Charles Joughin

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Charles Joughin
Charles Joughin
Nascimento 3 de agosto de 1878
Birkenhead, Wirral, Inglaterra
Morte 9 de dezembro de 1956 (78 anos)
Paterson (Nova Jérsei), Estados Unidos
Residência Elmhurst, Leighton Road, Shirley, Southampton, Inglaterra (1912)
Ocupação Pasteleiro

Charles John Joughin (3 de agosto de 18789 de dezembro de 1956) era o pasteleiro-chefe a bordo do RMS Titanic durante a sua primeira e última viagem transatlântica, em 1912. Ele sobreviveu ao naufrágio do navio e tornou-se notável por ter sobrevivido na água gélida do Atlântico Norte por um período de tempo excecionalmente longo (entre 1 e 2 horas), antes de ser puxado a bordo do bote salva-vidas desmontável B.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Juventude[editar | editar código-fonte]

Charles Joughin nasceu em Patten Street, West Float, Birkenhead, Cheshire, na Inglaterra, no dia 3 de agosto de 1878. Embarcou pela primeira vez num barco aos 11 anos de idade, no ano de 1889, e tornou-se Pasteleiro-Chefe em vários navios da White Star Line, entre eles, o Olympic, navio-irmão do Titanic.[1]

No Titanic[editar | editar código-fonte]

Joughin fez parte da tripulação do RMS Titanic durante a sua viagem inaugural em abril de 1912. Ele estava a bordo do navio durante a sua viagem desde Belfast, onde foi construído, até Southampton, onde ancorou antes do início da viagem. Jougin regressou ao Titanic para trabalhar no dia 4 de abril de 1912. No posto de Pasteleiro-Chefe, Joughin recebia um salário mensal de £12[1] (o equivalente a £880 pela cotação de 28 de janeiro de 2012, com ajustes para a inflação), e chefiava treze pasteleiros subordinados.[2]

Quando o navio colidiu com um iceberg na noite de 14 de abril, às 23:40 h, Joughin estava fora de serviço e na sua cama. Segundo o seu testemunho, ele sentiu o choque da colisão e levantou-se imediatamente. Havia informações a ser transmitidas dos conveses superiores que os oficiais se preparavam para lançar os botes salva-vidas, e Joughin enviou os seus treze subordinados para o convés principal com provisões alimentares para os botes: cada um levava quatro grandes pães, cada um carregando por volta de 18 kg de pão. Joughin ficou para trás durante uns momentos, mas seguiu-os em seguida, chegando ao convés superior por volta das 00:30h.[2]

Aí, ele juntou-se ao Oficial Henry Wilde, perto do Bote 10. Jougin ajudou as mulheres e crianças a entrarem no bote, juntamente com outros tripulantes. Após um pequeno período de tempo, as mulheres fugiam do bote convencidas de que estavam mais seguras a bordo do Titanic. O pasteleiro-chefe foi até ao Convés A e forçou algumas mulheres a seguirem-no, atirando-as para o bote salva-vidas.[2]

A popa do Titanic eleva-se fora de água. Note que Joughin se encontraria num dos pontos mais à popa do navio por esta altura.

Apesar de ser suposto entrar no Bote 10 para o ajudar a tripular, Jougin não subiu a bordo, dando o seu lugar a mais mulheres, por já se encontrarem lá dois marujos e um criado. Ele desceu para os seus aposentos no Titanic assim que o Bote 10 foi lançado à água, e bebeu algum licor (meio copo, como ele especificou posteriormente). Quando regressava aos conveses superiores, cruzou-se com "o velho doutor" (muito possivelmente o Dr. O'Loughlin, sendo essa a última vez que alguém teria visto o médico). Quando chegou ao Convés Principal, todos os botes tinham sido lançados ao oceano, por isso, Jougin desceu até ao Convés B (à promenade coberta) e atirou cerca de cinquenta espreguiçadeiras ao mar, para que pudessem ser utilizadas como flutuadores pelos passageiros assim que o navio afundasse).[2]

Jougin, então, subiu até à dispensa no Convés A para beber água e, enquanto aí, ouviu um barulho alto, "como se uma parte do navio tivesse partido". Ele deixou a dispensa, e juntou-se à multidão de pessoas que corria até à popa, que se elevava fora de água. Enquanto subia pelo convés, o navio inclinou-se subitamente para bombordo e, segundo ele, toda a gente menos ele foi arremessada ao chão. Jougin subiu ao lado estibordo da popa, segurando-se ao corrimão de segurança de maneira a ficar do lado de fora do navio enquanto este afundava. Quando o navio finalmente submergiu, Jougin foi até à água com ele, como se de um elevador se tratasse, sem sequer ficar com a cabeça dentro de água (nas suas palavras, a sua cabeça "pode ter ficado molhada, mas não mais do que isso"). Por conseguinte, Jougin foi o último tripulante e a última pessoa a sair do RMS Titanic.[2]

O navio CS Mackay-Bennett encontra o Bote Desmontável B, virado ao contrário.

Segundo o seu testemunho, ele permaneceu a boiar na água durante cerca de duas horas. Quando os primeiros raios de sol anunciaram a manhã, ele avistou o Bote Desmontável B, tripulado pelo Segundo-Oficial Charles Lightoller e cerca de vinte e cinco homens, que se encontrava virado ao contrário por não ter sido lançado à água devidamente. Joughin nadou vagarosamente até ao Desmontável, mas descobriu que não havia espaço para ele. Todavia, um homem que Joughin reconheceu sendo o cozinheiro Isaac Maynard, estendeu-lhe a mão e segurou-o enquanto ele se segurava ao lado do bote salva-vidas, com os seus pés e pernas ainda dentro de água. Outro bote apareceu, e Joughin nadou até ele e subiu a bordo, onde permaneceu até subir a bordo do navio RMS Carpathia que tinha vindo em auxílio dos passageiros do Titanic, levando-os até Nova Iorque.[2]

Após o incidente[editar | editar código-fonte]

Depois de sobreviver ao desastre, Joughin regressou a Inglaterra, e foi um dos tripulantes que relatou o seu testemunho no Inquérito Britânico, presidido pelo Lord Mersey.[2] Em 1920, Joughin mudou-se permanentemente para os Estados Unidos, permanecendo em Paterson na Nova Jérsia. Segundo o seu obituário, ele estava também a bordo do SS Oregon quando este afundou no Porto de Boston. Trabalhou ainda em navios da American Export Lines, bem como em navios que transportavam tropas durante a Segunda Guerra Mundial, antes de se aposentar em 1944.[3]

Ele divorciou-se pouco tempo depois mas, mesmo assim, nasceu sua filha, Agnes, do casamento. Após se ter mudado para a Nova Jérsia, casou novamente com Annie E. Ripley e, juntos, criaram a filha de Annie, Rose. A morte da esposa em 1943 foi uma grande perda, da qual Joughin nunca recuperou totalmente. Doze anos mais tarde, Joughin foi convidado para descrever a sua experiência a bordo do Titanic para o famoso livro de Walter Lord, A Tragédia do Titanic.[3]

Pouco tempo depois, a sua saúde deteriorou-se visivelmente, morrendo num hospital em Paterson no dia 9 de dezembro de 1956 após duas semanas com pneumonia aos 78 anos de idade. Foi enterrado junto da sua esposa no Cemitério de Cedar Lawn, em Paterson.[3]

Representação nos filmes[editar | editar código-fonte]

O papel de Joughin foi representado por George Rose em A Night to Remember, e por Liam Tuohy no filme de sucesso de 1997, Titanic.

Referências

  1. a b Mr Charles John Joughin, Encyclopedia Titanica. Acedido a 28 de janeiro de 2012.
  2. a b c d e f g British Wreck Commissioner's Inquiry Day 6 - Testimony of Charles Joughin, Titanic Inquiry Project. Acedido a 28 de janeiro de 2012.
  3. a b c Mr Charles John Joughin - General Information, Encyclopedia Titanica. Acedido a 28 de janeiro de 2012.