Calçada do Lorena

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Calçada de Lorena, pintura de Oscar Pereira da Silva, no acervo do Museu do Ipiranga, em São Paulo
Calçada do Lorena, São Paulo: aspecto de um trecho.
Carta corográfica e hidrográfica da costa do mar da Capitania de São Paulo - Brasil

A Calçada do Lorena é o primeiro caminho pavimentado que ligou São Paulo a Santos, construída a mando do então governador-geral da Capitania, Bernardo José Maria de Lorena.[1] O caminho se localiza na serra do Mar, no estado de São Paulo, Brasil.

História[editar | editar código-fonte]

Um dos chamados caminhos do mar de São Paulo foi aberto ao final do século XVIII, em função das precárias condições do caminho do Padre José de Anchieta, que inviabilizavam o transporte do açúcar e demais gêneros do planalto de Piratininga, pela serra do Mar, até ao porto de Santos, no litoral.

Desse modo, em 1790 iniciou-se uma nova via, calçada de pedras, por determinação do governador da capitania de São Paulo, Bernardo José Maria de Lorena. As obras ficaram a cargo do Brigadeiro João da Costa Ferreira, engenheiro da Real Academia Militar de Lisboa. Concluída em 1792, estendia-se por 50 km, reduzindo em cerca de 20% o percurso entre Santos e São Paulo de Piratininga.

É considerada uma das maiores obras da engenharia na colônia, à época, uma vez que transpor os mais de 700 metros de desnível representados pela serra do Mar, numa região de mata densa e altos índices pluviométricos, foi um desafio que, para ser vencido, exigiu de seus construtores a adoção de técnicas ainda inéditas na Capitania de São Paulo. A pedra foi utilizada na pavimentação, na construção de muros de arrimo e de proteção junto aos despenhadeiros e nos canais pluviais da Calçada. Nas curvas do trecho de serra, caixas de dissipação desviavam para fora da via as águas conduzidas pelos canais pluviais.

Menos íngreme, foi a primeira via a possibilitar o trânsito de tropas de muares, consumindo apenas dois dias na subida.

Uma das mais importantes viagens realizadas por essa via ocorreu em 1822, uma vez que por ela, o Príncipe-Regente D. Pedro subiu a serra em direção a São Paulo, vindo a proclamar, a 7 de setembro, a Independência do Brasil.

Os remanescentes da calçada encontram-se preservados e abertos à visitação turística no trecho que se estende do seu início, no planalto, até ao seu terceiro encontro com a Rodovia Caminho do Mar.

No Governo Washington Luís (1926-1930) foi recuperada a Rodovia Caminho do Mar e construído o Belvedere e o Padrão do Lorena, em homenagem ao construtor da Calçada, que na época em que foi construída, era uma das mais modernas estradas do mundo.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MENDES, Denise. A Calçada do Lorena: o caminho de tropeiros para o comércio do açúcar paulista. Dissertação de Mestrado, USP, 1994.
  • TOLEDO, Benedito Lima de. O Real Corpo de Engenheiros na capitania de São Paulo: destacando-se a obra do brigadeiro João da Costa Ferreira. São Paulo: João Fortes Engenharia, 1981. 178p., il., mapas.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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