Calamintha nepeta

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Calamintha nepeta

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Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Ordem: Lamiales
Família: Lamiaceae
Género: Calamintha
Espécie: C. nepeta
Nome binomial
Calamintha nepeta
(L.) Savi

Calamintha nepeta (mais conhecida pelo mundo como Clinopodium nepeta[1]) é uma espécie de planta com flor, pertencente à família das Labiadas[2] e ao tipo fisionómico dos caméfitos[3]. É comummente conhecida como nêveda[4] .

É apreciada pelas suas propriedades aromática e medicinais.[4][5]

Nomes comuns[editar | editar código-fonte]

Além do substantivo «nêveda», esta espécie dá ainda pelos seguintes nomes comuns: calaminta[6], calaminta-das-montanhas[2], erva-nêveda[5], nêveda-maior,[2] nêfeta[2] e erva-das-azeitonas[7][3].

Regionalmente, as plantas desta espécie pertencentes à subespécie sylvatica também são conhecidas como lêveda[8], poejo-da-serra[8] e erva-azeitoneira.[9]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Quanto ao nome científico desta espécie:

  • O nome genérico, Calamintha, provém do grego clássico, tratando-se da aglutinação dos étimos kalos (bela) e mintha (menta), significando, por isso «menta bonita».[10]
  • O nome genérico alternativo, Clinopodium, também provém do latim clinopodion, que por sua vez é uma adpatação do étimo grego κλινοπόδιον (klinopódion), tratando-se esta palavra, por seu turno, da aglutinação dos étimos κλίνη (klínē), que significa «base; cama» e πόδιον (pódion), que significa «pé».[11]
  • O epíteto específico, nepeta, provém do latim, tratando-se de uma declinação do étimo, nĕpĕta que aludia à nêveda italiana[12]( actual espécie Nepeta Italica)[13].

Do que toca aos nomes comuns:

  • os substantivos «nêveda»[4], «nêfeta»[2] e outras variantes, são deturpações, pela via popular, do étimo latino nĕpĕta.[12]
  • o nome comum «calaminta» é um aportuguesamento do étimo «calamintha»[6], que entrou no português por via erúdita.
  • o nome comum «erva-das-azeitonas» deve-se ao facto desta planta ser usada para aromatizar azeitonas em conserva.[5]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Planta subarbustiva, ramosa e aromática, de aspecto muito variável, podendo medir entre 20 a 75 centímetros de altura.[14] O caule é moderadamente piloso.[15]

Do que toca às folhas, são de formato ovado ou ovado-arredendado, a borda tanto pode ser inteira ou dentada, apresentado páginas que podem ser moderadamente pelosas e glandulosas.[15]

A inflorescência desta espécie assume a forma de verticilastros de 2 a 14 flores, cada um.[14] Estas inflorescências são frequentemente corimbiformes ou umbeliformes, contando com bracteolas muito pequenas.[14]

As flores destacam-se pela corola, de dimensões maiusculas ou mediocre, alternando entre os 6 e os 20 milímetros, ostentando uma coloração geralmente lilás-pálida ou, raras vezes, branca.[14] O florescimento ocorre de Abril a Novembro.[16]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Esta espécie é originária do Sul e Centro do continente europeu, com particular incidência na orla europeia do mediterrâneo.[2] Marca também presença no Próximo Oriente[2], incluindo a Ásia ocidental até ao Irão, e no Noroeste do continente africano, de Marrocos até à Tunísia.[5]

Portugal[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma espécie presente no território português, marcando presença em todas as zonas do território de Portugal Continental, encontrando-se também presente nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.[2][3]

Mais particularmente, os seguintes táxones infraespecíficos:[17]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma espécie ruderal[2] e, embora seja uma é uma indiferente edáfica, privilegia os sítios secos[3] e áridos,[5] conseguindo prozar em solos relativamente nitirificados.[3]

Pode encontrar-se amiúde, em sebes-vivas, nas orlas de caminhos[5], escarpas e nas cercanias de bosques e matagais.[19]

Também medra em prados, sob frentes umbrias.[3]

Usos[editar | editar código-fonte]

Culinária[editar | editar código-fonte]

Dadas as propriedades aromáticas desta planta, cujo odor lembra o da menta, a erva-das-azeitonas é amiúde usada nas conservas de azeitona.[5] Com efeito, esta espécie tem ainda outras utilidades culinárias, sendo usada na preparação de chás e saladas.[20]

Medicina[editar | editar código-fonte]

No âmbito da etnobotânica esta espécie é reputada como estimulante geral, antiespasmódica, calmante, diaforética e expetorante.[5] São-lhe também atribuídas propriedades eupépticas, antiflatulentas, estimulantes e tónicas.[21]

Foi utlizada na Idade Média na preparação de mezinhas para tratar zunidos dos ouvidos e dores abdominais.[20] Historicamente, foi encarada como capaz de substituir a espécie Melittis melissophyllum L., em vários preparados e mezinhas.[22]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A autoridade científica da espécie é (L.) Savi, tendo sido publicada em Flora Pisana 2. 1798.[23]

Sinonímia[editar | editar código-fonte]

  • Satureja calamintha (L.), Scheele.
  • Calaminta baetica Boiss. et Reut.
  • Calaminta baetica Boiss. et Heldr.
  • Calamintha nepeta (L.) Savi subsp. glandulosa (Req.) P. W. Ball
  • Melissa calamintha L.
  • Calamintha officinalis Moench
  • Thymus glandulosus Req.
  • Melissa glandulosa (Req.) Benth.
  • Calamintha glandulosa (Req.) Benth.
  • Calamintha adscendens Willk. & Lange
  • Calamintha byzantina K.Koch
  • Calamintha canescens J.Presl
  • Calamintha heterotricha Boiss. & Reut.
  • Calamintha macra Klokov
  • Calamintha montana Lam.
  • Calamintha pauciflora Lange
  • Calamintha spruneri Boiss.
  • Calamintha stricta Rchb.f.
  • Clinopodium calamintha (L.) Kuntze
  • Clinopodium glandulosum (Req.) Kuntze
  • Clinopodium heterotrichum (Boiss. & Reut.)

Referências

  1. The Plant List: Collaboration between the Royal Botanic Gardens, Kew and Missouri Botanical Garden (2012). [1].
  2. a b c d e f g h i «Jardim Botânico UTAD | Espécie Clinopodium nepeta». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 8 de março de 2024 
  3. a b c d e f «Calamintha nepeta | Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 8 de março de 2024 
  4. a b c S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «nêveda». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023 
  5. a b c d e f g h Mendes Ferrão, José (2017). Dicionário das plantas medicinais, letra C. Lisboa: Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa. p. 43. 84 páginas 
  6. a b S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «calaminta». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023 
  7. S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «erva-das-azeitonas». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023 
  8. a b Freitas, F. (2013). Plantas e seus usos tradicionais (PDF). Fajã da Ovelha: Serviço do Parque Natural da Madeira. p. 22. ISBN 978-989-95497-9-1 
  9. Coimbra, Universidade de. «Calamintha nepeta sylvatica - Património Histórico-Farmacêutico». Património Histórico-Farmacêutico. Consultado em 18 de março de 2024 
  10. «A Grammatical Dictionary of Botanical Latin». www.mobot.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  11. Quattrocchi, Umberto (2000). CRC World Dictionary of Plant Names volume I. New York: CRC Press: Boca Raton. p. page 91. ISBN 978-0-8493-2673-8 
  12. a b «nĕpĕta - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 26 de maio de 2022 
  13. «Nepeta italica L. | Plants of the World Online | Kew Science». Plants of the World Online (em inglês). Consultado em 8 de março de 2024 
  14. a b c d «Calamintha nepeta - Flora Vascular - Toda la información detallada sobre la Flora Vascular | - Especie: Calamintha nepeta | BioScripts.net». www.floravascular.com. Consultado em 18 de março de 2024 
  15. a b Pereira Coutinho, António Xavier (1913). Flora de Portugal (Plantas Vasculares): Disposta em Chaves Dicotómicas. Lisboa: Aliud. p. 517. 766 páginas 
  16. Carapeto, André (2021). Guia da Flora de Portugal Continental, tomo III. Lisboa: Imprensa Nacional. p. 232. 339 páginas. ISBN 9789722728805 
  17. Sequeira M, Espírito-Santo D, Aguiar C, Capelo J & Honrado J (Coord.) (2010). Checklist da Flora de Portugal (Continental, Açores e Madeira). Associação Lusitana de Fitossociologia (ALFA).
  18. Freitas, F. (2013). Plantas e seus usos tradicionais (PDF). Fajã da Ovelha: Serviço do Parque Natural da Madeira. p. 101. 202 páginas. ISBN 978-989-95497-9-1 
  19. Carapeto, André (2021). Guia da Flora de Portugal Continental, tomo III. Lisboa: Imprensa Nacional. p. 8. 339 páginas. ISBN 9789722728805 
  20. a b «Erva-das-azeitonas | Mafra». www.cm-mafra.pt. Consultado em 18 de março de 2024 
  21. S.A, Infopédia- Dicionário de Termos Médicos da Língua Portuguesa. «calamintha nepeta». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023 
  22. Möller, Adolfo Frederico (1878). Catalogo das plantas medicinais que habitam o continente portugues. Coimbra: Universidade de Coimbra. p. 98. 182 páginas 
  23. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 29 de setembro de 2014 <http://www.tropicos.org/Name/17602242>

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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