Cantar dos Reis
O cantar dos reis ou reisadas[1] é uma tradição secular portuguesa celebrada por volta do dia de Reis. Nesta, um grupo de populares, chamados de "reiseiros", tocam e cantam às portas das casas, invocando a celebração da visita dos três Reis Magos para pedir esmolas e donativos.[2] É muito semelhante à tradição das janeiras, que usa como pretexto o ano-novo.
O costume é já referido no final do século XVI em duas obras do dramaturgo português António Prestes: Auto do Procurador e Auto dos Dous Irmãos:
Como exemplo pode realçar-se a tradição do Porto, em que os grupos de reiseiros se organizavam de acordo com a ocupação, vizinhança, associação, ou nacionalidade, para percorrerem as ruas da cidade em procissão, cantando também à porta das casas. Existem registos de que nos Reis de 1882 soavam instrumentos como "zabumbas, ferrinhos e as gaitas de foles anasaladas, exclusivas dos carrejões galegos". Durante as celebrações ainda tinham lugar uma pantomina e um auto dos Reis.[2]
As cantigas interpretadas, recolhidas por vários autores portugueses, comummente adaptam antigos romances, conhecidos invariavelmente como romances dos três Reis Magos. Por vezes principiam com o famoso chamamento "Ó da casa, nobre gente / escutai e ouvireis, / da parte do Oriente, / são chegados os três Reis".[4]
A tradição não é exclusiva de Portugal, existindo paralelos um pouco por toda a Europa, como os "cantores da estrela".[5]
Referências
- ↑ «Reisadas». Guimarães Turismo. Consultado em 28 de dezembro de 2015
- ↑ a b «A Festa dos Reis Magos na tradição dos portuenses». Jornal de Notícias. 2 de janeiro de 2004
- ↑ a b Lopes, Afonso (1587). Primeira parte dos Autos e comedias portuguesas. feitas por Antonio Prestes & por Luis de Camões & por outros autores portugueses cujos nomes vão no principio das obras 1 ed. Lisboa: Andres Lobato
- ↑ Pedroso, Zófimo Consiglieri (2014). Tradições Populares Portuguesas. [S.l.]: Edições Vercial
- ↑ Bowler, Gerry, Dizionario universale del Natale [The World Encyclopedia of Christmas], ed. italiana a cura di C. Corvino ed E. Petoia, Newton & Compton, Roma, 2003, p. 286