Vestiário (título)

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Vestiário (em grego: βεστιάριον; romaniz.:vestiárion; em latim: vestiarium; romaniz.:"guarda-roupa"), às vezes com os adjetivos "imperial" (basilikon) ou "grande" (mega), foi um dos principais departamentos fiscais da burocracia bizantina. Originado do título romano tardio vestiário sagrado (sacrum vestiarium), tornou-se um departamento independente no século VII sob um cartulário. Ao final do período bizantino, era o único tesoureiro do Estado.[1] O vestiário público não deve ser confundido com o roupeiro privado dos imperadores bizantinos, o vestiário da casa (oikeiakon vestiarion), que era chefiado pelo protovestiário.

O ofício de vestiário sagrado é atestado pela primeira vez como um dos escrínios (scrinia) sob o conde das sagradas liberalidades no século V, e era então chefiado por um primicério. No século VII, devido a divisão dos antigos departamentos romanos, o vestiário sagrado e seus auxiliares ("escritório da prata (scrinium argenti) e "escritório do milarênsibo" (scrinium a milarensibus), que supervisionavam a cunhagem de moedas, foram combinados para formar o departamento do vestiário, sob o cartulário do vestiário (em grego: χαρτουλάριος τοῦ βεστιαρίου; romaniz.:chartoularios tou vestiariou).[2][3] O vestiário funcionou paralelamente aos outros departamentos fiscais do Estado o sacélio e os vários logotésios, e era responsável pela cunhagem de moedas e barras de ouro, bem como a manutenção dos arsenais imperiais em Constantinopla e o provisionamento da frota imperial e do exército. Com efeito, o vestiário funcionou paralelamente ao sacélio (sakellion); os salários por instância eram pagos, uma meia por cada departamento. No século XII, o vestiário tornou-se o único tesoureiro do Estado, e era comumente referido simplesmente como o temeio (temeion; "tesouro"). Como tal, ele sobreviveu ao período paleólogo, quando seu presidente (prokathēmenos) estava encarregado do comando das "receitas e despesas".[1][4]

Organização[editar | editar código-fonte]

A informação sobre a estrutura interna do departamento durante o período bizantino médio (séculos VII-XI) vem principalmente do Cletorológio de Filoteu, uma lista de ofícios compilada em 899. Sob o chefe do departamento, o cartulário do vestiário, implica:

  • Alguns notários imperiais do secreto (em grego: βασιλικοί νοτάριοι τοῦ σεκρέτου; romaniz.:basilikoi notarioi tou sekreton), os notários imperiais chefes dos sub-departamentos, correspondentes aos primiscrínios (primiscrinii) do período romano tardio.[1][5]
  • Um centurião do vestiário (em grego: κένταρχος τοῦ βεστιαρίου; romaniz.:kentarchos tou vestiarion) e um legatário (em grego: λεγατάριος; romaniz.:legatarios), ambos de função desconhecida.[6]
  • Um arconte da marca (em grego: ἄρχων τῆς χαραγῆς; romaniz.:archon tēs charagēs; lit. "mestre da casa da moeda").[6] O mesmo oficial é provavelmente identificado com o crisoepseta (chrysoepsētēs) atestado em outras partes por Filoteu e anteriormente no Taktikon Uspensky.[7]
  • O cartulário responsável pelo exártese (exartēsis), o arsenal naval imperial. Também conhecido como exartista (em grego: ἐξαρτιστῆς).[8]
  • Alguns curadores (kouratores; "conservadores").[9]
  • Alguns chosvestas (em grego: χοσβαῆται; romaniz.:chosvaētai), de funções desconhecidas. Estes estranhos títulos podem ser um corrupção de Vestiaritas ("homens do vestiário").[9]
  • Alguns mandadores (em grego: μανδάτορες; romaniz.:"mensageiros"), sob um protomandador.[9]

Referências

  1. a b c Kazhdan 1991, p. 2163.
  2. Bury 1911, p. 95.
  3. Haldon 1997, p. 180-181; 191; 206.
  4. Laiou 2002, p. 993; 1029.
  5. Bury 1911, p. 94; 96.
  6. a b Bury 1911, p. 96.
  7. Laiou 2002, p. 913.
  8. Bury 1911, p. 96-97.
  9. a b c Bury 1911, p. 97.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Vestiarion».

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bury, John B. (1911). The Imperial Administrative System of the Ninth Century: With a Revised Text of the Kletorologion of Philotheos. Londres: Oxford University Press 
  • Haldon, John F. (1997). Byzantium in the Seventh Century: The Transformation of a Culture. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-31917-1 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Laiou, Angeliki E. (2002). The Economic History of Byzantium from the Seventh through the Fifteenth Century. Washington: Dumbarton Oaks. ISBN 0-88402-288-9