Fetichismo por botas

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O fetichismo por botas é uma atração sexual focada em botas. As botas são objeto de fetiche para algumas pessoas e tornaram-se um acessório padrão em práticas BDSM (onde são comumente utilizadas botas de couro, látex e PVC), além de serem um acessório de moda comum.[1] As botas em geral são consideradas o fetiche mais popular dentre todos os calçados.[2]

As botas geralmente são vistas como um símbolo de poder ao usuário, principalmente quando usadas por mulheres. Isso pode ser um motivo para a conexão com o BDSM, onde as botas geralmente são vistas como uma declaração de domínio.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Uma das primeiras menções de botas com um objeto de fetiche pode ser encontrado no romance de 1868 de Émile Zola chamado Thérèse Raquin.[4] O real fetichismo por botas foi descrito em diários do século XIX pela britânica Hannah Cullwick, cujas partes foram publicadas.[5]

A psicanalista austríaca Hermine Hug-Hellmuth descreveu cientificamente o fetichismo por botas em 1915 ao relatar o caso de uma pessoa de 30 anos que possuía esse desejo sexual.[6] Em 1966, as botas foram objetos de pesquisa pelo psicólogo Stanley Rachman, onde fotos de botas femininas e fotos de mulheres nuas foram mostradas para homens voluntários. As fotos das botas sozinhas também trouxeram excitação sexual aos voluntários.[7][8]

A série de televisão britânica The Avengers, da década de 1960, frequentemente apresentava roupas fetichistas, como a personagem Emma Peel, interpretada por Diana Rigg, vestindo botas como um símbolo de mulher forte e sensual. Muitas super heroínas e vilãs de histórias em quadrinhos como Mulher Maravilha e Mulher-Gato também sempre usaram botas como símbolo de poder feminino e sensualidade.[9]

Submisso lambendo as botas de uma dominadora.

Boot worship[editar | editar código-fonte]

Boot worship (em português: adoração à bota) é uma atividade sexual derivada da podolatria que consiste em cultuar as botas nas práticas BDSM, geralmente realizada enquanto o calçado está sendo usado pela parceira ou parceiro dominante.[10][11]

Os submissos adeptos dessa prática voluntariamente veneram as botas da pessoa dominante. Limpar, massagear e lamber as botas de alguém são atividades comuns nesse fetiche. Essas práticas são consideradas prazerosas tantos para os submissos quanto para as pessoas dominantes pois pode envolver submissão, degradação, servidão e humilhação.[11]

Essa prática às vezes é referida como shoe worship para abranger outros calçados além das botas, como sapatos de salto-alto.[12] Além da podolatria, os praticantes do boot worship também podem ter interesse e envolvimento com outros fetiches que tenham forte ligação com pés, como o trampling e o ballbusting.[13][14]

Bootblacking[editar | editar código-fonte]

Bootblacking é o termo utilizado pela comunidade BDSM, e principalmente pela subcultura do couro, para referir-se ao ato do submisso ter que cuidar, limpar e polir as botas de alguém.[15] É uma prática que enfatiza a submissão e que pode envolver humilhação erótica. Muitas vezes o bootblacking ocorre antes das pessoas envolvidas iniciarem determinada prática BDSM.[16] Geralmente, durante o bootblacking a pessoa dominante fica sentada numa cadeira enquanto o submisso fica no chão polindo as botas.[17]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Henderson, Alex (8 de janeiro de 2014). «Kinky Boots: an enduring symbol in fetish fashion». XBIZ (em inglês) 
  2. Bradley Quinn: The Boot. (2010, Laurence King Publishing, ISBN 978-1-85669-663-0, p. 152-169). (em inglês)
  3. Quinn, p. 68-73.
  4. Edward Shorter: Written in the Flesh: A History of Desire. (2005, University of Toronto Press, ISBN 0-8020-3843-3, p. 222-223). (em inglês)
  5. Brennan, Zoe (26 de junho de 2008). «A slave to love». Daily Mail (em inglês) 
  6. «A case of female foot or more properly boot fetishism». American Psychological Association (em inglês). 1990 
  7. S. Rachman: Sexual fetishism: An experimental analogue. (1966, The Psychological Record, vol. 16, p. 293-296). (em inglês)
  8. Brennan, Zoe (8 de agosto de 2012). «Fifty Shades of Grey matter: the psychology of sexual arousal». The Guardian (em inglês) 
  9. Quinn, p. 159-162.
  10. Cheves, Alexander. «Lick these boots, slave». The Advocate (em inglês) 
  11. a b Street, Mikelle (18 de setembro de 2019). «Inside the surprisingly intimate fetish of boot licking». Out (em inglês) 
  12. Collier, Hatty (7 de julho de 2015). «Orpington dominatrix Mistress Evilyne defends fetish dungeon after neighbours complain to police». News Shopper (em inglês) 
  13. Chalice, Creatrix (12 de julho de 2019). «Ball Busting». YouTube (em inglês) 
  14. Wirsing, Kathryn (19 de fevereiro de 2015). «Inside the life of a Dominatrix». Marie Claire (em inglês) 
  15. «So what's the big deal about Bootblacking?». Foundation for Sex Positive Culture (em inglês). 13 de novembro de 2015 
  16. «Kinkly explains Boot Worship». Kinkly (em inglês) 
  17. «A top's guide to being in the bootblacking chair». Deviance & Desire (em inglês). 11 de maio de 2016