Assassinatos dos diplomatas iranianos no Afeganistão em 1998

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Os assassinatos dos diplomatas iranianos no Afeganistão em 1998 referem-se ao cerco do consulado iraniano em Mazar-i-Sharif, no Afeganistão, durante as batalhas de Mazar-i-Sharif entre o Talibã e a Aliança do Norte. Inicialmente, a morte de oito diplomatas iranianos foi relatada, porém mais tarde dois outros diplomatas e um jornalista também foram confirmados mortos, trazendo o total de mortes para onze.[1] Os assassinatos dos diplomatas são especulados por terem sido cometidos pelo Sipah-e-Sahaba Pakistan.[2][3]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Antes desse incidente, o Irã apoiava a Aliança do Norte afegã e a cidade de Mazar-i-Sharif era uma das sedes da aliança. Foi relatado que, entre maio e julho de 1997, Abdul Malik Pahlawan executou milhares de prisioneiros talibãs como vingança pela morte de Abdul Ali Mazari em 1995. "Ele é amplamente acreditado ter sido o responsável pelo massacre brutal de até 3 000 presos talibãs depois de convidá-los para Mazar-i-Sharif".[4] Como vingança, as forças talibãs capturaram Mazar-i-Sharif e mataram centenas de membros da Aliança do Norte, particularmente membros dos grupos étnicos hazaras e uzbeques, pois foram acusados de serem os que realizaram os assassinatos de prisioneiros talibãs.

Eventos[editar | editar código-fonte]

Em 8 de agosto de 1998, as forças talibãs capturaram Mazar-i-Sharif. Após este incidente, onze diplomatas iranianos e um correspondente da agência de notícias estatal do Irã (IRNA) foram atacados no consulado iraniano e posteriormente desapareceram. Relatórios não oficiais da cidade indicaram que todos esses homens foram mortos. Mais tarde, confirmou-se que oito dos diplomatas iranianos e o correspondente do IRNA foram mortos pela milícia talibã. O porta-voz do Talibã declarou que os iranianos tinham sido mortos por forças renegadas que haviam agido sem ordens.[5] O número final de mortos seria confirmado mais tarde para onze segundo Tehran Times.[1]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Este incidente causou um furor público no Irã e muitos observadores estavam preocupados com o fato de o Irã estar envolvido em uma retaliação militar ao ataque. Na época, mais de 70 mil tropas iranianas foram implantadas ao longo da fronteira com o Afeganistão.[6][7] Uma mediação pela Organização das Nações Unidas acalmou a situação e todos os reféns acabaram por ser libertados. Mais tarde, em fevereiro de 1999, o Irã e Talibã mantiveram conversações, mas as relações entre os iranianos e os talibãs não melhoraram.[8]

O dia 8 de agosto foi nomeado Dia dos Repórteres no Irã, em memória de Mahmoud Saremi, o correspondente do IRNA morto neste ataque.

Referências

  1. a b «Film on 1998 Iranian diplomats' murder in Mazar-i-Sharif premieres in Tehran». Tehran Times. 25 de agosto de 2015 
  2. Riedel, Bruce (2010). The Search for Al Qaeda: Its Leadership, Ideology, and Future 2nd Revised ed. [S.l.]: Brookings Institution. pp. 66–67. ISBN 978-0-8157-0451-5 
  3. Gutman, Roy (2008). How We Missed the Story: Osama Bin Laden, the Taliban, and the Hijacking of Afghanistan. [S.l.]: Institute of Peace Press. 142 páginas. ISBN 978-1-60127-024-5 
  4. «Afghan powerbrokers: Who's who». BBC News. 19 de novembro de 2001 
  5. Jehl, Douglas (11 de setembro de 1998). «Iran Holds Taliban Responsible for 9 Diplomats' Deaths». The New York Times 
  6. Jehl, Douglas (12 de setembro de 1998). «For Death of Its Diplomats, Iran Vows Blood for Blood». The New York Times 
  7. S/1998/1109 sessão 53 The situation in Afghanistan and its implications for international peace and security em 23 de Novembro de 1998
  8. «Taliban, Iran hold talks». CNN. 3 de fevereiro de 1999