Associação Central Abolicionista

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Associação Central Abolicionista foi uma agremiação política que reuniu personalidades do Império brasileiro, como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e André Rebouças. Criada no início da década de 1880, tinha como objetivo a abolição da escravatura no país e a inserção social dos ex-escravos, por meio de alguns projetos, como o da instalação dos ex-escravos em pequenas propriedades.[1]

De fato, o recrutamento de muitos ativistas foi fundamental para o processo abolicionista, são de 1880 dois importantes agrupamentos, a Associação Central Emancipadora e a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, influenciadas por José Patrocínio e Joaquim Nabuco. Ambos iniciam suas narrativas em 1879, pois a partir daí estabeleceram sua mobilização de maneira que inaugura o primeiro na direção da Gazeta da Tarde e do segundo no Parlamento.[2] O movimento alvoreceu na Câmara em 1879. O destaque não está apenas nas agremiações, mas no próprio regime político. A abolição sobrevém impossível sem o movimento suplício do poder moderador, a princesa regente e acima de tudo o imperador, a quem teria extinguido a escravidão ao valor da perda do trono.[3]

O abolicionismo foi um movimento da década de 1880 que queria a extinção gradativa do trabalho escravo, enquanto os abolicionistas desejavam a abolição total da escravidão.[4]

A abolição da escravidão no Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 1845, os ingleses aprovaram a Lei Bill Alberdeen, que proibia o tráfico negreiro no Atlântico, prejudicando o comércio escravocrata no Brasil. O movimento abolicionista britânico que deu origem à lei teve sua sustentação, sobretudo, a partir dos habitantes de grandes cidades portuárias britânicas e motivado por razões tanto de ordem ética e religiosa, mas também pelos receios constantes de revoltas dos escravos nos portos.[5]

Já em 1850, foi aprovada a Lei Eusébio de Queirós, que proibia que o tráfico negreiro chegasse ao Brasil. Essa lei não pôs fim à escravidão, mas fez com que o preço de um escravo encarecesse, o que, juntamente com a intensa repressão do governo contra essa atividade, zerou o tráfico de escravos oriundos da África já em 1856. Assim, os senhores de terra acabaram tendo de recorrer, muitas vezes, à mão de obra assalariada imigrante.[6]

Sendo assim, em 1871, surgiu a Lei do Ventre Livre, que dava a liberdade aos escravos que nascessem após a aprovação da lei. Essa lei dava, então, um tom de abolição gradual para a transição para a mão de obra assalariada.[6]

Em 1885, foi aprovada Lei do Sexagenário, que determinava que os escravos que tivessem mais de 60 anos fossem libertos. A lei sofreu muitas críticas, pois muitos alegavam que existiam poucos escravos que viviam até a idade que determinava a lei, e, além disso, representava um ganho para os proprietários, já que escravos idosos não teriam tanta produção como os mais jovens.[6]

Finalmente, em 1888, a Lei Áurea foi aprovada pela princesa Isabel, dando fim à escravidão. Porém, nenhuma medida foi tomada para inserir a população negra à sociedade brasileira, não trazendo mudançar significativas à vida dos ex-escravos.[6] Um plano para indenizar os libertos foi descrito pela princesa Isabel em uma carta enviada ao Visconde de Santa Vitória em 11 de agosto de 1889, porém com a tomada de poder pelos militares menos de três meses depois e com a subsequente Proclamação da República, não foi possível executá-lo.[7] Outro fator que impediu qualquer ressarcimento aos libertos foi a queima dos livros de matrícula e de recolhimento de tributos dos ex-escravos determinada por despacho do então Ministro da Fazenda Ruy Barbosa em 14 de dezembro de 1890.[8]

Joaquim Nabuco foi certamente a grande figura desse Movimento Abolicionista. Ele foi o principal representante dos abolicionistas no Parlamento. Possuía uma excelente oratória e era ainda, muitíssimo polêmico, escreveu muitos relatos antiescravistas e buscou apoio para o movimento na Europa, transformando-se num símbolo de ódio dos escravocratas.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. dos Santos, Elisabete Figueroa (20 de março de 2017). «Das margens, escritos negros: relações entre literatura periférica e identidade negra» (PDF) 
  2. Alonso, Angela (4 de dezembro de 2014). «O abolicionismo como movimento social». Consultado em 28 de abril de 2017 
  3. «Uma trajetória de luta pela liberdade de expressão - Política». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2020 
  4. Alonso, Angela; Alonso, Angela (1 de novembro de 2014). «O abolicionismo como movimento social». Novos Estudos - CEBRAP (100): 115–127. ISSN 0101-3300. doi:10.1590/S0101-33002014000300007 
  5. Blackburn, Robin (2002). A Queda do Escravismo Colonial 1776-1848. Rio de Janeiro: Record 
  6. a b c d «As leis abolicionistas - Mundo Educação». Mundo Educação. Consultado em 29 de abril de 2017 
  7. Fonseca, Dagoberto José (2009). Políticas Públicas e Ações Afirmativas. São Paulo: Selo Negro. pp. 46–47 
  8. Skidmore, Thomas Elliot (1976). Preto no Branco: Raça e Nacionalidade no Pensamento Brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra. pp. 220–221 
  9. «Abolicionismo: Como foi o processo de fim da escravidão...» 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]