Lecythidaceae

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Lecythidaceae
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Plantae
Clado: Tracheophyta
Clado: Angiospermae
Clado: Eudicotyledoneae
Clado: Asterídeas
Ordem: Ericales
Família: Lecythidaceae
A.Rich.[1]
Folhas de Lecythidaceae
Fruto de Eschweilera sp.
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Lecythidaceae é uma família botânica de angiospermas, ou seja, plantas que possuem flor. Um dos mais famosos gêneros é o Bertholletia, que inclui Bertholletia excelsa (castanha do Pará ou castanha do Brasil). Outro gênero pertencente à esta família é Lecythis, que engloba Lecythis pisonis (sampucaia). Esta família consiste aproximado de 20 gêneros e um número de 250-300 espécies. Variam desde árvores de grande porte até arbustos ou lianas que podem ocorrer ocasionalmente. Apresentam em seu caule feixes vasculares corticais às vezes com canais de mucilagem e substâncias de defesa como tanino. Possuem também saponinas triterpenoides, glicosídeos provenientes do metabolismo secundário vegetal, como no caso da Castanha-da-índia em que estes possuem propriedades anti-inflamatórias e antiedematosas.[2]

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Folhas[editar | editar código-fonte]

As folhas podem ser dísticas, simples, inteiras ou denteadas. Apresentam venação peninérvea e estípulas pequenas e caducas ou ausência destas.[2]

Frutos[editar | editar código-fonte]

Os frutos da família são em cápsula, que normalmente é grande e dura e de deiscência circuncisa (com um opérculo). Às vezes esta cápsula pode ser indeiscente, em drupa ou em noz. Quando imaturo, apresenta um exudato na região de inserção do fruto com o pedúnculo. Possuem exocarpo de cor castanho escuro, mesocarpo castanho claro e mais espesso e endocarpo semelhante ao exocarpo, também de coloração castanho escura.[2]

Flores[editar | editar código-fonte]

As flores possuem inflorescências indeterminadas, terminais ou axilares, podendo às vezes encontrarem-se reduzidas à uma flor solitária. As flores são bissexuais, podendo ser radiais ou até mesmo bilaterais devido ao desenvolvimento incomum do androceu. São polinizadas por diversas abelhas e vespas e até mesmo morcegos. Apresentam pétalas 4, 6 ou 8, raramente 12 ou 18 e sépalas normalmente 4-6, em geral livres ou podendo estar ausentes. Há estames numerosos, onde os mais próximos do gineceu se desenvolvem antes. Em alguns gêneros mais especializados a porção fusionada é assimétrica e produzida em um lado da flor, formando uma estrutura aplanada que pode curvar-se sobre o ovário, onde alguns podem haver estames reduzidos e modificados em estaminódios.[2]

Flor de Couroupita guianensis, da popularmente conhecida Abricó-de-macaco.

Sementes[editar | editar código-fonte]

As sementes são grandes, providas de arilo carnoso ou achatadas na forma de asa. Apresentam embrião grande e oleoso, normalmente com hipocótilo muito espesso. Podem ser dispersas por uma grande variedade de animais (mamíferos, como roedores, macacos e morcegos, e diversas aves e peixes) que são atraídos pelas sementes ariladas. São constituídas por duas camadas de tegumento: a testa, mais externa, em tons castanhos claros, opaca, rugosa e com linhas de fratura por sua extensão, e o tégmen, mais interno, membranoso e castanho mais escuro que a testa.[2]

Semente de Lecythidaceae

Distribuição no Brasil[editar | editar código-fonte]

Os membros desta família estão espalhados em diversos ambientes com climas distintos. Os domínios fitogeográficos que são encontrados são Caatinga, Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. Em relação às suas regiões de ocorrência, encontram-se em todas as regiões brasileiras, sendo registrados em 27 estados:

Norte, nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Nordeste, em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Centro-Oeste, no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Sudeste, no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Sul, nos estados do Paraná e Santa Catarina.[3]

Filogenia[editar | editar código-fonte]

Há caracteres morfológicos e sequências moleculares envolvendo nucleotídeos de cpDNA que sustentam a monofilia de Lecythidaceae. Esta família compõe-se de cinco clados principais, os quais às vezes podem ser considerados como subfamílias. Estes clados incluem: Napoleonaea e Crateranthus (Napoleonaedoidea), que constituem o grupo-irmão dos outros gêneros da família e formam um clado geralmente identificado pela presença de anteras extrosas, androceu incomum com uma fileira externa de estaminódios fusionados e formando uma pseudocorola radial, e também pela perda de pétalas. O segundo clado que distingue-se dos outros abrange Asteranthos, Oubanguia, Scytopetalum formando Scytopetaloidea; onde este clado é característico pela presença de sementes com endosperma ruminado. A maior parte das espécies pertence à Barringtonioideae (Barringtonia, Planchonia e taxa afins), que constitui um clado reconhecido pela presença de pólen com colpos fusionados e pela redução para uma única semente no fruto. Lecythidoideae se restringe aos neotrópicos e constitui a maior subfamília, contendo grandes gêneros como Bertholletia, Couroupita, Eschweilera, Grias, Gustavia e Lecythis, sendo a família que contém todos os gêneros com flores zigomórficas. O número cromossômico haploide 17 sustenta a monofilia do grupo.[2]

Dispersão[editar | editar código-fonte]

As flores de Lecythidaceae normalmente são grandes e vistosas, sendo polinizadas por abelhas e vespas. Há também a tendência evolutiva de flores radiais com muitos estames, que acabam disponibilizando o pólen como recompensa. No geral, até as flores zigomorfas com estames reduzidos (e muitos estaminódios) atraem abelhas à procura de néctar. O néctar é secretado por estaminódios modificados em algumas espécies derivadas. Ocorre também atração de diversos animais como mamíferos roedores e morcegos e aves e peixes em busca de suas sementes ariladas ou pelos frutos que possuem parede interna que pode ser consumida. Há também dispersão por meio da água em alguns taxa como Allantoma e alguns pequenos números de espécies como Cariniana e Couratari) que são dispersas pelo vento e apresentam arilo modificado em formato de asa.[2]

Gêneros[editar | editar código-fonte]

Gênero Abdulmajidia[editar | editar código-fonte]

Gênero Allantoma[editar | editar código-fonte]

Gênero Barrigntonia[editar | editar código-fonte]

Gênero Bertholletia[editar | editar código-fonte]

Gênero Careya[editar | editar código-fonte]

Gênero Cariniana[editar | editar código-fonte]

Gênero Couratari[editar | editar código-fonte]

Gênero Couroupita[editar | editar código-fonte]

Gênero Crateranthus[editar | editar código-fonte]

Gênero Eschweilera[editar | editar código-fonte]

Gênero Foetidia[editar | editar código-fonte]

Gênero Grias[editar | editar código-fonte]

Gênero Lecythis[editar | editar código-fonte]

Gênero Petersianthus[editar | editar código-fonte]

Gênero Planchonia[editar | editar código-fonte]

Gêneros no Brasil[4][editar | editar código-fonte]

  • Allantoma
  • Asteranthos
  • Berthollletia
  • Cariniana
  • Corythophora
  • Couratari
  • Couroupita
  • Eschweilera
  • Grias
  • Custavia
  • Lecythis

Algumas espécies importantes:

Eschweilera ovata

Lecythis lurida

L. pisonis

E. pedicellata

Gustavia augusta

Couratari macrosperma

Referências

  1. Angiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 105–121. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.xAcessível livremente 
  2. a b c d e f g JUDD, W. et. al. Sistemática Vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 2. Mori, S. A., N.
  3. P. Smith, X. Cornejo, & G. T. Prance. 18 March 2010 onward. The Lecythidaceae Pages The New York Botanical Garden, Bronx, New York. 3. Lecythidaceae A. Rich.
  4. Mori, Scott (1990). «Diversificação e Conservação das Lecythidaceae neotropicais». The New York Botanical Garden 
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