Clima da Antártica
O clima da Antártica (português brasileiro) ou Antártida (português europeu) é o mais frio da Terra, sendo a menor temperatura já documentada no planeta de -89.9 °C na Estação Vostok. Ela também é extremamente seca, com uma média anual de precipitação entre 30 e 70 mm; contudo, na maior parte do continente, a neve nunca derrete e é comprimida até transformar-se em geleiras que formam plataformas de gelo. As massas de ar raramente penetram a fundo no continente.
Temperaturas
[editar | editar código-fonte]As temperaturas médias em sua região central ficam entre -30°C e -65°C,[1] sendo a menor temperatura do mundo, -89°C, muito gelado, documentada na base russa de Vostok, a aproximadamente 3.400 metros de altitude no dia 21 de Julho de 1983. Devido à influência das correntes marítimas, as zonas costeiras apresentam temperaturas entre os -10°C e -20°C.
Estima-se que apesar dos seis meses de escuridão do inverno, a incidência da energia solar no Pólo Sul seja semelhante à recebida anualmente no Equador, mas 75% dessa energia é refletida pela superfície de gelo.[2]
A Antártica Oriental é mais fria que a Ocidental por ser mais elevada. Massas de ar raramente penetram muito no continente, deixando seu interior frio e seco. O gelo no interior do continente dura muito, apesar da falta de precipitação para renová-lo. A queda de neve não é incomum no litoral, onde já se registrou a queda de 1,22 metro em 48 horas. Também é um continente com ventos fortes, registrando-se ventos com velocidades superiores a 140 km/h nas costas. No interior, entretanto, as velocidades são tipicamente moderadas.
A Antártica é mais fria do que o Ártico por dois motivos: em primeiro lugar, grande parte do continente está a mais de três quilômetros acima do nível do mar. Em segundo lugar, a área do Pólo Norte é coberta pelo Oceano Ártico e o relativo calor do oceano é transferido através do gelo, impedindo que as temperaturas nas regiões árticas alcancem os extremos típicos da superfície da terra no sul.
Precipitação
[editar | editar código-fonte]A precipitação média anual na Antártica fica entre 30 e 70 mm,[1] mas ela varia largamente de região para região, da grande quantidade na Península Antárctica (metros por ano) a valores muito baixos, semelhates aos de um deserto (décimos de milímetros por ano) no interior. A maior parte da precipitação na Antártica se dá na forma de neve.
Eventos climáticos
[editar | editar código-fonte]Alguns eventos climáticos são comuns na região. A aurora austral, conhecida como luzes do sul, é um brilho observado durante a noite perto do Pólo Sul. Outro acontecimento é o pó de diamante, neblina composta de pequenos cristais de gelo. Forma-se geralmente sob céu limpo, por isso as pessoas referem-se a ele como precipitação de céu limpo. Falsos sóis, brilhos formados pela reflexão da luz solar em cristais de gelo, conhecidos como parélio, são uma manifestação óptica atmosférica.
Mudanças climáticas
[editar | editar código-fonte]Vários estudos observaram um aquecimento do continente, das águas em volta deste ou do ar em sua superfície[3] nos últimos 200 anos, em especial na Península Antártica, onde se observou um aquecimento de 2,5 °C nos últimos 50 anos.[4][5] Há mesmo estudos que apontam um derretimento mais rápido do gelo do que previsto anteriormente.[6] A evidência mais clara foi o recente esfacelamento da Plataforma de Gelo Larsen-B de 3 mil km² e 200 metros de espessura em menos de um mês. [4][7][8] Em 13 fevereiro de 2020, o continente registrou a temperatura mais alta da história, com termômetros apontando os incríveis 20,7 ºC. [9]
Alguns estudiosos não atribuem esse aumento na temperatura ao aquecimento global, dizendo ter causas naturais apenas acentuadas pelos gases estufa[10] ou desconhecidas,[5] mas segundo estudos das Nações Unidas e da Organização Meteorológica Mundial esta é não só uma das causa, como a principal.[11] O estudo também mostra que a maioria do aquecimento é produto de atividades humanas.
As consequências são o descongelamento das geleiras, impactos na vida animal e o aumento do nível do mar no planeta. Simulações mostraram que milhares de espécies podem ser extintas em pouco mais de um século caso as temperaturas continuem a subir. Os crustáceos que vivem nas áreas costeiras, por exemplo, deixariam de conseguir retirar oxigênio suficiente da água[12] Os pinguins em anos recentes tiveram sua disponibilidade de alimentos diminuída e passaram a migrar para áreas mais frias.[13]
Algumas análises mostram um derretimento maior tanto na Península Antártica quanto na Antártica Ocidental, ainda que a camada de gelo na Antártica Oriental esteja aumentando.[14][15] Esse aumento, no entanto, pode ser causado por um aumento da precipitação causado, por sua vez, por um aumento na temperatura do ar.[15] Se todo o gelo derretesse, o nível do mar subiria até 80 metros,[14] mas cientistas chegaram a conclusão de que a massa de gelo perde 152 quilômetros cúbicos por ano[16] — correspondentes ao aumento de 1,8 milímetros anuais do nível do mar no presente — e que o derretimento total do continente levaria muito tempo.[14]
Referências
- ↑ a b IZAGUIRRE, Irina e MATALONI, Gabriela. Antártida, descubriendo el Continente Blanco, p 17. Ediciones Caleuche. S. C de Bariloche, 2000. ISBN 950-9681-95-4
- ↑ IZAGUIRRE, Irina e MATALONI, Gabriela. Antártida, descubriendo el Continente Blanco, p. 18. Ediciones Caleuche. S. C de Bariloche, 2000. ISBN 950-9681-95-4
- ↑ FILDES, Jonathan. (30 de Março de 2006). Unexpected warming in Antarctica. Acessado em 13 de Julho de 2007
- ↑ a b BBC News. (19 de Março de 2002). Antarctic ice shelf breaks apart. Acessado em 13 de Julho de 2007.
- ↑ a b KIRBY, Alex. (6 de Setembro de 2001). Rapid Antarctic warming puzzle. Acessado em 13 de Julho de 2007
- ↑ BBC News. (2 de Fevereiro de 2005). Antarctic's ice 'melting faster'. Acessado em 13 de Julho de 2007.
- ↑ Uol Notícias. (3 de Agosto de 2005). Antártida registra maior derretimento de gelo dos últimos 10 mil anos. Acessado em 13 de Julho de 2007.
- ↑ Central Intelligence Agency Factbook. Acessado em 12 de Março de 2007.
- ↑ «Temperatura na Antártica chega a 20,75ºC e bate novo recorde». G1. Consultado em 13 de fevereiro de 2020
- ↑ BBC News. (3 de Janeiro de 2003). Antarctica's ice sheet melting naturally. Acessado em 13 de Julho de 2007
- ↑ Estudo das Nações Unidas e Organização Meteorológica Mundial em 1988 Arquivado em 11 de julho de 2007, no Wayback Machine.. Acessado em 4 de Novembro de 2006.
- ↑ Amos, Jonathan. (9 de Setembro de 2002). Antarctic animals feel the heat. Acessado em 13 de Julho de 2007.
- ↑ McGourty, Christine. (18 de Dezembro de 2001). Warmth puts penguins under pressure. Acessado em 13 de Julho de 2007
- ↑ a b c BLACK, Richard. (18 de Maio de 2007). Earth - melting in the heat?. Acessado em 13 de Julho de 2007
- ↑ a b BBC News. (22 de Maio de 2005). Antarctic buffers sea level rise. Acessado em 13 de Julho de 2007.
- ↑ BLACK, Richard. (2 de Março de 2006). Antarctica losing ice to oceans. Acessado em 13 de Julho de 2007.