Charles Lavigerie

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Charles-Martial-Allemand Lavigerie
Cardeal da Santa Igreja Romana
Arcebispo de Argel
Arcebispo de Cartago
Fundador da Sociedade dos Missionários da África
Info/Prelado da Igreja Católica
Atividade eclesiástica
Sociedade dos Missionários da África
Diocese Arquidiocese de Argel
Nomeação 19 de janeiro de 1867
Entrada solene 27 de março de 1867
Predecessor Louis-Antoine-Augustin Pavy
Sucessor Auguste Prosper Dusserre
Mandato 1867 - 1892
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 2 de junho de 1849
Paris
por Marie-Dominique-Auguste Sibour
Nomeação episcopal 11 de março de 1863
Ordenação episcopal 22 de março de 1863
Igreja de São Luís dos Franceses
por Clément Villecourt
Nomeado arcebispo 27 de março de 1867
Cardinalato
Criação 27 de março de 1882
por Papa Leão XIII
Ordem Cardeal-presbítero
Título Santa Inês Fora das Muralhas
Brasão
Lema CARITAS
Dados pessoais
Nascimento Saint-Esprit
31 de outubro de 1821
Morte Argel
26 de novembro de 1892 (71 anos)[1]
Nacionalidade francês
Progenitores Mãe: Laure Louise Esmenie Latrilhe
Pai: Léon Philippe Allemand-Lavigerie
Funções exercidas -Bispo de Nancy
-Vigário Apostólico de Saara e Sudão
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Charles-Martial-Allemand Lavigerie (Huire, 31 de outubro de 1821 - Argel, 26 de novembro de 1892)[1] foi um cardeal francês com forte trabalho na Argélia e no combate à escravidão, fundador da Sociedade dos Missionários da África.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Huire, em Saint-Esprit, Pirenéus Atlânticos, era de uma família de classe média, filho de Léon Philippe Allemand-Lavigerie (1795-1860), inspetor, originalmente de Angoulême e Laure Louise Esmenie Latrilhe (1800-1854), de Bayonne. Ele era o mais velho de quatro filhos, três meninos e uma menina e foi batizado em 5 de novembro de 1825; seu nome do meio Martial foi dado a ele em homenagem a seu avô.[1]

Sua educação infantil no foi no Colléège de Saint-Lé, em Bayonne e depois, no Seminário Júnior de Larressore. Estudou também em St. Nicolas-du-Chardonnet e no Seminário de Saint-Sulpice, além do École des Carmes, todos em Paris. Fez seu doutorado em Letras (1850) e em Teologia (1853) na Universidade Sorbonne. Ele também recebeu um doutorado em utroque iuris, Direito Civil e Direito Canônico, por mensagem apostólica de 6 de dezembro de 1861.[1]

Vida Religiosa[editar | editar código-fonte]

Presbiterado[editar | editar código-fonte]

Como Diretor do L'Oeuvre des Écoles d'Orient, em 1861.
Como bispo de Nancy et Toul, em 1863.

Em dezembro de 1848, é ordenado diácono em Paris[2]. Foi ordenado padre em 2 de junho de 1849, Paris, por Marie-Dominique-Auguste Sibour, arcebispo de Paris. Por quase sete anos, foi professor na Faculdade Teológica de Paris. Em 1853, é o capelão de Sainte-Geneviève e, no ano seguinte, professor associado de história da igreja, na Universidade Sorbonne, tornando-se o titular da cadeira em 1857. Entre 1856 e 1861, foi o Diretor do L'Oeuvre des Écoles d'Orient. Nomeado Auditor da Rota Romana Sagrada, entre os anos de 1861 e 1863. Em 20 de setembro de 1861 é nomeado Prelado nacional de Sua Santidade.[1]

Episcopado[editar | editar código-fonte]

Em 16 de março de 1863, foi eleito bispo de Nancy et Toul, sendo consagrado em 22 de março de 1863, na Igreja de São Luís dos Franceses, em Roma, pelo cardeal Clément Villecourt, ex-bispo de La Rochelle, assistido por Gustav Adolf von Hohenlohe-Schillingsfürst, arcebispo-titular de Edessa, esmoler secreto de Sua Santidade, e Francesco Martinelli, bispo-titular de Porfireone, sacristão de Sua Santidade.[1][2]

Promovido à Sé Metropolitana de Argel, em 27 de março de 1867. No ano seguinte, torna-se o Prefeito Apostólico de Saara e Sudão. É nessa época da fome de 1867, deixando um grande número de crianças órfãs no que é hoje a costa norte da Argélia, que Lavigerie prepara a criação da sua congregação para instruir e catequizar essas crianças (criação de aldeias cristãs) numa primeira etapa, e numa segunda etapa, evangelizar as populações do Saara e da África central, fundando a Sociedade dos Missionários da África (também conhecida como Padres Brancos ou Pères Blancs) em 1868[1] e, depois, em 1869, a Sociedade das Missionárias de Nossa Senhora da África, em latim: Missionariæ Africæ (Sorores Albæ).

Cardinalato[editar | editar código-fonte]

Foi criado cardeal-presbítero no consistório de 27 de março de 1882, recebendo o barrete cardinalício e o título de Santa Inês Fora das Muralhas em 3 de julho de 1882. Em 10 de novembro de 1884, o Papa Leão XIII restabeleceu a arquidiocese de Cartago, até então uma Sé Titular, e tornou-se arcebispo da nova circunscrição. [1]

Abolicionismo[editar | editar código-fonte]

Le cardinal Charles Lavigerie, archevêque d'Alger (1825-1892), por Léon Bonnat, em 1888. Óleo sobre tela, no Palácio de Versailles.

Lavigerie é confrontado com a realidade do tráfico de seres humanos que assola as regiões central e oriental do continente africano. Em 2 de janeiro de 1878, ele foi transferido para a "Mémoire secret", dirigida à Propaganda Fide. O Papa Pio IX não condenou explicitamente a escravidão[3], mas morreu um mês depois, e Lavigerie encontrou um ouvido mais atento no do novo papa, Leão XIII. Então, em 1888, a convite do Papa Leão XIII, lançou a campanha para acabar com a escravidão na África.

Último estado em que a escravidão tinha status legal, o Brasil declarou sua abolição em 1888. Leão XIII está prestes a se alegrar com a encíclica In plurimis. Mas o cardeal Lavigerie o chama para aumentar a conscientização: todo mundo está inclinado a acreditar no problema resolvido, no Brasil ou em qualquer outro lugar. No entanto, mesmo sem existência legal, o flagelo permanece. Lavigerie instou o Papa a encorajar os missionários a libertar escravos, por um lado, e os governos cristãos a reprimir o tráfico, por outro. Em 5 de maio, Leão XIII publica a encíclica, onde são encontradas as exortações sugeridas pelo cardeal. Em 21 de maio, o Papa autorizou este último a liderar uma "cruzada" para combater o tráfico de pessoas.[4]

Ele sabia que para conseguir que os governos o fizessem, ele precisava mobilizar a opinião pública na Europa. Com esse objetivo em mente, ele visitou as capitais da Europa, dando conferências em Saint-Sulpice, em Paris, no Royal Albert Hall, em Londres, na igreja de Saint Gudule, Bruxelas e na Igreja de Jesus, em Roma. Ele chamou a atenção das pessoas para o fato de que as vítimas da escravidão africana eram especialmente mulheres e crianças, apelando em particular às mulheres de seu público para pressionar seus governos a mudar a situação. O cardeal não apenas pediu a todos os cristãos que se envolvessem nessa campanha, ele também apelou aos da comunidade em geral, e todo esse esforço contribuiu muito para que os governos europeus eliminassem a escravidão na África.[1]

Final de Vida[editar | editar código-fonte]

Tumba original do Cardeal Lavigerie, na Catedral de Cartago.

Morreu em 26 de novembro de 1892, às 13h, em Argel e seus funerais ocorreram em Argel, Túnis e Cartago. O corpo foi levado para Túnis e depositado no cofre preparado para ele na cripta da catedral metropolitana de Cartago, na colina de Byrsa, em 8 de dezembro de 1892. Em 1964, quando a catedral se tornou propriedade do governo, seus restos mortais foram transferidos para Roma e enterrados na cripta da capela da Cúria Geral da Sociedade de Missionários da África.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j The Cardinals of the Holy Roman Church
  2. a b Catholic Hierarchy
  3. Jean Mpisi (2008). Les Papes et l'esclavage des Noirs. le pardon de Jean-Paul II. Col: Dossiers, études et documents (em francês). Paris: L'Harmattan. p. 85. 198 páginas. ISBN 978-2-296-06082-1 .
  4. François Renault (1992). Le Cardinal Lavigerie: 1825-1892 (em francês). Paris: Fayard 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Charles Lavigerie

Precedido por
Georges Darboy
Brasão arquiepiscopal
Bispo de Nancy

18631867
Sucedido por
Joseph-Alfred Foulon
Precedido por
Louis-Antoine-Augustin Pavy
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo de Argel

18671892
Sucedido por
Auguste Prosper Dusserre
Precedido por
Criação do Vicariato Apostólico
Brasão arquiepiscopal
Vigário Apostólico de Saara e Sudão

18681892
Até 1891, como Prefeito Apostólico
Sucedido por
Anatole-Joseph Toulotte, M. Afr.
Precedido por
Fundador da Sociedade
Superior-geral
da Sociedade dos Missionários da África

18681890
Sucedido por
Léon Livinhac
Precedido por
Pietro Giannelli
Brasão Cardinalício
Cardeal-presbítero de Santa Inês Fora das Muralhas

18821892
Sucedido por
Georg von Kopp
Precedido por
Sé restabelecida
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo de Cartago

18841892
Sucedido por
Barthélemy Clément Combes