Carlos Othon Schlappal

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Carlos Othon Schlappal
Nascimento Bulgária
Morte 22 de setembro de 1883
Cidadania Brasil
Ocupação agrimensura

Carlos Othon Schlappal (Bulgária, [quando?]22 de setembro de 1883[1][2]) foi um engenheiro agrimensor a serviço da província de Santa Catarina, na época da instalação das colônias em Santa Catarina, na segunda metade do século XIX.[nota 1]

Vida[editar | editar código-fonte]

Casou com Maria Vicência Veiga Schlappal, falecida em setembro de 1879.[4][5]

Sua filha Anna Eliza Schlappal Marques Leite ficou viúva de José Bernardes Marques Leite em dezembro de 1878.[6]

Carreira[editar | editar código-fonte]

As mais antigas chácaras em Florianópolis (antiga Desterro) estavam localizadas na rua das Olarias, atual Avenida Mauro Ramos, mostradas em uma planta de autoria de Schlappal, de 1848, que também elaborou uma carta topográfica de Desterro, em 1876, juntamente com seu colega major Antônio Florêncio Pereira do Lago, por ordem do presidente da província Alfredo d'Escragnolle Taunay.[7] De acordo com Alfredo d'Escragnolle Taunay, era "turco de nascimento".[8]

De 1854 a 1856 foi professor de primeiras letras na Colônia Dona Francisca.[9]

Demarcou os lotes da colônia Angelina, fundada em 1860, da qual foi diretor, de 1860 a 1869.[10]

Em 1861 é creditado como ajudante do capitão de engenheiros Sebastião de Sousa e Melo no relatório do presidente da província Francisco Carlos de Araújo Brusque à Assembleia Legislativa.[11]

Em 1873, notícias do jornal O Conciliador, de 8 e 15 de maio informam que[12]

"No início de maio, o dr. Accioli, enfim, embarcou e muitos eminentes liberais foram vistos indo para o Estreito, para esfoguetearem o viajante. O próprio Accioli deu uma declaração de que não havia pedido a ninguém para evitar o foguetório. Uma fofoca do jornal dizia que, no dia seguinte ao embarque, em frente à casa de Schlapal (sic), Pitanga comentava com Crespo que agora é que iria começar a administração da província!"

Então possivelmente Carlos Othon Schlappal residia em Desterro nesta época, exatamente quando os primeiros migrantes alemães oriundos da Colônia Teresópolis e imediações instalavam-se em Braço do Norte. Em 17 de setembro de 1876 começou a trabalhar como agrimensor na recém fundada colônia de Braço do Norte,[13] iniciando com a medição e demarcação dos 52 lotes dos colonos que iniciaram a ocupação legal do Vale do Rio Braço do Norte. A frente dos lotes ficou sendo o rio Braço do Norte, e não havia nenhuma divisão entre eles. Determinou o local da sede da colônia em 1877, demarcando um quadrado de terra às margens do rio Braço do Norte em 1879.

O engenheiro Schlappal, já fundador da colônia Angelina, estabelecera-se pouco acima do Gravatal, numa propriedade de mil braças de fundo.[14]

Designado por Luís Martins Collaço, auxiliou o engenheiro Charles Mitchell Smith Leslie, juntamente com o também engenheiro João Carlos Greenhalgh, na medição das terras do patrimônio dotal da Princesa Isabel, resultando na criação da Colônia Grão Pará.[15] Trabalhou posteriormente na Colônia Grão Pará, onde deixou seus documentos, como chefe da comissão do governo para a medição das terras dos colonos. Seus documentos estão guardados no museu Conde d'Eu, em Orleans.

Morreu no cargo de engenheiro da Colônia Grão Pará.[16]

Correspondências selecionadas[editar | editar código-fonte]

"Rio Braço do Norte 18 de Novembro de 1877
Ilmo. e Exmo. Sr.
Tenho a honra accuzar a recepção de hoje do Officio que V.Exª se dignou derigir-me em data de 7 do fluente mez; recommendando-me que me limite por enquanto com a verificação da medição dos lotes dos ex colonos existentes nos valles dos rios Braço do Norte e Capivary, e daquelles que já se achão estabelecidos, e estão comprehendidos no aviso de 6 de Maio de 1873, remettendo a essa Presidencia os requerimentos instruidos com a informação da qualidade do terreno, e serem devolutos, para habilitar a thesouraria de poder arbitrar o respectivo preço, deixando dar andamento ás petições para compra de terras por particulares, que não forão colonos estabelecidos n'aquellas zonas, para ser resolvido sobre taes vendas depois da descriminação das terras do domínio Publico das do particular.
Cumprirei fielmente as Ordens de V.Ex.
Deus Guarde V.Ex.
Illmo. Exmo. Snr. Dr. José Bento de Araujo
Muito Digno Presidente da Provincia de Santa Catharina
Carlos Othon Schlappal"
(sic)

Notas

  1. De acordo com Joaquim Francisco Perardt,[3] citando a obra de Walter Piazza Angelina: Um Caso de Colonização Nacional. Florianópolis: UFSC, 1973, Schlappal nasceu na Bulgária, estudou em Viena, passou pela Alemanha, seguindo depois para o Brasil em uma expedição científica com cientistas belgas.

Referências

  1. Dall'Alba, João Leonir: O Vale do Braço do Norte. Orleans : Edição do autor, 1973. Página 69.
  2. Perardt, Joaquim Francisco, História Demográfica de Angelina 1860 - 1950. Dissertação. Universidade Federal de Santa Catarina, 1990
  3. História Demográfica de Angelina. 1860 - 1950. Dissertação, UFSC, 1990
  4. Oswaldo Rodrigues Cabral: A História da Política em Santa Catarina Durante o Império. Edição em 4 volumes, organizada por Sara Regina Poyares dos Reis. Florianópolis: Editora da UFSC, 2004. Página 1343.
  5. O Despertador Ano XVII, N.º 1723
  6. A Regeneração Ano Xi Nº 1028
  7. Osvaldo Rodrigues Cabral, Nossa Senhora do Desterro. Volume 1: Notícia. Florianópolis: Lunardelli, 1979. Página 265.
  8. Alfredo d'Escragnolle Taunay, Memórias, página 152.
  9. Maria Ivonete Peixer da Silva. A Escola na Colônia Dona Francisca (Joinville): Um estudo da Construção do Ensino - 1851 a 1900. Página 57.
  10. Walter Piazza A Colonização de Santa Catarina. 3ª edição. Florianópolis : Lunardelli, 1994. Página 154.
  11. Relatório do presidente da provincia de Santa Catarina, Francisco Carlos de Araújo Brusque, apresentado à Assembléia Legislativa Provincial na 2ª sessão da 10ª legislatura, em 8 de março de 1861
  12. Oswaldo Rodrigues Cabral: A História da Política em Santa Catarina Durante o Império. Edição em 4 volumes, organizada por Sara Regina Poyares dos Reis. Florianópolis : Editora da UFSC, 2004. Página 1220.
  13. Dall'Alba, João Leonir: O Vale do Braço do Norte. Orleans : Edição do autor, 1973. Página 76.
  14. Dall'Alba, João Leonir: O Vale do Braço do Norte. Orleans : Edição do autor, 1973. Página 60.
  15. Jucely Lottin, Colônia Imperial de Grão-Pará. 120 anos. Florianópolis : Elbert, 2002. Página 29.
  16. Jornal A Regeneração 23 de setembro de 1883, Ano XV, N.º 112
  17. Arquivo Público do Estado de Santa Catarina (transcrição literal)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Dall'Alba, João Leonir: O Vale do Braço do Norte. Orleans : Edição do autor, 1973.
  • Piazza, Walter e Hübener, Laura Machado: Santa Catarina, história da gente. 6ª Ed. Florianópolis : Lunardeli, 2003.
  • Harger, Enerzon Xuxa: Os Homens que Fizeram nossa História. Tubarão : Coan, 2006.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]