Cecília da Grécia e Dinamarca

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Cecília
Princesa da Grécia e Dinamarca
Grã-Duquesa Hereditária de Hesse
Cecília da Grécia e Dinamarca
Nascimento 22 de junho de 1911
  Palácio de Tatoi, Atenas, Grécia
Morte 16 de novembro de 1937 (26 anos)
  Ostend, Bélgica
Sepultado em Mausoléu Grão-Ducal, Rosenhöhe, Darmestádio, Alemanha
Marido Jorge Donatus, Grão-Duque Hereditário de Hesse
Descendência Luís de Hesse e Reno
Alexandre de Hesse e Reno
Joana de Hesse e Reno
Casa Eslésvico-Holsácia-Sonderburgo-Glucksburgo (nascimento)
Hesse-Darmestádio (casamento)
Pai André da Grécia e Dinamarca
Mãe Alice de Battenberg

Cecília da Grécia e Dinamarca (22 de junho de 1911 - 16 de novembro de 1937) foi a esposa do grão-duque Jorge Donatus e irmã do príncipe Filipe, Duque de Edimburgo.

Nascimento e família[editar | editar código-fonte]

Cecília, ainda criança, por Philip de László

Cecília foi a terceira filha do príncipe André da Grécia e Dinamarca e da sua esposa, a princesa Alice de Battenberg. Nasceu no dia 22 de junho de 1911 no palácio de verão da família real grega em Tatoi, a quinze quilómetros de Atenas.

Cecília foi baptizada em Tatoi no dia 2 de julho de 1911. Os seus padrinhos foram o rei Jorge V do Reino Unido, Ernesto Luís, Grão-Duque de Hesse, o príncipe Nicolau da Grécia e Dinamarca e a duquesa Vera Constantinovna da Rússia.

Pelo lado do pai, Cecília era neta do rei Jorge I da Grécia e da grã-duquesa Olga Constantinovna da Rússia (uma neta do czar Nicolau I da Rússia). Pelo lado da mãe era bisneta da princesa Alice do Reino Unido (filha da rainha Vitória do Reino Unido e do príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota).

A princesa tinha três irmãs: Margarida (esposa do príncipe Godofredo de Hohenlohe-Langenburg), Teodora (esposa de Bertolo de Baden) e Sofia (esposa primeiro do príncipe Cristóvão de Hesse e depois do príncipe Jorge Guilherme de Hanôver). O seu irmão Filipe, depois duque de Edimburgo, foi o marido da rainha Isabel II do Reino Unido.

Em 1922, Cecília e as suas irmãs foram damas de honra no casamento do seu tio, Louis Mountbatten com Edwina Mountbatten.[1]

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

No dia 2 de fevereiro de 1931, Cecília casou-se com Jorge Donatus. O casal teve quatro filhos:

Nome Nascimento Morte Observações
Luís Ernesto de Hesse 25 de outubro de 1931 16 de novembro de 1937 morreu aos 6 anos de idade num acidente de avião; sem descendência.
Alexandre Jorge de Hesse 14 de abril de 1933 16 de novembro de 1937 morreu aos 4 anos de idade num acidente de avião; sem descendência.
Joana de Hesse 20 de setembro de 1936 14 de junho de 1939 morreu aos 2 anos e meio de idade de meningite; sem descendência.
bebé morto 16 de novembro de 1937 16 de novembro de 1937 encontrado nos escombros do avião que matou grande parte da sua família.

No dia 1 de maio de 1937, Cecília e o seu marido juntaram-se ao Partido Nazi.

Morte[editar | editar código-fonte]

Alexandre e Luís, filhos de Cecília

Em outubro de 1937, o sogro e padrinho de Cecília, Ernesto Luís, Grão-Duque de Hesse, morreu. Poucas semanas depois do funeral estava marcado o casamento do seu cunhado, o príncipe Luís de Hesse, com Margaret Campbell-Geddes em Londres.

No dia 16 de novembro de 1937, Jorge Donatus, Cecília, os seus dois filhos mais velhos e a mãe de Jorge, Leonor, deixaram Darmestádio de avião com o objectivo de chegar a Londres. Nesta altura, o avião estava a tornar-se um meio de transporte popular, mas eram ainda pouco seguro e a maioria das pessoas continuava a preferir deslocar-se de barco e comboio. Cecília tinha tanto medo de aviões que, sempre que viajava em um, vestia-se de preto.[2] Por outro lado, o seu marido Jorge era apaixonado pela aviação e, tendo um aeródromo perto de casa, preferia sempre viajar de avião.[3]

A família embarcou perto das duas da tarde num monoplano pilotado pelo belga Tony Lambotte, um amigo do rei Leopoldo III. Quando descolaram, o tempo estava soalheiro, mas, ao longo da viagem, foi-se instalando um nevoeiro pesado que os impediu de fazer uma aterragem planeada anteriormente em Bruxelas. Em vez disso, o piloto recebeu instruções para aterrar no aeródromo de Steene, na costa perto de Ostend. Também aí o nevoeiro tinha reduzido a visibilidade até pouco mais do que alguns metros de altura. Apesar de tudo, o piloto decidiu continuar a descida às cegas. Foram disparados três foguetes do aeródromo para ajudá-lo a guiar-se, mas só o primeiro foi visível.[4]

Uma testemunha ocular disse mais tarde ter visto o avião a descer do nevoeiro e embater numa chaminé de tijolo . Uma asa e um dos motores cederam e ambos caíram em cima do telhado da fábrica. O resto do avião ficou virado do avesso e caiu no campo próximo onde ardeu em chamas. Os bombeiros e as ambulâncias acorreram rapidamente ao local, mas não se conseguiram aproximar do local até ser tarde demais para encontrar sobreviventes. As notícias que chegavam de Ostend acrescentaram um pormenor arrepiante à tragédia. Os bombeiros que vasculhavam os destroços do avião encontraram os restos mortais de um bebé, que tinha nascido prematuramente quando o avião caiu, ao lado do corpo desfigurado de Cecília. Esta descoberta fortaleceu a teoria de que o piloto só tentou aterrar depois de se aperceber que a grã-duquesa tinha entrado em trabalho de parto.[4]

Funeral e consequências[editar | editar código-fonte]

O funeral realizou-se na semana seguinte, Darmestádio. Entre os participantes, encontrava-se o príncipe Filipe, um dos únicos membros da família vestido com roupas civis, num funeral profundamente nazi. Ao lado dele, caminhavam os seus cunhados, o príncipe Cristóvão de Hesse-Cassel, marido da sua irmã Sofia, que apareceu na cerimónia vestido com o seu uniforme das SS, e o irmão dele, o príncipe Filipe de Hesse-Cassel, que vestia um uniforme das SA. Luís Mountbatten seguia atrás dele com o uniforme da marinha britânica.[5]

As ruas de Darmestádio estavam cheias de destacamentos de soldados nazis e, à medida que passava a procissão, muitas pessoas na multidão levantaram os braços para fazer a saudação Heil Hitler. Hitler e Goering enviaram mensagens de condolências e Goering esteve presente no funeral em pessoa.[5]

A única filha de Cecília que não estava a bordo, a princesa Joana, foi adoptada pelo tio, o príncipe Luís de Hesse-Darmestádio e pela esposa dele, Margaret Campbell-Geddes. Acabaria também por morrer, vinte meses depois do resto da família, de meningite.

Na cultura popular[editar | editar código-fonte]

A história trágica da morte da família de Hesse foi utilizada no livro "Uma Questão de Honra" de Jeffrey Archer de forma ficcionada, afirmando que o acidente ocorreu devido ao facto de Jorge Donatus ter em sua posse as joias da sua tia, a czarina Alexandra Feodorovna, que o KGB andava à procura.

A relação de Cecília com o seu irmão mais novo, Filipe, assim como o acidente de aviação onde morreu com a sua família, são retratados no episódio "Paterfamilias" da segunda temporada da série The Crown. Cecília é interpretada pela atriz alemã Leonie Benesch.[6]

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. David Duff, Hessian Tapestry (London: Frederick Muller, 1967), plate facing p. 352.
  2. Eade, xvii, xviii
  3. Eade, xviii
  4. a b Eade, xiii
  5. a b Eade, xix
  6. Foy, Claire; Smith, Matt; Elliot, Finn (8 de dezembro de 2017), Paterfamilias, consultado em 18 de dezembro de 2017 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • EADE Philip, "Young Prince Philip - His Turbulent Early Life", Harper Press, Londres, 2011

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]

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