Chinazi

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Bandeira chinazi utilizada pelos manifestantes nos protestos em Hong Kong em 2019–2020, onde se mistura a suástica nazista com a bandeira da República Popular da China

Chinazi é um termo pejorativo utilizado como símbolo de protesto por alguns setores do movimento democrático chinês e de Taiwan para referir-se às autoridades do governo chinês, ao Partido Comunista da China e inclusive ao regime político da República Popular da China, como forma de crítica pelas violações dos direitos humanos na China continental.[1][2]

Descrição geral[editar | editar código-fonte]

Utilizado com frequência pelos dissidentes na China Continental, especialmente do Movimento Democrático Chinês, os independentistas taiwaneses e os opositores à aplicação da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong e aos campos de internamento de Xinjiang, que são considerados políticas de violação às liberdades e direitos da população chinesa.[3][4]

História[editar | editar código-fonte]

Segundo um documento de 2010 do acadêmico australiano James Leibold, o termo Chinazi tem origem na anglosfera, existindo no mínimo desde 2005, e foi utilizado originalmente pelos usuários de um foro de discussão dedicado à cultura asiática, numa seção onde criticavam o nacionalismo chinês característico do PCCh.[5]

Em 2012, com a ascensão ao poder do Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista da China, Xi Jinping, à presidência chinesa, as comparações entre a Alemanha nazista e a República Popular da China surgiram em redes sociais asiáticas a partir do perfil do secretário do PCCh.[6][7] A Academia de Ciências Sociais do Vietnã declarou que "em 2014, dentro das comunidades de produtos e em linha, duas novas palavras se tornaram amplamente utilizadas: chinazi e chinazismo, que se referem à prática do novo estilo nazista da China".[8]

Ativismo[editar | editar código-fonte]

Protestos em Hong Kong em 2019–2020 com a bandeira chinazi.

Em 2018, o escritor exilado de origem chinesa Yu Jie publicou seu livro China nazista, que descreve o surgimento de uma similaridade cada vez mais tangível das políticas do PPCh aplicadas desde os anos 2010 na China com as aplicadas pelo nazismo na Alemanha dos anos 1930.[9] O termo chinazi deixou de ser apenas um jargão de fóruns de conspiração — que falavam sobre o colapso da ordem mundial pós-Segunda Guerra Mundial pelo surgimento da China como superpotência — para tornar-se um símbolo de protesto dos ativistas pró-democráticos contra a repressão dos direitos humanos por parte do Governo Chinês. Nesse mesmo ano, autoridades de toda a China tomaram, à força, igrejas e cruzes, o que obrigou seguidores do cristianismo a abandonar sua fé. Alguns sacerdotes criticaram o ocorrido como uma reprodução da tragédia da perseguição aos católicos por parte dos nazistas em 1934.[10]

Em 2019, durante os protestos em Hong Kong em 2019–2020 contra a Lei de Segurança Nacional, manifestantes descreveram ao Partido Comunista da China como os nazistas chineses; esse acontecimento também recebeu mais atenção internacional.[11] Outros manifestantes honcongueses afirmaram que a Revolução Cultural nos anos 1960 e a repressão aos Protestos da Praça Tiananmen em 1989 estavam associados à doutrina de Adolf Hitler.[12]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «《思想坦克》沒有煙硝的戰爭更加致命…中國納粹陰影下的台灣». taronews.tw (em chinês). 10 de outubro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  2. «納粹中國» Nàcuì zhōngguó. www.worldcat.org (em inglês). Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  3. «华盛顿集会 反"赤纳粹" 声援香港» Huáshèngdùn jíhuì fǎn “chì nàcuì” shēngyuán xiānggǎng. Radio Free Asia (em chinês). 29 de setembro de 2019. Consultado em 15 de julho de 2021 
  4. «美智库:中国宗教迫害堪比纳粹德国» Měi zhìkù: Zhōngguó zōngjiào pòhài kān bǐ nàcuì déguó. Voanews (em chinês). 6 de fevereiro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  5. Leibold, James (janeiro de 2010). «The Beijing Olympics and China's Conflicted». University of Chicago Press. The China Journal (63): 1–24. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  6. AMES, Roger T.; HALL, David L. (1999). The Democracy of the Dead: Dewey, Confucius, and the Hope for Democracy in China. Chicago: Open Court. ISBN 9780812699388 
  7. «Australian lawmaker likens China threat to Nazi Germany». Deutsche Welle (em chinês). 8 de agosto de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  8. Quý, Hồ Sĩ (12 de julho de 2014). «Xung đột Biển Đông qua nhìn nhận của một số học giả và chính khách Mỹ và phương Tây» [O Conflito do Mar do Leste sob a perspectiva de Alguns Estudantes e Políticos Americanos e Ocidentais]. Vietnam Academy of Social Sciences. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  9. «納粹中國» Nàcuì zhōngguó. www.hkcnews.com (em chinês). 21 de agosto de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  10. «造"神"与文革回潮:警惕中国宗教迫害重演纳粹悲剧——访洪予健、傅希秋牧师(RFA张敏)» Zào “shén” yǔ wéngé huícháo: Jǐngtì zhōngguó zōngjiào pòhài chóngyǎn nàcuì bēijù——fǎng hóngyǔjiàn, fùxīqiū mùshī (RFA zhāng mǐn) [Fazendo "deuses" e o ressurgimento da revolução cultural: cuidado com a recorrência das tragédias nazistas na perseguição religiosa na China - entrevista com o pastor Hong Yujian e Fu Xiqiu (RFA Zhang Min)]. Radio Free Asia (em chinês). 18 de setembro de 2018. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  11. «Hong Kong protesters make plea to US lawmakers for support». Financial Times (em inglês). 8 de setembro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  12. «Hong Kong protesters draw parallels between Chinese rule, Nazism». The Globe and Mail (em inglês). 29 de setembro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022