Clube da Esquina (álbum)

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Clube da Esquina
Clube da Esquina (álbum)
Álbum de estúdio de Milton Nascimento e Lô Borges
Lançamento Março 1972
Gravação 1971-1972
Gênero(s) Rock Progressivo
Rock Psicodélico
MPB
Art rock
Música tradicional
Duração 64:22
Gravadora(s) EMI
Produção Milton Miranda e Lindolfo Gaya e Pedro Viveiros
Cronologia de Milton Nascimento
Milton
(1970)
Milagre dos Peixes
(1973)
Cronologia de Lô Borges
Lô Borges
(1972)
Cronologia de Clube da Esquina
Clube da Esquina 2
(1978)

Clube da Esquina é um álbum de estúdio produto da reunião de músicos brasileiros conhecidos como Clube da Esquina, liderado pelos cantores e compositores Milton Nascimento e Lô Borges, a quem o álbum foi creditado. Desta forma, torna-se o quinto álbum de estúdio de Milton Nascimento e o primeiro de Lô Borges, que em seguida seguiria a carreira solo com trabalhos próprios. O disco foi lançado, no Brasil, em LP em 1972 pela EMI-Odeon.

Clube da Esquina chamou a atenção pelas composições engajadas e a miscelânea de sons. A capa traz a foto de dois meninos, Cacau e Tonho, fotografados em uma estradinha de terra nas proximidades de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, próximo de onde moravam os pais adotivos de Milton Nascimento.[1][2]

Legado e recepção crítica[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Allmusic 5 de 5 estrelas.[3]
Pitchfork 9.5/10[4]

O LP foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o 7º melhor disco brasileiro de todos os tempos.[5]

Em setembro de 2012, foi eleito pelo público da rádio Eldorado FM, do portal Estadão.com e do Caderno C2+Música (estes dois últimos pertencentes ao jornal O Estado de S. Paulo) como o segundo melhor disco brasileiro da história.[6]

Em 2022, o disco foi eleito como o Melhor Disco Brasileiro de Todos os Tempos, pelo podcast Discoteca Básica, que ouviu 162 especialistas.[7][8][9]

Em resenhas profissionais, Clube da Esquina segue tido como um dos álbuns mais marcantes da carreira de Milton Nascimento e Lô Borges, assim como da própria MPB.[3]

Curiosamente, na época do lançamento a crítica especializada, segundo relato de Márcio Borges, não avaliou o álbum de forma positiva: "Naturalmente, os críticos foram horríveis. Ficavam querendo comparar Bituca (Milton) com Caetano e Chico Buarque, não entendiam nada daquele ecumenismo inter-racial, internacional, interplanetário, proposto pelas dissonâncias atemporais de Bituca. Desprezavam os achados de Chopin e o zelo beatlemaníaco do menino Lô." [10]

Em 2017, o rapper Djonga usou a capa de Clube da Esquina como referência para a capa de seu álbum de estreia, chamado Heresia.

Em 2018, foi lançado o livro Milton Nascimento e Lô Borges – Clube da Esquina, de Paulo Thiago de Mello contando os bastidores e o contexto histórico do álbum.[11]

Capa[editar | editar código-fonte]

Por anos, a crença popular era de que os garotos da capa do álbum eram Milton Nascimento e Lô Borges. Mas, na verdade, eram Antônio Carlos Rosa de Oliveira — o Cacau —, e José Antônio Rimes — o Tonho. A dupla passou quatro décadas sem saber que estava numa das capas de disco mais icônicas do país.[12][13]

Foi por meio do jornal Estado de Minas que os dois souberam da foto. A reportagem falava sobre os 40 anos do álbum e os encontrou para recriar a capa com Cacau e Tonho, já adultos. Desde então, eles pedem na Justiça R$ 500 mil por danos morais e uso indevido da imagem. O autor da foto icônica, o pernambucano Cafi, morreu no início de 2019.[12][13]

Em primeira instância ocorrida em setembro de 2023, a Justiça do Rio de Janeiro deu ganho de causa a Milton Nascimento e a Lô Borges, cantores tornados réus na ação movida por Antônio e José da capa daquele álbum.[14]

Faixas[editar | editar código-fonte]

Lado A
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Tudo Que Você Podia Ser" (Interpretação: Milton Nascimento)Lô Borges, Márcio Borges 2:56
2. "Cais" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento, Ronaldo Bastos 2:45
3. "O Trem Azul" (Interpretação: Lô Borges)Lô Borges, Ronaldo Bastos 4:05
4. "Saídas e Bandeiras nº 1" (Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento)Milton Nascimento, Fernando Brant 0:45
5. "Nuvem Cigana" (Interpretação: Milton Nascimento)Lô Borges, Ronaldo Bastos 3:00
6. "Cravo e Canela" (Interpretação: Lô Borges e Milton Nascimento)Milton Nascimento, Ronaldo Bastos 2:32
Lado B
N.º TítuloCompositor(es) Duração
7. "Dos Cruces" (Interpretação: Milton Nascimento)Carmelo Larrea 5:22
8. "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo" (Interpretação: Lô Borges)Lô Borges, Márcio Borges 4:13
9. "San Vicente" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento, Fernando Brant 2:47
10. "Estrelas" (Interpretação: Lô Borges)Lô Borges, Márcio Borges 0:29
11. "Clube da Esquina nº 2" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges 3:39
Lado C
N.º TítuloCompositor(es) Duração
12. "Paisagem da Janela" (Interpretação: Lô Borges)Lô Borges, Fernando Brant 2:58
13. "Me Deixa em Paz" (Interpretação: Alaíde Costa e Milton Nascimento)Monsueto, Ayrton Amorim 3:06
14. "Os Povos" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento, Márcio Borges 4:31
15. "Saídas e Bandeiras nº 2" (Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento)Milton Nascimento, Fernando Brant 1:31
16. "Um Gosto de Sol" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento, Ronaldo Bastos 4:21
Lado D
N.º TítuloCompositor(es) Duração
17. "Pelo Amor de Deus" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento, Fernando Brant 2:06
18. "Lilia" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento 2:34
19. "Trem de Doido" (Interpretação: Lô Borges)Lô Borges, Márcio Borges 3:58
20. "Nada Será Como Antes" (Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento)Milton Nascimento, Ronaldo Bastos 3:24
21. "Ao Que Vai Nascer" (Interpretação: Milton Nascimento)Milton Nascimento, Fernando Brant 3:21

Ficha Técnica[editar | editar código-fonte]

Músicos[editar | editar código-fonte]

  • Milton Nascimento - vocais nas faixas 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 20 e 21, backing vocals nas faixas 10, 11 e 19, violão nas faixas 2, 4, 7, 11, 13, 14, 15, 17, 18 e 21, e piano nas faixas 2, 5 e 16
  • Lô Borges - vocais nas faixas 3, 6, 8, 10, 11 e 19, backing vocals nas faixas 3, 8 e 19, vocais adicionais nas faixas 17 e 20, violão nas faixas 1 e 10, guitarra elétrica nas faixas 3, 5, 9, 11 e 19, percussão nas faixas 13 e 15, e piano nas faixas 8 e 12
  • Beto Guedes - vocais nas faixas 4, 15 e 20, backing vocals nas faixas 3, 8, 10, 12 e 19, baixo elétrico nas faixas 1, 3, 4, 8, 9, 12, 15 e 21, guitarra elétrica nas faixas 7, 17, 19 e 20, violão de 12 cordas na faixa 5, e percussão nas faixas 6, 9, 13 e 18
  • Tavito - violão de 12 cordas na faixa 1, guitarra elétrica nas faixas 6, 8, 12, 18 e 20, violão nas faixas 7 e 9, percussão na faixa 14, e backing vocals na faixa 9
  • Wagner Tiso - backing vocals na faixa 10, órgão nas faixas 1, 2, 3, 7, 8, 11, 13, 14, 17, 18, 19 e 21, piano acústico nas faixas 6, 7, 9, 13, 14, 20 e 21, e piano elétrico na faixa 17
  • Toninho Horta - backing vocals nas faixas 8 e 10, violão na faixa 6, guitarra elétrica nas faixas 1, 3 e 21, baixo elétrico nas faixas 5, 7, 19 e 20, e percussão nas faixas 2, 4, 15, 17 e 18
  • Robertinho Silva - bateria nas faixas 1, 3, 6, 11, 13, 14 e 20, backing vocals na faixa 10, e percussão nas faixas 2, 6, 7, 9, 17, 18 e 21
  • Luiz Alves - baixo acústico nas faixas 2, 5 e 7, baixo elétrico nas faixas 6, 11, 13, 14, 17, 18 e 21, e percussão nas faixas 1, 6, 7 e 9
  • Nelson Angelo - guitarra elétrica nas faixas 4, 8, 11, 12 e 15, percussão 7, 9, 13 e 18, e piano na faixa 17
  • Rubinho - bateria nas faixas 4, 5, 7, 8, 9, 12, 15, 17, 18, 19 e 21, e percussão na faixa 1
  • Alaíde Costa - vocal na faixa 13
  • Paulo Moura - condução de orquestra nas faixas 5, 8 e 16
  • Eumir Deodato - arranjo das faixas 8, 11 e 16
  • Gonzaguinha - backing vocals na faixa 10
  • Raul de Souza - trombone

Produção de Estúdio[editar | editar código-fonte]

  • Paulo Moura - condução
  • Jorge Teixeira, Nivaldo Duarte e Zilmar de Araújo - engenharia de gravação
  • Cafi - fotografia e layout
  • Lindolfo Gaya - direção musical
  • Eumir Deodato, Wagner Tiso - orquestração
  • Juvena Pereira - fotografia
  • Milton Miranda - Direção de Produção
  • Milton Nascimento - supervisão musical

Referências

  1. [ http://impresso.em.com.br/app/noticia/cadernos/cultura/2012/03/19/interna_cultura,28930/para-quem-nao-me-conhece-eu-sou-brasileiro.shtml[ligação inativa]. EM localiza Tonho e Cacau, a dupla que estampou a capa do Clube da Esquina há 40 anos]
  2. História por trás do disco 'Clube da Esquina', descoberta pelo EM, repercute na internet
  3. a b Allmusic
  4. «Milton Nascimento / Lô Borges: Clube Da Esquina Album Review». Pitchfork. Consultado em 2 de setembro de 2018 
  5. "Os 100 maiores discos da Música Brasileira" - Rolling Stone Brasil, outubro de 2007, edição nº 13, página 109
  6. Bomfim, Emanuel (7 de setembro de 2012). «'Ventura' é eleito o melhor disco brasileiro de todos os tempos». Combate Rock. Grupo Estado. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  7. «Opinião: Leonardo Rodrigues - 'Clube da Esquina' é eleito o melhor disco brasileiro; você concorda?». www.uol.com.br. Consultado em 28 de maio de 2022 
  8. Paiva, Vitor (23 de maio de 2022). «Milton Nascimento: 'Clube da Esquina' é eleito melhor disco brasileiro de todos os tempos». Hypeness (em inglês). Consultado em 28 de maio de 2022 
  9. Ernani, Felipe (10 de maio de 2022). «"Clube da Esquina" é eleito o melhor disco brasileiro de todos os tempos». Tenho Mais Discos Que Amigos!. Consultado em 28 de maio de 2022 
  10. BORGES, Márcio (1996). OS SONHOS NÃO ENVELHECEM: Histórias do Clube da Esquina. Rio de Janeiro: Geração Editorial. 231 páginas 
  11. «A história do Clube da Esquina». Renato Prelorentzou 
  12. a b Gomes, Karol (14 de fevereiro de 2020). «Milton Nascimento é processado por 'meninos da capa' do 'Clube da Esquina'». Hypeness (em inglês). Consultado em 28 de maio de 2022 
  13. a b «Meninos da capa de 'Clube da Esquina' processam Milton, Lô e EMI por imagem». Folha de S.Paulo. 13 de fevereiro de 2020. Consultado em 28 de maio de 2022 
  14. «Justiça é feita ao isentar Milton Nascimento e Lô Borges de culpa por usar foto na capa de álbum». G1. 6 de setembro de 2023. Consultado em 7 de setembro de 2023 

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]