Catedral Metropolitana de Belém

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Catedral da Sé (Belém))
Catedral Metropolitana de Belém
Catedral da Sé
Catedral Metropolitana de Belém
Fachada da catedral
Tipo
Estilo dominante
Construção 1748 - 1771
Religião Igreja Católica
Diocese Arquidiocese de Belém do Pará
Website
Geografia
País Brasil
Coordenadas 1° 27' 22" S 48° 30' 17" O

A Catedral Metropolitana de Belém, ou simplesmente Catedral da Sé, é uma igreja católica de estilo neoclássico e barroco dedicada à Nossa Senhora da Graça (ou localmente conhecida como Santa Maria de Belém),[1] localizada na cidade brasileira de Belém do Pará (Pará), construída em aproximadamente 1719. É também a primeira igreja construída na Regiao Norte do Brasil. Atualmente é sede da Arquidiocese de Belém e faz parte do conjunto arquitetônico, paisagístico e religioso do bairro Cidade Velha, denominado Feliz Lusitânia (núcleo colonial inicial da cidade).[2][3]

A catedral possui uma escola de música e um grupo coral denominado Schola Cantorum (1735), parte das celebrações da Sé de Belém.[4] Considerada uma das primeiras escolas de música e corais do Brasil.

A primeira igreja da Sé foi construída em 1616 provisoriamente dentro do fortim de madeira denominado Forte do Presépio (durante a criação do povoado colonial português Feliz Lusitânia), dedicada a padroeira Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém.[5] Poucos anos depois foi transferida para o atual Largo da Sé, em uma construção precária.[6]

Catedral Metropolitana de Belém ao anoitecer.

História[editar | editar código-fonte]

Em 1616, na tentativa de assegurar o domínio na Amazônia Oriental e proteger a região das incursões de holandeses e ingleses em busca de especiarias (como as drogas do sertão),[7][8][9][10][11] os portugueses através da expedição militar "Feliz Lusitânia", comandada por capitão Francisco Caldeira Castelo Branco, fundaram na Conquista do Pará, próximo ao igarapé do Piry (ou Bixios do Pirizal)[12] em 12 de janeiro de 1616[13] (a mando do rei da União Ibérica/Dinastia Filipina Dom Manuel I)[14][15] o Forte do Presépio e a capela da padroeira Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém,[14] [16] iniciando o povoado colonial homônimo à expedição militar (atual cidade paraense de Belém),[17][18][19][20][14] próximo ao entreposto comercial do cacicado marajoara).[17][18][19][20]

No século seguinte, em 1719, a Diocese do Maranhão é desmembrada a pedido de Dom João V e a então cidade de Santa Maria de Belém do Pará ou Nossa Senhora de Belém do Grão Pará (atual Belém do Pará) passa a sediar a recém-criada Diocese do Pará, ganhando direito a honras de Sé Episcopal a sua igreja matriz. Neste mesmo ano, a igreja foi transformada em Catedral, iniciando o bispado do Pará. Exigindo que a nova Sé tivesse 4 dignidades, 15 Conegos e 12 Beneficiados, dos quais um organista, passando a ter atividades religiosas e musicais.[4] De acordo com os Estatutos da Sé, de 1790, o organista deveria tanger o órgão com decoro, sem executar nada que fosse profano e "menos honesto". O instrumentista teria intensa atividade, nos serviços religiosos, tocando em missas semanais, ofícios, executando o "Tantum ergo" na quinta-feira, dentre outros. O ocupante do cargo deveria ser clérigo ou leigo, e somente em caso de não haver outro, um frade ou outro tipo de religioso. Os Estatutos trazem ainda a prescrição de que o órgão deveria estar sempre "bom, limpo e afinado".[21]

Em 1724[20] ocorreu a chegada do primeiro bispo na região.[4]

Em 1735, as atividades musicais iniciaram com a criação da escola de música Schola Cantorum, fundada pelo cônego chantre Loureço Álvares Roxo de Potflix (1699-1756), durante a sede vacanti, entre o falecimento do primeiro bispo e a posse do segundo (seis anos depois).[4]

As obras da atual edificação, construída no mesmo local da primitiva igreja, tiveram início no ano de 1748. Data dessa época a planta geral da igreja e os níveis inferiores da fachada, incluindo o portal principal, de feição barroca pombalina. Após algumas interrupções, a direção das obras foi assumida em 1755 por Antônio José Landi, arquiteto italiano chegado a Belém em 1753, que deixou vasta obra na região. Landi terminou a fachada, acrescentando as duas torres e o frontão. As torres, semelhantes às da Igreja das Mercês de Belém, também projetadas por Landi, não têm paralelos no mundo luso-brasileiro e são inspiradas em modelos bolonheses, região de origem do arquiteto. O imponente frontão, ladeado por pináculos piramidais neoclássicos, tem um perfil mais barroco-rococó e contém um nicho com uma estátua de Nossa Senhora. A construção foi totalmente concluída em 1782.

Gravura da Catedral de Belém.

Em 1882, a decoração interior da igreja sofreu uma reforma radical, ordenada pelo bispo Antônio de Macedo Costa, quando a catedral passou por uma grande alteração. O retábulo original, de autoria de Landi, era de caráter rococó e incorporava uma pintura de Nossa Senhora das Graças de autoria do pintor setecentista português Pedro Alexandrino de Carvalho. Tanto o retábulo como a pintura estão atualmente perdidos e são apenas conhecidos por desenhos.

O atual altar principal foi criado em Roma por Luca Carimini no século XIX, enquanto que as pinturas que decoram o interior foram realizadas pelos italianos Domenico de Angelis e Giusepe Capranesi. O grande órgão, da oficina do francês Aristide Cavaillé-Coll, foi instalado em 1882, sendo o maior órgão dessa manufatura no Brasil e um dos maiores da América Latina, perdendo em tamanho para o órgão Mutin/Cavaillé-Coll da Basílica do Santíssimo Sacramento de Buenos Aires, instalado em 1912, após o falecimento de Aristide.

Anteriormente ao Cavaillé-Coll, a catedral abrigou outro órgão, possivelmente de dois teclados manuais e pedaleira, de manufatura ignorada, mas de proporções expressivas para um órgão que teria sido construído na primeira metade do século XIX ou talvez no século XVIII. Em 1873, o então organista, o prussiano Adolfo Kaulfuss, se queixava ao bispo sobre o estado lastimável do mesmo, apontando que se encontrava com foles rasgados, tubos desafinados, com ausência de mais de cem tubos, sendo que parte deles se encontrava em uma caixa, atrás do instrumento, "quase todos machucados"; as passagens de ar entre os foles e someiros tinham vazamentos, inclusive impossibilitando ao organista servir-se da pedaleira; o teclado superior estaria completamente inutilizado, além da ausência da cobertura de marfim sobre 32 teclas, cuja cola permanecia em estado quase permanentemente líquido em razão do clima da região.[21]

A diocese e a Catedral da Sé de Belém foi elevada à dignidade de arquidiocese e sé metropolitana em 1 de maio de 1906 por São Pio X, com a bula Sempiternum Humani Generis, juntamente com a Diocese de Mariana, precedidas somente pelas de São Salvador da Bahia (1551), e de São Sebastião do Rio de Janeiro (1575).

A catedral é parte importante da tradicional celebração do Círio de Nazaré, maior procissão do mundo ocidental. Após uma missa na catedral, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré parte em procissão da catedral até a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, acompanhada por centenas de milhares de pessoas.

Após vários anos sem que fosse submetida a medidas sérias de conservação, o que deteriorou bastante alguns de seus aspectos estruturais e artísticos, a Catedral Metropolitana de Belém foi, enfim, submetida a restauração, em 2005, sendo reaberta ao público no dia 1º de setembro de 2009.

Arquitetura e arte[editar | editar código-fonte]

Catedral vista frontal a partir da Praça Dom Frei Caetano Brandão.

Parte da arquitetura da catedral é atribuída ao arquiteto italiano Antônio José Landi, como a fachada com o coroamento das duas grandes torres, os relógios da Catedral são importados da Europa e foram instaladas no templo em 1772. A Catedral da Sé possuí belíssimos desenhos feitos pelo arquiteto Landi, também guarda belíssimas telas criadas por renomados artistas europeus do século XVIII, localizados nos seus dez altares laterais, além de 28 candelabros de bronze, vitrais religiosos de grande valor artístico e possuí conta com um belo órgão francês do século XIX, um verdadeiro tesouro da história de Belém.

Complexo Turístico Feliz Lusitânia[editar | editar código-fonte]

A Catedral Metropolitana de Belém faz parte do Complexo Turístico Feliz Lusitânia, que é composto por:[22][23]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Catedral Metropolitana de Belém

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «História da Catedral - Catedral Metropolitana de Belém». 21 de novembro de 2019. Consultado em 8 de outubro de 2023 
  2. «Espaço Cultural Casa das Onze Janelas será reaberto com quatro exposições». Portal da Secretaria de Cultura do Pará (em inglês). Consultado em 2 de dezembro de 2021 
  3. «Pontos Turísticos Complexo Feliz Lusitânia - Belém». Guia da Semana. Consultado em 2 de dezembro de 2021 
  4. a b c d de Sousa, Stherfany Taynara Ribeiro; Duarte, Fernando Lacerda Simões; Gaby, André (2020). O acervo musical da Schola Cantorum da Sé de Belém: sua constituição, a proveniência dos documentos musicográficos e os vestígios de atividades musicais religiosas na capital paraense. Campina Grande: XXX Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música 
  5. Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  6. «Histórico Belém do a Pará». Ferramenta Cidades. IBGE. 2015. Consultado em 4 de maio de 2016 
  7. «História do Pará». Info Escola. Consultado em 11 de agosto de 2013 
  8. «O Estado do Pará» (PDF). Itamaraty Ministério das Relações exteriores. Revista Textos do Brasil. Edição 01: 2. 1997. Consultado em 22 de outubro de 2015 
  9. «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018 
  10. Pereira, Carlos Simões (28 de outubro de 2020). «Das origens da Belém seiscentista e sua herança Tupinambá». Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento (10): 146–160. ISSN 2448-0959. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  11. «Capitania do Grão-Pará». Atlas Digital da América Lusa. Consultado em 27 de dezembro de 2017 
  12. Coimbra, Oswaldo; Neto, Alfredo Jorge Hesse Garcia (2008). Cidade velha, cidade viva. Col: Oficina Escola de Escritores. Grupo de Memória de Engenharia e Atividades Interdisciplinares da Faculdade de Engenharia Civil - Universidade Federal do Pará (UFPA). [S.l.]: Associação Cidade Velha Cidade Viva (CiVViva). Resumo divulgativo 
  13. Bol Listas (8 de janeiro de 2018). «Açaí, jambu e a Amazônia: 10 curiosidades sobre o Pará». Portal UOL. Consultado em 7 de março de 2018 
  14. a b c Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  15. «I DECLARAÇÃO AOS POVOS SOBRE O TERRITÓRIO MURUCUTU TUPINAMBÁ». Idade Mídia. 7 de janeiro de 2022 
  16. Coimbra, Oswaldo; Neto, Alfredo Jorge Hesse Garcia (2008). Cidade velha, cidade viva. Col: Oficina Escola de Escritores. Grupo de Memória de Engenharia e Atividades Interdisciplinares da Faculdade de Engenharia Civil - Universidade Federal do Pará (UFPA). [S.l.]: Associação Cidade Velha Cidade Viva (CiVViva). Resumo divulgativo 
  17. a b «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018 
  18. a b da Costa TAVARES, Maria Goretti (2008). «A Formação Territorial do Espaço Paraense». Universidade Federal do Pará (UFPa). Revista ACTA Geográfica nº 3 - Ano II. ISSN 1980-5772. doi:10.5654/actageo2008.0103.0005. Consultado em 4 de maio de 2016 
  19. a b «Veja como foi a fundação de Belém em 1616 e conheça sua história». G1 Pará. 9 de janeiro de 2016. Consultado em 4 de maio de 2016 
  20. a b c «I DECLARAÇÃO AOS POVOS SOBRE O TERRITÓRIO MURUCUTU TUPINAMBÁ». Idade Mídia. 7 de janeiro de 2022 
  21. a b Duarte, Fernando Lacerda Simões (2023). Órgãos de tubos em Belém do Pará: do patrimônio musical organológico na Igreja Católica aos ofícios e seus saberes. São Luís: 32° Simpósio Nacional de História 
  22. «Folha Online - Turismo - Pará: Núcleo Feliz Lusitânia mantém arquitetura do além-mar - 10/02/2005». Jornal Folha de S.Paulo. Consultado em 13 de outubro de 2020 
  23. CARVALHO, Luciana; CAMPOS, Marcelo; OLIVEIRA, Thiago da Costa (Cur.). Patrimônios do Norte: Homenagem aos 81 anos do IPHAN. Rio de Janeiro: Paço Imperial, 2018.
  24. Cybelle Salvador Miranda. «Cidade Velha e Feliz Luzitânia: Cenários do Patrimônio Cultural em Belém» (PDF). Consultado em 1 de março de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]