Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) é uma associação nacional de entidades que representam os povos indígenas do Brasil.
Origem[editar | editar código-fonte]
A APIB nasceu durante o Acampamento Terra Livre de 2005, num momento em que as lideranças indígenas regionais começavam a se tornar notórias nacionalmente mas se encontravam ainda bastante dispersas e isoladas.[1] Os propósitos declarados na fundação eram:[2]
- fortalecer a união dos povos indígenas, a articulação entre as diferentes regiões e organizações indígenas do país;
- unificar as lutas dos povos indígenas, a pauta de reivindicações, demandas e a política do movimento indígena;
- mobilizar os povos e organizações indígenas do país contra as ameaças e agressões aos direitos indígenas.

O Acampamento Terra Livre é a mobilização nacional, realizada todo ano, a partir de 2004, para tornar visível a situação dos direitos indígenas e reivindicar do Estado Brasileiro o atendimento das suas demandas e reivindicações. A APIB é uma instância de referência nacional do movimento indígena no Brasi. Conquistou credibilidade e representatividade e tem se notabilizado na defesa dos direitos indígenas no país, atuando em inúmeras ações, demandas, protestos e conflitos. Segundo o cientista político Bruno Lima Rocha, a APIB "eleva o status desta luta, pois ao gerar a auto-representação, ultrapassa a condição de tutela e delegação indireta através de entidades como o Conselho Indigenista Missionário e as contradições permanentes na Fundação Nacional do Índio".[3]
Entre outras participações, colaborou nos trabalhos da Cúpula dos Povos, realizada no Rio de Janeiro em 2012 paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável;[4] um de seus membros integra o comitê gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, junto com sete membros de entidades regionais;[5] e levou à ONU denúncias de violações de direitos humanos contra os povos indígenas brasileiros, urgindo que a comunidade internacional se pronunciasse e interferisse junto ao governo para resolver os problemas.[6] Em 2013 participou do início das negociações com a presidência para regularização dos processos de demarcação de terras indígenas, solicitando também a cessação das perseguições e crimes contra os índios, e a revogação de dispositivos legais contrários aos seus interesses, entre outras reivindicações.[7][8]
Membros[editar | editar código-fonte]
Fazem parte da APIB:[9]
- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) que surgiu em 1989, tendo representações nos estados do Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
- Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME).
- Conselho do Povo Terena, constituído em 2012, e se localiza no estado do Mato Grosso do Sul.
- Grande Assembléia do povo Guarani (ATY GUASU).
- Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) organização indígena que congrega coletivos do povo guarani das Regiões Sul e Sudeste do Brasil.
- Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (ARPINSUDESTE)
- Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPIN Sul), organização que desde 2006 articula o movimento indígena da região Sul e buscar unir os povos indígenas Kaingang, Xokleng, Xetá e descendentes de Charrua.
Controvérsias[editar | editar código-fonte]
Em 2017, durante a COP23 em Bonn, na Alemanha, uma de suas então líderes, Sônia Guajajara, relatou que a participação da entidade no evento, foi possível graças ao financiamento de ONGs internacionais como a Fundação Ford, dos EUA, acentuando a hipótese da APIB estar envolvida com interesses de empresários estrangeiros acerca das reservas florestais brasileiras.[10][11][12]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Fulni-ô, Amazonir. "Pesquisa recupera história do movimento indígena no Brasil". UnB Ciência, 05/04/2011.
- ↑ APIB Arquivado em 25 de julho de 2013, no Wayback Machine.. APOINME.
- ↑ Rocha, Bruno Lima. "Conflitos e direitos indígenas no Brasil atual". O Globo, 05/03/2013.
- ↑ Cúpula dos Povos. "Apib: indígenas brasileiros na Rio+20" Arquivado em 8 de maio de 2012, no Wayback Machine.. 03/02/2012
- ↑ Palma, Gabriel. "Governo cria comitê gestor de terras indígenas". Agência Brasil, 23/04/2013.
- ↑ "Governo FMI/Dilma-Lula foi denunciado na ONU pelos Povos Indígenas". Liga Operária, nov.2012.
- ↑ "Dilma recebe índios, mas líder do governo apoia manobra que ameaça direitos sobre suas terras". Instituto Humanitas, Unisinos, 12/07/2013.
- ↑ Secretaria-Geral da Presidência da República. "Dilma recebe lideranças indígenas e estabelece mesa de negociação permanente". 10/07/2013.
- ↑ {https://apiboficial.org/sobre/ Quem somos]. APIB
- ↑ «Guerra Híbrida – Fundação Ford patrocina delegação indígena crítica do Agronegócio Brasileiro na COP 23 – DefesaNet». Consultado em 22 de janeiro de 2023
- ↑ «Bilionários da Fundação Ford financiam grupos extremistas que atacam agronegócio do Brasil». www.noticiasagricolas.com.br. Consultado em 22 de janeiro de 2023
- ↑ Farac, Renato (12 de julho de 2022). «A farsa da decolonização - Renato Farac». Brasil 247. Consultado em 22 de janeiro de 2023