Cerro do Castelo das Bouças
Cerro do Castelo das Bouças | |
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Nomes alternativos | Cerro do Castelo das Almargens |
Tipo | povoado fortificado |
Construção | Idade do Ferro e Alta Idade Média |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Odemira |
Região | Alentejo |
Coordenadas | 37° 38′ 52,5″ N, 8° 33′ 36,9″ O |
Localização em mapa dinâmico |
O Cerro do Castelo das Bouças, igualmente conhecido como Cerro do Castelo das Almargens, é um sítio arqueológico no Município de Odemira, na região do Alentejo, em Portugal. Consiste num possível povoado fortificado ocupado em dois períodos distintos, primeiro durante a Idade do Ferro e depois no período islâmico.
Descrição e história
[editar | editar código-fonte]O sítio arqueológico encontra-se numa colina com boas condições de defesa natural, com encostas muito acentuadas, que era limitada a Norte pela ribeira e a várzea da Capelinha, nas imediações da Estrada Nacional 263.[1] O castelo tinha duas plataformas, uma mais elevada no lado Sudoeste da colina, que servia de acrópole à segunda plataforma, de maiores dimensões.[1] Foram encontrados vestígios de uma linha de muralhas em xisto, que era suportada por um talude com cerca de 1,5 m de desnível, situado no terço superior da encosta.[1] A muralha não não possuía quaisquer bastiões ou torres, embora tenha possivelmente existido uma linha murada para reforço, na área de acesso ao recinto, no lado Sul.[1] Foi construída em alvenaria de pedra, e tinha apenas uma só face para o exterior, enquanto que o interior estava encostado a um socalco escavado na vertente.[2] Na parte superior as pedras estavam dispostas num aparelho conhecido como espinha de peixe, técnica construtiva típica da Alta Idade Média, e que teve origem no sistema romano do opus spicatum (en).[2] Devido à diferença entre os aparelhos na parte superior e inferior, podem ser correspondentes a duas fases de construção distintas.[1] O recinto do castelo tinha uma área aproximada de 11000 m²,[1] tendo sido ali encontrados vestígios de duas paredes de uma estrutura, provavelmente uma cabana, e que tinha uma lareira, composta por uma placa de barro.[2] O pavimento é de especial interesse, porque foi elaborado com argila cozida e fragmentos de peças de cerâmica dos séculos VIII a IX, permitindo desta forma datar a ocupação do castelo nos princípios do período islâmico.[2]
O castelo estava integrado numa rede de fortificações que protegiam o Castelo de Odemira, e que ao mesmo tempo forneciam abrigo aos habitantes rurais.[3] O vale da Ribeira da Capelinha fornecia solos muito férteis, motivo pelo qual seria provavelmente densamente habitado durante o período islâmico.[2] Com efeito, o nome alternativo do monumento, Almargens, provém do termo islâmico al-mardj, que significa campo ou pradaria.[2] O espólio do local inclui partes de mós manuais em granitóide, e vários fragmentos de peças de cerâmica, produzida de forma manual e com torno, e de um dollium de grandes dimensões, que estava ornamentado com um cordão inciso.[1] Destaca-se igualmente a presença de escórias e de muitos pingos de fundição, na plataforma baixa.[1] Isto poderá estar relacionado com a abundância mineral do vale no passado, situado em relação com a Falha de Messejana, com ricos filões de ferro e manganês, levando à formação de vários centros paleo-metalúrgicos para a produção de ferro.[2] Um destes centros poderá ter sido instalado na colina que foi depois ocupada pela fortificação medieval.[2] No local também foram descobertos fragmentos de peças de cerâmica da Idade do Ferro.[1]
O sítio foi descoberto durante trabalhos agrícolas, tendo as primeiras escavações arqueológicas sido feitas em 1993.[1] Foi depois alvo de trabalhos de investigação em 1995, 1998 e 2000.[1] Os vestígios foram danificados pela instalação de postes de alta tensão, tendo as rampas para as máquinas destruído a muralha no lado Sudoeste.[1]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de património edificado em Odemira
- Necrópole do Pardieiro
- Castelo da Caneja
- Castelo de Odemira
- Monumento megalítico da Amendoeira Nova
- Monumento megalítico de Monte do Paço
- Povoado fortificado do Cerro da Bica
- Sítio arqueológico de Abóbora
- Villa romana de Casas Novas das Barradas
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l «Cerro do Castelo das Bouças». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 14 de Julho de 2022
- ↑ a b c d e f g h VILHENA, Jorge. «Os velhos castelos de período árabe e a arqueologia medieval de Odemira». Atlas do Sudoeste Português. Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral. Consultado em 19 de Agosto de 2022
- ↑ «Património cultural e edificado». Pré-Diagnóstico do Concelho de Odemira (PDF). Odemira: Conselho Local de Acção Social de Odemira. Junho de 2005. p. 133. Consultado em 19 de Agosto de 2022 – via Câmara Municipal de Odemira
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Cerro do Castelo das Bouças na base de dados Portal do Arqueólogo da Direção-Geral do Património Cultural
- «Plano topográfico do Cerro do Castelo das Bouças, no sítio electrónico Research Gate» (em francês)