Cho Man-sik

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Este é um nome coreano; o nome de família é Cho (조).
Cho Man-sik
조만식
Cho Man-sik
Cho Man-sik
1º Presidente do Partido Democrata da Coreia
Período 3 de novembro de 1945 a

fevereiro de 1946

Dados pessoais
Nascimento 1 de fevereiro de 1883
Pyongan Sul, Dinastia Joseon
Morte 15 de outubro de 1950 (67 anos)
Pyongyang, Coreia do Norte (possivelmente)
Nacionalidade Coreano
Progenitores Mãe: Kim Kyung-gun
Pai: Cho Kyong-hak
Alma mater Universidade de Meiji (Japão)
Filhos(as) Cho Chil-sung
Cho Yon-myong
Cho Yon-chang
Cho Yon-hung
Cho Yon-su
Cho Son-pu
Cho Son-yong
Partido Partido Democrata da Coreia
Religião ConfucionismoProtestantismo
Ocupação Político
Ativista

Cho Man-sik (em coreano: 조만식, pseudônimo Kodang; 1 de fevereiro de 188315 de outubro de 1950) foi um ativista nacionalista do Movimento de Independência da Coreia. Participou da disputa pelo poder que ocorreu na Coreia do Norte nos meses seguintes à rendição japonesa após a Segunda Guerra Mundial. Originalmente, Cho tinha o apoio da União Soviética para um eventual governo da Coreia do Norte, no entanto, devido à sua oposição à política de tutela, Cho perdeu tal apoio e foi forçado pelos Comunistas do Norte apoiados pelos Soviéticos a deixar o poder.[1] Foi colocado em prisão domiciliar em janeiro de 1946, desapareceu mais tarde e acredita-se que tenha sido executado no sistema penitenciário norte-coreano logo após o início da Guerra da Coreia.

Vida[editar | editar código-fonte]

Cho nasceu em Kangso, província de Pyongan Sul, hoje parte da Coreia do Norte, em 1 de fevereiro de 1883. Foi criado e educado no estilo confucionista tradicional[2] mas depois converteu-se ao protestantismo e se tornou ancião.[3] De junho de 1908 a 1913, Cho mudou-se para o Japão para estudar direito na Universidade Meiji, em Tóquio.[4] Foi durante sua estada em Tóquio que Cho entrou em contato com as ideias de não violência e autossuficiência de Gandhi.[5] Cho mais tarde usou essas ideias de oposição não violenta para resistir ao domínio japonês.

Movimento de independência[editar | editar código-fonte]

Após a anexação da Coreia pelo Japão em 1910, Cho tornou-se cada vez mais envolvido com o movimento de independência de seu país. Sua participação no Movimento 1º de Março levou-o à prisão e detenção, junto com dezenas de milhares de outros coreanos. Ele também é famoso por rejeitar publicamente a política do governo imperial japonês de pressionar os coreanos a mudar legalmente seus sobrenomes para japoneses.[6] Em 1922, Cho estabeleceu a Sociedade de Promoção de Produtos Coreanos com o objetivo de alcançar a autossuficiência econômica[7] e garantir que os coreanos pudessem obter apenas produtos produzidos nacionalmente. Cho pretendia que a Sociedade fosse um movimento nacional apoiado por todas as organizações religiosas e grupos sociais, particularmente coreanos comuns.[3] Devido à Sociedade de Promoção de Produtos Coreanos, sua forte resistência não violenta e à sua liderança pelo exemplo, e não pela autoridade política ou social, Cho ganhou respeito até dos críticos e ganhou o título de "Gandhi da Coreia".[8] Apesar disso, seu incentivo ao alistamento de estudantes coreanos no exército japonês lhe rendeu uma reputação contraditória com alguns de seus colegas nacionalistas.[9]

Ativismo pós-Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

Em agosto de 1945, com a rendição japonesa iminente, Cho foi abordado pelo governador japonês de Pyongyang e solicitado a organizar um comitê para assumir o controle e manter a estabilidade no vácuo de poder que inevitavelmente se seguiria.[10] Ele concordou em cooperar e, em 17 de agosto de 1945, formou o Comitê Popular Provisório para as Cinco Províncias. O comitê atuou para padronizar o número de membros, deveres e processos eleitorais para a formação de Comitês Populares nos níveis de província, cidade, país, município e vila.[11] Cho também afiliou esse comitê ao Comitê para a Preparação da Independência da Coreia (CPIC).[12] O Comitê Popular Provisório para as Cinco Províncias era composto majoritariamente por nacionalistas de direita opostos ao comunismo.[13]

Quando as forças Soviéticas chegaram em Pyongyang após a rendição Japonesa, eles esperavam poder influenciar Cho Man-sik. Cho era, nessa época, o líder mais popular em Pyongyang devido principalmente à sua constante resistência aos japoneses e à formação da Sociedade de Promoção de Produtos Coreanos.[14][15] Oficiais soviéticos se reuniam regularmente com Cho e tentavam convencê-lo a chefiar o emergente governo da Coreia do Norte. Cho, no entanto, não gostava do comunismo e não confiava em potências estrangeiras.[14] Cho Man-sik teria concordado em cooperar com as autoridades soviéticas apenas em seus próprios termos, como ampla autonomia. As condições de Cho não foram aceitas pelos líderes soviéticos, e apesar de ter rejeitado os pedidos soviéticos, ele conseguiu permanecer como presidente do Comitê Popular de Pyongan Sul.[14]

Em 3 de novembro de 1945, Cho também estabeleceu seu próprio partido político: o Partido Democrata da Coreia. No início, o objetivo era transformar o partido em uma autêntica organização política nacionalista de direita, com o objetivo de estabelecer uma sociedade democrática após a ocupação japonesa. Os soviéticos, no entanto, não aprovaram o Partido Democrata da Coreia e, portanto, sob pressão socialista, Choi Yong-kun foi eleito o primeiro vice-presidente do partido. Choi Yong-kun era um soldado guerrilheiro que serviu na 88ª brigada da União Soviética e era amigo de Kim Il-sung. O partido foi, portanto, influenciado pelos ideais Soviéticos desde o início.[16]

A fé Soviética de que Cho Man-sik poderia se tornar um líder norte-coreano com os ideais Soviéticos diminuiu e uma nova esperança foi colocada no comunista coreano Kim Il-sung. Kim Il-sung treinou no Exército Soviético por dez anos, alcançando o posto de major. Sob pressão soviética, Cho foi obrigado a reorganizar o Comitê Popular Provisório para as Cinco Províncias e aceitar mais comunistas nos conselhos.[17] As ideologias opostas de Kim e Cho levaram a um conflito entre os dois, e o compartilhamento forçado de poder não se encaixou bem com nenhum deles.

A Conferência de Moscou de 1945, realizada pelos Aliados, buscou discutir a situação da Coreia, propondo uma administração tutelada por quatro poderes durante um período de cinco anos, após o qual a Coreia se tornaria um estado independente. Para Cho, isso resultaria em influência estrangeira excessiva, e particularmente comunista, sobre seu país, o que levou-o a recusar a cooperar com tal acordo.[18] Em 1 de janeiro de 1946, o líder soviético Andrey Alekseyevich Romanenko reuniu-se com Cho e tentou convencê-lo a assinar um termo de apoio à tutela, mas Cho recusou-se a assinar o apoio.[19] Depois que os líderes soviéticos perceberam que não podiam convencer Cho a endossar a administração soviética, eles perderam toda a esperança remanescente de Cho se tornar um proeminente líder norte-coreano refletindo os ideais soviéticos.[20] Em 5 de janeiro, Cho foi preso por soldados soviéticos e detido no Hotel Koryo em Pyongyang .[1]

Cho foi mantido em condições confortáveis no Koryo Hotel durante algum tempo, de onde sua posição continuou a ser a oposição aos comunistas. Participou da eleição para a vice-presidência de 1948, mas nessa época a influência comunista nos assuntos do país era muito forte e não teve sucesso, recebendo apenas 10 votos da Assembleia Nacional. Cho foi posteriormente transferido para uma prisão em Pyongyang, onde os relatórios confirmados sobre ele acabam. Acredita-se que ele tenha sido executado juntamente com outros presos políticos durante os primeiros dias da Guerra da Coreia, possivelmente em outubro de 1950.[21] A remoção de Cho abriu caminho para Kim Il-sung consolidar seu poder no Norte, uma posição que ele foi capaz de manter por 48 anos até sua morte em 1994.

Legado[editar | editar código-fonte]

Em 1970, as ações de Cho ganharam reconhecimento póstumo quando o governo Sul-coreano lhe concedeu a Ordem da República da Coreia na Ordem de Mérito da Fundação Nacional.[22] O estilo do taekwondo Ko-Dang foi nomeado em homenagem a Cho Man-sik.[23]

Referências

  1. a b Lankov, "From Stalin to Kim Il Sung", p23
  2. Lankov, "From Stalin to Kim Il Sung", p10
  3. a b Wells, "New God, New Nation", p142
  4. Wells, "New God, New Nation", p87
  5. Eckert, "Korea, Old and New", p292
  6. Lankov, "From Stalin to Kim Il Sung", p11
  7. Wells, "New God, New Nation", p19
  8. Wells, "New God, New Nation", p143
  9. K., Armstrong, Charles (2003). The North Korean revolution, 1945-1950. [S.l.: s.n.] ISBN 0801440149. OCLC 49891551 
  10. Kim, The History of Korea, p142
  11. Armstrong, "The North Korean Revolution", p68
  12. Ree, "Socialism in One Zone", p87
  13. Lee, The Partition of Korea, p133
  14. a b c Lankov, "From Stalin to Kim Il Sung", p14
  15. Wells, "New God, New Nation", p137
  16. Lankov, "From Stalin to Kim Il Sung", p22
  17. Lee, The Partition of Korea, p135
  18. Lee, The Partition of Korea, p145
  19. Ree, "Socialism in One Zone", p143
  20. Lankov, "From Stalin to Kim Il Sung", p24
  21. Armstrong, "The North Korean Revolution", p123
  22. Movement Activists, Independence Hall of Korea, consultado em 14 de novembro de 2008 
  23. Choi, Hong-hi (1972), Tae Kwon Do: Art Of Self Defence, ISBN 978-1-897307-76-2, International Taekwon-Do Federation 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]