Batalha de Panormo (250 a.C.)

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 Nota: Não confundir com a primeira batalha de mesmo nome, travada em 254 a.C..
Primeira Batalha de Panormo
Primeira Guerra Púnica
Data 250 a.C.
Local Panormo
Coordenadas 38° 07' N 13° 22' E
Desfecho Vitória romana
Beligerantes
República Romana República Romana Cartago Cartago
Comandantes
República Romana Lúcio Cecílio Metelo Cartago Asdrúbal Hanão
Baixas
Desconhecidas 20 000 soldados
140 elefantes de guerra
Panormo está localizado em: Sicília
Panormo
Localização de Panormo no que é hoje a Sicília

A segunda Batalha de Panormo, travada no contexto da Primeira Guerra Púnica, aconteceu em 250 a.C. e resultou numa vitória dos romanos, que haviam conquistado a cidade três anos antes, na primeira batalha de Panormo, frente aos cartagineses, que tentavam recuperá-la. Políbio a chamou de Batalha do Monte Ercte.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Depois da derrota na Batalha de Tunes, os romanos tentaram retornar com a frota e os sobreviventes para Roma, mas um naufrágio destruiu 340 dos 420 navios romanos e as perdas foram enormes. No ano seguinte, as legiões romanas conquistaram Panormo (moderna Palermo) enquanto Asdrúbal Hanão, um general cartaginês enviado à Sicília treinava seus exércitos perto de Lilibeu, que estava nas mãos de Cartago. Na campanha seguinte, Cneu Servílio Cepião e Caio Semprônio Bleso, os cônsules romanos, cruzaram novamente até a África, o território cartaginês, para desembarcar com um novo exército, mas, perto da ilha de Meninge (moderna Djerba), conhecida também como "ilha dos Lotofágios", no golfo de Gabès, a frota encalhou depois de uma tempestade e só depois de muito esforço conseguiu escapar para retornar à Sicília. Mais uma vez os romanos sofreram grandes perdas por conta do clima e mais de 150 navios afundaram[1].

Neste ponto, os romanos decidiram não mais insistir em investidas pelo mar e, à frente de uma frota de sessenta navios encarregada do apoio logístico, enviaram à Sicília os novos cônsules de 252 a.C., Caio Aurélio Cota e Públio Servílio Gêmino, com reforços para as legiões da ilha.

Por conta disto, a situação dos cartagineses melhorou muito; no mar, era incontestáveis e, depois da vitória em Tunes pelo uso dos elefantes, acreditavam saber como conter efetivamente as poderosas legiões romanas. A contestada reconstrução polibiana cita um exército suportado por mais de duzentos navios e cento e quarenta elefantes de guerra. Asdrúbal Hanão, que já liderava suas forças em Lilibeu, assumiu o comando da guarnição de Heracleia e mais esta nova força enviada de Cartago[2].

No ano seguinte, as legiões romanas se recusaram a dar aos cartagineses a oportunidade de um confronto direto, com Asdrúbal mantendo-se em território acidentado, impróprio para o uso de elefantes, e cercaram Terme e as ilhas Líparas. Roma construiu cinquenta navios para travar no mar uma guerra que, no front terrestre, já estava decidida. A partir destas bases estratégicas, a metade do exército foi chamada a Roma pelo cônsul Caio Fúrio Pácilo e a outra permaneceu em Panormo, aos cuidados de seu colega, Lúcio Cecílio Metelo, para protegê-la. Asdrúbal, quando soube da redução das forças romanas em Panormo, finalmente deixou de hesitar e decidiu levar seu exército de Lilibeu até as redondezas de Panormo.

Batalha[editar | editar código-fonte]

O cônsul romano, em parte para tentar dar segurança aos seus homens, aterrorizados pelos elefantes, e em parte por cálculo tático, decidiu que seria mais produtivo manter suas forças no interior da muralha para evitar o encontro direto com os potentes elefantes cartagineses.

Asdrúbal, notando esta hesitação dos romanos, se convenceu de que Cecílio Metelo não ousaria sair das muralhas e lançou suas forças numa tentativa de tomá-la de assalto, a mais óbvia das manobras. Os cartagineses começaram a destruir as colheitas e os equipamentos agrícolas, tentando forçar uma saída romana para uma batalha campal.

Cecílio Metelo não sucumbiu à tentação e manteve suas tropas no interior da muralha até que os cartagineses e seus elefantes ultrapassaram um rio que passava perto da cidade. Neste ponto, o cônsul ordenou um ataque da infantaria ligeira, com a ordem de provocar os cartagineses para que eles se perfilassem em ordem de batalha. Mas Metelo não fez o mesmo. Ele ordenou que alguns de seus soldados com maior mobilidade se posicionassem à frente dos muros e do fosso com ordens de atacar os elefantes com flechas em abundância caso eles se aproximassem[3].

Caso eles fossem repelidos, os arqueiros deveriam recuar até o fosse e, dali, deveriam continuar o ataque aos elefantes; um grande número de operários perto do mercado tinham a missão de repor constantemente as flechas dos arqueiros. O próprio cônsul liderou o destacamento que estava constantemente enviando reforços para o portão externo da cidade, que estava sendo atacado pela esquerda cartaginesa.

Iniciando o ataque, o exército cartaginês rompeu facilmente a linha dos arqueiros e da infantaria ligeira, pondo os romanos em fuga para dentro do fosso. Juntamente com a infantaria, eles focaram suas flechas nos elefantes, como ordenado e, a arma que deveria a base e o fundamento da força cartaginesa acabou sendo o instrumento de sua derrota. Os arqueiros acertaram muitas flechas nos animais e a infantaria leve atacou-os com suas lanças, conseguindo ferir muitos deles no ventre e nas patas. Muito feridos, os elefantes cartagineses se voltaram, em fúria cega, contra a própria linha de combate cartaginesa numa tentativa desesperada de fugir do tormento[3].

Este era exatamente o objetivo de Cecílio Metelo. As fileiras cartaginesas foram esmadas e postas em fuga por seus próprios elefantes enlouquecidos, que não eram mais um problema para os romanos e sim dos inimigos. Cecílio então ordenou que suas forças principais saíssem da cidade e lançou sobre o flanco do exército cartaginês tropas descansadas e em boa ordem de combate. A derrota dos cartagineses foi total. Dez elefantes foram capturados com seus "indianos", como eram chamados seus condutores, enquanto os demais, já sem seus indianos, foram depois cercados e capturados também.

Consequências[editar | editar código-fonte]

Políbio não informa quantos homens perderam a vida entre os cartaginesas, mas muitos foram mortos e o resto, posto em fuga. Eutrópio e Paulo Orósio falam de 20 000 mortos.

Com esta batalha, Roma conseguiu a supremacia das operações terrestres e provaram que os elefantes de guerra não eram imbatíveis. A partir de Panormo, uma nova frota, com cerca de navios foi construída para levar mais uma vez a guerra para a África e as legiões se viram finalmente com coragem suficiente para encerrar, depois de quatorze anos, a Primeira Guerra Púnica.

Cartago, por sua vez, viu seu controle sobre o território siciliano reduzido às cidades de Drépano, Lilibeu e à ponta ocidental da ilha. A região estava prestes a ser atacada por que Roma queria levar a guerra às muralhas de Cartago.

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • E. Acquaro, Cartagine: un impero sul Mediterraneo, Roma, Newton Compton, 1978, ISBN 88-403-0099-6. (em italiano)
  • W. Ameling, Karthago: Studien zu Militar, Staat und Gesellschaft, Munchen, Beck, 1993. (em italiano)
  • Combert Farnoux, Les guerres punique, Parigi, 1960 (em italiano)
  • B. Fourure, Cartagine: la capitale fenicia del Mediterraneo, Milano, Jaca Book, 1993, ISBN 88-16-57075-X. (em italiano)
  • W. Huss, Cartagine, Bologna, il Mulino, 1999, ISBN 88-15-07205-5. (em italiano)
  • S.I. Kovaliov, Storia di Roma, Roma, Editori Riuniti, 1982, ISBN 88-359-2419-7. (em italiano)
  • J. Michelet, Storia di Roma, Rimini, Rusconi, 2002. ISBN 88-8129-477-X (em italiano)
  • H.H. Scullard, Carthage and Rome, Cambridge, 1989. (em inglês)