Ciclídeos

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Acará-bandeira (Pterophyllum scalare)
Acará-bandeira (Pterophyllum scalare)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Família: Cichlidae
Distribuição geográfica

Subfamílias

Ciclídeos[1] (Cichlidae) é uma família de peixes de água doce da ordem Perciformes que inclui cerca de 227[2] gêneros e 27,977 espécies, sendo estimadas 3.000 espécies distribuídas pela América Central e do Sul.[3] Os ciclídeos representam a maior família de peixes (em termos de número) e cerca de 5% dos vertebrados existentes na Terra. O Brasil tem aproximadamente 81 espécies.[4] São encontrados, em sua maioria, em ambientes de água doce.[5]

Os ciclídeos possuem o corpo comprimido lateralmente, uma narina apenas por lado do corpo, a linha lateral dividida e espinhos nas nadadeiras dorsal e anal (dorsal, entre 7 e 25 raios duros e 5 e 30 raios moles; anal, entre 3 e 15 raios duros, geralmente 3, e 4 e 15 raios moles, em algumas espécies até 30). O grupo caracteriza-se ainda pela presença de dentes nas duas mandíbulas e na garganta e pelo intestino, que sai do estômago pelo lado esquerdo (ao contrário dos restantes grupos de peixes). São os mais populares peixes de aquário, pois possuem alta diversidade de coloração, forma, tamanho e comportamento.[6]

Os ciclídeos têm ampla distribuição geográfica nas Américas, África, Madagáscar, litoral sul da Índia, Sri Lanka, Oriente Médio, Cuba e Ilha de São Domingos.[7] Foram introduzidos em vários países dos 4 continentes, e em alguns são a única fonte de proteína animal para milhões de pessoas.

Tilapia brevimanus

As espécies mais conhecidas são que habitam o continente americano (ciclídeos neotropicais) onde se destacam os populares acará-disco (Symphysodon aequifasciatus) e acará-bandeira (Pterophyllum scalare). O continente africano, mais precisamente na região do Rift Valey (Lagos Vitória, Malawi e Tanganica) se destaca pela biodiversidade de espécies dessa família. Estes ciclídeos africanos caracterizam-se pela exuberante coloração e seus tamanhos variam de 2,5 centímetros (Neolamprologus multifasciatus) a 80 centímetros (Boulengerochromis microlepis), ambos do lago Tanganica. No Malawi encontramos predominantemente os gêneros Pseudotropheus, Melanocromis e Aulonocaras. Possuem as mais variadas formas, mas em geral o corpo é moderadamente profundo e comprimido. O lago Malawi merece especial atenção por ser habitat das espécies mais coloridas da família. Muitas espécies de ciclídeos são criadas e comercializadas como peixes ornamentais, ou exploradas na pesca comercial e esportiva (ex. Tilápias).

Géneros[editar | editar código-fonte]

Ciclídeos, Especiação e Evolução Convergente[editar | editar código-fonte]

Os peixes Ciclídeos são extremamente diversos e relevantes para estudos evolutivos [8]. São peixes que possuem altas taxas de especiação em curtos períodos de tempo, sendo comumente usados em modelos evolutivos [9].

Nos lagos africanos, sabe-se que surgiram mais de 1500 espécies endêmicas em poucos milhões de anos [10]. Entretanto, apesar das espécies de cada lago serem mais aparentadas entre si, nichos e formas corporais mais semelhantes são encontradas entre as espécies que habitam lagos diferentes [11][12].

Desta forma, além de terem uma alta taxa de especiação, os Ciclídeos também apresentam diversos casos de paralelismo evolutivo. Ou seja, casos de uma evolução repetida de uma série de ecomorfologias especializadas, sendo esta uma indicação de uma evolução adaptativa [8].

Os lábios grossos (hipertrofiados) evoluíram nas principais radiações de peixes Ciclídeos [11]. Sendo eles, um dos exemplos mais marcantes de convergência ecológica adaptativa em um fenótipo [8]. Observações realizadas em campo, sugerem que esses lábios auxiliam na alimentação dos Ciclídeos [13], servindo principalmente como adaptação para o forrageamento em fendas [11].

Referências

  1. «Ciclídeo». Priberam. Consultado em 23 de abril de 2023 
  2. Nascimento Aline L., Augusto Cesar P. Souza, Eliana Feldberg, Jaime R. Carvalho Jr., Regina M. S. Barros, Julio C. Pieczarka1 e Cleusa Y. Nagamachi. Cytogenetic analysis on Pterophyllum scalare (Perciformes, Cichlidae) from Jari River, Para´ state..(em inglês). Universidade Federal do Pará. Departamento de Gene´tica, Centro de Ciências Biológicas. Instituto de Pesquisas da Amazônia. Centro Jovem de Aquarismo. Vol.: 59. N°: 2. Pág(s):139-139 - Introduction.
  3. Irani Alves Ferreira. «Mapeamento cromossômico comparativo em peixes ciclídeos utilizando sequências repetitivas de DNA» (PDF). Instituto de biociências de Botucatu. Universidade Estadual Paulista. Consultado em 6 de fevereiro de 2013 
  4. Cleusa Suzana Oliveira de Araujo, Maria Claudene Barros, Ana Lucia da Silva Gomes, Angela Maria Bezerra Varella, Gabriela de Moraes VianaI, Nathalia Pereira da Silva, Elmary da Costa Fraga, Sanny Maria Sampaio Andrade, 2009. Parasitas de populações naturais e artificiais de tucunaré (Cichla spp.) (em português). Centro Universitário Nilton Lins. Universidade do Estado do Amazonas. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Vol.:18. N°: 1. Introdução.
  5. Fernanda Andrade, Horacio Schneider, Izeni Farias, Eliana Feldberg e Iracilda Sampaio Análise Filogenética de duas espécies de simpátricas de Tucunaré (Cichla, Perciformes), com registro de hibridização em diferentes pontis da Bacia Amazônica. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Departamento de Biologia. Universidade Federal do Pará. Instituto de Ciências Biológicas e Universidade do Amazonas. Pág(s):2.
  6. Jana Menegassi del Favero, Paulo dos Santos Pompeu, Ana Carolina Prado-Valladares. Biologia reprodutiva de Heros efasciatus Heckel, 1840 (Pisces, Cichlidae) na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã-AM, visando seu manejo sustentável. VOL. 40(2) 2010: 373 - 380. Pág(s) 374.
  7. Jana Menegassi del Favero, Paulo dos Santos Pompeu e Ana Carolina Prado Valladares. Aspectos reprodutivos de duas espécies de ciclídeos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, Amazonas, Brasil.[ligação inativa] Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Universidade Federal de Lavras. Departamento de Biologia. Pág(s) Introdução-118.
  8. a b c Henning, Frederico; Meyer, Axel (31 de agosto de 2014). «The Evolutionary Genomics of Cichlid Fishes: Explosive Speciation and Adaptation in the Postgenomic Era». Annual Review of Genomics and Human Genetics (1): 417–441. ISSN 1527-8204. doi:10.1146/annurev-genom-090413-025412. Consultado em 3 de março de 2022 
  9. Scott, Eugenie C; Gishlick, Alan D (dezembro de 2004). «Evolution. Third Edition. By Mark  Ridley. Malden (Massachusetts): Blackwell Publishing. $89.95 (paper). xxv + 751 p; ill.; index. ISBN 1-4051-0345-0. 2004.». The Quarterly Review of Biology (4): 422–423. ISSN 0033-5770. doi:10.1086/428182. Consultado em 3 de março de 2022 
  10. Sousa, José; Moura, Ernandes; Silva, Fábio; Silva, Rodrigo; Simão, Sérgio (20 de junho de 2017). «ENCICLOPÉDIA BIOSFERA , Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.14 n.25; p. 2017 311 COMBINAÇÕES DE SUBSTRATOS ALTERNATIVOS NA GERMINAÇÃ O DE SEMENTES DA ALFACE ( Lactuca sativa L.)». Enciclopédia Biosfera (25): 311–312. ISSN 1809-0583. doi:10.18677/encibio_2017a29. Consultado em 3 de março de 2022 
  11. a b c Baumgarten, Lukas; Machado-Schiaffino, Gonzalo; Henning, Frederico; Meyer, Axel (2 de março de 2015). «What big lips are good for: on the adaptive function of repeatedly evolved hypertrophied lips of cichlid fishes». Biological Journal of the Linnean Society (2): 448–455. ISSN 0024-4066. doi:10.1111/bij.12502. Consultado em 3 de março de 2022 
  12. Brakefield, Paul M. (julho de 2006). «Evo-devo and constraints on selection». Trends in Ecology & Evolution (7): 362–368. ISSN 0169-5347. doi:10.1016/j.tree.2006.05.001. Consultado em 3 de março de 2022 
  13. Manousaki, Tereza; Hull, Pincelli M.; Kusche, Henrik; Machado-Schiaffino, Gonzalo; Franchini, Paolo; Harrod, Chris; Elmer, Kathryn R.; Meyer, Axel (12 de outubro de 2012). «Parsing parallel evolution: ecological divergence and differential gene expression in the adaptive radiations of thick-lipped Midas cichlid fishes from Nicaragua». Molecular Ecology (3): 650–669. ISSN 0962-1083. doi:10.1111/mec.12034. Consultado em 3 de março de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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