Citoplasma

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O citoplasma é o espaço intracelular entre a membrana plasmática e o invólucro nuclear em seres eucariontes, enquanto nos procariontes corresponde à totalidade da área intracelular. O citoplasma é preenchido por uma matéria coloidal e semi-fluída denominada citosol, na qual estão suspensos os organelos celulares. Nos eucariontes, em oposição ao protoplasma, o citoplasma não inclui o núcleo celular, cujo interior é formado por nucleoplasma. No geral, o citoplasma é tudo o que compreende a célula menos o núcleo e a membrana plasmática.

O movimento de íons de cálcio para dentro e para fora do citoplasma é considerado ser uma sinalização de atividade dos processos metabólicos.[1]

Componentes do citoplasma[editar | editar código-fonte]

O citoplasma consiste em uma porção fluída, denominada citossol; partículas insolúveis, denominadas inclusões; e estruturas delimitadas por membrana, coletivamente conhecidas por organelos.[2] como Complexo de Golgi, mitocôndrias, ribossomas, centríolos, núcleo , retículo endoplasmático rugoso e liso.

Citosol[editar | editar código-fonte]

O citosol é a porção do citoplasma não contidos dentro da membrana. O citosol ocupa cerca de 70% do volume da célula e é composto por água, sais e moléculas orgânicas.[3] O citosol é uma mistura complexa de filamentos de citoesqueleto, moléculas dissolvidas e água que enchem a maior parte do volume de uma célula. O citosol também contém filamentos de proteína que formam o citoesqueleto, bem como proteína dissolvida e pequenas estruturas, tais como os ribossomas, proteassomas e o misterioso complexo vault.[4] A porção interior, granular e mais fluido do citoplasma é referido como endoplasma.[5]

Proteínas em diferentes compartimentos celulares e estruturas marcadas com proteína verde fluorescente

Inclusões[editar | editar código-fonte]

As inclusões são partículas de substâncias insolúveis em suspensão no citosol. Existe uma grande variedade de inclusões em diferentes tipos de células que variam de cristais de oxalato de cálcio e dióxido de silício em células de plantas,[6][7] a grânulos de materiais de armazenamento de energia, tais como Amido[8] glicogênio,[9] ou polihidroxibutirato.[10] Um exemplo particularmente difundida são gotículas de lipídio, essas gotas esféricas compostas de lípidos e proteínas são usadas ​​em ambos os procariotas e eucariotas, como um modo de armazenamento de lípidos, tais como ácido graxo e esterol.[11] Gotículas lipídicas constituem a maior parte do volume dos adipócitos, que são células especializadas em armazenar lípido e são encontrados numa variedade de outros tipos de células.

Organelos[editar | editar código-fonte]

Organelos são "pequenos órgãos" encarregados de algum trabalho para manter a vida celular. O citoesqueleto, os centríolos e os ribossomos são exemplo de organelos. A maior parte das organelos são envolvidas por uma membrana de composição similar à membrana citoplasmática.[12]

Controvérsia e pesquisa[editar | editar código-fonte]

O citoplasma, as mitocôndrias e a maioria dos organelos são contribuições para a célula do gâmeta materno. Há poucas pesquisas e compreensão sobre herança citoplasmática/herança materna e DNA mitocondrial em relação ao núcleo da célula e DNA genômico. Historicamente, houve negligência em pesquisar o que fosse rotulado como feminino. O citoplasma é um organelo que foi marcado como sendo masculino.[13][14] Contrariamente às informações mais velhas que ignoram qualquer noção do citoplasma como sendo ativo, uma nova pesquisa mostrou que ele está no controle de movimento e fluxo de nutrientes dentro e fora da célula por "comportamento viscoplástico e... uma medida da taxa recíproca de dentro da rede citoplasmática".[15]

Citoplasma vegetal[editar | editar código-fonte]

Enquanto todas as células possuem citoplasma, células de diferentes grupos biológicos podem divergir substancialmente nas características dos seus citoplasmas. Nas células animais, o citoplasma ocupa cerca de metade do volume da célula, enquanto em células vegetais ele ocupa menos espaço devido à presença de vacúolos.

Função[editar | editar código-fonte]

Além de servir de meio das reações metabólicas vitais (glicólise anaeróbia e a síntese proteica), é onde se localizam as mitocôndrias e o citoesqueleto, este mantendo a consistência e a forma da célula. É também o local de armazenamento de substâncias químicas indispensáveis à vida.

As enzimas lisossômicas são produzidas no retículo endoplasmático granuloso, passam para o complexo de Golgi, onde são “empacotadas” e liberadas na forma de vesículas (lisossomas primários). Quando uma partícula de alimentos é englobada por endocitose, forma-se um vacúolo alimentar, e um ou mais lisossomas fundem-se no fagossoma, despejando enzimas digestivas nele. Assim forma-se o vacúolo digestivo, e as moléculas provenientes da digestão se fundem no citoplasma. O vacúolo cheio de resíduos é chamado de vacúolo residual.

A) Lisossomas e desenvolvimento - Em alguns casos, para desenvolvimento de um corpo (como no caso dos girinos), as células promovem autodigestão através do rompimento de seus lisossomas, o que é chamado de apoptose (morte celular programada). O material conseguido através da autodigestão é mandado, através da circulação, para outras partes do corpo do animal, onde é aproveitado para o desenvolvimento.

B) Lisossoma e doença - Devido a algumas doenças, os lisossomas se rompem e matam as células como o caso da silicose, doença pulmonar causada por inalação regular de pó de sílica e que destrói regiões do pulmão, o qual perde aos poucos a sua capacidade respiratória.

C) Lisossomas e morte celular - Assim que a célula morre, os lisossomas se rompem aos poucos, libertando suas enzimas; estas, evidentemente, aceleram o processo de degradação do material celular (autólise), simultaneamente à ação das bactérias da decomposição.

D) Armazena substâncias químicas essenciais para a manutenção da vida.

Referências

  1. C. Michael Hogan. 2010. Calcium. eds. A.Jorgensen, C. Cleveland. Encyclopedia of Earth. National Council for Science and the Environment.
  2. Dee Unglaub Silverthorn. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. Artmed; ISBN 978-85-363-2338-1. p. 63.
  3. Cytoplasm Composition. menloschool.org
  4. van Zon A, Mossink MH, Scheper RJ, Sonneveld P, Wiemer EA (2003). «The vault complex». Cell. Mol. Life Sci. 60 (9): 1828–37. PMID 14523546. doi:10.1007/s00018-003-3030-y 
  5. Dicionário UNESP do português contemporâneo. UNESP; ISBN 978-85-7139-576-3. p. 491.
  6. Prychid, Christina J.; Rudall, Paula J. (1999). «Calcium Oxalate Crystals in Monocotyledons: A Review of their Structure and Systematics». Annals of Botany. 84 (6): 725. doi:10.1006/anbo.1999.0975 
  7. Prychid, C. J.; Rudall, P. J.; Gregory, M. (2004). «Systematics and Biology of Silica Bodies in Monocotyledons». The Botanical Review. 69 (4): 377–440. JSTOR 4354467. doi:10.1663/0006-8101(2004)069[0377:SABOSB]2.0.CO;2 
  8. Ball SG, Morell MK (2003). «From bacterial glycogen to starch: understanding the biogenesis of the plant starch granule». Annu Rev Plant Biol. 54: 207–33. PMID 14502990. doi:10.1146/annurev.arplant.54.031902.134927 
  9. Shearer J, Graham TE (2002). «New perspectives on the storage and organization of muscle glycogen». Can J Appl Physiol. 27 (2): 179–203. PMID 12179957. doi:10.1139/h02-012 
  10. Anderson AJ, Dawes EA (1 de dezembro de 1990). «Occurrence, metabolism, metabolic role, and industrial uses of bacterial polyhydroxyalkanoates». Microbiol. Rev. 54 (4): 450–72. PMC 372789Acessível livremente. PMID 2087222 
  11. Murphy DJ (2001). «The biogenesis and functions of lipid bodies in animals, growth and microorganisms». Prog. Lipid Res. 40 (5): 325–438. PMID 11470496. doi:10.1016/S0163-7827(01)00013-3 
  12. Elaine N. Marieb. Anatomia e Fisiologia. Artmed; ISBN 978-85-363-1809-7. p. 79.
  13. Schiebinger, Londa (1999). Has feminism changed science?. [S.l.]: Cambridge: Harvard University Press. p. 147. ISBN 0674005449 
  14. Hess, David J. (1995). Science and Technology in a Multicultural World. New York: Columbia University Press. 30 páginas. ISBN 023110197X 
  15. Feneberg, Wolfgang; Sackmann, Erich, Westphal, Monika (2001). «Dictyostelium cells' cytoplasm as an active viscoplastic body». European Biophysics Journal. 30 (4): 284–94. PMID 11548131. doi:10.1007/s002490100135