Chiroderma

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Chiroderma villosum, na Amazônia peruana
Chiroderma villosum, na Amazônia peruana
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Chiroptera
Família: Phyllostomidae
Subfamília: Stenodermatinae
Género: Chiroderma
Peters, 1860
Espécies
7, ver texto

Chiroderma (do grego chiro-cheiro (χειρ), mão + derma (δέρμα), pele) é um gênero de morcegos da família Phyllostomidae, subfamília Stenodermatinae. São caracterizados por possuírem os ossos nasais extremamente reduzidos. Podem ou não apresentar quatro listras brancas na face e uma listra dorsal.

Os morcegos desse gênero ocorrem desde o México e América Central até a América do Sul, na Colômbia, Venezuela, Guianas, Suriname, Equador, Peru, Bolívia e Brasil.[1] O limite sul da distribuição de Chiroderma é no estado Brasileiro de Santa Catarina.

Taxonomia e evolução[editar | editar código-fonte]

Os morcegos do gênero Chiroderma fazem parte da subtribo Vampyressina, tribo Stenodermatini, subfamília Stenodermatinae. Na mesma subtribo são classificados os gêneros Platyrrhinus, Mesophylla, Uroderma, Vampyressa, Vampyriscus, Vampyrodes[2].

Atualmente são reconhecidas sete espécies em Chiroderma, sendo que duas delas são politípicas: Chiroderma doriae e C. villosum[3]. A filogenia mais recente publicada para o gênero recupera três clados (1) Chiroderma doriae, C. trinitatum e C. gorgasi, (2) C. improvisum e C. villosum; (3) C. salvini e C. scopaeum .[4][3]

Espécies e subespécies[editar | editar código-fonte]


Distribuição geográfica e habitat[editar | editar código-fonte]

Chiroderma villosum é a espécie mais amplamente distribuída do gênero, ocorrendo desde o México, na América Central e ao sul na Colômbia, Venezuela, Guianas, Suriname, Equador, Peru, Bolívia e Brasil. Ocorre em ambos os lados da cordilheira dos Andes, na Amazônia, Mata Atlântica, no Chaco, Cerrado e Caatinga. A espécie proximamente relacionada, Chiroderma improvisum, é endêmica das Antilhas, ocorrendo em Montserrate, Guadaloupe e São Cristóvão.[6]

Chiroderma doriae ocorre ao longo da Mata Atlântica brasileira e paraguaia, sendo também registrada em áreas próximas de Cerrado e no Pantanal.[7] Chiroderma vizottoi é conhecida até o momento somente da Caatinga, nos estados de Piauí e Ceará. Chiroderma trinitatum ocorre no norte da América do Sul, distribuída principalmente ao longo da bacia Amazônia, na Colômbia, Venezuela, Guianas, Suriname, Trinidad e Tobago, Equador, Peru, Bolívia e Brasil.[1] Chiroderma gorgasi ocorre em Honduras, Costa Rica, Panamá, Colômbia e Equador, a oeste da Cordilheira dos Andes[5].

Chiroderma salvini é conhecida do México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Costa Rica, Colômbia, Venezuela, Peru e Bolívia. O registro recente para o Brasil, provavelmente é errôneo.[8]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Crânio de Chiroderma villosum em vista dorsal. Note o profundo entalhe na região do osso nasal.

São morcegos de porte pequeno a médio (12–47 gramas). Todas as espécies possuem quatro listras faciais, duas interoculares e duas genais, mas em Chiroderma villosum as listras podem ser fracamente visíveis ou até ausentes em alguns indivíduos. A listra dorsal também é presente em todas espécies, mas C. villosum pode não apresentar a listra. O antebraço é coberto de pelos nos 2/3 proximais. A cauda é ausente.

A fórmula dentária é I 2/2 C 1/1 P 2/2 M 2/2 = 28. O ultimo molar superior é triangular em vista oclusal, e o ultimo molar inferior é massivo, apresentando cinco cúspides. Essas características morfológicas provavelmente são relacionadas à predação de sementes de Ficus.[9]

Ecologia e comportamento[editar | editar código-fonte]

As espécies de Chiroderma são especializadas na predação de sementes de Ficus, sendo esta uma estratégia alimentar única em morcegos.[10] Essa estratégia granívora permite que os animais extraiam uma maior quantidade de gorduras e proteínas dos Ficus do que outros morcegos frugívoros e faz com que Chiroderma não seja um bom dispersor de sementes.[11]

Referências

  1. a b Gardner, Alfred L. Mammals of South America, Volume 1 (em inglês). [S.l.: s.n.] doi:10.7208/chicago/9780226282428.001.0001 
  2. Hoofer, Steven R.; Flanary, William E.; Bull, Robert J.; Baker, Robert J. (1 de maio de 2008). «Phylogenetic relationships of vampyressine bats and allies (Phyllostomidae: Stenodermatinae) based on DNA sequences of a nuclear intron (TSHB-I2)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 47 (2): 870–876. doi:10.1016/j.ympev.2008.01.027 
  3. a b Garbino, Guilherme S. T.; Lim, Burton K.; Tavares, Valéria Da C. (7 de setembro de 2020). «Systematics of big-eyed bats, genus Chiroderma Peters, 1860 (Chiroptera: Phyllostomidae)». Zootaxa (em inglês) (1): 1–93. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4846.1.1. Consultado em 7 de setembro de 2020 
  4. Baker, Robert J.; Taddei, Valdir A.; Hudgeons, Jeremy L.; Bussche, Van Den; A, Ronald (31 de maio de 1994). «Systematic Relationships Within Chiroderma (Chiroptera: Phyllostomidae) Based on Cytochrome b Sequence Variation». Journal of Mammalogy. 75 (2): 321–327. ISSN 0022-2372. doi:10.2307/1382550 
  5. a b Lim, Burton K.; Loureiro, Livia O.; Garbino, Guilherme S.T. (12 de março de 2020). «Cryptic diversity and range extension in the big-eyed bat genus Chiroderma (Chiroptera, Phyllostomidae)». ZooKeys. 918: 41–63. ISSN 1313-2970. doi:10.3897/zookeys.918.48786 
  6. Beck, Jason D.; Loftis, Amanda D.; Daly, Jennifer L.; Reeves, Will K.; Orlova, Maria V. (14 de março de 2016). «First record of Chiroderma improvisum Baker & Genoways, 1976 (Chiroptera: Phyllostomidae) from Saint Kitts, Lesser Antilles». Check List (em inglês). 12 (2). 1854 páginas. ISSN 1809-127X. doi:10.15560/12.2.1854 
  7. Bordignon, Marcelo O. (1 de dezembro de 2005). «Geographic distribution's ampliation of Chiroderma doriae Thomas (Mammalia, Chiroptera) in Brazil». Revista Brasileira de Zoologia. 22 (4): 1217–1218. ISSN 0101-8175. doi:10.1590/S0101-81752005000400063 
  8. da Rocha, Patrício A.; Brandão, Marcus V.; Garbino, Guilherme S.T.; Cunha, Irineu N.; Aires, Caroline C. (1 de setembro de 2016). «First record of Salvin's big-eyed bat Chiroderma salvini Dobson, 1878 for Brazil». Mammalia (em inglês). 80 (5). ISSN 1864-1547. doi:10.1515/mammalia-2015-0077 
  9. Nogueira, Marcelo R.; Monteiro, Leandro R.; Peracchi, Adriano L.; de Araújo, Alexandre F. B. (1 de agosto de 2005). «Ecomorphological analysis of the masticatory apparatus in the seed-eating bats, genus Chiroderma (Chiroptera: Phyllostomidae)». Journal of Zoology (em inglês). 266 (4): 355–364. ISSN 1469-7998. doi:10.1017/S0952836905007053 
  10. Nogueira, Marcelo R.; Peracchi, Adriano L. (1 de fevereiro de 2003). «Fig-seed Predation By 2 Species Of Chiroderma: Discovery Of A New Feeding Strategy In Bats». Journal of Mammalogy (em inglês). 84 (1). ISSN 0022-2372 
  11. Wagner, Insa; Ganzhorn, Jörg U.; Kalko, Elisabeth K. V.; Tschapka, Marco (1 de abril de 2015). «Cheating on the mutualistic contract: nutritional gain through seed predation in the frugivorous bat Chiroderma villosum (Phyllostomidae)». Journal of Experimental Biology (em inglês). 218 (7): 1016–1021. ISSN 0022-0949. PMID 25833133. doi:10.1242/jeb.114322 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SIMMONS, N. B. Order Chiroptera. In: WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Eds.). Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. 3. ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2005. v. 1, p. 312-529.
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