Clóvis Graciano

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Clóvis Graciano
Nome completo Clóvis Graciano
Nascimento 29 de janeiro de 1907
Araras, Estado de São Paulo
Morte 29 de junho de 1988 (81 anos)
São Paulo, Estado de São Paulo
Nacionalidade brasileiro
italiano
Cônjuge Maria Aparecida Portugal
Ocupação Pintor, desenhista, cenógrafo, figurinista, gravador , ilustrador e muralista.
Prêmios Prémio Jabuti (1961), (1966)[1]
"Alabarda" (1959), mural na fachada do Edifício Nações Unidas, na Avenida Paulista.
Painel "Operário" (1979), na Avenida Moreira Guimarães, em São Paulo

Clóvis Graciano (Araras, 29 de janeiro de 1907São Paulo, 29 de junho de 1988) foi um pintor, desenhista, cenógrafo, figurinista, gravador, ilustrador brasileiro e muralista.[2]

Vida[editar | editar código-fonte]

Filho da imigrante italiana Caterina Graziano, nunca foi registrado por seu pai. Em 1927 empregou-se na Estrada de Ferro Sorocabana, em Conchas, interior do estado de São Paulo, passando a pintar postes, tabuletas, letreiros e avisos para as estações ferroviárias.

Em 1934 transferiu-se para São Paulo, como fiscal do consumo, passando a partir daí a dividir seu tempo entre o emprego e a arte, com evidentes vantagens para a última, tanto que dez anos depois foi demitido por abandono de emprego[carece de fontes?].

Em 1937, já tendo travado contato com a arte de Alfredo Volpi, Clóvis Graciano instalou-se no Palacete Santa Helena e integrou, então, o Grupo Santa Helena, com os artistas Francisco Rebolo, Mario Zanini, Aldo Bonadei, Fulvio Pennacchi, Alfredo Rizzotti, Humberto Rosa e outros, além do próprio Volpi.[3] Além disso, fez amizade com Candido Portinari.

Ilustrou em 1947 a obra Luzia-Homem, do romancista cearense Domingos Olímpio, para a coleção dos Cem Bibliófilos do Brasil.

No final da década de 1940, foi estudar em Paris, onde aprendeu técnicas de produção de murais, inclusive com mosaicos. Ao retornar ao país, realizou diversos painéis: o mural Armistício de Iperoig, na FAAP (1962); o painel Operário, na Avenida Moreira Guimarães (1979), murais na Avenida Paulista e no edifício do Diário Popular, entre outros.

Em 1971, exerceu a função de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e presidente da Comissão Estadual de Artes Plásticas e do Conselho Estadual de Cultura.

Além da pintura, Graciano dedicou-se a diversas atividades paralelas, lecionando cenografia na Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD), e ilustrando jornais, revistas e livros, principalmente nos anos 1980.

No decurso de toda a sua carreira, Graciano permaneceu fiel ao figurativismo, jamais tendo sequer de leve sentido a sedução pelo abstracionismo. Tratou constantemente de temas sociais, como o dos retirantes, além de temas de músicos e de dança.

Destruição do Monumento ao Trabalhador em Goiânia[editar | editar código-fonte]

Em 1959, foi inaugurado um monumento em Goiânia no centro da Praça do Trabalhador, elaborado por dois painéis de Clovis Graciano: "Luta dos Trabalhadores" e "Mundo do Trabalho". Os painéis situavam-se em frente à Estação Ferroviária da cidade, e eram dispostos em semicírculo e sustentados por pilastras de concreto ao molde de cavaletes, sendo rodeados por espelhos d'água. O projeto arquitetônico foi assinado pelo arquiteto Elder Rocha Lima.[4]

Por seu poder simbólico, o local se tornou ponto de encontro para manifestações no Dia do Trabalho. O painel se referia a várias cenas relacionadas à luta dos trabalhadores, incluindo referências aos enforcados de Chicago, que lutaram pela jornada de 8 horas no fim do século XIX[5]. Logo, os painéis não eram bem vistos durante a repressão promovida pela ditadura militar no Brasil.

Numa madrugada de abril de 1969, ativistas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) derramaram piche fervido nos dois murais. A pasta preta cobriu a quase totalidade das duas superfícies. Nenhuma providência foi tomada para a limpeza e recuperação das pastilhas, que rapidamente se descolavam das duas bases de concreto. em 1973, o prefeito Manoel dos Reis determinou a raspagem das pastilhas, sem critérios de restauro. Por fim, em 1986, o prefeito Joaquim Roriz determinou a demolição das pilastras de concreto que sustentavam os painéis.[4]

Desde 1990, tem-se criado inciativas para reconstrução do monumento, porém sem resultados concretos.

Obras[editar | editar código-fonte]

Parte de suas obras foi executada em fachadas e áreas públicas, enquanto outras se localizam em áreas privadas de edifícios e residências. Além disso, parte delas estão expostas no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo e figuram em museus e coleções particulares do Brasil e do exterior.[6]Destacam-se como principais obras:

  • Afresco (interno) do edifício "O Estado de São Paulo" (1951)[7]
  • Painel do Mercado de Marapé, em Santos (1955);
  • "Alabarda", painel (externo) do Edifício Nações Unidas (1959);
  • Monumento ao Trabalhador, em Goiânia (1959);
  • Painéis Subida da Serra, Os Bandeirantes, Epopeia do Café e A Cidade de Hoje, na Avenida Rubem Berta (1969);
  • Painel (externo) "Operário" (1979).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Premiados em 1966». Prêmio Jabuti. Consultado em 15 de maio de 2021 
  2. «Obituário: estados». Jornal do Brasil, ano XCVIII, edição 84, página 12/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 1 de julho de 1988. Consultado em 15 de maio de 2021 
  3. «Clóvis Graciano». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 15 de maio de 2021 
  4. a b Borges, P.C.A. (2017). «Mudanças urbanas e fragilidades da política de memória (A destruição do Monumento ao Trabalhador em Goiânia)». Revista Sociedade e Estado. v.32 (n.2): p.345-370. Consultado em 4 de abril de 2024 
  5. Peres, Nelio Borges (2020). «Lugares de Memória dos Trabalhadores #17: Monumento ao Trabalhador, Goiânia (GO)». LEHMT. Consultado em 4 de abril de 2024 
  6. «Clóvis Graciano». Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Consultado em 15 de maio de 2021 
  7. «Edifício O Estado de São Paulo». Revista Acrópole (n.181): p.190. Maio de 1953. Consultado em 19 de março de 2024