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Bagrauandena

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Bagrauandena (em latim: Bagrauandena; em grego: Βαγραουάνδηνή; romaniz.: Bagraouandēnḗ), Bagravande (em armênio: Բագրավանդ; romaniz.: Bagravand) ou Bagrevande (Բագրեւանդ, Bagrewand), segundo a Geografia de Ananias de Siracena (século VII), foi um gavar (cantão) da província de Airarate, na Armênia.[1]

Josef Markwart sugeriu que o topônimo Bagrauandena está relacionado ao persa antigo e iraniano médio bāga raivantah, "jardim de deus". Por consequência, sua capital Bagauna poderia ser "lugar de deus".[2]

Bagrauandena sob os Mamicônios

Bagrauandena era um dos maiores distritos armênios e localizava-se na porção sudoeste da província, próximo ao centro do país. Compreendia uma área de cinco mil quilômetros quadrados segundo Cyril Toumanoff ou 5 275 segundo Suren Eremyan.[3] Fazia fronteira a noroeste com Bassiana, a nordeste com Gabélia, a leste com Arsarúnia e Chacate, a sudeste com Cogovita, a sul com Zalcota e Aliovita, a oeste com Apaúnia e Tuarazatáfia e, no extremo oeste, com Dasnaura.[4] Ao norte, Bagrauandena foi naturalmente limitada pelas montanhas Aras, enquanto ao sul pela serra de Salcanse e através da região percorriam os rios Arasani e Bagrauandena (atual Sariã). Entre as cidades e vilas mais importantes de Bagrauandena estavam Armane, Valarsacerta (Alascerta), Blur, Araviuteque, Zirave, Zareavã e Quenzor. Além delas, havia o famoso Mosteiro de Bagavansque.[4][5]

Dinar de ouro de Almançor (r. 754–775)

Bagrauandena era apanágio dos bagrátidas, um dos ramos da dinastia orôntida. Podem tê-lo recebido no tempo da dinastia artaxíada (189 a.C.–12 d.C.), outro possível ramo orôntida ou, como é mais provável, da dinastia arsácida (54–428), que ao ser incapaz de suplantar os ramos orôntidas remanescentes, concedeu territórios a eles. Em circunstâncias incertas, Bagrauandena foi concedido a um dos templos pagãos da Armênia e os bagrátidas reapareçam em Sispiritis. Em 314, após sua conversão, tornar-se-ia propriedade da Igreja Apostólica Armênia, sob controle direto dos descendentes de Gregório, o Iluminador. Em 438, com a morte de Isaque I, o Parta, foi legado a seu genro Amazaspes I da família Mamicônio e dessa linhagem eventualmente retornou aos bagrátidas em 855/62.[6]

Ao longo da história da Armênia, Bagrauandena foi palco de dois conflitos importantes. No primeiro, ocorrido em 371, tropas invasores do Império Sassânida foram derrotadas por um exército coligado de Armênios e romanos.[7] No segundo, ocorrido em 25 de abril de 775, os príncipes armênios que sublevaram contra o domínio do Califado Abássida sobre o país foram decisivamente derrotados por um exército de 30 mil coraçanes enviado pelo califa Almançor (r. 754–775) sob liderança de Amir.[8][9][10]

Referências

  1. Hewsen 1992, p. 65-65A, 264, 424.
  2. Hewsen 1992, p. 214.
  3. Hewsen 1992, p. 214, 302.
  4. a b Hakobyan 1968, p. 124-125.
  5. Hewsen 1992, p. 211.
  6. Hewsen 1992, p. 212.
  7. Kurkjian 2008, p. 116.
  8. Whittow 1996, p. 213.
  9. Dadoyan 2011, p. 85.
  10. Ter-Ghewondyan 1976, p. 21–22.
  • Dadoyan, Seta B. (2011). The Armenians in the Medieval Islamic World: The Arab Period in Arminiyah, Seventh to Eleventh Centuries. Londres: Transaction Publishers. ISBN 9781412846523 
  • Hakobyan, Tadevos (1968). Հայաստանի պատմական աշխարհագրություն [Historical Geography of Armenia] (em arménio). Erevã: Mitk' 
  • Hewsen, Robert H. (2001). Armenia: A historical Atlas. Chicago e Londres: Imprensa da Universidade de Chicago. ISBN 0-226-33228-4 
  • Ter-Ghewondyan, Aram (1976). Garsoïan, Nina G. (trad.), ed. The Arab Emirates in Bagratid Armenia. Lisboa: Livraria Bertrand. OCLC 490638192 
  • Whittow, Mark (1996). The Making of Byzantium, 600–1025. Berkeley e Los Angeles: California University Press. ISBN 0-520-20496-4