Batalha de Wilson's Creek

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Batalha do Wilson's Creek
Guerra Civil Americana

Battle of Wilson's Creek por Kurz e Allison.
Data 10 de agosto de 1861
Local Condado Greene e Condado Christian, Missouri
Desfecho Vitória dos Confederados
Beligerantes
Estados Unidos União Confederados
Governo Confederado de Missouri
Comandantes
Nathaniel Lyon
Samuel D. Sturgis
Franz Sigel
Sterling Price
Ben McCulloch
Forças
c. 5 400
(Exército do Oeste)
c. 12 120
(Guarda Estadual do Missouri
 Brigadeiro Confederado McCulloch
 Pearce da Milícia do Arkansas)
Baixas
1.317
(258 mortos
 873 feridos
 186 desaparecidos)
1.230+
(279 mortos
 941 feridos
 10 ou mais desaparecidos)

A Batalha do Wilson's Creek, também conhecida como Batalha de Oak Hills, ocorreu em 10 de agosto de 1861 nas proximidades da cidade de Springfield, Missouri. Os oponentes foram o Exército da União e a Guarda Estadual do Missouri, no princípio da Guerra Civil Americana. Foi a primeira das grandes batalhas da Guerra Civil a Oeste do Rio Mississippi.

O general de brigada Nathaniel Lyon acampara com o Exército do Oeste em Springfield, Missouri, quando houve a aproximação do Exército Confederado sob o comando do general de brigada Benjamin McCulloch. Em 9 de agosto, ambos os lados formularam planos para atacar o outro. Por volta das 5h00 horas do dia 10 de agosto, Lyon, com duas colunas comandadas por ele próprio e o coronel Franz Sigel, atacou os Confederados no Wilson's Creek, a cerca de 15 quilômetros de Springfield. A cavalaria rebelde recebeu o primeiro impacto e as tropas recuaram até Bloody Hill. Mas logo as forças confederadas conseguiram estabilizar suas posições.[1]

Os confederados atacaram três vezes as forças da União naquele dia mas não conseguiram romper as linhas defensivas. Lyon foi morto durante a batalha e foi sucedido no comando pelo major Samuel D. Sturgis. Os Confederados então arrasaram com a coluna de Sigel, ao sul de Skegg's Branch. Após o terceiro ataque dos Confederados, que terminou as 11h00 horas, Sturgis viu seus homens exaustos e com a munição no fim e então ordenou a retirada para Springfield. Os Confederados não conseguiram se organizar para a perseguição. A vitória Confederada atraiu simpatizantes dos rebeldes para o Missouri e deu aos Confederados o controle militar do sudoeste daquele estado durante boa parte da guerra.[1]

Circunstâncias[editar | editar código-fonte]

Retrato do governador Claiborne Fox Jackson

Com o começo da Guerra, o Missouri se declarou "neutro armado" e não enviou materiais ou homens para nenhum dos lados. Em 20 de abril de 1861, uma multidão separatista invadiu o Arsenal de Liberty, mantido pela União no estado. Então, a neutralidade sofreu o maior teste em 10 de maio de 1861 com o 'Caso de Camp Jackson'. O governador Claiborne F. Jackson chamou a milícia do estado para vigiar a fronteira de St. Louis em Lindell Grove, pois não queria que o material do arsenal de St. Louis fosse retirado pelos soldados da União e o colocara no agora chamado Camp Jackson. O capitão legalista Nathaniel Lyon chegou com a milícia e cercou o campo com suas tropas e membros da guarda do estado, forçando a milícia de Jackson a se render. Ao marchar pelas ruas de volta ao Arsenal, uma multidão chegou e muitos, furiosos, protestaram. Houve tiroteio e vários mortos civis e também milicianos e soldados. Um dia depois, a Assembleia Geral do Missouri criou a Guarda Estadual do Missouri para defender o estado dos ataques dos invasores, tanto do Norte como do Sul. O governador indicou Sterling Price para ser o general.

Temendo que o Missouri se aliasse ao Sul, William S. Harney, o comandante federal no Missouri, elaborou o documento conhecido por Price-Harney Truce em 12 de maio de 1861, no qual era reafirmada a neutralidade do Missouri no conflito. O governador Jackson declarou apoiar a União. Contudo, Harney foi substituído por Lyon (promovido a general) e Abraham Lincoln requisitou oficialmente tropas do Missouri para compor o serviço federal. Jackson não concordou. Em 12 de junho de 1861, Lyon e Jackson se encontraram em St. Louis tentando resolver o impasse e não chegaram a um acordo.

Lyon então reagiu e rapidamente tomou a capital e expulsou Jackson e Price. O agora chamado "governo do exílio", atravessou o Missouri e organizou a luta armada na Batalha de Boonville em 17 de junho de 1861, seguida da Batalha de Carthage em 5 de julho de 1861. Com a crise, os delegados eleitos para a Convenção Constitucional do Missouri (1861-63) e que haviam optado pela neutralidade em fevereiro, se reuniram novamente e decidiram reconsiderar e apoiar a União. Em 27 de julho a convenção declarou o governo vago e escolheu Hamilton Rowan Gamble como governador provisório.

Em 13 de julho de 1861, as tropas de Lyon acamparam na cidade de Springfield. Eram cerca de 6 000 homens. As forças eram compostas dos Primeiro, Segundo, Terceiro e Quinto Batalhões de Infantaria do Missouri, o Primeiro Batalhão de Infantaria de Iowa e os Primeiro e Segundo Batalhões de Kansas, várias companhias de infantaria e cavalaria do exército regular e três baterias de artilharia.

No fim de julho de 1861, a Guarda Estadual do Missouri acampou a 120 quilômetros de Springfield e foi reforçada pelas forças do general de brigada Confederado Benjamin McCulloch e a milícia do estado do Arkansas sob o comando do general de brigada N. Bart Pearce, totalizando-se cerca de 12 000 homens. Foram feitos planos para atacar Springfield mas o general Lyon saiu da cidade em 1 de agosto numa tentativa de surpreender as forças do Sudeste. As tropas adiantadas atacaram Dug Springs em 2 de agosto e conseguiram a vitória, mas Lyon percebeu a desvantagem numérica e voltou para Springfield. McCulloch, agora no comando do exército do Missouri, viu que era a sua chance. Em 6 de agosto suas forças já estavam acampadas no Wilson's Creek, a 16 quilometros do sudoeste da cidade.

Em minoria, Lyon planejou ir para o noroeste em Rolla (Missouri), para se rearmar e reabastecer, mas temia ser atacado de surpresa. O coronel da União Franz Sigel, segundo-em- comando de Lyon, propôs então uma estratégia agressiva para atacar McCullough com um movimento de pinça. Ele deveria liderar 1 200 nos flancos enquanto o corpo principal comandado por Lyon atacaria ao norte. Lyon aprovou e a União marchou para fora de Springfield uma vez mais na noite de 9 de agosto de 1861, deixando cerca de 1 000 homens para proteger os suprimentos e cobrir a retaguarda. O sucesso da estratégia da União dependia do elemento-surpresa. McCulloch também planejara um ataque-surpresa à cidade, mas uma chuva cancelou seus planos.

De acordo com o Censo Americano de 1860, no Condado de Christian (Missouri) havia uma população total de 5 491 com 229 escravos; e no Condado de Greene, 13 186 com 1 668 escravos.

Batalha[editar | editar código-fonte]

Às 5h00 horas da manhã, com a primeira luz do dia de 10 de agosto, as forças da União atacaram. Os rebeldes foram pegos de surpresa. As forças de Lyon entraram no campo inimigo e tomaram o ponto mais alto conhecido como "Bloody Hill." Foi quando a artilharia Pulaski do Arkansas deteve o avanço, com o apoio da infantaria de Price que correu para organizar as linhas rebeldes na colina.

O plano de Sigel de início foi bem-sucedido: ele flanqueou a cavalaria do Missouri mas foi detido quando as forças de McCulloch contra-atacaram. Não havia ainda uniformes e bandeiras específicas para a guerra e por isso os homens de McCulloch usavam roupas parecidas com as de Sigel. Os soldados da União acreditaram que estavam próximos das linhas de McCulloch e que iriam se unificar e não perceberam que as tropas dos inimigos chegaram antes até ser tarde demais. O flanco foi devastado pelo contra-ataque e Sigel e seus homens fugiram pelo campo.

Com a perda do flanco de Sigel, a batalha ficou a favor dos rebeldes. Lyon, que levou dois tiros, se tornou o primeiro general da União a ser morto na guerra; ele foi atingido no coração em Bloody Hill, por volta das 9h30 da manhã. O major Samuel D. Sturgis assumiu o comando do Exército da União. Nesse momento a União mantinha ainda as posições defensivas no topo da colina. Às 11h00, as forças da União foram repelidas por três cargas dos Confederados. Sem munição e com os homens exaustos, Sturgis retirou-se ante o risco de um quarto ataque dos Confederados.

Depois da batalha[editar | editar código-fonte]

As baixas foram equivalentes em ambos os lados: 1 317 da União e 1 230 dos Confederados. Mas no campo a vitória foi confederada, com as tropas da União recuando até Rolla. Com a vitória, a Guarda de Missouri de Price começou a invadir o nordeste do Missouri culminando com a Primeira Batalha de Lexington em 20 de setembro de 1861.

Em 30 de Outubro de 1861, os missourianos comandados por Price e Jackson se juntariam oficialmente à causa dos Confederados em Neosho (Missouri). Jackson foi nomeado o governador da Confederação para o Missouri. Contudo, o novo governo nunca alcançou a maioria da população e o estado permaneceria com a União durante a guerra. Quando o pouco controle de Price e Jackson foi perdido na Batalha de Fredericktown em 21 de outubro e na Primeira Batalha de Springfield em 25 de outubro de 1861, o governo foi forçado a deixar o estado.

Apesar das vitórias de Price, ele nunca recebeu apoio popular para garantir o domínio dos territórios. Depois de 1861, ele se tornou um general Confederado e liderou tropas em batalhas no Arkansas e Mississippi. Ele continuou as escaramuças até ser derrotado em 1864, quando retornou para o Missouri. O estado então estava tomado pelas ações de guerrilha dos bushwhacker, dos "Salteadores de Quantrill" e dos homens de Bill Sanguinário Anderson.

Referências[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. a b NPS

Ligações externas[editar | editar código-fonte]