Aufheben
Aufheben ou Aufhebung é uma palavra alemã com vários significados aparentemente contraditórios, sendo traduzidos principalmente pela tríade "negar", "conservar" e "elevar", sendo também a correspondência na realidade de um conhecimento social.[1] Na filosofia, aufheben é usado por Hegel para explicar o que acontece quando uma tese e antítese interagem e, nesse sentido, é traduzido principalmente como "autossupressão".[2][3]
Hegelianismo[editar | editar código-fonte]

Em A Ciência da Lógica, Hegel pretende dar um novo começo à filosofia sem pressupostos, recorrendo ao que há de mais fundamental em conceitos como o "Ser" e o "Nada". Na filosofia hegeliana, estes conceitos são, ao mesmo tempo, indistinguíveis porém opostos quanto ao significado. Este conflito só pode ser resolvido ao se avançar para o "vir-a-ser". Neste momento enquanto categoria superior e mais complexa, o "vir-a-ser" engloba tanto o "ser" quanto o "nada", ou seja, incorpora aspectos suprassumidos do movimento de transição do "nada" para o "ser". A este processo Hegel chama de aufhebung.[4]
Em um exemplo prático, para fazer pão é necessário trigo, que se encontra em sua forma bruta na natureza. Essa matéria-prima deve ser negada, isso é, destruída em sua forma natural. No entanto, ao ser transformado em pasta, o trigo é preservado, ou seja, ainda está lá enquanto trigo. Através da atividade humana ele é então levado ao forno e elevado a um nível superior, sendo o seu resultado o pão. Desta forma é possível identificar os três momentos: o trigo é negado em seu estado de natureza, preservado e elevado a um nível superior. Essa transformação da natureza pelo homem é um exemplo de um processo essencialmente dialético, de uma Aufhebung.[5]
Marxismo[editar | editar código-fonte]

Karl Marx utiliza o conceito de Aufhebung em diversas passagens de sua obra. No Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels afirmam: "Os comunistas podem resumir sua teoria numa expressão: supressão da propriedade privada." (Aufhebung des Privateigentums).[6]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ LUKÁCS, G. Estética. Barcelona: Grijalbo, 1966, cap. I, item 2 (Principios y Comienzos de La diferenciación), v. I, p.14
- ↑ Bavaresco, Agemir (2003). «A fenomenologia da opinião pública a teoria hegeliana». Ed. Loyola
- ↑ «Sublation» (em inglês)
- ↑ Gauthier, Yvon (1970). «Structures et mouvement dialectique dans la Phénoménologie de l'Esprit de Hegel. Par Pierre-Jean Labarrière. Aubier-Montaigne (Collection « Analyse et Raisons » ), Paris, 1968. 316 pages.» (em francês). pp. 738–740
- ↑ Ataide, Glauber. «Hegel, Marx e o método dialético»
- ↑ «Manifesto do Partido Comunista - Capitulos 1 e 2»