Pyburn, 2003; Pyburn, 2004; Atalay, 2006; Trigger 2007; Pyburn, 2008b
  13. Atalay, 2006; Pyburn, 2008a; Pyburn, 2004; Spector, 1993
  14. Ver Atalay, 2006; Atalay, 2007; Pyburn, 2008b
  15. Atalay, 2006; Pyburn, 2008a; Pyburn, 2004
  16. a b Marwick, Ben (29 de outubro de 2020). «Open Access to Publications to Expand Participation in Archaeology». Norwegian Archaeological Review: 1–7. doi:10.1080/00293652.2020.1837233 
  17. Spector, 1993
  18. Moser et al., 2002: 234
  19. Edgeworth, 2006
  20. Specter, 1993; Herscher; McManamon, 1995; Jameson, 2003; Lynott, 2003; Wille, 2008
  21. Marwick, Ben; Pham, Thanh Son; Ko, May Su (15 de dezembro de 2020). «Over-research and ethics dumping in international archaeology». SPAFA Journal. 4. doi:10.26721/spafajournal.v4i0.625 
  22. Atalay (2007)
  23. Pyburn, 2008a
  24. Atalay, 2006
  25. Marshall (2002)
  26. Atalay, 2006
  27. Clarke, 2002; Moser et al., 2002; Kuhns 2008; Watson; Waterman, 2008
  28. Spector (1993)
  29. Miller (1980); Watkins (2003)
  30. Sanger et al. (2006:325)
  31. Ver Wiynjorroc et al., 2005 e Dean; Perrelli, 2006
  32. Pyburn (2007:177)
  33. Pyburn (2003)
  34. Pyburn (2007)
  35. Versaggi (2006:30); Dean and Perrelli (2006:142-143)
  36. Versaggi (2006:30)
  37. Knecht (2003) Moser et al. (2002)
  38. Pyburn (2007)
  39. Pyburn (2007:177)
  40. Bartu as cited Atalay (2007:257)
  41. Moser (2002); Knecht (2003); Smith (2003); Jones and McBride (2006)
  42. Wille (2008)
  43. Jones and McBride (2006:275)
  44. Jones and McBride (2006)
  45. Jones and McBride (2006)
  46. Moser et al. (2002:238-239)
  47. Atalay (2007:260-261)
  48. McDavid (2002, 2003)
  49. Strand et al. (2003); Hemment (2007); Pyburn (2007); Kuhns (2008)
  50. a b Rodriguez (2008); ver também Pyburn (2007); Wobst (1978)
  51. Dean and Perrelli (2006:142)
  52. Blume (2006:197)
  53. Atalay (2006); Pyburn (2007); Pyburn (2008)
  54. Marshall (2002:218); Singleton (2003); Rodriguez (2006)
  55. Atalay (2006); Clarke (2002); Versaggi (2006);Watkins (2003); Blume (2006:210)
  56. Dean and Perrelli (2006:145); ver também Brown and Robinson (2006:62); Blume (2006:210)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Atalay, S. (2006). Indigenous Archaeology as Decolonizing Practice. The American Indian Quarterly, 30(3 & 4), 280-310
  • Atalay, S. (2007). Global Application of Indigenous Archaeology: Community Based Participatory Research in Turkey. Archaeologies: Journal of the World Archaeological Congress, 3(3).
  • Blume, C. L. (2006). Working Together Developing Partnerships with American Indians in New Jersey and Delaware. In J. E. Kerber (Ed.), Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States (pp. 197–212). Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Breglia, L. C. (2007). Engaging Local Communities in Archaeology: Observations from a Maya Site in Yucatán, México. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 89–99). New York: Springer.
  • Castañeda, Q. E., & Mathews, C. N. (2008). Ethnography and the Social Construction of Archaeology. In Q. E. Castañeda & C. N. Mathews (Eds.), Ethnographic Archaeologies (pp. 1–23). Lanham, Maryland: AltaMira Press.
  • Colley, S. (2002). Uncovering Australia: Archaeology, Indigenous people and the public. Washington, D.C.: Smithsonian Institution Press.
  • De Cunzo, L. A., & Jameson, J., John H. (2007). Unlocking the Past: A Society for Historical Archaeology Public Awareness and Education Project. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 427–441). New York: Springer.
  • Dean, R. L., & Perrelli, D. J. (2006). Highway Archaeology in Western New York: Archaeologists' Views of Cooperation between State and Tribal Review Agencies. In J. E. Kerber (Ed.), Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States (pp. 131–149). Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Derry, L. (2003). Concluding Remarks. In L. Derry & M. Malloy (Eds.), Archaeologists and Local Communities (pp. 185–188). Washington, D.C.: Society for American Archaeology.
  • Doroszenko, D. (2007). Adventures in Archaeology at the Ontario Heritage Trust. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 265–279). New York: Springer.
  • Edgeworth, M. (2006). Multiple Origins, Development, and Potential of Ethnographies of Archaeology. In M. Edgeworth (Ed.), Ethnographies of Archaeological Practice (pp. 1–19). Walnut Creek, California: AltaMira Press.
  • Fagen, B., & Rose, M. (2003). Ethics and the Media. In L. J. Zimmerman, K. D. Vitelli & J. Hollowell-Zimmer (Eds.), Ethical issues in Archaeology (pp. 163–176). Walnut Creek, California: AltaMira Press.
  • Farley, M. (2003). Participating in the Past: the results of an investigation by a Council for British Archaeology Working Party, from www.britarch.ac.uk/participation/report.html
  • Faulkner, N. (2000). Archaeology from below. Public Archaeology, 1(1), 21–33.
  • Faulkner, N. (2001/2002). The Sedgeford project, Norfolk: an experiment in popular participation and dialectical method. Archaeology International Issue, 5, 16-20.
  • Ferreira, Lúcio Meneses (2008). «Sob o fogo cruzado: arqueologia comunitária e patrimônio cultural». Revista de arqueologia pública. 3 (1): 81-92. doi:10.20396/rap.v3i1.8635804. Consultado em 18 de abril de 2021 
  • Fredericksen, C. (2002). Caring for history: Tiwi and archaeological narratives of Fort Dundas/Punata, Melville Island, Australia. World Archaeology, 34(2), 288–302.
  • Fry, B. (2007). Reaching Out to the Bureaucracy and Beyond: Archaeology at Louisbourg and Parks Canada. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 19–33). New York: Springer.
  • Funari, P. P. A., de Oliveira, N. V., & Tamanini, E. (2007). Archaeology to the Lay Public in Brazil: Three Experiences. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 217–228). New York: Springer.
  • Harrison, R., & Williamson, C. (2002). After Captain Cook: The Archaeology of the Recent Indigenous Past in Australia. Walnut Creek, CA: AltaMira Press.
  • Hansen, D., & Fowler, J. (2007). Protect and Present—Parks Canada and Public Archaeology in Atlantic Canada. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 321–338). New York: Springer.
  • Hemment, J. (2007). Public Anthropology and the Paradoxes of Participation: Participatory Action Research and Critical Ethnography in Provincial Russia. Human Organization, 66(2), 301-314.
  • Herscher, E., & McManamon, F. P. (1995). Public Education and Outreach: The Obligation to Educate. In M. J. Lynott & A. Wylie (Eds.), Ethics in American Archaeology: Challenges for the 1990s (pp. 42–44). Washington, D.C.: Society for American Archaeology.
  • Hollowell, J. (2006). Moral arguments on subsistence digging. In C. Scarre & G. Scarre (Eds.), The Ethics of Archaeology: Philosophical Perspectives on Archaeological Practice (pp. 69–93). Cambridge United Kingdom: Cambridge University Press.
  • Hollowell-Zimmer, J. (2003). Digging in the Dirt—Ethics and "Low-End Looting". In L. J. Zimmerman, K. D. Vitelli & J. Hollowell-Zimmer (Eds.), Ethical issues in Archaeology (pp. 45–56). Walnut Creek, California: AltaMira Press.
  • Jameson Jr., J. H. (2003). Purveyors of the Past: Education and outreach as Ethical Imperatives in Archaeology. In L. J. Zimmerman, K. Vitelli & J. Hollowell-Zimmer (Eds.), Ethical Issues in Archaeology (pp. 153–162). Walnut Creek, CA: AltaMira.
  • Jeppson, P. L., & Brauer, G. (2007). Archaeology for Education Needs: An Archaeologist and an Educator Discuss Archaeology in the Baltimore County Public Schools. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 231–248). New York: Springer.
  • Jones, B. D., & McBride, K. A. (2006). Indigenous Archaeology in Southern New England Case Studies from the Mashantucket Pequot Reservation. In J. E. Kerber (Ed.), Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States (pp. 265–280). Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Kerber, J. E. (2006a). Introduction. In J. E. Kerber (Ed.), Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States (pp. ixx-xxxi). Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Kerber, J. E. (2006b). Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States. Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Knecht, R. (2003). Tapping into a Sense of Wonder: Community Archaeology and Museum Building in the Aleutian Islands. In L. Derry & M. Malloy (Eds.), Archaeologists and Local Communities (pp. 97–109). Washington, D.C.: Society for American Archaeology.
  • Kuhns, E. (2008). A participatory action research approach to collaborative archaeology, World Archaeological Congress. Dublin, Ireland.
  • Labelle, J. M. (2003). Coffee Cans and Folsom Points: Why We Cannot Continue to Ignore the Artifact Collectors. In L. J. Zimmerman, K. Vitelli & J. Hollowell-Zimmer (Eds.), Ethical Issues in Archaeology (pp. 115–127). Walnut Creek, CA: AltaMira.
  • Liddle, P. (1985). Community archaeology: a fieldworker's handbook of organisation and techniques. Publication 61, Leicester: Leicestershire Museums.
  • Lynott, M. J. (2003). The Development of Ethics in Archaeology. In L. J. Zimmerman, K. D. Vitelli & J. Hollowell-Zimmer (Eds.), Ethical issues in Archaeology (pp. 17–27). Walnut Creek, California: AltaMira Press.
  • Marshall, Y. (2002). What is community archaeology? World Archaeology, 34(2), 211-219.
  • McDavid, C. (2002). Archaeologies that hurt; descendants that matter: a pragmatic approach to collaboration in the public interpretation of African-American archaeology. World Archaeology, 34(2), 303-314.
  • McGuire, R. H. (2008). Archaeology as Political Action. Berkeley, California/Los Angeles/London: University of California Press.
  • Merriman, N. (2004). Public Archaeology. London: Routledge.
  • Miller, D. (1980). Archaeology and Development. Current Anthropology, 21(6), 709-714.
  • Moser, S., Glazier, D., Phillips, J. E., Nemr, L. N. e., Mousa, M. S., Aiesh, R. N., et al. (2002). Transforming archaeology through practice: strategies for collaborative archaeology and the Community Archaeology Project at Quseir, Egypt. World Archaeology, 34(2), 220 - 248.
  • Moshenska, G. 2009. What is Public Archaeology? Present Pasts 1, DOI: https://dx.doi.org/10.5334/pp.7.
  • Najjar, J., & Najjar, R. (2007). Reflections on the Relationship between Education and Archaeology: An Analysis of IPHAN's Role as Collective Educator. Archaeologies: Journal of the World Archaeological Congress, 3(2), 169-178.
  • Nicholas, G. P., & Hollowell, J. H. (2007). Ethical challenges to a postcolonial archaeology. In Y. Hamilakas & P. Duke (Eds.), Archaeology and Capitalism: From Ethics to Politics (pp. 59–82). Walnut Creek, California: Left Coast Press.
  • Pope, P. E., & Mills, S. F. (2007). Outport Archaeology: Community Archaeology in Newfoundland. In J. H. Jameson Jr. & S. Baugher (Eds.), Past Meets Present: Archaeologists Partnering with Museum Curators, Teachers, and Community Groups (pp. 169–186). New York: Springer.
  • Pyburn, A. (2003). Archaeology for a New Millennium: The Rules of Engagement. In L. Derry & M. Malloy (Eds.), Archaeologists and Local Communities (pp. 167–184). Washington, D.C.: Society for American Archaeology.
  • Pyburn, A. K. (2004). Rethinking complex society. In A. K. Pyburn (Ed.), Ungendering Civilization (pp. 1–46). New York, NY: Routledge.
  • Pyburn, A. (2007). Archeology as Activism. In H. Silverman & D. F. Ruggles (Eds.), Cultural Heritage and Human Rights (pp. 172–183). New York: Springer.
  • Pyburn, A. K. (2008a). Public Archaeology, Indiana Jones, and Honesty. Archaeologies: Journal of the World Archaeological Congress, 4(2), 201-204.
  • Pyburn, A. (2008b). The Pageantry of Archaeology. In Q. E. Castañeda & C. N. Mathews (Eds.), Ethnographic Archaeologies: Reflections on Stakeholders and Archaeological Practices (pp. 139–155). Walnut Creek, California: Altamira Press.
  • Rodriguez, T. (2006). Conjunctures in the Making of an Ancient Maya Archaeological Site. In Ethnographies of Archaeological Practice (pp. 161–172). Walnut Creek, California: Altamira Press.
  • SAA. (2004, January 18, 2007). Principles of Archaeological Ethics. Retrieved October 4, 2008, from https://web.archive.org/web/20081221203338/http://www.saa.org/aboutSAA/committees/ethics/principles.html
  • Sabloff, J. A. (2008). Archaeology Matters. Walnut Creek, CA: Left Coast Press.
  • Sanger, D., Pawling, M. A., & G., S. D. (2006). Passamaquoddy Homeland and Language: The Importance of Place. In J. E. Kerber (Ed.), Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States (pp. 314–328). Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Segobye, A. K. (2005). The Revolution Will be Televised: African Archaeology Education and the Challenge of Public Archaeology - Some Examples from Southern Africa. Archaeologies: Journal of the World Archaeological Congress, 1(2), 33-45.
  • Sen, S. (2002). Community boundary, secularized religion and imagined past in Bangladesh: archaeology and historiography of unequal encounter. World Archaeology, 34(2), 346–362.
  • Paul A. Shackel, P. A. (2007). Civic Engagement and Social Justice: Race on the Illinois Frontier. In Archaeology as a Tool of Civic Engagement. In B. J. Little & Paul. A. Shackel (Eds.), Archaeology as a Tool of Civic Engagement, (pp. 243–262). Lanham, MD: AltaMira Press.
  • Sievert, A. K. (2003). Spiro Painted Maces and Shell Cups: The Scientific Use of Artifacts without Context. In R. J. Jeske & D. K. Charles (Eds.), Theory, Method, and Practice in Modern Archaeology (pp. 182–194). Westport, Connecticut/London: Praeger.
  • Singleton, T. A., & Orser Jr., C. E. (2003). Descendant Communities: Linking People in the Present to the Past. In L. J. Zimmerman, K. D. Vitelli & J. Hollowell-Zimmer (Eds.), Ethical Issues in Archaeology (pp. 143–152). Walnut Creek, California: AltaMira Press.
  • Smith, L., Morgan, A., & van der Meer, A. (2003). Tapping into a Sense of Wonder: Community Archaeology and Museum Building in the Aleutian Islands. In L. Derry & M. Malloy (Eds.), Archaeologists and Local Communities (pp. 147–165). Washington, D.C.: Society for American Archaeology.
  • Smith, C., Watkins, J., Wobst, H. M., & Zimmerman, L. J. (2002). Forward. In R. Harrison & C. Williamson (Eds.), After Captain Cook: The Archaeology of the Recent Indigenous Past in Australia (pp. xiii-xx). Walnut Creek, CA: AltaMira Press.
  • Spector, J. D. (1993). What This Awl Means: Feminist Archaeology at a Wahpeton Dakota Village. St. Paul, Minnesota: Minnesota Historical Society.
  • Strand, K., Marullo, S., Cutforth, N., Stoecker, R., & Donohue, P. (2003). Community-Based Research and Higher Education. San Francisco, CA: Jossey-Bass.
  • Trigger, B. G. (2007). A History of Archaeological Thought (2nd ed.). New York, NY: Cambridge University Press.
  • Versaggi, N. M. (2006). Tradition, Sovereignty, Recognition: NAGPRA Consultations with the Iroquois Confederact of Sovereign Nations of New York. In J. E. Kerber (Ed.), Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States (pp. 18–31). Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Watkins, J. (2003). Archaeological Ethics and American Indians. In L. J. Zimmerman, K. D. Vitelli & J. Hollowell-Zimmer (Eds.), Ethical Issues in Archaeology (pp. 130–141). Walnut Creek, CA: AltaMira.
  • Watkins, J. (2006). Forward. In J. E. Kerber (Ed.), Cross-Cultural Collaboration: Native Peoples and Archaeology in the Northeastern United States (pp. xi-xvi). Lincoln and London, Nebraska: University of Nebraska Press.
  • Watson, S., & Waterton, E. (2008). Community Engagement: Collaboration or Contestation, World Archaeological Congress. Dublin, Ireland.
  • Whittaker, J. C. (1994). Flintknapping: Making and Understanding Stone Tools. Austin, Texas: University of Texas Press.
  • Whittaker, J. C. (2004). American Flintknappers: Stone Age Art in the Age of Computers Austin, Texas: University of Texas Press.
  • Wille, S. J. (2008). Museum Archaeology Education: Can Archaeology Be Socially Relevant In Urban School Settings?, World Archaeological Congress. Dublin, Ireland.
  • Wiynjorroc, P., Manabaru, P., Brown, N., & Warner, A. (2005). We just have to show you: research ethics blekbalawei. In C. Smith & H. M. Wobst (Eds.), Indigenous Archaeologies: Decolonizing Theory (pp. 316–327). London and New York: Routledge.
  • Wobst, H. M. (1978). The Archaeo-Ethnology of Hunter-Gatherers or the Tyranny of the Ethnographic Record in Archaeology. American Antiquity, 43(2), 303-309.
  • Wobst, H. M. (2005). Power to the (indigenouous) past and present! Or: The theory and method behind archaeological theory and method. In C. Smith & H. M. Wobst (Eds.), Indigenous Archaeologies: Decolonizing Theory (pp. 17–32). London and New York: Routledge