Brasileiros asiáticos
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População total | ||||||||||||
Regiões com população significativa | ||||||||||||
Brasil, principalmente na região Sudeste | ||||||||||||
Línguas | ||||||||||||
Predominantemente português, japonês, chinês e coreano | ||||||||||||
Religiões | ||||||||||||
61,2% Igreja Católica[3] 13,3% Protestantes 12,5% Sem religião 0,8% Outros cristãos Minoritariamente budismo, xintoísmo e taoísmo.[4] | ||||||||||||
Grupos étnicos relacionados | ||||||||||||
Descendentes principalmente de Japoneses, Coreanos e Chineses, e em menor grau de Indianos |
Um brasileiro asiático é uma pessoa nascida no Brasil de ascendência asiática. Segundo o censo do IBGE de 2010, 2,08 milhões de brasileiros declararam ser de cor amarela (de acordo com o censo, amarelos são aqueles que se declaram de origem asiática, japoneses, coreanos e chineses).
Comparado ao censo de 2000, quando apenas 761 mil brasileiros declararam ser amarelos, houve nesses dez anos um aumento de 173,7%. Esse grande aumento foi inicialmente interpretado como resultado de um crescimento da migração de asiáticos para o Brasil ou do retorno dos decasséguis brasileiros do Japão. Também levantou-se a hipótese de ter havido um aumento da reafirmação da identidade étnica, assim como ocorreu entre os pardos e pretos.[1] Contudo, conforme apurou a Revista Veja, no último censo do IBGE, sobretudo no Piauí, muitas pessoas que não têm qualquer origem oriental classificaram-se como "amarelas" no censo. Isso inflacionou o número real de orientais que vivem no Brasil.[2]
O Brasil recebeu muitos imigrantes da Ásia, tanto do Oriente Médio quanto do Leste Asiático. Os primeiros imigrantes asiáticos que chegaram ao Brasil eram um pequeno número de chineses (3.000) durante o período colonial. No entanto imigração significativa da Ásia para o Brasil começou no final do século XIX, quando a imigração do Líbano e da Síria se tornou importante.
A maioria dos brasileiros asiáticos têm raízes na Ásia Oriental, a maioria deles japoneses. Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil em 1908. Até a década de 1950, mais de 250 mil japoneses imigraram para o Brasil. Atualmente, a população japonesa do Brasil está estimada em 1,5 milhões de pessoas. Apesar de ser a maior concentração de descendentes de japoneses fora do Japão, esse número é acompanhado de perto pelo número de japoneses e descendentes vivendo nos Estados Unidos, onde chegam a 1,4 milhão de um total de 14 milhões de asiáticos.[5] Outros grupos do leste asiático também são significativos no Brasil. A população coreana brasileira é estimada em 50.000 e a população sino-brasileira em torno de 300.000. Mais de 70% dos brasileiros asiáticos estão concentradas no estado de São Paulo. Também existem populações significativas no Paraná, Mato Grosso do Sul, Amazonas , Pará e Pernambuco.
Demografia[editar | editar código-fonte]

Segundo dados do recenseamento de 2010, feito pelo IBGE, 2.1% dos brasileiros declararam-se como amarelos. Dos dez municípios brasileiros com maior população autodeclarada amarela, quatro estavam no Paraná, quatro em São Paulo, um no Amazonas e um em Pernambuco.
Municípios brasileiros com maior percentual de descendentes de asiáticos (sobretudo japoneses):[6]
- 1) Assaí (PR) – 15,01%
- 2) Mogi das Cruzes (SP) - 14,08%
- 3) Bastos (SP) – 11,36%
- 4) Guatapará (SP) – 9,15%
- 5) Uraí (PR) – 6,88%
- 6) Manaquiri (AM) – 6,26%
- 7) Pacaembu (SP) – 5,89%
- 8) São Sebastião da Amoreira (PR) – 5,71%
- 9) Mirandópolis (SP) – 5,26%
- 10) Sertaneja (PR) – 5,13%
- 11) Jaboatão dos Guararapes (PE) – 5,08%
Preconceito[editar | editar código-fonte]
A situação dos (brasileiros) asiáticos no contexto da sociedade brasileira é discutida desde os meados do século XIX, da autorização das imigrações chinesa e japonesa ao Brasil, por intelectuais, diplomatas e políticos brasileiros.[7]
Existia o medo de que a imigração asiática desencadeasse degradação racial ante o plano de eugenia, de branqueamento da população brasileira, idealizado num momento em que o Brasil não mais podia comercializar escravos (negros) e teria de substituí-los por imigrantes europeus livres ou por outras etnias. Por isso, era comum que imigrantes das levas iniciais viessem com o cônjuge e seus filhos, para que não se misturassem com a população local.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a aderência do Império do Japão ao Eixo e a do Brasil aos Aliados, ou seja, tornando-se inimigos entre si e cortando os laços diplomáticos em 1941, causou a supressão de vários direitos dos imigrantes japoneses, alemães e italianos no Brasil, como a compra de terras e a nacionalização de empresas estrangeiras no Brasil, além de exacerbar a perseguição política dessas e de outras etnias no país.
Anteriormente à imigração dos japoneses, houve a entrada de libaneses e sírios e, mais recentemente, o influxo de outros povos asiáticos, como os coreanos, os taiwaneses, os chineses, os vietnamitas e os indianos.
No imaginário popular, todos os povos do leste asiático estão enquadrados pelo substantivo japa,[8] no Brasil. O termo é racista e quase sempre vem acompanhado de microagressões,[9] algo diferente, mas muitas vezes também presente no racismo estrutural contra afrodescendentes.
A crença de que todo descendente de japonês é exótico, rico e trabalhador, de culinária excêntrica e malcheirosa, de ser ótimo em matemática, submisso, passivo, mas inteligente perpassa a imagem de um asiático oriental no Brasil, por toda a sociedade, embora cada indivíduo seja único e especial à sua maneira e que generalizações são falsas (mas não esta). Essa crença é também chamada de mito da minoria modelo[10][11][12] e é considerado um mito dialético do Perigo Amarelo: ao mesmo tempo que confere valores positivos ao grupo social que qualifica, também oprime esse grupo, pois nem todo brasileiro asiático cumpre tais qualidades, e porque relembra-o de que não é a maioria branca toda vez que existe um conflito e um embate entre a civilização oriental e a civilização ocidental; ou quando o lugar-comum do (supremacista) branco é ameaçado; ou quando ocorre fetichização do fenótipo. Além disso, o mito da minoria modelo também serve de munição para a negação de ações afirmativas para com outros grupos sociais, especialmente para com os afrodescendentes.
A pandemia do coronavírus, entre 2019 e 2020, deu escalada ao escrutínio de asiáticos, em relação à doença e a sua origem, pela população brasileira e o aumento do preconceito contra os brasileiros asiáticos, em geral.
Notas
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Brasileiros brancos
- Brasileiros negros
- Brasileiros pardos
- Composição étnica do Brasil
- Cultura nipo-brasileira
- Demografia do Brasil
- Imigração coreana no Brasil
- Imigração indiana no Brasil
- Imigração japonesa no Brasil
- Povos indígenas do Brasil
- Sino-brasileiro
Referências
- ↑ a b http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/04/30/populacao-asiatica-aumentou-173-no-brasil-segundo-censo-de-2010-924357980.asp
- ↑ a b Revista Veja, ed. (2011). «Censo 2010 erra ao indicar aumento de asiáticos no país». Consultado em 4 de junho de 2015
- ↑ Adital - Brasileiros no Japão
- ↑ (português) Study Panorama of religions. Fundação Getúlio Vargas, 2003.
- ↑ «Asiáticos nos EUA»
- ↑ www.sidra.ibge.gov.br
- ↑ Ueno, Luana Martina Magalhães (2019). «O Duplo Perigo Amarelo: O Discurso Antinipônico No Brasil (1908-1934)». Revistas USP. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ Ito, Carol (12 de março de 2020). «Meu nome não é japa: o preconceito amarelo». Revista Trip. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ «O Oriente também é aqui». Revista Esquinas. Consultado em 31 de dezembro de 2020
- ↑ Mello, João (7 de outubro de 2020). «Influenciadores discutem preconceito contra asiáticos». Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ Santos, Caynnã de Camargo; Acevedo, Claudia Rosa (agosto de 2013). «A minoria modelo: uma análise das representações de indivíduos orientais em propagandas no Brasil». Revista Psicologia Política (27): 281–300. ISSN 1519-549X. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ CartaCapital, Redação (28 de março de 2017). «"A solidariedade antirracista é o maior medo da supremacia branca"». CartaCapital. Consultado em 31 de dezembro de 2020